Lucas Oggiam, consultor da Page Personnel, detalha as principais mudanças
que o documento pode sofrer em breve
Sabe aquele modelo de currículo
tradicional, onde as informações pessoais ocupam boa parte do documento? Então,
é bem provável que isto faça parte apenas do passado. De acordo com Lucas
Oggiam, gerente da Page Personnel, consultoria de recrutamento
especializada em cargos técnicos e de suporte à gestão, pertencente ao
PageGroup, há algumas mudanças em curso na forma de preenchimento do currículo
e que, em breve, servirão de modelo em processos de seleção.
“Há um movimento de alterações nesse
sentido. Os recrutadores e as empresas estão cada vez mais de olho nos
resultados que os profissionais apresentam. Quanto mais detalhes o profissional
conseguir incluir sobre os principais projetos e programas que participou,
maiores serão as chances dele avançar em um processo seletivo. Dados
comprovados de eficiência, ganhos ou retornos financeiros costumam saltar aos
olhos dos selecionadores. É por aí que caminham essas mudanças”, explica Oggiam.
Conheça abaixo quatro transformações
pelas quais o currículo deve passar nos próximos anos:
1) Eliminação das informações
pessoais e formação acadêmica
Há uma forte tendência em países da
Europa e nos Estados Unidos de não avaliar a pessoa pela idade, sexo, estado
civil, origem ou nome das instituições de ensino frequentadas pelo candidato.
No caso do Brasil ou até na Ásia, a cultura é diferente. “Por aqui essas
informações ainda são relevantes. Mas há esse movimento de currículo às cegas,
onde se privilegia o que realmente o candidato fez em sua trajetória
profissional. Como há um avanço em questões de política de diversidade, há uma
possibilidade dessas informações deixarem de constar no currículo”, conta o
gerente da Page Personnel.
2) Foto
Na era das selfies, redes sociais de
imagens e uso intensivo de celulares com câmera, incluir uma foto do candidato
no CV tornou-se totalmente desnecessário. “O espaço da foto no currículo, hoje,
pode ser melhor ocupada por um link para seu perfil profissional em uma rede
social”, diz o consultor.
Resultados práticos x atribuições e responsabilidades
Muito comum ainda nos currículos
atuais, o preenchimento de atribuições e responsabilidades de candidatos muitas
vezes não transmitem realmente as qualidades e resultados que uma empresa busca
em um profissional. O que importa agora, e muito mais em breve, serão números e
resultados que comprovem a eficiência de um executivo em projetos e programas.
“Fica muito subjetivo avaliar um profissional por frases como responsável por,
líder de, gestor em. É preciso muito mais do que isto. As empresas querem saber
mesmo quanto essa pessoa trouxe de resultados reais por onde passou. Se fez um
projeto de redução de gastos, qual foi o valor? É por aí que o candidato deverá
se pautar”, revela o headhunter.
4) Vídeo
Com o avanço dos recursos digitais, há
uma dúvida natural quanto à continuidade do atual modelo de currículo a uma
migração para o vídeo. “Não há, por enquanto, uma possibilidade disto se
concretizar. Nos cargos de gerência e alta direção, é uma realidade bem
distante.
Pode ser que seja uma tendência para posições de suporte à gestão,
mas ainda não é uma realidade. Já vale muito para processos de trainee, onde
não há a exigência de muitas informações profissionais. Quando isto entra em
questão, ainda é muito eficiente e válido enviar os dados por escrito ao
recrutador”, pondera Oggiam. “Seria mais ou menos como contratar um jogador de
futebol apenas pelas imagens. No vídeo você pode editar o material e colocar o
que quiser. Mas na hora de jogar a partida, as credenciais desse atleta podem
ficar comprometidas. O mesmo vale para o candidato. Nada melhor como uma
conversa direta e pessoal para eliminar dúvidas”, completa.
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