Cannabis medicinal já é uma realidade no Brasil
A ABMedCan, centro online de educação médica
sobre cannabis medicinal e a Cann10 Israel, um dos líderes
globais ao tratar de cannabis medicinal, tecnologia, educação e
eventos, realizam o primeiro Congresso Internacional de
Medicina Canabinoide. O evento acontece de 12 a 14
de novembro, no Centro de Convenções Rebouças, em São Paulo, a partir das
9h. Com a presença de médicos de todas as especialidades, cientistas e
público interessado, o foco do Congresso será a pesquisa e, principalmente, a
experiência clínica. O papel homeostático do
sistema endocanabinoide e o uso de canabinoides na prática clínica
para o tratamento de dores, câncer, autismo, epilepsia refratária e o cuidado
integrado para idosos, estão entre os assuntos que serão abordados. A
iniciativa visa ajudar a comunidade na conscientização sobre os potenciais
benefícios dos canabinoides nestas doenças que acometem a nossa
população.
Renata de Morais Souza, representante da ANVISA (Agência Nacional
de Vigilância Sanitária) e o Dr. Antonio Carlos Buzaid,
Oncologista Clínico e Diretor Médico do Centro de Oncologia do Hospital BP
Mirante da Beneficência Portuguesa de São Paulo e Membro do Comitê Diretor do
Centro de Oncologia do Hospital Albert
Einstein, destacam-se entre as presenças confirmadas, e a
participação deles tem como objetivo trocar experiências a respeito
do potencial terapêutico da cannabis. Expoentes do setor de inovação
como Don Louro, Mentor de Inteligência Artificial Médica do
Albert Einstein e pesquisador do GAESI/FMUSP e André Coutinho,
professor universitário brasileiro e diretor do centro de inovação Latino
Americana em Buenos Aires, ambos mentores da área
de cannabis medicinal no Brasil, também farão parte do evento.
A CannX Brasil tem o apoio do consulado de Israel.
Cannabis no Brasil
O uso terapêutico da cannabis já é uma realidade no
Brasil: mais de 78 mil unidades de produtos à base da planta foram importadas
pelo país desde que a Anvisa autorizou que este material
rico em canabinoides chegassem ao território a partir
de janeiro de 2015.
Atualmente, cerca de 1000 médicos
são prescritores, um número que poderá crescer exponencialmente a
partir da informação e capacitação dos profissionais da área -- a RDC
17/15 da Anvisa permite a importação de medicamentos à base de cannabis através
de prescrição médica. De acordo com dados fornecidos pela agência reguladora,
até o momento foram recebidos 6.650 pedidos, tendo sido emitidas 6.339
autorizações de importação de produto a base de Canabidiol. Ao todo, 4.236
pacientes receberam autorização para importação. As prescrições foram expedidas
por 34 especialidades diferentes, sendo as principais: Neurologia; Psiquiatria;
Neuropediatria; Radiologia; Clinica Medica; Neurocirurgia; Reumatologia;
Pediatria; Ortopedia e Cirurgia Geral. Entre os diagnósticos principais estão:
Epilepsia; Autismo; Doença de Parkinson; Dor crônica; Neoplasia maligna;
Transtornos Ansiosos; Transtorno de tecidos moles; Paralisia cerebral;
Esclerose múltipla e Transtorno Depressivo .
O Brasil possui mais de 200.000.000 de habitantes e uma expressiva
carência de médicos com experiência em cannabis. Hoje, discute-se a
regulamentação para a produção local, além da distribuição, da
pesquisa e do uso terapêutico da cannabis e seus derivados.
Esse passo está sendo ansiosamente aguardado por milhares de famílias
que precisam da substância e cultivam a esperança de uma vida melhor. Dra.
Carolina Nocetti, diretora médica da ABMedCan, com experiência no uso
de canabinoides em LosAngeles/Califórnia e no Brasil, ressalta
que um dos maiores problemas enfrentados pelos pacientes: a expressiva carência
de médicos com experiência no uso terapêutico de canabinóides. “A
segurança e a efetividade do uso de canabinoides em doenças crônicas de difícil
controle como autismo, doença de Alzheimer, epilepsia refrataria, esquizofrenia
e dor neuropatia reafirmam a necessidade de entender o potencial terapêutico do
uso de cannabis medicinal na pratica clinica”, explica a médica.
Cannabis no mundo
Apesar de ser tão perseguida no mundo
inteiro – precisamente, a partir do início
dos anos 1930, quando acabou a Lei
Seca, que proibia o consumo do álcool
nos Estados Unidos – a cannabis
sativa L. (ou maconha, como é
popularmente conhecida no Brasil) é um
dos mais antigos remédios utilizados pela
humanidade. O registro mais remoto é
de cerca de 4.000 anos antes de
Cristo, na China; a primeira evidência
de sua utilização médica data de
2.737 a.C., quando o imperador chinês
Shen Nung, também descobridor do chá
e da efedrina, descreveu suas propriedades
terapêuticas num compêndio de ervas
medicinais. Na medicina ocidental, a
introdução da erva ocorreu em 1839,
quando o médico-cirurgião britânico William
O’Shaughnessy, que trabalhou na Índia,
apontou as propriedades analgésicas,
estimuladoras de apetite, inibidoras de
vômito, relaxantes musculares e
anticonvulsivantes da cannabis. Entre os
adeptos nesse período estava a Rainha
Vitória, da Inglaterra, que utilizava a
planta para o alívio de suas dores
menstruais. Em 1854, a cannabis
era listada na farmacopéia dos EUA e
vendida nas farmácias de diferentes países,
permanecendo assim por mais de cinco
décadas. Até a sua proibição.
Nas últimas décadas do século XX, no
entanto, as propriedades medicinais da cannabis
começaram a ser pesquisadas e comprovadas
cientificamente. Desde então, os estudos não
param, assim como o uso terapêutico,
com resultados comprovados para uma série
de diferentes doenças.
A cannabis tem mais de 400 compostos
ativos, os principais responsáveis pelos
efeitos terapêuticos são classificados como
canabinoides, uma classe de componentes naturais
biologicamente ativos, provenientes de cânhamo
ou cannabis. Os dois principais
canabinoides são o CBD e o THC.
Produtos ricos em THC têm sido usados
para dor, náusea e perda de apetite
causada por câncer avançado e no tratamento
da doença de Parkinson. O canabidiol
é utilizado em doenças como epilepsia
refratária, autismo, doença de Alzheimer,
dor crônica, doença de Crohn, entre
outras. Os seres humanos também produzem
canabinoides por meio do sistema endocanabinoide
que modula diversas funções fisiológicas
como sono, apetite e humor.
Sobre os pesquisadores:
De 1975 a 1982, o brasileiro Elisaldo Carlini e o
israelense Raphael Mechoulam uniram seus grupos de pesquisa para
a produção de cinco artigos científicos. Os estudos revelaram as poderosas
propriedades antiepilépticas do canabidiol – um dos
principais compostos da cannabis, o qual é usado atualmente por milhares
de pessoas epilépticas em todo o mundo.
"Esses pacientes estão desfrutando dos benefícios das
pesquisas de Carlini e Mechoulam e muitos outros que lutam
pelo acesso aos tratamentos canábicos. Cerca de quatro décadas depois da
criação desses estudos pioneiros, Israel e Brasil estão novamente conectados para
melhorar o conhecimento sobre essa medicina antiga, e ao mesmo tempo,
revolucionária", explica Renato Malcher, presidente do CannX Brasil e
pesquisador da UNB.
Serviço:
CannX Brasil
Data: 12 a 14 de novembro de 2018
Local: Centro de Convenções Rebouças - Av. Rebouças, 600 -
Pinheiros, São Paulo - SP
Inscrições: http://cannxbrazil.com.br/inscricoes
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