Pesquisar no Blog

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Diabetes: panorama, prevenção e tratamento



Estudo recente do Ministério da Saúde aponta que a doença avançou 61,8% nos últimos dez anos no país


De acordo com a pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, o número de brasileiros diagnosticados com diabetes saltou de 5,5%, em 2006, para 8,9%, no ano passado. Ou seja, em uma década, a doença cresceu 61,8%. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, atualmente, 16 milhões de brasileiros são diabéticos.

A Dra. Dhiãnah Santini, endocrinologista do Centro de Obesidade e Diabetes do Hospital Pró-Cardíaco, criado recentemente pela instituição, afirma que o Rio de Janeiro é a cidade líder no ranking brasileiro de diabéticos, com 10,4 casos a cada 100 mil habitantes. A especialista acredita que esse número pode ser ainda maior, tendo em vista que o atlas da Federação Internacional de Diabetes (IDF) aponta que 46,5% dos adultos portadores do problema não têm conhecimento da doença. “É um fator que preocupa, pois os primeiros sintomas podem ser muito leves e os pacientes não percebem, a princípio, que estão doentes”, diz.

De acordo com a médica, o diabetes pode ser dividido em três classes: o do tipo 1, o do tipo 2 e o diabetes gestacional. O primeiro, que é autoimune, compromete a capacidade de produção de insulina de forma súbita. “É bastante comum entre os jovens, requer uso de insulina de forma obrigatória, mas não tem relação com hereditariedade e estilo de vida”, explica.

Já o diabetes do tipo 2 pode aparecer em qualquer idade, com sintomas bastante sutis. “Esse tipo acomete mais os adultos acima do peso, que, em geral, já apresentam histórico da doença na família em várias gerações. Tem relação direta com sedentarismo, hipertensão, obesidade, colesterol alto e doença cardiovascular. De início, pode se apresentar de forma lenta e, também, com sintomas amenos”, observa a especialista. Já o diabetes do tipo gestacional pode acometer gestantes após a 24ª semana de gravidez.

Também segundo a pesquisa Vigitel, as mulheres concentram o maior registro de diagnósticos no período estudado: este foi de 6,3%, em 2006, para 9,9%, em 2016. “A população feminina tem uma tendência maior de ganho de peso que os homens, o que é maximizado após a menopausa, com mais chances de desenvolvimento de resistência insulínica, de crescimento da gordura abdominal e, consequentemente, de surgimento do diabetes”, observa a médica.

Os sintomas mais comuns são visão turva, perda repentina de peso, fome em demasia, infecções, formigamento, confusão mental, fadiga, irritabilidade, sede excessiva e disfunção erétil, no caso dos homens. “Esses são alguns dos sinais clássicos da doença. Outra questão importante está relacionada à demora na cicatrização, mesmo no caso de cortes e ferimentos mais simples”, alerta.

Quanto ao tratamento, dependendo do tipo da doença, há diferenciação, como explica Dhiãnah: “Para o tipo 1, há necessidade de usar a insulina de ação rápida e lenta, com múltiplas injeções ao dia; de seguir uma rotina na dieta, com contagem de carboidratos; e de praticar exercícios regulares, além de verificar diariamente as taxas de açúcar no sangue. Já o tipo 2 exige a ingestão de remédios específicos para ajudar no controle da produção e secreção de insulina pelo pâncreas”, diz.

A especialista informa que a melhor forma de prevenir a doença é manter hábitos saudáveis, como o controle do peso, ingerir alimentos ricos em vegetais e legumes e evitar o açúcar e carboidratos em excesso. “Também é importante que todos os adultos acima de 45 anos – ou até os abaixo dessa idade, que estejam acima do peso – façam exame para saber se estão com diabetes”, finaliza.





Psiquiatra esclarece os 10 principais mitos e verdades sobre antidepressivos



Enquanto a OMS lança uma campanha para incentivar o debate sobre a depressão, preconceitos e desinformação desencorajam a busca por tratamento no Brasil



O Brasil é o país com o maior porcentual de indivíduos diagnosticados com depressão na América Latina, segundo os dados mais recentes sobre o tema divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Estima-se que a doença afete 5,8% da população do País, o que corresponde a 11 milhões de pessoas, quase o total de habitantes de uma cidade como São Paulo, por exemplo. Mas, ainda assim, a depressão permanece envolta em desconhecimento e preconceito, dificultando a discussão sobre o tema e, consequentemente, a busca por ajuda.

“Temos aspectos socioculturais e econômicos peculiares em nossa população que nos lançam a proporções gigantescas de pacientes com depressão não tratados. São aspectos atrelados ao não entendimento da depressão como doença, bem como à não aceitação do quadro e, por consequência, à negação de que o auxílio terapêutico pode ser necessário”, explica o médico Roberto Miotto, diretor técnico do Hospital do Arsenal do Rio de Janeiro e professor da pós-graduação em Psiquiatria na Pontifício Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). 

No Brasil, 53% dos indivíduos diagnosticados com depressão não tratam a enfermidade, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o que pode acarretar sequelas irreversíveis ao paciente. Para ampliar o diálogo sobre essa temática e encorajar a busca por auxílio médico, neste ano a OMS adotou a depressão como mote para o Dia Mundial da Saúde, celebrado em 7 de abril, e lançou a campanha Let’s Talk.  Abaixo, o médico Roberto Miotto estimula esse debate listando e esclarecendo os 10 principais mitos associados ao tratamento com antidepressivos. 


1)   Depressão é uma herança genética?
Verdade. Existe, sim, um componente genético já bastante conhecido no meio médico relacionado à depressão, embora este não seja um fator determinante para o desenvolvimento da doença. “Costumo dizer que genética não é destino. Percebemos que alguns indivíduos com alto grau de depressão incidente na família evoluem de forma melhor quando começam a ser tratados desde cedo”, afirma Miotto. 


2)   Antidepressivos causam dependência?
Mito. De acordo com o psiquiatra, não existem evidências de que os antidepressivos causem dependência. Por outro lado, como a depressão é uma doença crônica, o tratamento farmacológico é, muitas vezes, mantido por toda a vida. “Na maioria dos casos, o uso dos antidepressivos será necessário durante a vida toda, assim como se dá com a diabete, a hipertensão ou qualquer outra doença crônica. A diferença é que não existe um estigma associado ao uso contínuo de uma medicação para hipertensão arterial, por exemplo”, esclarece Miotto. “Só sairemos desse julgamento preconceituoso relacionado à depressão com informação e educação da nossa sociedade”, completa. 


3)   Antidepressivos podem afetar o ciclo menstrual?
Parcialmente verdade. Durante o ciclo menstrual, os níveis de hormônios como estrógeno e progesterona, por exemplo, mudam constantemente. “Esse fato parece exercer um poderoso efeito sobre os estados de humor das mulheres. Assim, considerando também a terapêutica antidepressiva, algumas vezes podemos ter alterações na prolactina, o que pode levar a mudanças no ciclo menstrual, atrasando e até bloqueando a ovulação”, esclarece Miotto. De qualquer forma, de acordo com o psiquiatra, apenas algumas classes de antidepressivos podem interferir na produção hormonal e no ciclo menstrual.  Por isso, é importante que a mulher discuta o assunto com seu médico e, em casos de risco, é recomendável utilizar mais de um método anticoncepcional. 


4)   O uso de antidepressivos é relacionado à sonolência e à letargia, o que poderia interferir na concentração e no trabalho. Isso é verdade?
Mito. De acordo com o médico, é comum que o paciente relate esses efeitos apenas no início do tratamento, até que o organismo se adapte à medicação. “Após esse período, essa sintomatologia não é admissível, uma vez que buscamos o efeito contrário no tratamento, que é a funcionalidade plena do paciente. Caso esses sintomas se mantenham, é importante relatar ao médico para orientação e possível troca da medicação”, afirma o psiquiatra. 


5)   Antidepressivos causam ganho de peso?
Parcialmente verdade. Existem hoje no mercado três gerações de antidepressivos. Os mais antigos estão, de fato, mais associados ao ganho de peso, entre outros efeitos, mas nem por isso são menos eficazes. Já os mais modernos, que apresentam ação dual, como a desvenlafaxina, possuem um perfil metabólico diferente, sem impactos significativos sobre o peso. São medicamentos que conseguem equilibrar a disponibilidade de dois neurotransmissores importantes e diretamente relacionados aos quadros depressivos: a noradrenalina e a serotonina. Contudo, essa escolha depende do perfil de cada paciente. “Se temos um paciente anoréxico, por exemplo, ele pode se beneficiar, mesmo que por um curto período de tempo, de um antidepressivo mais antigo, associado ao ganho de peso”, pondera Miotto. “Não deixamos de prescrever os antidepressivos mais antigos. Muitas vezes, a associação com os medicamentos mais modernos é uma combinação benéfica”, completa. 


6)   Muitas pessoas deixam de procurar tratamento por sentirem vergonha e acabam escondendo a doença o quanto podem de amigos e até mesmo de seus familiares.
Verdade. Miotto observa que a depressão ainda é, muitas vezes, percebida como um sinal de fraqueza pela sociedade, especialmente entre os homens. “A vergonha e os aspectos sociais e educacionais fazem com que os pacientes tardem muito na busca por ajuda, especialmente o público masculino”, esclarece o médico, ressaltando que as taxas de suicídio são mais elevadas justamente entre os homens, embora a depressão seja mais frequente entre as mulheres. “Esse fato reforça a importância da educação e da conscientização, evitando que o preconceito em torno da depressão e do uso de antidepressivos continue a contribuir para o tratamento inadequado da doença no Brasil e a dificultar os diálogos sobre o problema”, complementa. 


7)   Antidepressivos estão associados à perda da libido?
Parcialmente verdade. Vale ressaltar que a própria depressão pode levar ao desinteresse pelo sexo. Contudo, em relação à medicação, é importante compreender que os antidepressivos atuam de forma diferente em cada um dos pacientes. De qualquer forma, os medicamentos de ação dual, já citados, não costumam exercer impacto significativo sobre o desejo sexual, ao contrário de alguns antidepressivos mais antigos. “Cabe, então, a avaliação diagnóstica criteriosa por parte do médico, que saberá delimitar o perfil de cada paciente e ajustar o antidepressivo adequado, de modo a minimizar os efeitos indesejados”, destaca Miotto.


8)   O diagnóstico é uma das principais dificuldades no tratamento adequado da depressão?
Verdade.  De fato, o diagnóstico precoce ainda é um desafio no Brasil.  “É o médico, por meio de uma análise precisa e criteriosa, que poderá diferenciar uma tristeza, como um período de luto, de um quadro com componentes orgânicos, cerebrais e comportamentais, que traz prejuízos funcionais prolongados”, explica Miotto. Vale destacar que a depressão, quando não tratada adequadamente, pode trazer sequelas importantes, como a diminuição do número de células nervosas e, com o passar do tempo, do volume de algumas regiões cerebrais de modo irreversível, levando a déficits cognitivos significativos, ou até mesmo, a tentativas de tirar a própria vida.

De acordo com Miotto, o resgate da funcionalidade plena do paciente deve ser um dos focos no tratamento da depressão. “Esse processo passa por esferas que abrangem a completa integração emocional com o meio, a família e o trabalho, levando o indivíduo a ‘sentir-se integrado’ à sociedade. Para isso, em muitos casos, é fundamental o uso de antidepressivos que busquem uma melhora completa, contemplando aspectos relacionados à vida sexual, à qualidade do sono, ao apetite e à preservação das habilidades cognitivas”, afirma. Entre esses medicamentos está Pristiq (desvenlafaxina), da Pfizer, que se destaca por favorecer o resgate da funcionalidade do paciente, restaurando sua capacidade plena de atuação e ampliando, assim, sua qualidade de vida.  


9)   É verdade que antidepressivos podem ser ingeridos juntamente com outros medicamentos sem prejudicar o mecanismo de ação deles?
Parcialmente verdade. O perfil de interação medicamentosa é variável entre as diferentes classes de antidepressivos. Em geral, na comparação com indivíduos saudáveis, os pacientes com quadros depressivos apresentam maior probabilidade de interações medicamentosas, uma vez que os antidepressivos costumam ser prescritos por um longo período de tempo, muitas vezes por anos¹.  A literatura médica descreve interações medicamentosas de significativa importância entre algumas classes de antidepressivos e outros medicamentos comumente utilizados por idosos, como analgésicos, anestésicos, anticoagulantes, anticonvulsivantes e anti-hipertensivos². Por isso, é importante discutir com o médico qual a medicação mais indicada para cada caso, considerando que há opções no mercado mais compatíveis com o uso concomitante de outras medicações. “Os antidepressivos mais novos apresentam melhor interação medicamentosa e mecanismos metabólicos diferenciados, que permitem o tratamento com vários outros medicamentos associados”, destaca Miotto. 


10)Os antidepressivos mais modernos, que apresentam menos efeitos colaterais, também são menos eficazes?
Mito. A evolução no entendimento da depressão e o conhecimento cada vez mais aprofundado dos fatores relacionados à doença têm possibilitado o desenvolvimento de tratamentos cada vez mais modernos, eficazes e seguros, como os antidepressivos de terceira geração. Com ação dual, esses medicamentos conseguem equilibrar a disponibilidade de dois neurotransmissores importantes e diretamente relacionados aos quadros depressivos: a noradrenalina e a serotonina. “Na verdade, com essa nova classe de antidepressivos, conseguimos mais sucesso terapêutico, até mesmo com alguns pacientes que não reagiam às medicações já existentes até então. Foi uma grande evolução”, afirma o médico. 






Referências:

1.      ERESHEFSKY, L. Drug-drug interactions with the use of psychotropic medications. Question & Answer Forum, v. 14(8), p. 1-8, 2009.
2.    Ciraulo DA, Shader RI, Greenblatt DJ, Creelman W. Drug interactions in psychiatry. 2nd ed. Baltimore (Maryland): Williams & Wilkins; 1995



Pfizer




 
    

Posts mais acessados