Quando o assunto é o uso do stories do Instagram,
os presidenciáveis demonstram que a falta de estratégia para usar a ferramenta
já começou na pré-campanha. Engana-se quem pensa que Lula, Bolsonaro e Ciro
Gomes só têm em comum o desejo de sentar na cadeira da presidência da
República.
Se você levar em consideração o número crescente de
usuários ativos do Instagram Stories no Brasil, verá que os dias de glória
estão longe de acabar. Os números divulgados no último balanço não deixam
dúvidas: a ferramenta tem mais de 800 milhões de usuários em todo o mundo. O
número de pessoas que utilizam o recurso, ao menos uma vez todos os dias, chega
a 300 milhões.
E a que podemos atribuir esse baita sucesso? Essa
resposta está totalmente ligada à função comunicativa desta rede social. Quando
foi criado em 6 de outubro de 2010, a função do app foi resgatar a
instantaneidade do momento.
Desde o início, o Instagram teve caráter
personalista, com base de usuários composta de amigos, personalidades famosas
e, por que não, políticos? Essa é uma tendência mantida na ferramenta stories,
onde através de vídeos com duração de até 15 segundos expomos experiências do
cotidiano. É isso que queremos acompanhar quando seguimos um político.
Crescimento
do Instagram Stories exige planejamento
Nos últimos anos, é notável o crescimento das redes
sociais na política. Seja no marketing político permanente ou no eleitoral, os
representantes brasileiros já perceberam que é na internet que está o eleitor.
Fugir e ignorar essa realidade significa jogar fora boa parte dos votos do
eleitorado.
Levando em conta a explosão do Instagram Stories,
será que candidatos e equipes estão preparados para produzir conteúdo para a
ferramenta? Se observarmos o que temos visto até agora nos perfis, nem de
longe.
Na prática, muitos insistem naquela máxima de jogar
para o stories peças criadas para outras redes sociais. É muito comum encontrar
peças produzidas para o Facebok, por exemplo, reproduzidas na ferramenta sem
critérios. Nem mesmo o formato da peça é adequado, e o post é feito com imagem
desconfigurada.
Isso demonstra dois pontos graves: a falta de
investimento em conteúdo de qualidade ou o pior, políticos que se recusam a
participar da própria comunicação. Isso existe e é muito mais comum por aqui do
que você possa imaginar.
Os
presidenciáveis no stories
Bastou uma análise no perfil dos presidenciáveis
brasileiros para encontrar o diagnóstico descrito no último parágrafo. Entre os
que utilizam o Stories no Instagram, são raros os que produzem conteúdo
específico.
Para que você conheça um pouco do uso do stories na
política, pesquisamos o perfil de 10 candidatos que já declararam disputar a
corrida presidencial. O levantamento, em ordem alfabética, revela que, dos
políticos que desejam comandar a nossa nação, nenhum utiliza o stories com
frequência e estratégia.
Pelo menos no período analisado que foi de janeiro ao
início da segunda quinzena de fevereiro deste ano.
Existe uma grande chance de esta realidade mudar em
alguns meses, mais próximo da disputa. Mas vale lembrar que para que seja
criado um vínculo entre o eleitor e o candidato, esse trabalho deveria começar
agora na pré-campanha.
Para conquistar o sonhado e difícil voto do eleitor, é
essencial cumprir as etapas de sensibilização, motivação e mobilização. Deixar
essa tarefa para depois, em uma eleição onde ganhar o eleitor será um desafio,
pode custar muito caro.
Para que você visualize melhor o comportamento dos
presidenciáveis no Instagram Stories, compartilhamos com você o seguinte
levantamento:
Candidato
|
Seguidores
|
Usa o stories?
|
O que mostra
|
Álvaro Dias (Podemos)
@ad.alvarodias
|
14 mil
|
Sim.
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Bastidores de entrevistas, eventos, viagens pelo
estado e pelo Brasil.
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Ciro Gomes (PDT) @cirogomes
|
22 mil
|
Quase nunca.
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Sem posts no período analisado.
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Cristovam Buarque (PPS) @buarquecristovam
|
7 mil
|
Muito pouco.
|
Bastidores de agendas e reuniões.
|
Geraldo Alckmin (PSDB) @geraldoalckmin_
|
101 mil
|
Muito pouco.
|
Bastidores de agendas e reuniões.
|
Henrique Meirelles (PSD)
@henriquemeirelles.real/
|
8 mil
|
Muito pouco.
|
Conta criada em 25 de fevereiro.
|
Jair Bolsonaro (PSC) @jairmessiasbolsonaro
|
896 mil
|
Sim
|
Compartilha imagens, twittes e pouco bastidores.
|
João Almoêdo (Novo) @joaoamoedonovo
|
18 mil
|
Muito pouco.
|
Bastidores de agendas e eventos.
|
Lula (PT) @luizinacioluladasilvaoficial
|
95 mil
|
Muito pouco.
|
Bastidores de eventos e caravanas
|
Manuela D´Ávila (PC doB)
@deputadamanuela
|
52 mil
|
Sim
|
Bastidores de agenda e momentos pessoais com a
filha
|
Marina Silva (Rede) @_marinasilva_
|
88 mil
|
Muito pouco.
|
Bastidores de agendas.
|
Envolvimento
é a palavra chave
Quem entende ao menos um pouco de redes sociais,
sabe que a palavra-chave no stories ou em qualquer rede social é envolvimento.
O tempo em que o político não se envolvia na comunicação definitivamente ficou
para trás com a internet.
Não é exagero dizer que esse é um fator predominante
para determinar o sucesso de um político nas redes sociais. No stories essa
característica é ainda mais marcante, e é exatamente nisso que os políticos
brasileiros insistem em não acreditar.
O presidente argentino, Maurício Macri, entendeu
bem essa verdade e poderia até ministrar cursos para ensinar políticos a
utilizarem o Stories do Instagram. Ele utiliza muito a ferramenta, mostrando
bastidores do cotidiano, mas, acima de tudo, conseguimos perceber a estratégia
por trás de cada postagem. A intenção é mostrar um presidente humano e
envolvido com os eleitores. Macri está sempre conversando próximo a pessoas
comuns, o que rende bons abraços e apertos de mãos.
Presença
entre os mais jovens
O político que domina o Instagram e utiliza o
Stories como ferramenta para se comunicar já está presente entre os mais
jovens. Uma estimativa feita pela eMarketer, empresa que mede audiências
digitais, aponta que o Instagram terá um crescimento na base de usuários
norteamericanos em 13% neste ano. No Brasil, a expectativa é que este
crescimento se repita.
Marcelo
Vitorino