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segunda-feira, 7 de março de 2022

Qual a função da banheira de gelo? Carlo Guaragna, professor de Yoga e Meditação explica técnica que agrada famosos, atletas e anônimos

Lady Gaga, Cauã Reymond, Diego Hypolito e Felipe Tito estão entre as celebridades que aderiram a prática para melhorar a saúde do corpo e da mente

 

 A banheira de gelo é um técnica que tem se tornado “queridinha” entre os famosos. Lady Gaga, Cauã Reymond, Diego Hypolito e Felipe Tito estão na lista dos astros que já recorreram a esse método para melhorar a recuperação corporal e trabalhar o psicológico. O professor de yoga e meditação, Carlo Guaragna, que bomba no instagram com mais de 188 mil seguidores, explica como tornar a prática um hábito, quais os benefícios e os cuidados para quem quer começar a praticar essa técnica.

Carlo explica que a banheira de gelo foi popularizada por Wim Hof, que apareceu em diversos programas de televisão internacionais quebrando recordes de quem ficava mais tempo dentro de lagos mega frios. O professor revela que entre os benefícios de se expor a baixas temperaturas estão o de ter mais energia, melhorar a imunidade, melhora o sono, aliviar dores entre outras coisas, mas para ele o maior ganho está na parte mental:

“O que eu, particularmente, mais gosto desta prática é o enfrentamento diário do medo que o ser humano tem da vulnerabilidade. Sim, ao trocar olhares com uma banheira de gelo você sentirá medo e vencer isto diariamente é o maior benefício psicológico para mim.”

Carlo, que tem mais de 10 anos de experiência e com mais de 15 mil alunos, explica que já conhecia a banheira de gelo antes dela se tornar tendência, pois no Yoga também existem práticas de enfrentar intempéries:

“Sou adepto há alguns anos. Foi um passo que se eu morasse em um país no qual os lagos congelam, já teria dado antes, mas a logística da compra de uma caixa d’água, comprar gelos e etc retardou o processo.”

Para quem deseja inserir o hábito dentro da rotina, o professor indica que a melhor maneira é começar de maneira gradual. Segundo Carlo, não há necessidade de começar já com um banheira super gelada, o mais indicado é utilizar o poder de adaptação do corpo para tornar esse processo mais suave:

“Começar o treinamento no verão com banhos gelados e mantê-lo durante o inverno já é um desafio grande, mas palatável. No percurso entre verão e inverno, mantenha o hábito do banho gelado e quando chegar o verão novamente comece a imersão no gelo, sustentando a prática também durante o inverno.”

Muitas pessoas até conseguem tomar um banho gelado ou entrar na banheira cheia de gelo, mas acabam saindo por não aguentar a temperatura. Carlo afirma que é essencial pensar na respiração, primeiro inspirando e expirando de maneira entrecortada, depois de maneira mais longa e por fim fazendo uma retenção:

“O tempo sugerido de prática é 12 minutos por semana a ser dividido, preferencialmente, em 6 imersões de 2 minutos, podendo variar conforme a experiência do praticante.”

O professor ressalta que também é preciso ter cuidado para não entrar em um estado de hipotermia. Carlo conta que o ideal nesse método é evitar ao máximo contrair os músculos, pois assim o sangue vai manter os órgãos vitais internos aquecidos:

“Quem possui algum tipo de doença como urticária ou hipersensibilidade ao frio, crioglobulinemia, doença cardíaca grave, Epilepsia, problema vascular periférico, circulação prejudicada, hemoglobinúria paroxística ao frio não deve praticar a banheira de gelo. Assim como quem tem feridas abertas/pele quebrada, sensação de pele anormal/alterada ou que estão sob influência de drogas ou álcool. Idosos a partir de 70 anos e crianças menores de 15 também devem evitar se expor às baixas temperaturas.” 

 

Carlo Guaragna -  fez do yoga um caminho de autoconhecimento. Formado em Hatha Yoga e Administração pela ESPM, o porto-alegrense trabalhou em diversas profissões, desde vendedor até administrador de lojas, mas não conseguia encontrar um propósito nessas funções. Até que aos 20 anos, cansado de não saber quem realmente era, no meio da influência da família, amigos e personalidades, encontrou no yoga mais do que uma meditação ou alongamento: um estilo de vida.

https://carloguaragna.cc/

https://www.instagram.com/carloguaragna/

Na Semana Mundial do Cérebro, Supera realiza oficinas gratuitas em todo Brasil

Mais de 300 escolas da rede Supera – Ginástica para o Cérebro em todo o Brasil realizam de 14 a 19 de março a “Semana Mundial do Cérebro”. O evento é uma campanha global proposta pela Dana Foundation e chama a atenção para os cuidados com o órgão mais importante do corpo humano: o cérebro.

 

 

Atividades gratuitas em todo país

 

Do dia 14 ao dia 19 de março, as unidades oferecerão uma oficina 100% gratuita intitulada “A fantástica fábrica de memórias”, que trará um circuito com atividades divertidas e desafiadoras voltadas para pessoas de todas as idades.

 

A proposta é despertar o sentimento de nostalgia por meio de recordações, provocadas por um especialista em ginástica para o cérebro, que a partir disso, irá explicar sobre os tipos de memória e como eles funcionam.

 

“Com isso, pretendemos oferecer uma experiência diferente ao participante, que por meio de cheiros, objetos e outras provocações envolvendo os sentidos, poderá conhecer na prática o funcionamento dessa habilidade, além de ter uma verdadeira aula sobre neurociência com nossos especialistas. A ideia foi concebida com muito cuidado e temos certeza de que será ‘inesquecível’”, detalhou Livia Ciacci, neurientista do Supera – Ginástica para o cérebro.

 

Para participar das oficinas e workshops, basta reservar seu horário na unidade mais próxima.

 

 

Eventos online

 

Com o objetivo de contribuir ainda mais para com a sociedade nesta semana, trazendo conteúdo legítimo e de qualidade, o Supera realiza ainda dois eventos online: um no dia 14 e outro no dia 17 de março, às 19h30, ambos com a participação ao vivo da neurocientista do Supera, Lívia Ciacci.

 

 

Serviço:

 

Oficina “A fantástica fábrica de memórias”

Quando: De 14 a 19 de março

Onde: em todas as unidades Supera do Brasil

Agende seu horário na unidade mais próxima:   metodosupera.com.br/unidades

 

 

Lives: “Como está sua memória?” – ao vivo e gratuito para todo Brasil

 

·        14 de março – “Os tipos de memória e como elas funcionam”

·        17 de março - “Aprenda as melhores técnicas e exercícios de memorização”

 

Acompanhe pelo canal oficial do SUPERA no YouTube às 19h30 – horário de Brasília (https://www.youtube.com/user/metodosupera).

 

Câncer colorretal é tema de campanha em março

O oncologista Ramon de Mello alerta que predisposição genética e hábitos não saudáveis contribuem para o desenvolvimento desse tumor 


“Atividades físicas regulares, refeições regulares com frutas e legumes e consumir ao menos dois litros de água, bem como evitar produtos processados, são algumas orientações para a prevenção do câncer colorretal”, ressalta o médico oncologista Ramon Andrade de Mello, professor da disciplina de oncologia clínica do doutorado em medicina da Universidade Nove de Julho (UNINOVE), em São Paulo, e PhD em oncologia pela Universidade do Porto, Portugal. 

Esse tumor oncológico é o terceiro mais frequente em homens e o segundo entre as mulheres no Brasil, desconsiderando o câncer de pele não-melanoma, segundo dados do Inca (Instituto Nacional de Câncer). Os especialistas também denominam essa doença como câncer de cólon e reto ou câncer do intestino grosso. 

O oncologista explica que o câncer colorretal pode se desenvolver a partir de pólipos. “Eles podem ser lesões benignas que surgem na parede do cólon. Porém, alguns fatores podem fazer com que ele se reverta em tumor oncológico. Geralmente, são diagnosticados em pacientes com predisposição genética para a doença, bem como aqueles que não têm hábitos alimentares saudáveis”. 

Consultor de câncer gastrointestinal da Escola Europeia de Oncologia (ESO) e da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO), Ramon esclarece que os pacientes com esse tumor podem apresentar sintomas como presença de sangue nas fezes, bem como dor e cólica na barriga com mais de 30 dias de duração e alteração no ritmo intestinal: “A rápida perda de peso não intencional, anemia, cansaço e fraqueza também precisam ser investigados pelo especialista. Assim como qualquer outro tipo de câncer, o diagnóstico precoce é fundamental para alcançar resultados positivos”. 

 

Dr. Ramon de Mello - oncologista do Hospital 9 de Julho e da High Clinic Brazil, em São Paulo, SP.

https://ramondemello.com.br/


Março Azul Marinho: campanha alerta para o câncer colorretal

Os sintomas podem ser confundidos com outras doenças mais brandas, mas a médica coloproctologista do Hospital Anchieta de Brasília alerta para o diagnóstico precoce

 

No mês de março, a comunidade médica chama atenção para a prevenção e combate ao câncer colorretal, ou câncer do intestino, dando nome a campanha nacional Março Azul Marinho. Apesar de não ser muito conhecido, esse é o segundo tipo de tumor que mais mata no Brasil, pois ele é um tipo maligno, ou seja, cresce rapidamente e pode se espalhar pelo corpo, invadindo vários tecidos vizinhos. As estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam para mais de 40 mil novos casos somente em 2022, sendo 20.520 homens e 20.470 mulheres. Este câncer começa atacando parte do intestino grosso (cólon), além do reto e do ânus.
 

Prevenção é a chave 

O principal é ficar atento aos sinais do corpo, além de realizar os exames de rotina, e manter um estilo de vida saudável. A médica coloproctologista, Dra. Aline Amaro, explica que "é preciso evitar fumar e consumir bebidas alcoólicas com frequência, além de praticar atividade física com regularidade, ter uma alimentação rica em fibras, livre de alimentos ultraprocessados e açúcares, com ingestão reduzida de carnes vermelhas”. 

Outro fator de risco é o histórico familiar, que é preciso informar para o seu médico de confiança fazer o diagnóstico correto. “Se você tem mais de 45 anos, não espere ter alguns desses sinais para procurar o Coloproctologista. Faça sua colonoscopia de rastreio para detecção de lesões precoces e benignas e evite o surgimento de um mal maior”, alerta a médica que também atende no Hospital Anchieta de Brasília. 

Uma das principais pautas do Março Azul Marinho é chamar atenção para o diagnóstico precoce, pois o câncer colorretal é silencioso, como explica a médica, “ele não gera sintomas importantes nas fases mais precoces. Alguns sinais de alarme que merecem atenção são sangramento nas fezes, alteração da frequência evacuatória e aspecto das fezes, dores abdominais e emagrecimento sem causa aparente”, conclui.
 

Tratamento para um câncer silencioso 

A médica explica que o tratamento depende da fase da doença. “Ele pode ser desde endoscópico, com remoção do tumor por meio da própria colonoscopia ou, até mesmo cirúrgico, quando mais avançado, e exigir terapias complementares com quimioterapia e radioterapia”, exemplifica Aline. O endoscópio é um método que envolve a passagem de uma sonda, onde o tumor é aquecido e queimado com a aplicação de uma corrente elétrica. 

A terapia complementar com quimioterapia ou radioterapia é feita para diminuir a possibilidade de retorno do tumor. A médica alerta ainda que muitos dos sintomas podem ser confundidos com hemorroidas, verminose, úlcera gástrica e outros, mas que ao menor sinal precisa ser investigado e tratado de forma específica para o grau do tumor.


Dieta mediterrânea associada a menor risco de mortalidade em idosos

 

Uma maior adesão à dieta mediterrânea, que tinha sido avaliada através de um índice feito com biomarcadores durante um acompanhamento científico de 20 anos, está associada a uma menor mortalidade em adultos com mais de 65 anos. Esta é uma das principais conclusões de um estudo liderado por Cristina Andrés-Lacueva, chefe do Grupo de Pesquisa em Biomarcadores e Metabolômica Nutricional e Alimentar da Faculdade de Farmácia e Ciências da Alimentação da Universidade de Barcelona (UB) e do CIBER sobre Fragilidade e Envelhecimento Saudável (CIBERFES), também formado pela Food Innovation Network of Catalunha (XIA). 

O artigo, publicado na revista BCM Medicine, foi realizado em colaboração com o National Institute on Aging (NIA) dos Estados Unidos. De acordo com as conclusões, a análise de biomarcadores dietéticos no plasma e na urina pode contribuir para a avaliação alimentar individualizada de idosos. O estudo é baseado no projeto InCHIANTI, realizado na região da Toscana italiana, um estudo que foi realizado durante 20 anos em um total de 642 participantes (56% mulheres) com idade superior a 65 anos e que permitiu aos pesquisadores obter dados completos sobre biomarcadores alimentares. 

Conforme afirma a Professora da UB Cristina Andrés-Lacueva, chefe do grupo de investigação do CIBERFES, “desenvolvemos um índice de biomarcadores alimentares com base em grupos de alimentos que fazem parte da dieta mediterrânea e avaliamos a sua associação com a mortalidade”. 

No estudo, os pesquisadores escolheram os níveis de referência dos seguintes biomarcadores dietéticos na urina: polifenóis totais e metabólitos de resveratrol (a partir da ingestão de uva) e presentes no plasma, carotenoides plasmáticos, selênio, vitamina B12, ácidos graxos e sua proporção de monoinsaturados e saturados ácidos graxos. Usando um modelo preditivo, eles avaliaram as associações do índice de dieta mediterrânea e do questionário de frequência alimentar (QFA) com a mortalidade. 

Durante os 20 anos de acompanhamento, ocorreram 425 óbitos (139 por doenças cardiovasculares e 89 por causas relacionadas ao câncer). Uma vez analisados ​​os modelos, a pontuação da dieta mediterrânea utilizando os biomarcadores foi inversamente associada a todas as causas de morte. 

Este estudo destaca o uso de biomarcadores dietéticos para melhorar a avaliação nutricional e orientar uma avaliação personalizada para idosos. Conforme observado pelo pesquisador CIBERFES da UB Tomás Meroño, coprimeiro signatário do estudo, os pesquisadores “confirmam que a adesão à dieta mediterrânea avaliada por um painel de biomarcadores alimentares está inversamente associada à mortalidade a longo prazo em idosos, que apoia o uso desses biomarcadores em avaliações de monitoramento para estudar os benefícios para a saúde associados à dieta mediterrânea". 

 

Rubens de Fraga Júnior - professor da disciplina de gerontologia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná e é médico especialista em geriatria e gerontologia pela SBGG.

 

Fonte: Nicole Hidalgo-Liberona et al, Adherence to the Mediterranean diet assessed by a novel dietary biomarker score and mortality in older adults: the InCHIANTI cohort study, BMC Medicine (2021). DOI: 10.1186/s12916-021-02154-7


Seconci-SP alerta sobre os riscos das doenças renais

Estima-se que mais de 10% da população mundial apresenta algum tipo de disfunção renal

 

O Dia Mundial do Rim (10 de março) foi idealizado pela Sociedade Internacional de Nefrologia e o tema deste ano é “Saúde renal para todos”. O objetivo é prevenir as doenças renais que hoje são reconhecidas como um problema global de saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 10% da população mundial apresenta algum tipo de disfunção renal. O nefrologista do Seconci-SP (Serviço Social da Construção), dr. Paulo Sérgio Rovai, afirma que, no Brasil, a Fundação Pró-Renal calcula que mais de 10 milhões de pessoas tenham o estágio crônico da doença. 

“Os rins desempenham um papel vital para o bom funcionamento do organismo. Eles são responsáveis por limpar todas as impurezas e as toxinas do corpo, regular a água e manter o equilíbrio das substâncias minerais, como sódio, potássio e fósforo; liberar hormônios para manter a pressão arterial e regular a produção de células vermelhas no sangue, além de ativar a vitamina D, que mantém a estrutura dos ossos”, explica o especialista. 

Os principais grupos de risco para o desenvolvimento da doença são: hipertensos, diabéticos, obesos e aqueles que têm histórico familiar de doença renal ou cardiovascular. “As pessoas que desenvolvem problemas renais, geralmente, apresentam pressão alta, inchaço ao redor dos olhos e nas pernas, fraqueza, náuseas e vômitos, dificuldade para urinar e alteração da cor da urina, perda de apetite e histórico de pedra nos rins”. 

Porém muitas vezes as pessoas associam esses sintomas com outras doenças mais prevalentes entre a população, como diabetes e hipertensão. “A evolução da doença costuma ser lenta e, na maioria dos casos, silenciosa. Por essa razão, é imprescindível fazer uma avaliação médica sempre que os sintomas persistirem”, orienta dr. Rovai.

 

Diagnóstico e prevenção

O Seconci-SP dispõe de toda a estrutura médica e laboratorial para o diagnóstico, que requer exames de urina e de sangue, para medir a creatinina. O nefrologista destaca que a doença renal é progressiva, podendo se agravar ao longo dos anos, se não forem tomados os cuidados necessários. “As consequências mais comuns são: perda crescente das funções dos rins, cistos renais, cálculos renais, infecções urinárias, tumor ou câncer de rim”. 

As formas de prevenção e cuidados envolvem a adoção de hábitos saudáveis, como o controle do nível de açúcar no sangue, consumo regular de água, monitoramento da pressão arterial, prática de exercícios físicos, dieta equilibrada, controle de peso e do colesterol, evitar o tabagismo e a automedicação, especialmente de anti-inflamatórios não hormonais, e reduzir o sal na alimentação, limitando-o a cinco gramas diárias. 

“Uma vez fechado o diagnóstico, o tratamento deve ser iniciado imediatamente e mantido a longo prazo para evitar a evolução do quadro. Quando alcança estágios mais avançados, outras opções de tratamento são indicadas como a diálise, procedimento responsável por filtrar o sangue e devolvê-lo com menos toxinas ao organismo, através de um equipamento e uma solução especial ou o transplante renal”, finaliza dr. Rovai.


Hormônio protege a audição das mulheres, comprovam pesquisas

As mulheres, definitivamente, não são o sexo frágil ainda propalado por machistas de plantão. Não só no mercado de trabalho mas também no que se refere à saúde, elas mostram sua força. Pesquisa da Universidade Johns Hopkins (EUA) revelou que o risco de perda auditiva é cinco vezes maior em homens do que em mulheres. E por que isso acontece? Uma das razões é a influência dos hormônios, como comprovou outro estudo, esse conduzido na Universidade de Rochester (EUA). Os pesquisadores descobriram que os hormônios femininos protegem a audição, fazendo com que o declínio auditivo se inicie mais tardiamente nas mulheres do que nos homens. 

Há uma relação direta entre o hormônio sexual feminino estradiol e a audição, no cérebro. "Os homens ouvem menos porque seu nível de estradiol é mais baixo. As mulheres têm um processamento auditivo melhor", de acordo com o neurocientista brasileiro Raphael Pinaud, que coordenou o trabalho. 

Outra pesquisa, realizada em uma clínica de audição em Massachusetts (EUA), mostrou que as mulheres também se sentem mais à vontade para falar de sua perda auditiva, enquanto que os homens preferem esconder essa perda, mesmo que isso prejudique a sua comunicação no dia a dia.

No Brasil, a Pesquisa Nacional de Saúde, realizada pelo IBGE com apoio do Ministério da Saúde, também apontou que os homens são mais suscetíveis a problemas de audição do que as mulheres - em toda a população, a proporção é de 1,2% no sexo masculino e 1,0% no sexo feminino. 

Por tudo isso, a tendência é que a dificuldade de audição comece a aparecer mais cedo nos homens. Essa diferença, no entanto, diminui por volta dos 50 anos de idade. É nessa fase da vida que as células auditivas começam a se desgastar naturalmente, resultando na perda auditiva relacionada à idade, conhecida como presbiacusia. 

"Recomenda-se que tanto homens quanto mulheres consultem um otorrinolaringologista anualmente. O médico irá checar se está tudo bem com a audição e pode recomendar uma audiometria, exame que avalia a presença de perda auditiva e, caso se confirme, o tipo e o grau da mesma. A partir daí, se for necessário, será identificado o melhor tipo de tratamento, que pode ser com o uso de aparelhos auditivos", explica a Fonoaudióloga Rafaella Cardoso, especialista em Audiologia na Telex Soluções Auditivas. 

É bom enfatizar, no entanto, que as mulheres, cada vez mais, vêm assumindo cargos no trabalho antes exercidos apenas por homens e convivem também com muito barulho no cotidiano, principalmente as mais jovens. Na verdade, o estilo de vida e a atividade profissional também são fatores que ainda tornam os homens mais suscetíveis aos problemas auditivos. 

No dia a dia, nos centros urbanos, convivemos com o barulho diariamente, seja no trânsito, no movimento das ruas, próximo a obras e até em nossa própria casa. Além disso, é cada vez mais comum ouvir música em fones de ouvido, seja na corrida matinal ou até mesmo durante a ida ao trabalho de ônibus ou metrô. É aquela animada playlist que você coloca bem alta, todos os dias! E esse barulho constante em diversas situações do cotidiano podem, sim, prejudicar a audição. 

"A poluição sonora é um dos principais vilões. Por isso, eu recomendo evitar ambientes com sons intenso. Além disso, é importante ouvir música e assistir TV sempre em volumes abaixo de 85 decibéis", alerta a fonoaudióloga da Telex.

 

Genética x perda auditiva 

A perda de audição também é influenciada pela genética. Há indivíduos que são geneticamente predispostos a serem mais sensíveis aos sons elevados. Seja esse o seu caso ou não, algumas atitudes fazem toda diferença quando o assunto é a saúde auditiva. Usar protetores auriculares em ambientes barulhentos, por exemplo, é essencial. Eles podem garantir um bom conforto acústico para quem precisa estar próximo a maquinários ou em lugares barulhentos como estações de metrô. 

E para termos uma noção dos danos causados à audição pelos ruídos do cotidiano, já é possível baixar aplicativos que registram os decibéis do ambiente. 

"Os efeitos da exposição prolongada a sons intensos podem demorar para aparecer, já que a deficiência auditiva atinge estágios cada vez maiores ao longo da vida; por isso é importante se cuidar desde cedo para evitar problemas futuros de perda de audição precoce", finaliza Rafaella Cardoso.


Irritabilidade, mudanças de humor e dificuldades de cognição estão associados a distúrbios do sono na mulher

Para as mulheres, o sono conduz a sua vida regido, principalmente, por hormônios e fatores socioculturais

 

O sono tem uma série de funções para manter o organismo trabalhando de forma adequada. Os benefícios de uma boa noite de sono para a saúde e bem-estar são incalculáveis, sobretudo para as mulheres. O gênero feminino está mais propenso a ter instabilidades no sono ao longo das fases da vida. Com base em um estudo da National Sleep Foundation, cerca de 15% das mulheres têm algum tipo de problema para dormir, em comparação a 8% dos homens. Além disso, 63% sofrem de insônia semanalmente, enquanto a taxa masculina é de 54%.

 

“Precisamos de 1/3 da nossa vida de sono, essa equação é fundamental para a estabilização metabólica, ajustes de memória, para todas as funções restauradoras e a limpeza de substâncias liberadas ao longo do dia que são feitas durante o sono. Quando se tem uma redução ou qualquer distúrbio relacionado ao sono gera-se um desequilíbrio que, consequentemente, atingirá o organismo de forma integral, com impactos na capacidade de memória, no sistema respiratório, cardíaco, imunológico e comportamental”, explica a pneumologista e especialista em medicina do sono, Dra. Luciane Mello Fujita, médica credenciada Omint.

 

Segundo CENSO de 2018 do IBGE, a expectativa de vida da mulher no Brasil era de 79,9 anos. A maioria das mulheres agora vive o suficiente para entrar na menopausa e pode esperar viver pelo menos mais 30 anos após o término de sua vida fértil. E é durante essa fase, por causa do desequilíbrio hormonal e da queda na produção de estrogênio, hormônio associado à regulação do sono na mulher, que podem ocorrer distúrbios desse tipo.

 

 

Os hormônios: os regentes da vida da mulher

 

Dra. Luciane é enfática ao afirmar que “as mulheres são regidas pelos seus hormônios”. As transformações hormonais acontecem a todo instante no corpo feminino e podem ser acentuadas de acordo com a fase da vida, como a gestação e a menopausa, dois grandes eventos que proporcionam muitas mudanças. “As fases da vida de uma mulher são marcadas por grandes transformações provocadas por oscilações em seu ciclo hormonal e, por consequência, o sono segue essa espiral de mudanças”, complementa a doutora.

 

A médica elenca alguns sintomas que podem acender um alerta na mente da mulher para procurar por uma rotina de sono mais saudável, pois diferentemente do homem, elas não costumam se queixar de sonolência diurna quando tem uma noite ruim. Os sintomas mais comuns são: irritabilidade, mudanças de humor, dificuldade de cognição, e alteração no padrão respiratório, apresentando quadros de apneia no sono. 

 

Fatores socioculturais

 

A exemplo dessas mudanças, durante o período pré-menstrual a mulher pode apresentar um quadro de cefaléia específica, podendo ter o sono fragmentado durante o ciclo. Contudo, para além das questões hormonais, há também as socioculturais. “Em geral, a mulher apresenta uma carga de atividades e tarefas diárias que afetam a sua rotina de sono, causando insônia, inclusive, nas mais jovens. Dessa forma, além dos fatores hormonais, a questão sociocultural é outro agente preponderante na causa dos distúrbios no sono da mulher”, explica Dra. Luciane.

 

A obesidade e a libido também são fatores que sofrem alterações de acordo com a qualidade do sono. Essas mudanças são chamadas de distúrbios associados, em que um se desdobra no aparecimento ou agravamento do outro.  

 

A médica destaca que essa diferença entre o sono da mulher e do homem se mostra de forma objetiva durante um exame de polissonografia – procedimento que avalia todos os parâmetros do sono, realizado durante o período em que o paciente está dormindo. São colocados eletrodos, marcadores e sensores respiratórios e de movimentos de forma geral, em que é possível identificar o comportamento, as ondas cerebrais, a parte cardiológica e respiratória, padrão de ronco, e surgimento de episódios de apnéia. Trata-se de é um exame completo e bastante objetivo. “O exame da mulher difere do homem, ou seja, é possível identificar não apenas subjetivamente, como objetivamente por meio do exame realizado, essa diferença na rotina do sono entre homens e mulheres com o mesmo perfil de idade, doenças, então é mais do que comprovado que a mulher possui características que a tornam suscetível a distúrbios relacionados ao sono”, destaca.

 

Dicas gerais para ter um sono de qualidade e higiene do sono

 

A palavra-chave é organização. Para que o cérebro entenda, e sintetize essas ações, é preciso sinalizar. Estabelecer hora para dormir e acordar, assim, os estímulos enviados ao cérebro auxiliam a criar essa rotina.

 

Reduzir a iluminação antes de dormir, evitar o contato com telas, seja celular, tablet, notebook, TV, todos esses gadgets são estimulantes e dificultam a preparação para um bom sono. Evitar o consumo de substâncias estimulantes, como a cafeína, e alimentos em grande quantidade, também são ações que colaboram para uma rotina saudável e um sono de qualidade.

 

Omint


Pedra nos rins: saiba mais sobre a doença e como preveni-la

Brasil tem índice de 5% de toda população com pedras nos rins, especialista do HSANP explica que a melhor prevenção é beber bastante líquido, além de evitar o sal e uma dieta hiperprotéica

 

Os cálculos renais, também conhecidos como pedra nos rins, são uma massa semelhante a pedras que podem-se surgir em qualquer local do sistema urinário, fruto, muitas vezes, de uma alimentação rica em proteína e sódio. Além disso, a pouca ingestão de líquidos durante o dia resulta em uma urina mais concentrada, capaz de aumentar o risco da formação da pedra. Dados da Sociedade Brasileira de Urologia mostram que até 13% da população mundial possuem cálculos renais e, no Brasil, esse índice é de 5% dos cidadãos. 

Entre os principais sintomas da doença estão uma intensa dor, também presente quando a pessoa urina, e febre acima dos 38ºC em caso de crises. Frente aos sinais indicativos da enfermidade, é importante consultar um médico especialista, como um nefrologista ou urologista, para que sejam feitos exames e iniciado o melhor tratamento. “O que leva à formação de cálculos renais é um conjunto de fatores como histórico familiar; pouca ingestão de água, pois a falta de líquidos acaba concentrando mais a urina; e algumas alterações importantes, como certas doenças endócrinas, que elevam a formação de cálcio no sangue ou ainda doenças inflamatórias do intestino. A falta de atividade física, o sedentarismo e a obesidade também são fatores de risco”, explica Alexandre Mannis, nefrologista do HSANP.

 

Prevenção e quantidade de água ideal para cada pessoa 

Segundo o especialista, o cálculo renal costuma atingir duas vezes mais homens que mulheres, além de ser uma doença característica de pessoas jovens, principalmente entre os 40 e 50 anos. “Tomar água aumenta o fator protetor na medida que nós temos o aumento do fluxo urinário ao consumirmos mais líquidos. Nesse sentido, vale destacar que normalmente a ingestão de água varia entre 30 e 35 ml por quilo de cada pessoa. Por fim, também é muito importante evitar segurar a urina”, afirma Mannis. O nefrologista também explica que é recomendável ter uma alimentação pobre em sal. Além disso, para as pessoas que são potencialmente formadoras de cálculos, também não é recomendado uma dieta hiperproteica. Outra maneira de prevenção é pesquisar por meio de exame se há alguma alteração para risco de formação de cálcio no sangue para poder agir de forma preventiva.
 

Tratamento 

Em meio a uma crise de cólica renal, a primeira medida é o alívio imediato das dores com o uso de analgésicos administrados por via intravenosa. Isto geralmente acontece em ambiente de um pronto-socorro. Apesar da dor intensa, sabe-se que aproximadamente 75% dos cálculos renais são passíveis de eliminação espontânea na urina se houver um esquema de hiper-hidratação momentânea que force a eliminação. Os 25% restantes, provavelmente vão necessitar de um tratamento urológico com diuréticos para a sua remoção. 

Outra opção de tratamento para os cálculos já formados é a litotripsia extracorpórea por ondas de Choque (LEOC), método não invasivo, realizado ambulatorialmente, que dispensa internação hospitalar e anestesia. “De toda forma, é fundamental a sua retirada em no máximo duas semanas para não ocorrer um dano definitivo nos rins, além do maior risco para infecção”, conclui o especialista. 

 

HSANP - Hospital referência na Zona Norte da cidade de São Paulo


Ana Beatriz Nogueira descobre câncer de pulmão, problema que cresce entre mulheres

Novo estudo revela que hormônios sexuais podem influenciar

o comportamento da doença 

 

Ana Beatriz Nogueira descobriu um câncer de pulmão em estágio inicial. No ar em Um Lugar ao Sol, na Rede Globo, a atriz disse que teve influenza, precisou fazer uma tomografia e no exame achou um pequeno tumor no pulmão. A primeira providência para o tratamento é a cirurgia, que deverá fazer nos próximos dias. Ana Beatriz revelou ter também esclerose múltipla e desde 2018 redobrou os cuidados com a saúde. “É fato que a cirurgia chamada minimamente invasiva para câncer de pulmão - seja por vídeo, seja por robótica - teve grande avanço nas últimas décadas. Contudo, o que mais favorece a curabilidade dos pacientes com esse tipo de câncer é o diagnóstico precoce, como no caso em questão”, diz o oncologista torácico Carlos Gil Ferreira, Presidente do Instituto Oncoclínicas.

No entanto, mesmo com cuidados, o câncer de pulmão é um sério problema de saúde global. E enquanto a incidência deste tipo de câncer em homens vem caindo gradativamente, apesar de números ainda elevados, nas mulheres vem aumentando expressivamente nos últimos anos. Segundo dados do Global Câncer Observatory já é o terceiro em incidência e o segundo em mortalidade para elas (só perde para o câncer de mama). Considerando os dois sexos, é o terceiro em incidência e o primeiro em mortalidade.

O câncer de pulmão mais comum é o de células não pequenas (85% de todos os diagnosticados), que é subdividido em três tipos: carcinoma de células escamosas, adenocarcinoma de pulmão e carcinoma de grandes células. Adenocarcinomas correspondem a mais de 60% dos tipos de tumores em câncer de pulmão. “É um tipo heterogêneo, com mais de uma dezena de variantes moleculares e apresenta menor associação com o hábito de fumar em comparação com outros subtipos. Estudos indicam, que dependendo da etnia, que até 50% das mulheres com adenocarcinoma de pulmão são não fumantes, comparado, com 10-15% dos homens não fumantes que desenvolvem esse tipo de câncer”, diz Carlos Gil Ferreira. 

Um novo estudo feito por cientistas chineses, publicado em janeiro deste ano na revista Nature, revelou que não houve diferença significativa na incidência de câncer de pulmão de células não pequenas entre homens e mulheres na pós-menopausa, enquanto a incidência em mulheres na pré-menopausa aumentou em comparação com os dois grupos, sugerindo que os hormônios sexuais (endógenos e exógenos) desempenham um papel importante na ocorrência e desenvolvimento de câncer de pulmão. Segundo a publicação, estudos pré-clínicos mostram que a expressão de receptores de estrogênio em tecidos de câncer de pulmão é elevada, sugerindo que o estrogênio está intimamente relacionado à incidência deste tipo de câncer.

A pesquisa, liderada pelo médico Shiqing Liu, foi feita com base em amostras clínicas de câncer de pulmão e tecidos pulmonares normais adjacentes obtidas do Departamento de Cirurgia Torácida, Hospital Xiangya, Central South University, Changsha, China. Todas as amostras foram coletadas para fim de pesquisas, com consentimento dos pacientes. 

É importante, portanto, estar atento aos sintomas para que se faça exames precocemente. “Mulheres jovens, com menos de 50 anos, consideradas saudáveis, mas com sintomas respiratórios persistentes, deveriam buscar avaliação médica”, diz o Carlos Gil Ferreira. “Se entre fumantes, que são o grupo sabidamente de maior risco, o câncer de pulmão é constantemente detectado em estágios avançados, o que dificulta o tratamento, a probabilidade de diagnóstico tardio em pessoas jovens e consideradas saudáveis aumenta consideravelmente”, completa.

 

Sintomas de câncer de pulmão em mulheres 

Assim como os sintomas de ataques cardíacos são diferentes em homens e mulheres, os sinais de câncer de pulmão entre os dois grupos podem variar. 

Os primeiros sintomas de câncer de pulmão em mulheres são frequentemente sinais de adenocarcinoma de pulmão. Como esses tumores geralmente crescem na periferia dos pulmões, longe das grandes vias aéreas, é menos provável que resultem em tosse.

Em vez disso, os primeiros sintomas podem incluir:

Falta de ar com atividade

Fadiga

Dor nas costas ou no ombro

 

À medida que a doença progride, as mulheres desenvolvem sintomas adicionais que podem incluir:

Tosse crônica com ou sem sangue ou muco

Chiado

Desconforto ao engolir

Dor no peito

Febre

Rouquidão

Perda de peso inexplicável

Pouco apetite

Muitas vezes, as mulheres não apresentam sintomas até que o tumor tenha se espalhado (metástase) para outras regiões do corpo.

 

Como os homens são mais propensos a serem diagnosticados com carcinoma de células escamosas, seus primeiros sinais de câncer geralmente estão relacionados a problemas nas principais vias aéreas, incluindo tosse crônica ou tosse com sangue.

 

 

Dr. Carlos Gil Ferreira - Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora (1992) e doutorado em Oncologia Experimental - Free University of Amsterdam (2001). Foi pesquisador Sênior da Coordenação de Pesquisa do Instituto Nacional de Câncer (INCA) entre 2002 e 2015, onde exerceu as seguintes atividades: Chefe da Divisão de Pesquisa Clínica, Chefe do Programa Científico de Pesquisa Clínica, Idealizador e Pesquisador Principal do Banco Nacional de Tumores e DNA (BNT), Coordenador da Rede Nacional de Desenvolvimento de Fármacos Anticâncer (REDEFAC/SCTIE/MS) e Coordenador da Rede Nacional de Pesquisa Clínica em Câncer (RNPCC/SCTIE/MS). Desde 2018 é Presidente do Instituto Oncoclínicas e Diretor Científico do Grupo Oncoclínicas. No âmbito nacional e internacional foi Membro Titular da Comissão Científica (CCVISA) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). No âmbito internacional é membro do Board, Career Development and Fellowship Committee e do Bylaws Committee da International Association for the Research and Treatment of Lung Cancer (IALSC);Diretor no Brasil da International Network for Cancer Treatment and Research (INCTR); Membro do Board da Americas Health Foundation (AHF). Editor do Livro Oncologia Molecular (ganhador do Prêmio Jabuti em 2005) e Editor Geral da Série Câncer da Editora Atheneu. Já publicou mais de 120 artigos em revistas internacionais. Em 2020, recebeu o Partners in Progress Award da American Society of Clinical Oncology. Presidente Eleito da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica para o período 2023-2025.


Março Amarelo: Endometriose na gravidez pode provocar aborto e nascimento prematuro

“Ficar grávida e ter um bebê saudável são possíveis e comuns na endometriose. Claro que quem sofre com essa doença apresenta maiores dificuldades em engravidar. Portanto, também pode aumentar o risco de complicações graves. Se a paciente tem endometriose na gravidez, o acompanhamento médico deverá ser mais frequente, para que seja possível identificar rapidamente quaisquer complicações”, conclui o ginecologista e obstetra Dr. Domingos Mantelli 

A endometriose é uma doença em que o endométrio, tecido que reveste o útero, cresce fora da cavidade uterina e pode aderir à parte externa do útero, ovários e trompas de falópio. Os ovários são responsáveis pela liberação de um óvulo a cada mês, e as trompas de falópio carregam o óvulo dos ovários para o útero.  

Estudos revelam que, enquanto 15-20% de casais férteis que tentam engravidar terão sucesso a cada mês, esse número cai para 2–10% para casais afetados pela endometriose. 


Endometriose na gravidez

No tocante à gestação, neste ciclo haverá uma interrupção temporária dos períodos dolorosos e do sangramento menstrual intenso. A gravidez também pode ofertar algum alívio ao organismo, em virtude da mudança que ocorre no corpo feminino. 

Algumas mulheres se beneficiam com o aumento dos níveis de progesterona durante a gravidez. Acredita-se que esse hormônio suprime e, talvez, até reduza os crescimentos endometriais. Na verdade, a progesterona sintética costuma ser usada para tratar mulheres com endometriose. 

No entanto, muitas mulheres, entretanto, não encontrarão melhora, “ao contrário, podem até descobrir que os sintomas pioram durante a gravidez. Isso porque, à medida que o útero se expande para acomodar o feto em crescimento, ele pode puxar e esticar o tecido fora do lugar. Isso pode causar desconforto. Além disso, o aumento no estrogênio também pode alimentar o crescimento endometrial”, comentou o ginecologista e obstetra Dr. Domingos Mantelli.  

Na opinião do médico, a experiência de cada mulher durante a gravidez pode ser muito diferente de outras grávidas com endometriose. A gravidade da condição, a produção de hormônios e o modo como o corpo responde à gravidez afetarão de maneira individual. “Mesmo que os sintomas melhorem durante a gravidez, irão recomeçar após o nascimento do bebê. A amamentação pode atrasar o retorno dos sintomas, mas quando a menstruação voltar, é provável que os sintomas voltem também”, alerta o especialista.

 

Riscos e complicações

A endometriose na gravidez pode aumentar o risco de complicações durante a gestação e no parto. Isso pode ser causado por inflamação, dano estrutural ao útero e influências hormonais que a endometriose causa.

Vários estudos documentaram que as taxas de aborto são maiores em mulheres com endometriose do que em mulheres sem a doença. Isso ocorre mesmo para mulheres com endometriose leve. 

Uma análise retrospectiva concluiu que as mulheres com endometriose tinham 35,8% de chance de aborto espontâneo contra 22% nas mulheres sem o distúrbio. 

 

Nascimento prematuro

De acordo com recentes pesquisas, mulheres grávidas com endometriose têm 1,5 vezes mais probabilidade de dar à luz antes de 37 semanas de gestação.  

Há um risco maior também de desenvolver uma placenta prévia, que aumenta o perigo de ruptura durante o trabalho de parto. Uma placenta rompida pode causar sangramento grave. Se o sangramento for mínimo, a mãe pode ser aconselhada a limitar suas atividades, incluindo sexo e exercícios. Se o sangramento for intenso, pode ser necessária uma transfusão de sangue e uma cesariana de emergência. 

“Ficar grávida e ter um bebê saudável são possíveis e comuns na endometriose. Claro que quem sofre com essa doença apresenta maiores dificuldades em engravidar. Portanto, também pode aumentar o risco de complicações graves. Mulheres grávidas com a doença são consideradas de alto risco. Por isso, se a paciente tem endometriose na gravidez, o acompanhamento médico deverá ser mais frequente, para que seja possível identificar rapidamente quaisquer complicações”, conclui o ginecologista. 

 

Estudo Complementar

Em fevereiro de 2022, foi publicado um estudo de coorte com grupos de pacientes com endometriose e sem endometriose em sete maternidades na França. 

As mulheres do grupo com endometriose tinham histórico documentado da patologia e foram classificadas de acordo com três fenótipos de endometriose: endometriose peritoneal superficial isolada (PSI), endometrioma ovariano (OMA; potencialmente associado a PSI) e endometriose profunda (EP; potencialmente associada a PSI e OMA). As mulheres do grupo controle não apresentavam sintomas clínicos de endometriose antes da gravidez.  

O desfecho primário foi parto prematuro entre 22 semanas e 36 semanas e seis dias de gestação. A associação entre endometriose e o desfecho primário foi avaliada por meio de análises de regressão logística univariada e multivariada e foi ajustada para os seguintes fatores de risco associados ao parto prematuro: idade materna, índice de massa corporal antes da gravidez, país de nascimento, paridade, parto cesáreo prévio, história de miomectomia e histeroscopia e parto prematuro. A mesma análise foi realizada de acordo com os três fenótipos de endometriose (PSI, OMA e EP). 

Das 1.351 participantes do estudo que tiveram um único parto após 22 semanas de gestação, 470 foram designados para o grupo endometriose (48 tinham PSI [10,2%], 83 tinham OMA [17,7%], e 339 tinham EP [72,1%]) e 881 foram designados para o grupo controle. Nenhuma diferença foi observada na taxa de partos prematuros antes de 37 semanas e zero dias de gestação entre os grupos endometriose e controle (34 de 470 [7,2%] vs 53 de 881 [6,0%]; P = 0,38). Depois de ajustado para fatores de confusão, a endometriose não foi associada ao parto prematuro antes das 37 semanas de gestação (razão de chances ajustadas, 1,07; IC 95%, 0,64-1,77). 

Os resultados foram comparáveis para os diferentes fenótipos de doença (PSI: 6,2% [3 de 48]; OMA: 7,2% [6 de 83]; e EP: 7,4% [25 de 339]; P = 0,84).


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