Confundir amor com possessividade é algo que
acontece facilmente quando nos descuidamos dos nossos próprios sentimentos e
das nossas crenças limitantes. Mas afinal, querer controlar a vida do outro é
normal?
Cada
casal tem suas regras e, para alguns, controlar os passos do outro pode ser
compreendido como forma de cuidado e atenção. Para certas pessoas, inclusive, o
comportamento controlador é percebido como medida de afeição, ou seja, mostrar
necessidade em controlar cada passo do outro é sinônimo de um sentimento de
grande amor. Mas será mesmo? Você também pensa assim? Já se relacionou com
alguém que acredita que controle é sinônimo de carinho? A verdade é que o
controle envolve sofrimento de ambos os lados: sofre de ansiedade e insegurança
quem sente a necessidade de controlar a vida do outro e da sensação de
sufocamento quem tem seus passos controlados como se vivesse em uma prisão.
Para
a orientadora emocional para mulheres, com foco em relacionamentos, Camilla
Couto, enquanto para algumas pessoas esse tipo de comportamento, digamos, mais
apegado, é fundamental para manter a chama da paixão acesa, para outras, isso
simplesmente apaga o amor. Por isso é que esse assunto gera tanta discussão e
até brigas entre os casais: “cada pessoa é única e cada casal, formado por duas
individualidades, tem que ter seu conjunto próprio de “regras”. Comunicar-se de
maneira clara e objetiva desde o começo da relação é imprescindível para que
ambos decidam o que é e o que não é aceitável”, explica ela.
Mas,
afinal, querer controlar a vida do parceiro é normal?
Segundo
Camilla, não deveria ser: “em um relacionamento de casal, a confiança deveria
vir em primeiro lugar. Até porque duas pessoas escolhem ficar juntas por livre
e espontânea vontade, certo? Ninguém é obrigada a nada. Acontece que
muitos casais se formam não somente pela vontade de estar juntos, mas por
inúmeras outras razões (como carência, medo da solidão, vingança, interesse,
dentre outros). E é aí que as cobranças começam a surgir. Se você já sabe que
ele é infiel, por exemplo, e opta por entrar num relacionamento com ele mesmo
que fidelidade seja uma regra de ouro para você, as chances de você virar uma
namorada totalmente neurótica e querer controlar cada passo da vida dele são
enormes”. E não é verdade?
“O
mesmo acontece quando acreditamos no conjunto de verdades sociais repassadas
por livros, novelas, filmes e músicas de que o amor é sofrido, a traição está à
espreita, os homens não conseguem resistir a um rabo de saia”, explica Camilla,
que segue: “essas são crenças limitantes que devem ser esquecidas urgentemente.
Porque não, não é absolutamente verdade que todos os homens traem. Talvez você
até já tenha sido traída no passado. Mas isso não significa que você deve viver
insegura no relacionamento atual e ser tornar campeã no quesito controle da
vida do parceiro”.
Como
enfatiza Camilla, o medo da perda, de ser traída e de ser trocada, assim como o
sentimento de posse, vêm do senso de escassez que rege boa parte das nossas
relações sociais: “aprendemos desde garotinhas que há mais mulheres do que
homens e crescemos em um clima de disputa – assim é com quase tudo em nossa
sociedade. Mas precisamos dar um basta! Não precisamos mais viver com medo e
muito menos com a necessidade de controlar a vida do outro para nos sentirmos
seguras”.
Cuidar
daquilo em que acreditamos é um ponto fundamental para exercitar o desapego nas
relações. Desapegar da necessidade de ter a vida do parceiro sob controle não
significa viver uma relação aberta, e sim, entender que, se ele está com você,
é porque quer. “E, sim, ele ESTÁ com você – isso não quer dizer que ele É SEU”,
lembra Camilla. “De nada adianta controlar e stalkear
pois, no fundo, quem quer mesmo trair dá um jeito e quem costuma mentir vai
continuar mentindo, certo? A escolha de viver um relacionamento baseado na
falta de confiança e na ansiedade é sua. Você também está com ele porque quer,
não é mesmo?”, finaliza.
Camilla
Couto - Orientadora Emocional para Mulheres, com foco em Relacionamentos.
Criadora/ autora do Blog das Amarildas e fundadora do PAR - Programa Amarildas
de Relacionamentos. Orientadora emocional, Terapeuta Floral (TF-153-17/SP)
e Contoterapeuta, viveu durante 8 anos no exterior conhecendo diferentes
culturas e comportamentos. No blog amarildas.com.br, compartilha seus estudos sobre
amor, relacionamentos e dependência emocional - com o propósito de promover
mais entendimento sobre esses temas e de incentivar as mulheres a se amarem e
valorizarem cada vez mais.
Fonte:
www.amarildas.com.br