Com origem na cultura budista, o termo mindfulness
é mundialmente traduzido como o ato de desenvolver “atenção plena” em todas as
atitudes. Trata-se de um
conjunto de técnicas meditativas que têm a força de mudar totalmente os
comportamentos, a partir dessa vivência. Esse conhecimento tornou-se mais popular a partir do maior interesse por estilos de vida saudável, uma vez que a técnica pode ser
usada como uma estratégia para controlar estresse e
prevenir doenças crônicas influenciadas por hábitos e comportamentos alimentares.
Na nutrição, o mindfulness
tem sido praticado como o mindful eating que significa o
ato de comer conscientemente, exercitando a atenção plena no aqui e agora,
permitindo a vivência de todas as reações e sensações que o alimento
escolhido entrega durante o ato de comer.
Entre vários estudos sobre métodos de sucesso para mudanças de hábitos alimentares, a prática mindful
é reconhecida como a mais eficiente. Um grande número de evidências científicas
comprova que sem mudança de comportamento, atenção e consciência, do que se
come nenhuma dieta não apresentará resultados.
Um dos aspectos mais interessantes do mindful
eating é que o método se concentra no indivíduo, na consciência e
experiência com a comida. Isto tem pouco a ver com calorias, carboidratos,
gordura ou proteína. O propósito de comer conscientemente não visa a mudança da
composição corporal, ou a perda de peso, embora seja muito provável que todos
aqueles que adotem essa prática passem a ter hábitos mais saudáveis, resultando
em um peso equilibrado. Não é à toa que um dos principais benefícios
desse método é estimular as pessoas a cuidarem bem de si mesmas e dos
outros.
A alimentação consciente tem sido adicionada a programas de mudança
de comportamento alimentar, pois propõe um novo olhar não só sobre o que
comemos, mas também sobre a forma como ingerimos os alimentos e,
consequentemente, reflete na nossa relação com os alimentos, que deve ser
sempre neutra e não julgadora. E, consequentemente, um outro importante
aspecto, e benéfico, da alimentação consciente é que pode ser usada também para
reduzir a quantidade de alimentos consumidos em quadros de compulsão alimentar.
Temporariamente, pode impedir o ganho de peso e melhorar a relação com o
alimento temido.
Hoje em dia, é muito claro que as causas da
obesidade são multifatoriais, e consequência de uma junção de diversas escolhas
e hábitos não saudáveis, durante um longo período de tempo. E não há estudos que, de fato, comprovem que um
alimento seja “vilão” ou responsável por gerar doenças crônicas. Por isso, é
importante destacar que a atenção plena e intervenções alimentares conscientes
podem reduzir o comer emocional e o comer a respostas externas. Assim, praticar
a atenção plena durante o ato de comer, é se tornar consciente das suas
escolhas, que é o primeiro e o mais importante passo para mudança positiva dos
hábitos alimentares.
Bianca
Naves
- nutricionista especialista em Nutrição em Cardiologia e Nutrição Esportiva
pela USP. Sócia proprietária da Clínica NutriOffice em SP; colaboradora do
programa jornalístico “Hoje em Dia” transmitido pela Record.