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quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Consumidor é vítima dos aumentos da energia elétrica


Diferença entre inflação e custo da energia está cada vez mais elevada devido à complexidade da composição do valor da tarifa, que depende da quantidade de chuvas, câmbio, carga tributária e subsídios


O consumidor se tornou uma espécie de fiador do setor elétrico brasileiro. É ele quem sustenta os aumentos constantes da energia elétrica em um ritmo mais alto que o da inflação. De janeiro a julho deste ano, o preço da energia subiu 13,79% frente aos 2,94% de acúmulo pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPCA). Essa lógica perversa pode ser vista também em um período mais longo: de 1995 a 2017, a tarifa média residencial cresceu 50% acima do IPCA - para as fábricas, chegou a ser 130% maior, segundo dados do Instituto Ilumina.

“A energia sobe acima da inflação devido à forma como o setor elétrico contrata. O serviço está segmentado basicamente em geração (as usinas que produzem energia), transmissão (o sistema que transmite a energia entre as usinas e os centros de consumo) e distribuição (que consegue realizar a entrega da energia ao consumidor). Para cada concessionária de geração, transmissão e distribuição existem contratos diversos, com cláusulas particulares e valores diferentes, os quais precisam ser liquidados junto a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). No caso do Ambiente de Contratação Regulado (ACR), ao qual a maioria dos consumidores está vinculada, a composição do preço final ao consumidor é complexa, pois envolve todos os contratos vinculados à geração, transmissão e distribuição e, eventualmente, o  Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), além de encargos setoriais e impostos ”, explica o professor dos cursos de Engenharia de Energia e Engenharia Elétrica da Universidade Positivo (UP), Fabrizio Nicolai Mancini.

O especialista esclarece que diversos fatores incidem sobre esses custos, tais como escassez de chuva, peso dos subsídios, incidência de encargos e tributos, assim como garantias de pagamento dadas aos players do setor. Entre esses fatores que oneram a taxa mensal, encontram-se os impostos (PIS/Pasep, Cofins e ICMS), perdas de energia e os complexos custos relativos à geração, transmissão e distribuição. Dados da Agência Nacional De Energia Elétrica (Aneel) apontam que os encargos subiram de 6% para 16% no peso da tarifa de energia. Um estudo da Associação Brasileira dos Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) mostrou a divisão da composição da tarifa de energia para o consumidor do mercado cativo (que adquire energia das distribuidoras tradicionais): 39,7% se referem a compra, 42,1% a encargos e tributos, 15,6% a distribuição e 2,7% a transmissão.

Refém desse ambiente, o consumidor pode tomar algumas medidas para sentir menos o baque do custo da energia em sua residência. Segundo Mancini, o primeiro passo é entender o conceito de educação energética, controlando o quanto se consome, assim como já se faz com smartphones e notebooks. “Sabendo quanto o equipamento consome, é fácil determinar quanto ele custa ao fim do mês e identificar onde e como fazer essa redução”, explica o professor.


Faça as contas

Nesse contexto, Mancini ensina como determinar os gastos médios de cada equipamento da casa: (1) verifique a potência em watts do equipamento; (2) determine quantas horas por dia ele é usado; (3) faça uma conta matemática simples para encontrar a energia em kWh: a potência multiplicada pelo número de horas usadas por dia e, na sequência, pelo número de dias do mês de utilização, dividindo tudo por mil; (4) por fim, use o valor obtido pelo custo do KWh encontrado na fatura de energia. “Para economizar, é preciso conhecer. Só assim, saberemos onde teremos a maior economia”, diz Mancini.

Para ilustrar o raciocínio, imagine um chuveiro elétrico de 5500w, utilizado por 15 minutos por dia (o equivalente a 0,25 de hora) ao longo de 30 dias: ((5500 X 0,25 x 30)/1000), o que equivale a 20,25 kWh por mês. Multiplicado pelo valor do KWh (0,77) encontrado na tarifa de energia do Paraná, chega-se à conclusão de que o preço de um banho diário de 15 minutos, por 30 dias, é de R$ 15,59 ao mês. Com isso, o consumidor consegue fazer contas e determinar os equipamentos relevantes em seu dia a dia e como evitar as altas contas de energia.

Para Mancini, esse raciocínio também deve orientar o comportamento do consumidor na hora de comprar equipamentos. Ele ilustra o exemplo com as televisões: as de LED consomem menos do que as LCD e, no médio e longo prazo, um investimento maior pode se reverter em economia de energia e de dinheiro. Para quem quiser saber mais, os alunos do curso de Engenharia de Energia da Universidade Positivo gravaram um vídeo, com dicas de economia: https://www.youtube.com/watch?v=CM3HuLul68o&t=91s. 



Economia compartilhada deixa 89% de seus usuários satisfeitos, revela estudo da CNDL/SPC Brasil


87% dos brasileiros acham que consumo colaborativo vem ganhando espaço no dia a dia das pessoas. Poupar dinheiro é a principal vantagem, mas falta de confiança nas pessoas é barreira para 51%. Carona, aluguel para temporadas e compartilhamento de roupas são práticas mais usuais



Novos modelos de negócios em que a experiência de consumo vale mais do que a propriedade sobre um determinado bem. Essa é a lógica da economia compartilhada, também conhecida como ‘Consumo Colaborativo’. Um levantamento feito em todas as capitais pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) revela que 89% dos brasileiros que já experimentaram alguma modalidade de consumo colaborativo ficaram satisfeitos após a experiência vivenciada. Apenas 2% dos entrevistados ficaram insatisfeitos, enquanto 9% estão indiferentes.

De modo geral, em cada dez consumidores brasileiros, nove (87%) acreditam que a economia compartilhada é uma prática que vem ganhando mais espaço na vida das pessoas e 68% creem que, em até dois anos, podem incorporar esta nova forma de consumir no seu dia a dia. Além disso, para 81% das pessoas, a economia colaborativa torna a vida mais fácil e funcional e 71% acham que possuir muitas coisas em casa mais atrapalha do que ajuda.

Na avaliação do educador financeiro do portal ‘Meu Bolso Feliz’, José Vignoli, a economia compartilhada nasce da necessidade de tornar acessível aos consumidores os benefícios de determinados produtos ou serviços, sem que, necessariamente, eles se tornem proprietários sobre aquilo que consomem.  “O objetivo é dar utilidade às coisas. Trata-se de uma mudança de paradigma em que o verbo ‘possuir’ é substituído pelo verbo ’compartilhar’. Assim, ao invés de simplesmente adquirir, a pessoa escolhe desfrutar de um produto ou serviço de forma coletiva. É como se a pessoa se perguntasse: será que eu preciso mesmo de um carro na garagem e de todos os custos associados a esse bem ou meu objetivo real é apenas me deslocar rapidamente pela cidade de forma barata?”, afirma Vignoli.

Caronas, aluguel para temporadas e compartilhamento de roupas são práticas colaborativas mais adotadas; internet é principal meio para unir consumidores

De acordo com o levantamento, as modalidades de consumo colaborativo mais utilizadas pelos brasileiros são as caronas para locais como trabalho, faculdades e viagens (41%), aluguel de casas ou apartamentos de terceiros para pequenas temporadas (38%) e aluguel ou compartilhamento de roupas (33%). Outras atividades já utilizadas são as bicicletas compartilhadas em vias públicas (21%), financiamentos coletivos (16%), compartilhamento de espaço de trabalho, como coworking (15%), aluguel de brinquedos (15%) e compartilhamento de moradias, também conhecido como república ou cohousing (15%).

A CNDL e o SPC Brasil também procuraram descobrir quais são os tipos de economia compartilhada que os brasileiros nunca experimentaram, mas conhecem e estão propensos a vivenciar. Nesse caso, o aluguel de bicicletas (48%) e o compartilhamento de espaço de trabalho (47%) ocuparam as primeiras colocações. Por outro lado, ainda há modelos de negócios colaborativos pouco conhecidos, mas que já demonstram alguma rejeição por parte do público, como o aluguel de itens para casa e utensílios da cozinha (15%) e o compartilhamento de moradias (14%).

A pesquisa demonstra que embora a revenda, troca e aluguel já existissem há tempos, as novas tecnologias impulsionaram as práticas existentes e viabilizaram o surgimento de novas. Exemplo disso, é que a maioria das modalidades de consumo compartilhado foram conhecidas pela internet, especialmente os financiamentos coletivos (43%), aluguel de itens esportivos (43%) e compartilhamento do espaço de trabalho (43%). Entre a recomendação de amigos ou conhecidos, se destacam as modalidades de caronas (47%), aluguel de casas para temporadas curtas (36%) e aluguel ou compartilhamento de roupas (33%). Nas redes sociais, as modalidades de aluguel ou troca de brinquedo (31%), compartilhamento do local de moradia (31%) e hospedagem de animais de estimação (29%) ganham força.

“As pessoas sempre viveram inseridas em redes de relacionamento. Os laços comunitários estão na origem das sociedades e sempre exerceram papel importante. A inovação, contudo, é a potencialização das relações que se estabelecem com ajuda da tecnologia e da internet. Para a economia compartilhada, isso significa que as pessoas podem estar em contato mais rapidamente e de forma ampla, rompendo distâncias e aproximando interesses em comum, inclusive entre desconhecidos”, afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.

Para 61% dos usuários, consumo colaborativo foi estratégia para economizar; 88% acham que quantia poupada é significativa

Outra constatação do estudo é que a maioria dos entrevistados enxerga a economia compartilhada como um meio capaz de ajudar a lidar melhor com as próprias finanças. Desse modo, economizar dinheiro foi a principal finalidade daqueles que se utilizaram de algum tipo de consumo colaborativo, com 61% de menções. Outras motivações foram contribuir para a sustentabilidade do meio ambiente (39%), ajudar terceiros (30%), economizar tempo (26%) e até mesmo conhecer outras pessoas (21%). Há ainda 11% de entrevistados que resolveram adotar práticas de consumo colaborativo para ganhar renda extra e 10% que foram influenciadas por conhecidos.

No geral, para 88% dos entrevistados, a economia proporcionada pelo consumo colaborativo é significativa para o bolso. Apenas 9% afirmam que ela é pequena ou irrelevante. Sobre esse assunto, as modalidades com melhor nota de avaliação dos entrevistados sobre os aspectos da economia de dinheiro, comodidade e facilitar a vida das pessoas são as caronas (7,85), o aluguel de casas para curtas temporadas (7,84) e o aluguel de bicicletas (7,66). As que obtiveram notas menores são o compartilhamento do local de moradia (6,74) e o aluguel de itens da casa, eletrônicos e ferramentas (6,55).

Para 51%, falta de confiança nas pessoas é principal entrave para economia compartilhada

O crescimento do consumo colaborativo no Brasil, contudo, ainda enfrenta barreiras. De acordo com a pesquisa, ainda há caminho a percorrer para tornar essas relações de consumo mais transparentes e confiáveis. Na opinião dos entrevistados, as principais barreiras para a economia compartilhada estão ligadas ao desconhecimento sobre quem está do outro lado. Mais da metade (51%) das pessoas ouvidas relataram a falta de confiança nas pessoas e o medo de ‘serem passados para trás’ e 43% falaram do perigo de lidar com estranhos. Outros temores são a falta de garantias no caso de não cumprimento do acordo (42%), falta de informação (37%) e desconfiança com relação a qualidade daquilo que está sendo dividido (30%).

“A economia compartilhada oferece soluções criativas que aproximam consumidores de um jeito diferente e muitas vezes sem intermediários. Com barreiras desfeitas, a confiança ganha ainda mais importância nesse contexto. É natural que com a popularização dessas práticas colaborativas, formas mais seguras de aproximar pessoas sejam criadas com o auxílio da tecnologia. Principalmente, porque muitos desses modelos de negócios atendem a necessidades reais das pessoas e muitas delas não querem abrir mão da facilidade adquirida”, explica o educador financeiro José Vignoli.

Metodologia

A pesquisa ouviu 824 consumidores acima de 18 anos, de ambos os gêneros, de todas as classes sociais e que residem nas 27 capitais do país. A margem de erro é de no máximo 3,4 pontos a um intervalo de confiança de 95%. 





Quanto maior a desigualdade, mais corrupção


Em todos os países de corrupção sistêmica (o Brasil ocupa a posição 96 no ranking da Transparência Internacional) é muito elevado o índice de desigualdade. A corrupção, nesses países, não se deve apenas às patologias humanas decorrentes da falta de ética, senão, sobretudo, às desigualdades (econômicas, sociais, estruturais, psicológicas, educacionais, de oportunidades etc.).

O Brasil é um país exageradamente corrupto porque é vergonhosamente desigual.

Vamos recordar: somos o 10º país mais desigual do mundo, de acordo com o índice Gini (que mede esse desequilíbrio). É o 4º país mais desigual da América Latina, só perdendo para Haiti, Colômbia e Paraguai. Embora seja a 7ª economia do planeta, possui um indecente Índice de Desenvolvimento Humano (posição 79, em 188 países pesquisados).

Em nenhum outro país há tanta concentração de renda: o 1% mais rico detém 30% da renda total (ver Pesquisa da desigualdade Mundial de 2018). Nem o Oriente Médio nem os EUA têm tanta concentração de renda.

A cruel desigualdade brasileira no século XXI é continuação do sistema feudal da Idade Média. Entre nós existem 450 empresas (ver Bruno Carazza, Dinheiro, eleições e poder) e umas 20 famílias que se comportam como senhores feudais, que compraram os mandatos (via financiamento de campanha) de uns 300 políticos superinfluentes entre 1994 e 2014.

Políticos com mandatos comprados cumprem o papel de vassalos dos senhores feudais, protegendo seus interesses materiais no âmbito do Executivo e do Legislativo (por meio de leis de isenções fiscais, dinheiro público barato, contratos públicos sem licitação lícita, contratos superfaturados, desonerações e renúncias fiscais etc.).

Tal qual na Idade Média (século V ao XV), os senhores feudais (verdadeiros donos do Brasil) possuem muito poder econômico e político. Mas não estariam no comando da nação há 518 anos se não contassem com incontáveis aparatos de proteção que vão além da vassalagem política (que é comprada).

A influência desses senhores feudais alcança também a vassalagem de setores do judiciário, da alta burocracia estatal, do mundo militarizado, da grande mídia, da intelectualidade vendida e da religião. Sem aparatos protetivos os senhores feudais desapareceriam.

As desgraças geradas pelo feudalismo corrupto não se limitam à indignação que nos gera o dinheiro roubado (que já é absolutamente intolerável). É que esse dinheiro faz muita falta para a educação, saúde, segurança, Justiça, transportes e infraestrutura. O bem comum sucumbe diante dos deploráveis interesses privados, que menosprezam desde logo a ética.

O pior é que daí nasce um tipo de cultura política de desapreço pela democracia. Da apatia democrática fundada na descrença frente às instituições decorre não apenas a recusa do eleitor de participar validamente das eleições (os votos brancos, nulos e a abstenção continuam em alta) como um tipo de revolta que está levando várias partes do continente a ditaduras eleitas pelo povo.

Por causa do feudalismo corrupto protagonizado pelos senhores feudais donos do país o Brasil se acha imerso em um círculo vicioso altamente destrutivo da sociedade brasileira. Doenças que já tinham desaparecido estão retornando (sarampo, poliomielite etc.).

Tudo deriva da falta de confiança entre as pessoas assim como nas instituições. A falta de confiança favorece muito a difusão da corrupção sistêmica. Esta, por sua vez, amplia a falta de confiança nas instituições. É um círculo vicioso mortal. Nossa sociedade está sendo destruída pelos donos corruptos do poder.

Uma plutocracia (poder dos endinheirados) gananciosa, egoísta e corrupta converteu o Brasil numa cleptocracia que é continuidade do feudalismo da Idade Média.

Cleptocracia significa governos de ladrões que se sucedem, sem resolver nossos problemas básicos de escolarização, saúde, transportes, segurança e Justiça.

Enquanto não atacarmos com dureza essas doenças do Brasil, fazendo o ladrão devolver o roubado e pagar pelo que fez de errado, vão se agravando os seus efeitos maléficos assim como o sofrimento da população. Até quando o brasileiro vai suportar os desmandos e caprichos dos senhores feudais donos da Nação?





LUIZ FLÁVIO GOMES , jurista e criador do movimento Quero Um Brasil Ético. Estou no f/luizflaviogomesoficial



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