Luara Faria
comenta sobre a atuação na transição de fases e superação de conflitos
Quando se fala no trabalho
de um personal organizer não é difícil de imaginar um cenário luxuoso e cheio
de glamour, mas não só de closets repletos de bolsas e sapatos de grife, vive
um profissional de organização. A personal organizer Luara Faria traz à tona o
lado "psicólogo" da profissão e alerta: a desorganização pode estar
atrelada a um problema de saúde.
Segundo Luara Faria a
acumulação pode ser sinal de insatisfação pessoal ou, mesmo, de medo e
desencadear quadros de desorganização crônica: "Existe uma diferença
cultural. Enquanto nos EUA as pessoas acumulam por consumismo, no Brasil essa
compulsividade por comprar se deve ao cenário econômico, muitas vezes as
pessoas compram pela oportunidade, pelo medo de não ter condições de comprar em
outro momento. Nos dois casos, o consumo passa a ser algo perigoso e pode se
tornar um transtorno psiquiátrico".
Viver em meio a bagunça pode
parecer inofensivo, tem gente que até defende e diz "se encontrar" em
meio a própria bagunça, o problema é quando a bagunça ultrapassa os limites e
passa a atrapalhar a vida de quem convive com ela. Além de caracterizar um
problema psicológico, acumular demais pode trazer problemas físicos como
alergias e, até mesmo, atrair ratos e insetos, tornando-se um problema de saúde
pública.
Entre os sinais de alerta
estão: desconforto ao descartar itens, vergonha de expor o acúmulo e
dificuldade de organização e categorização dos objetos. Diagnosticado o
transtorno, a ajuda de um personal organizer pode ser fundamental para superar
o problema: "Existe um trabalho social por traz da nossa profissão, muitas
vezes o personal organizer vem para auxiliar o cliente a atravessar uma crise
ou concluir uma transição. Não é difícil encontrar pessoas que mudaram para
casas menores e tem dificuldade em organizar os próprios pertences no novo
espaço. No caso dos acumuladores, o trabalho do personal organizer também é
imprescindível, ter tudo organizado e poder visualizar os itens, pode ser o
primeiro passo para encarar a realidade e desapegar dos excessos", afirma
Luara.
Bagunça nada
inofensiva
Em casos mais graves, os
acumuladores acabam não tendo mais o controle da bagunça e da própria vida.
Além da perda de espaço físico e dos problemas de higiene que acumular itens
pode causar, a acumulação desacerbada pode gerar conflitos entre as pessoas que
dividem o mesmo espaço e, até mesmo, afastar pessoas, ocasionando a exclusão
social do acumulador.
Para Luara, esse tipo de
situação, monstra um outro lado dessa carreira:
"Muitos profissionais se
encantam com o luxo ao optar pela profissão de personal organizer. Mas, atuar
nessa área vai muito além das questões materiais, saber lidar com esses
conflitos e auxiliar famílias a lidar com eles, faz parte da nossa profissão.
Mais do que organizar coisas, nós somos capazes organizar vidas, esse é nosso
papel", garante.