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terça-feira, 22 de março de 2022

7 dicas para criar um clube de assinaturas e alavancar suas vendas

 

Com a economia oscilando bastante no último ano, muitos comerciantes tiveram que recorrer a outras alternativas para fugir da falência. Uma saída mais assertiva para esse problema tem sido as vendas recorrentes, modelo de negócio baseado na ideia de vender um produto ou serviço de forma recorrente no qual será cobrado mensalmente, anualmente ou até quinzenalmente. É um mercado tão promissor que registrou um aumento de 18% em 2021 e pode alcançar 75% dos empreendimentos até 2023 (Fonte: Betalabs). 

Mesmo sendo uma promessa, muitos ainda não sabem como criar um clube de assinaturas e mantê-lo. Confira abaixo oito dicas primordiais para criar seu clube de assinaturas.

 

1. Defina seu produto e seu consumidor 

Sua primeira tarefa é definir quais itens irá ofertar. A partir disso, será necessário parar um pouquinho e analisar alguns pontos. O clube de assinatura não é apenas o envio de uma caixa com produtos, ele é também uma experiência de recebimento. Por isso, é importante pesquisar como está o mercado para seu tipo de produto e como o seu possível comprador se comporta. 

Além disso, que tipo de consumidor assinaria um clube para ter os seus produtos todo mês em casa? Estes itens costumam ser comprados todos os meses pelo mesmo cliente? Valeria à pena para ele esse investimento mensal? Essas perguntas são muito importantes para tornar sua ideia praticável. 

 

2. Faça o planejamento Financeiro e Legal 

Ao optar por entrar no mercado de clubes de assinatura você precisará de muito planejamento. Caso não tenha um CPNJ ou uma MEI, será a hora de providenciar para que toda a operação seja regulamentada. É necessário também estabelecer uma meta de vendas a ser atingida para conseguir manter o clube funcionando. Para isso, defina o valor da sua box de acordo com a quantia que será gasta com as embalagens, com o envio, com os fornecedores ou com a produção dos produtos que vão compor o clube. 

Uma informação importante: a assinatura do clube tem que ter um valor inferior ao preço total que seria gasto com os itens se comprados isoladamente. O assinante precisa enxergar a vantagem em manter a assinatura mês a mês e o custo-benefício é uma das formas de atrair sua atenção. 

 

3. Estude suas possibilidades de envio 

Fretes altos intimidam, podendo fazer com que os possíveis clientes desistam de assinar o seu clube. Por isso, estude qual a melhor opção de envio para a box que você quer entregar, considerando limitar a operação para apenas uma cidade, caso queira primeiro sentir como funcionará todo o processo. Está disponível no mercado diversas opções de envio. É importante possuir mais de um fornecedor para que o cliente tenha opções. 

Vale ressaltar que os valores variam de acordo com o tipo de embalagem e peso total das boxes que você vai enviar. Por isso, é importante estudar qual o melhor tipo de pacote, tanto para avaliar o custo da operação, quanto para se certificar de que os itens estarão bem colocados e que serão entregues sem avarias. Não se esqueça de verificar o tempo que cada fornecedor leva para entregar os itens necessários para as suas boxes. Trabalhe com fornecedores de confiança e que cumpram prazos, pois os assinantes não podem ficar esperando. 

 

4. Defina as regras do seu clube 

Todo serviço prestado depende de regras para não gerar ruídos na comunicação entre as duas partes. Tenha definido o valor do frete, as regiões que serão atendidas, os prazos, se haverá ou não aplicação de multa por cancelamento. Essas são informações primordiais. 

É interessante considerar um envio rápido da primeira edição da box. Nas edições seguintes, é comum o clube aguardar o fechamento do mês para fazer novos envios, uma vez que o assinante já recebeu a primeira box e está temporariamente satisfeito. 

 

5. Crie o conceito e as edições do seu clube 

Voltando a falar das experiências que os clubes de assinatura precisam proporcionar: os produtos que serão enviados na caixa precisam ter relação uns com os outros. Eles precisam ser escolhidos para serem utilizados juntos ou então para complementar a ideia geral da box. 

Pergunte-se qual tipo de experiência seu clube vai proporcionar e que tipo de clube você está criando. É um clube de reposição, onde você apenas facilitará o reabastecimento mensal de produtos do assinante? Ou é um clube de curadoria, onde você selecionará os itens pensando nas preferências do assinante com o intuito de agradá-lo ou presenteá-lo com um mimo surpresa? 

A partir daí, esboce quais seriam as suas edições ao longo de, pelo menos, 12 meses. O assinante precisa receber todo mês uma experiência diferente, mesmo que alguns itens se repitam. Quando é positivamente surpreendido, o cliente tende a manter sua assinatura. Por isso, é importante variar dentro dos temas e possibilidades que tangem o universo do seu produto. 

 

6. Procure saber a preferência de seus assinantes 

Mesmo que seu clube não seja de curadoria, é importante montar um questionário para que o assinante responda quais são suas preferências por produtos, por brindes, por temas, se é alérgico a algum produto ou alimento, por exemplo. Quanto mais personalizada e individualizada a box, maiores são as chances de fidelizar o cliente. 

A ideia é realizar uma entrega especial, humanizada, que faça o cliente enxergar o clube como um presente mensal e até esquecer que está pagando pelo serviço. Lembre-se sempre, você está vendendo uma experiência para o seu cliente, e não somente um produto. 

 

7. Prepare tudo para o lançamento 

As empresas que entendem que o consumidor é o centro das atenções são as que estão firmes no mercado e, com os clubes de assinatura a mesma coisa acontece. Antes de lançar seu clube é importante começar o contato com seu público-alvo por meio das redes sociais. Ter um perfil no Instagram, no Facebook ou um blog é muito importante para dar aos internautas uma prévia do serviço que você está prestes a oferecer. 

Aposte em conteúdos que expliquem o quanto um clube de assinatura trará comodidade e experiências que melhorarão a vida de quem o assinar. Faça com que as pessoas tenham vontade de assinar seu clube, entendendo qual é o seu público e qual linguagem utilizar para se comunicar. Afinal, um dos diferenciais do modelo clube de assinatura é a relação afetiva com nichos específicos de consumidores. O seu potencial assinante se interessa por assuntos específicos associados ao seu clube, e é nesses assuntos que você deve apostar, fazendo um paralelo com o serviço de assinatura que vai oferecer e anunciando a data em que ele entrará em vigor. Quando tudo estiver pronto, arasse nas vendas!

 

 Luciana Pimenta - CEO da Hub Home Box, maior marketplece brasileiro de clubes de assinaturas.


Carreiras digitais: Product Management reúne profissionais mais seniores, mesmo com menos tempo de função

Relatório realizado pela Tera, em parceria com a Mindminers, traz dados sobre faixa salarial, soft skills, dificuldades, principais funções e ferramentas dos product managers

 

Recém lançado pela edtech Tera, em parceria com a Mindminers, o relatório Digital Skills traz dados e insights sobre o mercado das profissões digitais e recebeu respostas de mais de duas mil pessoas, sendo 31% da área de Product Management, onde os cargos mais frequentes são de Product Manager e Product Owner. A pesquisa traz diversos dados sobre o perfil do profissional de produto e indica que mais da metade daqueles que estão no cargo (54%) ocupam um nível de senioridade intermediário (Analista Sênior ou Coordenador), mesmo que a área se destaque pelo número de pessoas com pouco tempo de função. Além disso, sete em cada 10 profissionais de Product Management não começaram a carreira em funções relacionadas a essa área e um em cada três profissionais de produto afirma ganhar de R$ 10 mil a R$ 16,5 mil.

 

Para Leandro Herrera, CEO e fundador da Tera, essas informações mostram o diferencial da carreira de produto — já que, diferente de outros ramos digitais, apresenta uma facilidade de acesso maior àqueles que querem se diferenciar no mercado e chegar a posições de remuneração mais alta. “Se vemos que é comum na área, em menos de cinco anos, profissionais atingirem posições de maior senioridade, também entendemos que há uma relação mais difusa entre faixas salariais e tempo na função”, explica. “Caso contrário, mostraria a necessidade de uma especialização mais profunda e recorrente para se destacar”, completa.



Em relação ao salário, um em cada três profissionais de produto afirma ganhar de R$ 10 mil a R$ 16,5 mil. Em seguida, 25% informam receber de R$ 6,6 mil a R$ 9,9 mil e apenas 6% dizem que a faixa salarial está em até R$ 3,3 mil. Já aqueles que ganham mais de R$ 16,5 mil foram 14% dos respondentes. 

 

No cruzamento entre salários e níveis de senioridade, a pesquisa mostrou que 66,7% de profissionais de produto em nível de estágio ou analista júnior recebem até R$ 3,3 mil. Já em cargos intermediários, como analista sênior e coordenador, onde a maioria dos respondentes (54%) afirmou atuar, os salários na faixa entre R$ 3,3 mil e R$ 10 mil são uma realidade para 64,6% das pessoas. Para Herrera, os salários competitivos, mesmo em cargos ainda intermediários, são uma mostra do quanto a área está aquecida. “Product managers podem atuar em diferentes times dentro da empresa, com foco em subprodutos ou no desenvolvimento de novas features. Com isso, um grande negócio inserido no mercado digital pode precisar contratar dezenas de PMs e POs. Ao mesmo tempo, startups que buscam rápido crescimento contam com pessoas com skills da área para dar tração  às iniciativas do negócio”, explica. “É por isso que, além de vermos muitas vagas abertas, existem empresas treinando esses profissionais do zero e oferecendo remunerações bastante atrativas mesmo para iniciantes”, completa.



Das habilidades às ferramentas


Em relação às maiores dificuldades do cargo, 41% dos participantes dizem que a maior delas é a análise de dados, métricas e resultados. Outras tarefas complexas são planejamento estratégico e visão de produto (38,6%), pesquisa com usuário (34,3%), teste A/B (29,3%) e alinhamento com alta liderança (26,9%).  

Nesse contexto, ao serem questionados sobre as soft skills mais importantes para atuar na área, foram destacados comunicação (18%), resiliência, tolerância ao stress e flexibilidade (13%) e liderança e influência (13%). Já as hard skills necessárias são análise de dados e métricas (62,7%), priorização de entregas e atividades (53,8%) e capacidade de escalar produtos e processos (45,6%).

 


“Product managers são profissionais responsáveis por definir diretrizes e acompanhar o cumprimento delas durante o processo de desenvolvimento de produtos. O trabalho é focado em chegar a resultados qualificados a nível de funcionalidade, relevância e aceitação no mercado”, explica Herrera. “Por isso, o papel é geralmente representado pela tríade de design, tecnologia e business, tendo uma intersecção das habilidades de cada uma dessas áreas.”

 

Os dados também mostraram que os respondentes ocupam mais tempo no trabalho com alinhamento de equipe (19,7%), planejamento estratégico e visão de produto (18,9%) e definição de especificações e requisitos (12,8%). Os cinco softwares mais usados na rotina de trabalho são Miro (71,4%), Jira (63,3%), Slack (51,6%), Google Analytics (42,5%) e Trello (41,6%).

 

 

Trajetória profissional e capacitação

 

Sete em cada 10 profissionais de Product Management não começaram a carreira em funções relacionadas a essa área. Na formação universitária, 21% vêm da Engenharia e 20% da Administração. Quase 80% das pessoas contam que se atualizam sobre novas técnicas ou metodologias principalmente por treinamento ou cursos de habilidades digitais. Outras respostas foram livros (65,9%), blogs (52,9%), colegas (50,8%) e podcasts (50,5%).

 

“Como product manager, a skill de comunicação é essencial para ser essa ponte entre stakeholders. É preciso ter visão de negócio, compreendê-la e traduzi-la para o time de produto e de tecnologia, ao mesmo tempo em que entende a necessidade do usuário e garante que o negócio vai propor uma solução relevante para ele. Pensando nessa missão, profissionais de áreas mais tradicionais trazem bagagens muito valiosas, cada um à sua maneira. Engenheiros (as) têm mais facilidade na gestão de projetos, enquanto administradores (as) trazem visão de negócio e pensamento analítico, por exemplo”, contextualiza o CEO da Tera.

 


Diversidade


Diferente de áreas como Dados e Desenvolvimento de Software — que apresentam uma maior desigualdade entre os sexos, com 33,1% e 30,8% de mulheres, respectivamente —, Product Management conta com o número de mulheres respondentes maior que o de homens (51,6% contra 47,7%). Por outro lado, a área apresenta a mais alta disparidade de raça, com 16% de pessoas negras versus 79% de pessoas brancas.

 

Para Herrera, é fundamental que produtos e serviços digitais sejam criados desde o início considerando grupos minorizados — e, para isso, é preciso que estes grupos sejam criadores das tecnologias e não apenas consumidores. “Especialmente no segmento de tecnologia, que tem um impacto social e cultural grandíssimo. Porém, a realidade do mercado ainda é muito distante. Em um país onde mais de 56% da população é negra, a Digital Skills mostrou que o mercado de tecnologia ainda é formado, em média, por 73% de pessoas brancas. O número ainda maior na área de produto mostra uma necessidade urgente de ações intencionais para mudar o cenário”, afirma. 

A Tera trabalha desde 2019 com bolsas de estudo para grupos minorizados, principalmente focados em mulheres brancas e pessoas negras. “As carreiras digitais precisam ser cada vez menos parte de uma bolha pouco conhecida e pouco acessível. Queremos criar pontes para que essas oportunidades cheguem a mais pessoas de diferentes grupos. Quando isso acontecer, teremos um mercado em que as diferentes habilidades, visões de mundo e experiências vão fomentar ainda mais inovação e transformação social. Mas, para isso, é fundamental que as empresas aumentem a capacitação de novos profissionais”, finaliza Leandro.

 

Canadá tem mais de 800 mil oportunidades de emprego em aberto por falta de mão de obra qualificada

País enfrenta escassez de bons profissionais; vagas são para diversos setores

 

O Canadá está enfrentando problemas para preencher as suas mais de 800 mil oportunidades de emprego. O país está oficialmente buscando novos trabalhadores. “O salário-mínimo de lá é de 2.000 dólares canadenses, então dá para ter uma ideia do quanto o trabalho é extremamente valorizado”, destaca Daniel Braun, presidente da Cebrusa Northgate, empresa que oferece soluções de imigração para o Canadá.

As oportunidades são para diversos cargos, como médicos, enfermeiros, engenheiros e profissionais de TI. Mas engana-se quem pensa que são vagas apenas para quem tem nível superior, o país também precisa de profissionais como: motoristas, cabelereiros, soldadores, caminhoneiros, encanadores, entre outros.

Segundo Braun, são muitas as oportunidades e em diversas áreas. “Acontecem feiras de empregos pelo mundo todo para o preenchimento dessas vagas, além disso, o país também oferece mais de 60 programas de imigração e sem o planejamento necessário fica difícil saber qual programa se encaixa melhor com o perfil de quem quer morar lá. Eu quero ajudar quem deseja morar no país a conquistar uma vida por lá, independente da experiência profissional, da idade e do idioma. Por isso, estamos com inscrições abertas para o ‘Fórmula de Imigração’, nosso programa de estudos onde você vai ver como é possível trabalhar no Canadá de maneira descomplicada”.


O que é o Fórmula de Imigração

Programa de mentoria oferecido pela Cebrusa Northgate para quem deseja morar legalmente no Canadá, independente da formação acadêmica e experiência profissional. “O Fórmula de Imigração mostra um passo a passo de como morar no país, tornando a imigração simples e objetiva”, afirma Armando Stocco, sócio da Cebrusa Northgate e consultor regulamentado de imigração.

Segundo Stocco, o Canadá já foi considerado por 5 anos consecutivos pela U.S. News & World Report’s, o país com a melhor qualidade de vida do mundo. “O Canadá é um lugar incrível para morar, mas sofre com uma população com idade alta e baixa taxa de natalidade. O país precisa girar sua economia e a forma que o país achou foi com a imigração, por isso, programas como o ‘Fórmula de Imigração’ é tão importante nesse processo. Nossa equipe vai ajudar o interessado em toda a rota indicando o próximo passo a ser dado. É possível poupar tempo e esforço, além de potencializar as chances de morar legalmente no país”.

Deseja saber mais sobre o “Fórmula de Imigração”? Acesse https://danielbraun.com.br/oportunidade_formula



Cebrusa Northgate


Recuperação de créditos tributários: qual a urgência em buscar este direito?

A Recuperação de Créditos Tributários (RCT) é um direito assegurado a todo contribuinte que tenha recolhido impostos, taxas ou contribuições de maneira indevida ou a maior. Quando este recolhimento tributário indevido ocorre por descuido ou falta de conhecimento - ou seja, a legislação dá um comando e o contribuinte executa outro - a recuperação ocorre no âmbito administrativo. É o caso, por exemplo, de uma empresa que realiza uma classificação fiscal incorreta e recolhe tributos sobre um produto não tributado.

Por outro lado, existem hipóteses em que as empresas recolhem os tributos estritamente como determina a legislação, mas existe a possibilidade de discutir a legalidade ou a inconstitucionalidade da norma. São as chamadas teses tributárias, através das quais as empresas ingressam com ações judiciais, questionando a legislação vigente e pleiteando a interrupção da exigência, bem como a recuperação de tudo aquilo que foi indevidamente recolhido.

A exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS foi um exemplo de tese tributária julgada de maneira favorável aos contribuintes. Entretanto, aqueles que já haviam ingressado em juízo com este questionamento antes da decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal, ganharam o direito de recuperar os valores passados, ao passo que as demais empresas só puderam se beneficiar da data do julgamento em diante.

Por isso, diante das várias possibilidades de recuperação de créditos pela via judicial, existem fortes motivos pelos quais é urgente ingressar em juízo o mais rapidamente possível, com teses como a exclusão do ISSQN da base de cálculo do PIS e da COFINS - nesse caso, o INSS incidente sobre verbas indenizatórias ou a limitação da base de cálculo da contribuição para outras entidades em vinte salários-mínimos. Em caso de êxito das ações, as empresas poderão assegurar o direito ao não recolhimento de impostos, taxas ou contribuições, bem como a recuperação dos valores recolhidos indevidamente nos cinco anos anteriores à data do protocolo dos processos.

O primeiro motivo relevante para não postergar o questionamento judicial das teses tributárias é a prescrição. De acordo com o artigo 168 do CTN (Código Tributário Nacional), o direito de pleitear a restituição de pagamentos indevidos extingue-se com o decurso do prazo de cinco anos. Em outros termos, os contribuintes só podem requerer os tributos recolhidos de maneira indevida nos últimos 60 sessenta meses, contados a partir da data do protocolo do pedido administrativo ou da ação judicial. Isso significa que, a cada mês que passa, perde-se o equivalente a este período de recuperação. A demora para ingressar em juízo pode significar prejuízos substanciais. Por isso, quanto antes a ação for protocolada, maior o valor a ser restituído.

Outro fator a ser considerado é o risco de modulação. Muitas teses de Recuperação de Créditos Tributários são resolvidas no STJ ou STF, que decidem pela ilegalidade ou inconstitucionalidade de determinadas normas. Entretanto, tais decisões podem ser moduladas, ou seja, pode ser estabelecido a partir de quando a decisão valerá. Se houver modulação e a decisão passar a valer somente para eventos futuros, as empresas que não ingressaram em juízo previamente perdem o direito de pleitear os valores indevidamente recolhidos nos últimos cinco anos.

E o que dizer da crescente necessidade de capital para as empresas? Diante de um cenário cada vez mais competitivo, é essencial para qualquer negócio reduzir a carga tributária, bem como recuperar os valores que foram indevidamente recolhidos. A diminuição da carga tributária proporciona alívio de caixa, melhora a gestão e possibilita a realização de investimentos para expansão do negócio. Já a recuperação de créditos injeta novos recursos nas empresas, que podem ser utilizados para regularizar passivos, investir em tecnologia, pessoal, infraestrutura e outras melhorias. Várias empresas já estão adotando a RCT como estratégia para ampliar sua participação no mercado. Aqueles que demorarem para tomar esta atitude, correm o sério risco de ficarem para trás.

Por fim, existe muita incerteza sobre a Reforma Tributária, atualmente discutida no Congresso Nacional. Vários setores econômicos argumentam que poderá haver aumento substancial da carga tributária ou o corte de benefícios fiscais atualmente vigentes. De qualquer forma, o profissional tributarista deve levar aos seus clientes todas as possibilidades de recuperação para que, em uma eventual reforma, as empresas tenham créditos acumulados para compensar com os novos tributos criados. O quanto antes forem protocoladas as ações judiciais pertinentes, mais cedo os créditos poderão ser constituídos, gerando um fôlego adicional para a adaptação à nova sistemática tributária - além de um diferencial competitivo frente a outras empresas que não acumularam créditos para esse momento.

Importante salientar, porém, que de nada adianta ganhar um processo, se não for possível liquidar os valores ou realizar o levantamento preciso dos créditos. Nesse quesito, a tecnologia deve ser uma aliada preciosa e indispensável, permitindo que os cálculos sejam efetuados de maneira segura e assertiva. O uso de um sistema de recuperação de créditos simplifica e agiliza todo o fluxo de trabalho, na medida em que é possível importar arquivos fiscais e realizar eletronicamente o levantamento de valores indevidamente recolhidos.

O tempo está passando. Aqueles que ainda não pleitearam judicialmente as diversas oportunidades de recuperação de seus créditos tributários devem, urgentemente, buscar o auxílio de profissionais qualificados que possam conduzir esse processo de forma ágil e assertiva. Em caso de êxito, as empresas terão enormes benefícios, como a melhora da saúde financeira, a viabilização de investimentos estratégicos e o crescimento estruturado do negócio.

 

 Frederico Amaral - CEO da e-Auditoria, empresa de tecnologia especializada em auditoria digital.


 e-Auditoria

https://www.e-auditoria.com.br/sobre


Mais de 320 mil crianças foram registradas sem o nome do pai na certidão durante a pandemia

 

Advogada especializada em Direito da Família explica como pode ser feita a ação de investigação de paternidade para exigir direitos e obrigações do estado de filiação 

 

Nos últimos dois anos, durante a pandemia de covid-19, mais de 320 mil crianças foram registradas sem o nome do pai na certidão de nascimento. De acordo com dados do Portal da Transparência do Registro Civil, o número de filhos só com a filiação da mãe no documento, equivale a 6% do total de crianças nascidas no País, o maior porcentual desde 2016. No total, 160.407 recém-nascidos foram registrados sem o nome do pai em 2020 e 167.399 em 2021. Os recordes dos últimos cinco anos ocorreram justamente nos dois anos que têm os menores números totais de nascimentos desde 2003. 

Um problema enfrentado por muitas mães que buscam os direitos dos filhos, é o questionamento feito pelo próprio pai da criança a respeito da legitimidade da paternidade. De acordo com a advogada especializada em Direito de Família, Danielle Corrêa, é possível compelir o suposto pai a fazer o teste que comprova a relação pela ação de investigação de paternidade. Para isso, a mãe ou responsável pela criança deve indicar o nome do suposto pai do menor e o juiz irá intimá-lo para que ele colete material e realize o exame de DNA.  

Na hipótese de recusa para submissão ao teste, será gerada a presunção de paternidade a partir de provas trazidas pela mãe da criança, de acordo com o art. 2º-A da Lei n. 8.560/1992. “Isso significa que, caso o suposto pai se negue a realizar o exame e a genitora apresente elementos que demonstrem o seu relacionamento passado com esse homem, o juiz poderá declarar a paternidade. A partir daí, todos os efeitos do estado de filiação passarão a ser vigentes, sendo possível a cobrança de alimentos, a regulamentação de visitas, o direito de herança, entre os direitos próprios desta relação”, completa a especialista. 

Somente a criança ou adolescente interessado na comprovação do estado de filiação poderá solicitar a investigação de paternidade. Quando menor de idade, para iniciar o processo, é necessário a sua representação pela mãe ou por outro responsável. “Não existe uma idade máxima para requerer a apuração da relação de filiação. A única questão que poderá dificultar o processo é o falecimento do suposto pai, pois, ainda que existam meios de comprovar a relação de pai e filho, tais procedimentos são mais difíceis de serem realizados e poderão tornar o processo demorado”, diz a advogada. 

Comprovado a relação de paternidade, não há a obrigação de incluir o sobrenome do pai. “A única mudança necessária é o registro civil do menor, para que seja feita a adição do nome do pai biológico nos documentos, a fim que possam valer os demais efeitos da paternidade”, finaliza Danielle. 

 

Danielle Corrêa - advogada desde 2007, com pós-graduação em Direito de Família e Sucessões. Membro da OAB-SP e do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM).

contato@daniellecorrea.com.br

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Manejo e novos insumos ajudam a reduzir o uso de fertilizantes minerais na agricultura brasileira

Adoção de práticas mais modernas de cultivo pode gerar economia para os produtores agrícolas de mais de US$ 20 bilhões nas próximas décadas só com a redução do uso de fertilizantes fosfatados, aponta estudo da Esalq-USP (foto: Grupo Genafert/Unesp)

 

A implementação de estratégias mais sustentáveis de manejo do solo, como o plantio direto com a rotação de culturas e o uso de novos insumos biológicos à base de resíduos orgânicos ou de microrganismos, entre outras soluções, pode ajudar a aumentar a eficiência no aproveitamento e, consequentemente, diminuir o uso de fertilizantes minerais críticos para agricultura brasileira. É o que indicam resultados de estudos apoiados pela FAPESP e conduzidos por pesquisadores ligados a diferentes universidades e instituições de pesquisa no país.

A adoção dessas práticas pode gerar uma economia para os agricultores brasileiros da ordem de mais de US$ 20 bilhões nas próximas décadas só com a redução do uso de fertilizantes fosfatados, estima Paulo Sérgio Pavinato, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP).

Nos últimos dez anos, o consumo de fertilizantes fosfatados no Brasil aumentou 43,4% – e mais de 67% são importados de países do norte da África, principalmente do Marrocos.

“Manter a palha e restos da planta na superfície das lavouras entre as safras, como é feito no plantio direto, e promover a rotação de culturas, explorando o solo o tempo todo e não o deixando desnudo nunca, são formas de promover a ciclagem mais eficiente e aumentar a eficiência no aproveitamento pelas plantas de nutrientes como o fósforo”, diz Pavinato à Agência FAPESP.

De acordo com o pesquisador, fósforo – que é um dos três macronutrientes mais utilizados na adubação de lavouras no Brasil, atrás do nitrogênio e do potássio – é um dos fertilizantes minerais com menores índices de aproveitamento pelas culturas agrícolas nos solos brasileiros.

Isso porque os tipos de solos no Brasil e em outras regiões tropicais, mais argilosos, são ricos em óxidos de ferro e alumínio, que têm capacidade muito alta de se ligar quimicamente e reter fósforo. Dessa forma, grande parte desse fertilizante aplicado fica acumulado no solo em formas pouco ou não acessíveis às plantas.

“Nos últimos 20 anos, em média, a eficiência no aproveitamento do fósforo pelas plantas cultivadas no Brasil tem sido de 50%”, afirma Pavinato.

“Do total desse fertilizante adicionado na adubação, 50% são extraídos via colheita e os outros 50% restantes ficam retidos no solo. Por isso, é comum aplicar nas lavouras no país pelo menos mais do que o dobro da quantidade de fósforo de que a planta necessita”, explica.

Por meio de um projeto apoiado pela FAPESP, o pesquisador, em colaboração com colegas da Bangor University, do Reino Unido, fez um inventário do fósforo acumulado ou residual nos solos brasileiros a partir dos anos 1970, quando se começou a utilizar fertilizantes em larga escala no país e o mineral passou a ser acumulado no solo.

Os cálculos, baseados em estimativas de adições médias e de retiradas de fósforo pela absorção pelas culturas agrícolas indicaram que, desde os anos 1970, cerca de 33,4 milhões de toneladas do fertilizante foram acumuladas nos solos agrícolas brasileiros.

As áreas com maior tempo de cultivo, situadas em boa parte do Sudeste, nos Estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais, são as que apresentam os maiores estoques de fósforo no solo, apontaram os pesquisadores em artigo publicado na revista Scientific Reports.

“As regiões com áreas agrícolas mais novas, como as localizadas nos Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e, mais recentemente, no Matopiba [área considerada a nova fronteira agrícola brasileira, compreendida por porções dos Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia], têm bem menos fósforo acumulado em função do tempo de cultivo”, diz Pavinato.

“Mas, mesmo nesses Estados, há muito mais fósforo total no solo do que em regiões do Reino Unido, por exemplo”, compara.

Por meio da rotação de culturas, com o plantio de plantas de cobertura, como braquiária ou milheto após o cultivo da soja, por exemplo, é possível não só aumentar a eficiência no uso desse fósforo estocado no solo, como também aumentar a resistência da lavoura à seca, afirma Pavinato.

Isso porque com a implantação desse sistema as raízes das plantas têm maior capacidade de explorar um volume maior do solo, explica o pesquisador.

“Os produtores com sistema de produção bem implantado, que têm feito a rotação de culturas nos últimos anos, podem passar uma safra ou mais sem precisar adubar suas lavouras porque o solo já tem uma boa reserva de nutrientes, principalmente de fósforo”, diz.

“Já os produtores que seguem o sistema de plantio convencional vão sofrer muito mais em períodos de crise de fertilizantes, como agora, porque não têm reserva no solo”, compara.


Uso de plantas de cobertura

Em um estudo em andamento, também apoiado pela FAPESP, o pesquisador e colaboradores estão avaliando o uso de plantas de cobertura, como ervilhaca, nabo forrageiro, tremoço e azevém no inverno, antes do plantio de milho, no verão, para melhorar a exploração de fósforo no solo.

Para realizar os experimentos foram aplicados durante sete anos seguidos, entre 2008 e 2015, fosfatos solúvel e natural em áreas de cultivo de milho no Paraná com rotação com essas plantas de cobertura. Após esse período, essas áreas pararam de ser adubadas.

Resultados preliminares do estudo indicaram que, nos anos posteriores e com déficit hídrico, a safra de milho nessas áreas foi duas vezes maior do que a das que não receberam adubação fosfatada.

“As plantas de cobertura que promoveram maior produtividade do milho nessas áreas fosfatadas foram a aveia preta e a azevém. Essas gramíneas têm habilidade de ciclar mais nutrientes de maneira geral. Mas é importante ressaltar que essas respostas só podem ser obtidas em longo prazo”, sublinha Pavinato.


Fertilizantes organominerais

Um fertilizante organomineral desenvolvido por pesquisadores da Embrapa Solos também pode contribuir tanto para aumentar a disponibilidade de fósforo para cultivares agrícolas como também para aproveitar e gerar valor para um passivo ambiental.

Os pesquisadores da instituição desenvolveram ao longo dos últimos 11 anos um fertilizante organomineral fosfatado granulado a partir da “cama” de frango – material utilizado para forrar o piso dos galpões de granjas, composto por maravalha, palha de arroz, feno de capim e sabugo de milho triturado ou a serragem com as fezes, urina, restos de ração e penas de galinha.

Esse resíduo agrícola era usado como fonte de alimento suplementar para bovinos no Brasil, mas a utilização dele para essa finalidade passou a ser proibida no país a partir de 2004 com o surgimento do “mal da vaca louca”.

Já na agricultura, o uso desse material é consolidado, porém, sem recomendações técnicas específicas, pondera Joaquim José Frazão, professor do Instituto Federal de Roraima (IFRR).

“A falta de recomendações técnicas específicas tem causado o uso inadequado e aplicação superficial da cama de frango, com doses inadequadas, baixas respostas agronômicas e risco de contaminação do meio ambiente por nitrato, presente em grande quantidade no material”, afirma Frazão.

Uma vez que a cama de frango também apresenta teores variáveis de fósforo, os pesquisadores da Embrapa Solos, em parceria com Frazão, realizaram nos últimos anos diversos testes de misturas do material com fontes minerais a fim de enriquecê-lo com o mineral para aplicação como fertilizante.

Os resultados de testes de aplicação do fertilizante organomineral em casas de vegetação e em campo, nos municípios de Rio Verde e Goiânia, em Goiás, e em Piracicaba, no interior de São Paulo, durante o doutorado de Frazão, com Bolsa da FAPESP, indicaram que o produto tem eficiência agronômica comparável com as fontes minerais tradicionais, como o fosfato monoamônico (MAP) e o superfosfato triplo, já na primeira safra de culturas como a soja e o milho. O estudo foi publicado na revista Sustainability.

“Também observamos por meio de outros estudos que o produto tem efeito residual no solo”, afirma Frazão.

Como a liberação do fertilizante organomineral é mais lenta em comparação com as outras fontes de fósforo disponíveis, que são solúveis em água, o produto supre a demanda do macronutriente pela planta e, ao mesmo tempo, diminui os riscos de perda do mineral pelo processo de adsorção (fixação) pelos óxidos de ferro e alumínio, explica o pesquisador.

“Como os fertilizantes fosfatados tradicionais são solúveis em água, a liberação deles no solo após a aplicação é quase imediata. Já o organomineral que desenvolvemos tem liberação mais lenta e, dessa forma, é possível mantê-lo disponível no solo por mais tempo”, afirma Frazão.

De acordo com o pesquisador, a Embrapa Solos patenteou a tecnologia do processo de produção do fertilizante organomineral.

Além da cama de frango, podem ser usadas diversas outras fontes orgânicas para produzir o organomineral, como estercos de aves e bovinos e palha de arroz, ressalta Frazão.

“As respostas de eficiência agronômica do organomineral formulado com essas outras fontes, contudo, podem não ser iguais às do composto por cama de frango em razão da variação da composição química”, pondera.


Fertilizante orgânico à base de lodo do esgoto

Outra fonte promissora para produção de fertilizante é um composto gerado a partir do lodo proveniente do tratamento do esgoto, apontam estudos conduzidos por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Ilha Solteira.

Rico em matéria orgânica e fonte de macro e micronutrientes para as plantas, como nitrogênio, fósforo, cobre, ferro, manganês e zinco, o lodo de esgoto já era apontado como um potencial subproduto para aplicação como adubo na agricultura desde a década de 1980. A preocupação com o risco de o resíduo contaminar o solo e as plantas com metais pesados, além de carregar vírus e outros microrganismos patogênicos, porém, limitou a aplicação para essa finalidade, diz Thiago Nogueira, professor da Unesp e coordenador do estudo.

“Mesmo com a comprovação do efeito benéfico do uso do lodo de esgoto na agricultura, as legislações estaduais estabeleceram critérios que dificultaram a aplicação desse resíduo urbano. Uma quantidade muito pequena desse material tem sido usada em larga escala na agricultura não só no Estado de São Paulo, como em outras regiões do país”, afirma Nogueira.

Por meio de uma parceria com uma empresa em Jundiaí, os pesquisadores começaram a fazer a compostagem do lodo de esgoto para eliminar a carga de patógenos e diminuir os teores de metais a fim de viabilizar a aplicação do composto na agricultura.

Os pesquisadores estão avaliando agora o uso do material como fonte orgânica de nutrientes para solos da região do Cerrado, que são naturalmente muito pobres em nitrogênio, fósforo, boro, manganês e zinco, em culturas como arroz, feijão, soja, milho e cana-de-açúcar.

Resultados preliminares do estudo, realizado no âmbito do mestrado da pesquisadora Adrielle Rodrigues Prates, com bolsa da FAPESP, indicaram que a aplicação do composto aumentou os teores principalmente de cobre, manganês e zinco no solo e nas folhas da cultura da soja.

“Também já observamos um aumento de 67% na produtividade da soja e efeito residual da aplicação do composto com ganhos de produtividade da cultura do milho acima da média nacional e com valores similares aos resultados obtidos somente com a aplicação de fertilizantes minerais”, afirma Nogueira.

Segundo o pesquisador, ficou claro que o composto de lodo de esgoto aumentou a disponibilidade de nutrientes no solo, especialmente nitrogênio, fósforo e alguns micronutrientes, com elevação na produtividade das culturas.

Mais recentemente, outras pesquisas estão sendo desenvolvidas para conhecer melhor a associação de doses do composto de lodo de esgoto com plantas de cobertura cultivadas sob plantio direto no Cerrado, com ênfase no monitoramento da saúde do solo, explica Nogueira.


Microrganismos solubilizadores

Além do manejo, de variedades melhoradas de plantas e de fertilizantes mais eficientes, outra estratégia que tem sido implementada para melhorar o aproveitamento de nutrientes pelas plantas é a utilização de microrganismos solubilizadores, como bactérias e fungos.

Esses microrganismos têm o potencial de explorar e ajudar as plantas a acessar o fósforo não disponível no solo, por exemplo, explica Antônio Pedro da Rocha Camargo, colaborador do Centro de Pesquisa em Genômica Aplicada às Mudanças Climáticas (GCCRC) – um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído pela FAPESP e pela Embrapa na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

“Microrganismos podem ajudar as plantas a conseguir nutrientes de várias formas. Alguns dos mais conhecidos são as micorrizas, que são fungos que se associam à raiz da planta e aumentam a superfície de absorção. Mas também há bactérias que ajudam as plantas a pegar o nutriente que está no solo de uma forma que elas normalmente não conseguem absorver, como o fósforo insolúvel”, explica.

Durante seu doutorado, realizado com bolsa da FAPESP, o pesquisador investigou microrganismos associados às plantas nos campos rupestres.

Situados na região central do Brasil, os campos rupestres têm solo extremamente pobre em fósforo, em razão das condições geológicas, e muito ácido, mas, ainda assim, apresentam alta diversidade de espécies de plantas, a maior parte delas endêmica (que ocorre exclusivamente naquela região).

“Há anos tem sido estudada a fisiologia dessas plantas com o objetivo de entender como elas crescem naquele bioma”, diz Camargo.

O pesquisador e colaboradores constataram que o solo dos campos rupestres, apesar de muito pobres, também apresenta uma grande diversidade de microrganismos associados às plantas, principalmente bactérias, que também ocorrem exclusivamente naquela região.

Ao analisar esses microrganismos, eles observaram que bactérias encontradas nas proximidades da raiz das plantas apresentam maior número de genes associados à disponibilização de fósforo.

“Vimos que várias funções associadas à disponibilização de fósforo para as plantas estão enriquecidas nessas bactérias”, afirma Camargo.

Ao comparar o genoma das bactérias dos campos rupestres com o de outras evolutivamente próximas, encontradas em outros lugares, os pesquisadores também constataram que elas possuem mais genes associados à disponibilização de fósforo para as plantas.

“Isso mostra que as funções de disponibilização de fósforo para as plantas provavelmente estão sendo selecionadas naquele ambiente. As plantas podem liberar compostos que são nutritivos para as bactérias que solubilizam fósforo para recrutá-las e, dessa forma, obter o nutriente”, explica Camargo.

O objetivo final do estudo é permitir selecionar e cultivar essas bactérias em larga escala para produzir inóculos – cultura contendo uma ou mais espécies de microrganismo para aplicação em lavouras com o objetivo de aumentar a absorção de fósforo pelas cultivares agrícolas.

 

Elton Alisson

Agência FAPESP

Fonte: https://agencia.fapesp.br/manejo-e-novos-insumos-ajudam-a-reduzir-o-uso-de-fertilizantes-minerais-na-agricultura-brasileira/38185/


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