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segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Butantan descobre novas espécies de aranhas venenosas



 Trabalho de identificação realizado em quatro países cobre todas as espécies existentes na América do Sul


Pesquisadores do Instituto Butantan, órgão vinculado à Secretaria do Estado da Saúde e um dos maiores centros de pesquisa biomédicas do mundo, identificou nove novas espécies de aranhas e detectaram seis espécies com mais de um nome registrado.

O projeto especial de classificação de aranhas da América do Sul, que teve seis anos de duração, foi realizado por pesquisadores do Laboratório Especial de Coleções Zoológicas, liderados por Antonio Brescovit. 

Com o trabalho da equipe, todas as 21 espécies existentes na América do Sul foram revistas e descritas em detalhes, eliminando duplicidades e revelando novas características.

 A denominação correta dos animais ajuda no trabalho de investigação de venenos, para os quais os soros devem ser específicos para serem eficientes. 

Esse trabalho também permitiu identificar animais até então desconhecidos no mundo, enviados ao Instituto Butantan por museus internacionais – de Nova York, Califórnia, Cambridge, Buenos Aires, Santiago do Chile e Paris.

“Até hoje, não se sabia nem se os animais encontrados eram de uma mesma espécie ou não”, explica Brescovit. 

As nove espécies descobertas são do gênero Sicarius, conhecidas como “aranhas da areia”. Elas são peçonhentas e têm uma distribuição muito maior do que se pensava inicialmente. Presentes na região da caatinga brasileira, esses mesmos animais conseguem sobreviver à neve chilena.
 

Técnicas avançadas

O trabalho de identificação de novas espécies de aranhas é extremamente sofisticado, já que fêmeas e machos da mesma espécie podem ser completamente diferentes. 

Esse trabalho é feito a partir das fêmeas, que tem complexos órgãos reprodutores. Os pesquisadores utilizam um conjunto de equipamentos, como microscópio eletrônico, ultrassom e lupa com fotografia, para estabelecer os parâmetros-chave de cada animal. 

O projeto, que termina este ano, teve início em 2011 e foi financiado pela FAPESP. Além dos animais recebidos de todo o mundo, os pesquisadores fizeram um vasto trabalho de coleta em viagens pelo Chile, Peru, Argentina e diversas regiões do Brasil.


Já foram geradas 28 publicações, oito trabalhos estão em processo de publicação e seis em preparação.

Espécies novas descritas no projeto:


Sicarius andinus Magalhães, Brescovit & Santos, 2017 |     | Peru    


Sicarius boliviensis Magalhães, Brescovit & Santos, 2017 |     | Bolivia, Peru, Brazil, Paraguai    


Sicarius cariri Magalhães, Brescovit & Santos, 2013 |     | Brazil


Sicarius diadorim Magalhães, Brescovit & Santos, 2013 |     | Brazil


Sicarius jequitinhonha Magalhães, Brescovit & Santos, 2017 |     | Brazil  
  

Sicarius levii Magalhães, Brescovit & Santos, 2017 |     | Chile, Argentina


Sicarius mapuche Magalhães, Brescovit & Santos, 2017 |     | Argentina   


Sicarius ornatus Magalhães, Brescovit & Santos, 2013 |     | Brazil    


Sicarius saci Magalhães, Brescovit & Santos, 2017 |     | Brazil    







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