PRNewswire/ -- Com o fechamento do mercado formal, por causa da
quarentena imposta à maioria dos estados, a pirataria está crescendo no Brasil,
assim como o contrabando, afirmam especialistas. O comércio ilegal se acentua
com downloads de filmes e músicas, compras de aparelhos decodificadores para a
captação de sinal de TV a cabo e produtos eletrônicos. Já o contrabando fica
aparente, por exemplo, no setor de cigarros. Segundo o presidente do Fórum Nacional Contra a
Pirataria e a Ilegalidade (FNCP), Edson Vismona, o crescimento é global.
"O mercado ilegal cresce porque tem espaço para isso. A lucratividade é
imensa", afirma Vismona. "Cada vez mais organizações criminosas
participam desse comércio, como é o caso dos cigarros. É muito expressiva a
venda de fumo contrabandeado porque o crime viu aí um nicho de altíssimo lucro,
com um nível de i mpunidade grande e aceitação da sociedade", diz.
A queda brutal da renda familiar dos brasileiros neste momento
também conta muito para essa decisão, reconhece o presidente do FNCP. Mas
Vismona faz um alerta. "Não é o consumidor que vai levar vantagem nessa
operação. Muitas vezes, ele acha que sim. Pensa: 'Ah, é um produto baratinho,
vou comprar.' Mas, o que está por trás é uma engrenagem perversa, que está, na
verdade, financiando o crime organizado."
Os dados da ilegalidade são alarmantes. Só em 2019 o Brasil perdeu R$ 291,4 bilhões de reais para o mercado ilegal,
segundo levantamento do FNCP. O valor é a soma das perdas registradas por 15
setores industriais e a estimativa dos impostos que deixaram de ser arrecadados
em função dessa ilegalidade. O montante aumenta muito mais do que o Produto
Interno Bruto (PIB) nacional. Enquanto em 2019 o PIB do Brasil teve o avanço de
1,1%, o mercado da ilegalidade se avolumou. A perda dos setores foi de R$ 199,6 bilhões, que somados a uma média do imposto
sonegado (R$ 91,8 bilhões) chega a R$ 291,4 bilhões. Essa média foi feita com o porcentual
de 46%, mas há produtos, como o cigarro, em que o imposto pode alcançar 90%.
O levantamento do FNCP tem como base os dados apontados pelos
próprios setores produtivos, que têm métricas próprias. Os 15 segmentos
contemplados pelo FNCP são vestuário; óculos; cigarro; TV por assinatura;
higiene pessoal, perfumaria e cosméticos; bebidas alcoólicas; combustíveis;
audiovisual; defensivos agrícolas; celulares; perfumes importados; material
esportivo; brinquedos; software; e eletroeletrônicos