Enquanto
assistia às cenas de ladroagem e faroeste à solta nas principais cidades do
Espírito Santo, vieram-me à mente artigos que li ao longo das últimas décadas.
Eram textos de inumanos defensores de direitos humanos. Digo-os inumanos porque
o nível de zelo e compaixão que dedicam a bandidos de toda espécie os coloca
acima dos umbrais da santidade. Se um dia entrassem numa igreja sairiam como
fumaça pelos telhados e sentariam à cumeeira qual anjos góticos. Sim, sua
compaixão se derrama como mel sobre qualquer um que caia nas malhas da lei, contanto
que não seja um corrupto de direita, para os quais não há perdão. Se for de
esquerda vira, imediatamente, injustiçado herói do povo brasileiro, vítima dos
"facínoras e canalhas" da Lava Jato.
Há
muitos anos esses cavalheiros afirmam que prender não resolve e que é
preferível construir escolas a presídios, numa espécie de "Aguenta aí até
as escolas ficarem prontas e a próxima geração chegar". Enquanto isso,
seus companheiros não fazem escolas nem presídios. Com tais convicções, em
grande maioria, defendem o desencarceramento, ou seja, a soltura de bandidos
por descriminalização dos atos que praticam ou pela aplicação de penas
alternativas à de prisão.
No
entanto, a greve dos policiais militares do Espírito Santo está proporcionando
ao país, com larga audiência, porque é assunto constante em todos os noticiosos
da TV aberta, um excelente audiovisual sobre a quantidade assustadora de
bandidos que estão fora das prisões brasileiras. A greve em si mesma, como
consequência das quebras de hierarquia e da desatenção à ordem pública, é outra
imagem viva do estrago que governos de esquerda e centro-esquerda fizeram em
nosso país no último quarto de século.
É
preciso que fique evidenciado, acima de qualquer refutação: toda defesa teórica
ou prática de desencarceramento, fechamento de hospitais psiquiátricos,
abrandamento de penas - como tantas outras sandices - são propostas privativas
da esquerda, com vista a seus próprios objetivos políticos. Você jamais verá
alguém que não seja companheiro ou camarada sugerindo algo assim. Vale o mesmo
para a ruptura da ordem e da hierarquia militar, para a promoção de invasões de
propriedades públicas, privadas e estabelecimentos de ensino. E não preciso ir
ao Espírito Santo para saber qual o partido político por trás dos
"coletivos" que sustentam a ilegalíssima greve dos PMs capixabas.
Percival Puggina - membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.
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