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segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Idosos representam 15% das vítimas fatais de acidentes de trânsito



Em todo país, são mais de 8 milhões de condutores acima de 60 anos 


Eles correspondem a cerca de 8% do total da população brasileira. Em 2060, porém, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) projeta que passem a representar 26,7%, o que significa dizer que um em cada quatro brasileiros terá mais de 65 anos. Para se ter ideia da magnitude das estatísticas, dados nacionais do Ministério das Cidades de setembro de 2016 revelam 8.661.195 condutores habilitados, entre 61 e 90 anos, em todas as categorias. O rápido envelhecimento da população brasileira – que segue uma tendência global - lança luz sobre novos desafios e configurações socioeconômicas. Um dos cenários que deve se adaptar a esta realidade é justamente o trânsito, que levou 6.491 idosos ao óbito apenas em 2013, equivalente a 15% do total de vítimas fatais daquele ano. Deste total, 39% eram pedestres, enquanto 22% eram ocupantes de automóveis.

Os números de óbitos e acidentes, porém, não extinguiram a paixão de motoristas como Adamor David por dirigir. Aos 72 anos, ele é um entusiasta convicto das quatro rodas e esteve, ao longo de mais de cinco décadas, atrás do volante de ônibus, viaturas e caminhões. Hoje dirige uma van, que transporta diariamente alunos de Matinhos, no litoral do Paraná, para Curitiba. O percurso costuma ser de 220 Km mas, aos fins de semana chega a 700 Km e supera nove horas de viagem, quando Adamor leva grupos para retiros religiosos ou excursões turísticas a Foz do Iguaçu.

Se a convivência intensa com a estrada nunca foi motivo de insatisfação, o passar dos anos tampouco. “Acho que nasci dentro do carro, porque meu único vício é dirigir. Antes não ficava tão cansado na estrada como agora, mas ainda assim faço pausas e já me sinto renovado para seguir”, conta. A experiência adquirida com a prática é, para ele, uma garantia a mais para não se envolver em acidentes. “Quando você confia na sua direção, o risco vem mais dos outros. Por isso sou cauteloso. Evito conversar com os passageiros e confiro se todos estão sempre com cinto de segurança”, destaca.  


Espaços públicos não garantem segurança necessária aos idosos no trânsito

Os idosos pedestres, cuja mobilidade é considerada reduzida, responderam por 30% dos casos de atropelamentos do Brasil em 2010, conforme revela o Ministério da Saúde. Números como esse reforçam a necessidade de os espaços públicos se prepararem para garantir o deslocamento e acessibilidade desses e dos demais usuários. “Quando o pedestre é idoso, acessos precários com calçadas esburacadas e falta de iluminação exigem cuidado redobrado para evitar quedas. No transporte coletivo, a altura elevada do piso é uma barreira a ser transposta, assim como os ruídos, que dificultam a audição, e o excesso de velocidade ou frenagem brusca, que geram insegurança”, esclarece a especialista em trânsito da Perkons, Idaura Lobo Dias. Para favorecer a caminhada, a especialista indica iniciativas como a criação de calçadões (ruas só para pedestres) e a redução das distâncias de travessias (ilhas de segurança). Já o uso de dispositivos redutores de velocidade (traffic calming e fiscalização eletrônica) é, para Idaura, decisivo tanto para idosos pedestres, quanto para os motoristas.

A especialista lembra ainda que a legislação de trânsito não prevê uma idade para a retirada da concessão da habilitação, mas apenas a idade mínima para começar a dirigir (18 anos). “A única referência a quem tem mais de 65 anos é que seja feita avaliação médica a cada três anos. Mas, é importante lembrar que os organismos são diferentes. Por isso, o médico da família saberá orientar quando houver riscos, bem como o médico que habilita e renova a Carteira Nacional de Habilitação”, orienta.

Para o geriatra do Hospital Samaritano de São Paulo, Danilo Bernardinello, diminuir o intervalo dos exames médicos é uma maneira de antever quando déficits inerentes ao envelhecimento se tornam um risco iminente de acidente. “Além da visão, é importante avaliar o grau de audição; de independência, pois idosos extremamente dependentes tendem a apresentar reflexos mais lentos; e o estado cognitivo do idoso, pelo qual avaliamos a orientação no tempo e no espaço e déficits de memória”, elucida. O surgimento de doenças que alteram a função cognitiva – caso do Alzheimer – também tende a apresentar-se, em alguns casos, como uma situação de risco. “São muito importantes a participação e o entendimento da família para apoiar a orientação médica. Se a opção for pelo idoso continuar dirigindo, a melhor prevenção é evitar horários noturnos ou de rush, vias com velocidade muito elevada, alto fluxo de carros e aquelas onde circulam muitos ônibus e caminhões”, orienta.

Cuidados como esses já estão incorporados à rotina de Orestes De Bortoli, que aos 85 anos se orgulha por nunca ter se envolvido em acidentes de trânsito nos mais de 40 anos em que é habilitado. Indagado sobre já ter vivenciado episódios de preconceito por conta da idade, ele é categórico: desrespeito não se destina a uma faixa etária específica. “As pessoas nem prestam atenção se quem está dirigindo é um idoso ou não, e já saem xingando”, completa. Para ele, somados à quantidade de carros circulando, o descaso e a falta de atenção dos motoristas tornam o trânsito mais violento. “Na maioria das vezes, acidentes acontecem por falta de cuidado. Por isso, dificilmente ouço falar de idosos que causaram um acidente, pois temos mais experiência e responsabilidade”, opina.









Arquivo Pessoal
Há 43 anos habilitado, Orestes De Bortoli procura sempre dirigir em baixa velocidade






PAULISTANOS PRIORIZAM MELHORIAS NA SAÚDE BÁSICA PARA A PRÓXIMA GESTÃO DA CIDADE, APONTA LEVANTAMENTO



Conduzida pela plataforma de gestão colaborativa de cidades Colab.re, consulta  avaliou propostas do Programa de Governo do prefeito eleito João Dória para saúde, educação, habitação, segurança, defesa civil e mobilidade urbana


Metade dos paulistanos (50%) apontam a reforma, ampliação e reequipamento das Unidades Básicas de Saúde (UBS) como prioridade na saúde para a próxima gestão municipal de São Paulo, que se inicia em janeiro. A informação é de consulta conduzida pela plataforma de gestão colaborativa de cidades Colab.re, que analisou as propostas do Programa de Governo do prefeito eleito, João Dória, e também envolveu as áreas de educação, habitação, segurança, defesa civil e mobilidade urbana.

O relatório com os resultados desta consulta será submetido ao gestor municipal e sua equipe, a fim de que a participação popular possa influenciar na elaboração das diretrizes do Plano de Metas 2017-2020 e do Plano Plurianual (PPA) 2018-2021 da maior cidade da América Latina. As informações também ficarão disponíveis na internet, para que se possa comparar o alinhamento entre as prioridades da população com o andamento da gestão da cidade.

Confira abaixo quais são as prioridades do Programa de Governo do prefeito eleito João Dória, de acordo com opinião dos paulistanos.


Saúde

Os locais de atendimento vêm antes dos investimentos em programas e ações de prevenção e combate. A implantação de Unidades Móveis de Saúde, que podem levar serviços de saúde às regiões periféricas, a redução de filas e a agilidade do diagnóstico e tratamento de patologias ocupa o segundo lugar, com 21%, na preferência da população.

A reformulação dos programas de atendimento aos usuários e dependentes de drogas é apontado como prioridade de 15% dos participantes ouvidos. Eles apostam na integração e no compartilhamento de projetos exitosos já desenvolvidos no Estado como uma possibilidade efetiva de reintegração de pacientes.

Os cuidados com o bem-estar feminino e infantil também exigem atenção. Para 10%, o foco é ampliar a prevenção da gravidez em grupos vulneráveis; a vacinação contra o Vírus do Papiloma Humano (HPV) entre a população fértil de até 25 anos; e a promoção de exames para diagnóstico do câncer de mama e do colo de útero. Já 4% consideram importante estimular e aprimorar o exame pré-natal nas maternidades, para reduzir a mortalidade de mães e/ou de bebês no parto; antecipar o diagnóstico da sífilis neonatal, da Zika e de outras patologias que expõem bebês a riscos irreparáveis.


Educação

Os paulistanos também querem mais valorização e desenvolvimento dos profissionais da rede pública de ensino. Pelo levantamento, 42% defendem o aperfeiçoamento das políticas de valorização contínua de professores e demais carreiras na educação.

Há também o entendimento de que a eficiência do sistema de ensino requer soluções integradas. A ampliação do acesso à educação integral, que privilegie o aprendizado multidisciplinar é apontada por 22%. Neste sentido, 14% acredita que a tecnologia precisa ser melhor empregada como aliada de professores e alunos nas escolas públicas municipais e 5% dos participantes ainda são favoráveis à criação de programas que ajudem no desenvolvimento de habilidades socioemocionais dos estudantes.

Outros 17% apoiam a criação do Centro de Apoio e Inovação para professores e equipes escolares, que mobilize, capacite e apoie a construção de propostas e soluções voltadas à melhoria do aprendizado.


Habitação

De acordo com 40%, a cidade deve investir no modelo de Parceria Público-Privada como forma de atrair e agilizar investimentos para a reurbanização e requalificação da área central de São Paulo. Já 17% são favoráveis à criação de programas de aluguel social em imóveis que não cumprem o papel social de moradia.

A ampliação das parcerias entre os governos estadual e federal no estímulo à Habitação de Interesse Social é defendida por 15% das pessoas consultadas, enquanto a criação de mecanismos mais ágeis para o atendimento das demandas das organizações representativas da sociedade é percebida por 15%.

A reordenação de áreas ocupadas consideradas irregulares e aquelas em desuso estão no centro da agenda habitacional da cidade. Isso porque 13% dos paulistanos são favoráveis a ampliar a regularização fundiária e a reurbanização de assentamentos precários. 


Segurança e defesa civil

A sinergia entre a Guarda Civil Metropolitana e a Polícia Militar do Estado é outro fator avaliado na consulta. Para 39%, ambas as instituições devem compartilhar modelo integrado de gestão de segurança pública, desde a jornada de trabalho até informações operacionais sobre horários de ronda, disponibilidade de viaturas e o planejamento mensal do efetivo. Outros 21% também defendem que a GCM tem de adotar um modelo de policiamento orientado para a prevenção de problemas relativos à segurança pública, para alterar as condições que dão origem as questões criminais e de desordem, contribuindo para diminuir as ocorrências por meio do policiamento.

Também foi apontado por 20% dos participantes a necessidade de um fortalecimento da colaboração de entidades privadas e da sociedade, envolvendo a temática da Defesa Civil de forma transversal, proporcionando maior eficiência nas ações dessa instituição.

Para 11%, a cidade de São Paulo deve estar mais bem preparada para responder às ocorrências que envolvem desastres. O governo municipal precisa assegurar o funcionamento eficaz da infraestrutura essencial, como os estabelecimentos de saúde, para o salvamento de vidas durante e após catástrofes. 9% acreditam no fortalecimento da governança para gerenciar riscos de tragédias, por meio do desenvolvimento de sistema que promova a integração de programas, ações e projetos de prevenção e combate.


Mobilidade Urbana

A reestruturação do acesso e dos horários de funcionamento do transporte público está à frente dos limites de velocidade, de acordo com a prioridade dos paulistanos relacionada à mobilidade. A implantação de Linhas Interbairros é necessária para 28%, com a finalidade de viabilizar deslocamentos sem passar pelo centro expandido. Para 27%, a ampliação do sistema também deve contemplar o número de linhas para o serviço noturno nos finais de semana.

O aumento dos limites de velocidade nas Marginais de acordo com o que é estabelecido pelo Código Nacional de Trânsito e o estudo de soluções técnicas para demais vias da cidade tem adesão de 21% dos participantes ouvidos.

Para 12% deles, a caminhada deve ser instituída como um dos modais pertencentes ao sistema de transporte da cidade e, para isso, investimentos devem ser feitos para a melhoria do sistema viário para pedestres.

Outros 12% acham que a cidade precisa implantar bolsões de estacionamento pagos com Bilhete Único próximos às linhas de ônibus troncais e de estações de Metrô e Trens Metropolitanos, estimulando a transferência do usuário do automóvel para o transporte público.

O levantamento foi realizado entre os dias 10 de novembro a 10 de dezembro e ouviu 5.466 pessoas em São Paulo e também as cidades do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Fortaleza e Maceió.   A capital paulista representa 32% dessa amostra e o perfil predominante dos participantes são homens (71%) entre 20 e 29 anos (35%).  



Metodologia

A consulta foi desenvolvida mediante aplicação de questionário disponibilizado na web (www.colab.re) e por meio de aplicativos nas versões Android e iOS. Para acessá-lo, os interessados tinham de fornecer informações pessoais, a fim de assegurar a sua identidade e para que eles só participassem uma única vez do processo. Cada eixo temático em análise era equivalente a uma pergunta com opções de respostas extraídas das propostas contidas no Plano de Governo do prefeito eleito. Cada questão só permitia uma única escolha.


Empoderamento 

O levantamento foi conduzido pelo Colab.re, plataforma que permite aos cidadãos fiscalizar a qualidade e o andamento dos serviços públicos prestados e possibilita à administração pública realizar consultas sobre temas chave das cidades, para legitimar a tomada de decisões com base na participação popular. Criada em 2013, a ferramenta tem mais 150 mil usuários de todo o Brasil e é utilizada como canal oficial de relacionamento por 130 prefeituras brasileiras, como Campinas (SP), Niterói (RJ) e Recife (PE). Em alguns desses municípios, o índice de solução de demandas chega a 70%. Em 2015, o Colab.re foi eleito o Negócio de Maior Impacto Social do Mundo e a Startup de Maior Potencial Global pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), além de ter sido apontado como um dos melhores aplicativos de governo do mundo pela ONU (Organização das Nações Unidas). O Colab.re está disponível na web (www.colab.re) e em aplicativos Android e iOS.



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