Laura, personagem de O Outro Lado do Paraíso, sofre
com desconforto e dores no sexo, e não pode ser encarado como frescura ou pudor
A contração involuntária e recorrente da
musculatura da vagina, que causa desconforto e dor na relação sexual, também
conhecida como dispareunia ou vaginismo, atinge cerca de 3% a 5% da população
feminina. Segundo dados estatísticos, esse número pode ser ainda maior, já que
muitas mulheres não procuram ajuda por vergonha ou constrangimento e, portanto,
não entram nos números.
Na trama da novela, O Outro Lado Do Paraíso, a personagem
Laura relata a seu marido, que na noite de núpcias, por medo, o momento não foi
nada tranquilo, e a deixou tensa e aterrorizada.
Segundo a fisioterapeuta, Eliana do Nascimento,
especializada em Saúde da Mulher pelo HC-FMUSP, uma das causas para a
ocorrência da dor na relação sexual é a ansiedade fóbica das mulheres antes da
penetração vaginal. “Os fatores geralmente estão ligados à educação sexual
constrangedora, punitiva, religiosa e vivências sexuais traumáticas, sendo esta
última a provável causa da tensão na personagem Laura”, explica.
A dor e o desconforto aparecem na hora da
penetração vaginal com o pênis, dedo, tampão ou espéculo, que promovem
contrações desproporcionais nos músculos do períneo, chegando a envolver o até
mesmo o ânus. O problema, muitas vezes, pode estar relacionado a fatores
psicológicos, e consultar um médico é o mais indicado para diagnosticar o caso
de cada mulher.
Como tratamento primário da dor na relação sexual,
a fisioterapia pélvica atua por meio de técnicas de terapia manual,
dessensibilização, respiração diafragmática, exercícios para o assoalho
pélvico, diferentes modalidades de estimulação elétrica, e se necessário, o uso
de dilatadores vaginais. Esses recursos priorizam restabelecer a função da
musculatura, minimizar a dor, melhorar as relações pessoais e interpessoais e
proporcionar melhor qualidade de vida.
Eliana do Nascimento - Fisioterapeuta
especializada em Saúde da Mulher pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP),
atuante na área de reabilitação dos músculos do assoalho pélvico e
obstetrícia na clínica Athali
Fisioterapia Pélvica Funcional. Foi preceptora do Instituto do
Câncer do Estado de São Paulo (ICESP -2015).
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