Com
certeza você já ouviu falar sobre Transtornos Alimentares pois a todo o momento
aparece algo na mídia. Demi Lovato, Jane Fonda, Lady Gaga e Mary Kate Olsen são
alguns exemplos de personalidades que já passaram por essas doenças. Para não
ir tão longe, aqui mesmo no Brasil, temos a Daiana Garbin, Isabella Fiorentino,
Deborah Evelyn e Cassia Kiss que lutam ou já lutaram contra esses distúrbios.
De
qualquer maneira, vamos fazer um overview bem rápido sobre este assunto!
Transtornos
alimentares: o mal do século!
Em
linhas gerais, os distúrbios alimentares mais conhecidos são a Anorexia e
Bulimia. Em ambos, há uma distorção da imagem corporal, ou seja, as pessoas não
conseguem enxergar o próprio corpo com a sua real imagem e o olham com muito
desprezo. Não é
frescura! As pessoas que apresentam esse sintoma, apesar de
você dizer que o corpo está lindo ou magro demais, elas continuam acreditando
que estão gordas e adotam práticas nocivas para compensar a ingestão de
alimentos.
As
causas ainda são desconhecidas, mas sabe-se que há diversos fatores que podem
contribuir para o surgimento desses problemas, sejam eles genéticos,
biológicos, psicológicos, socioculturais e familiares. De acordo com o DSM IV (Diagnostic and Statistical Manual of
Mental Disorders – Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos
Mentais), cerca de 0,5 a 3% das mulheres sofrem de transtorno alimentar. Eles
atingem especialmente as adolescentes e mulheres jovens (entre 18 e 24 anos),
mas ainda assim é crescente o número de homens com as mesmas perturbações no
comportamento alimentar.
Na
Anorexia, a pessoa tem grande interesse em reduzir o seu peso por meio da
diminuição da ingestão de alimentos, indução de vômitos ou purgação (uso de
laxantes, por exemplo), exercícios físicos excessivos, ou uso de inibidores de
apetite ou diuréticos. Mesmo quando se está abaixo do peso (considerado aqui
como um IMC – Índice de Massa Corporal – abaixo de 17,5), a intenção de
emagrecer permanece e acontece uma desordem generalizada no sistema endócrino –
podendo causar amenorreia (interrupção da menstruação) nas mulheres, e perda de
interesse e redução da potência sexual nos homens.
Já
na
Bulimia, a pessoa apresenta comportamentos compulsivos na alimentação:
come, come, come (come descontroladamente mesmo!). E depois, com a culpa pela
perda de controle e preocupação exagerada sobre o peso, adota práticas
extremas: indução de vômitos, uso de laxantes e excesso de atividades físicas.
E
quando pensamos que bastassem esses comportamentos nada saudáveis para a perda
de peso, eis que surge mais uma nova atitude: a Drunkorexia!
E
o que é essa tal de Drunkorexia?
Esse
é um termo relativamente "novo" na mídia e não é usado como uma sigla
médica oficial, mas é considerado um dos possíveis sintomas de um transtorno
alimentar. Nem todas as pessoas que possuem
transtornos alimentares apresentam comportamentos abusivos ligados ao
álcool, mas sabe-se que os comportamentos nocivos relacionados à alimentação
têm maior influência sobre aqueles relativos ao consumo excessivo de álcool.
De
acordo com o
CISA (Centro de Informações sobre Saúde e Álcool), estima-se que 16% das
pessoas com transtornos alimentares também sofrem com o abuso ou dependência do
álcool, sendo a bulimia mais associada aos transtornos relacionados ao uso de
álcool do que os demais transtornos alimentares.
No
Brasil, há poucos estudos com relação à incidência de transtornos alimentares e
uso do álcool. Há somente dados em Minas Gerais, onde sintomas de anorexia
nervosa foram identificados em um grupo de estudantes (13,3%), assim como em
Florianópolis (15,6% das adolescentes).
A
ocorrência de transtornos relacionados ao uso do álcool e transtornos
alimentares deve ser olhada de forma muito precisa. Segundo um Levantamento
sobre os Padrões de Álcool na população brasileira feito em 2007, o abuso e
dependência de álcool atingem, respectivamente, cerca de 1 a 4% das mulheres
(18 anos ou mais). Além disso, 14% das mulheres jovens brasileiras (de 18 a 15
anos) bebem ocasionalmente (1 a 3 vezes por mês) e 6% bebem frequentemente (1 a
4 vezes por semana).
Algumas
pessoas anoréxicas (ou anoréticas) geralmente restringem a ingestão de álcool
por conta do excesso de calorias. Outras, quando permitem, preferem os
destilados (gin, vodka, vinhos...) justamente por terem um menor índice
calórico comparado à uma cerveja, por exemplo, que lhe pode trazer a
"famosa barriguinha". De acordo com o site Drinkware, em alguns
casos, sabemos que um litro de cerveja tem em média 197 calorias (o equivalente
à uma fatia de pizza) enquanto um copo de vinho pode conter as mesmas calorias
que uma pequena porção de sorvete. Pensando dessa maneira, as pessoas com drunkorexia preferem pular
algumas refeições para compensar na bebida que será tomada na próxima noite.
Drunkorexia
e emoções....
O
exagero na ingestão alcoólica está relacionado à questões emocionais mais
profundas. Geralmente, essas pessoas abusam das bebidas para compensar uma
ingestão "exagerada" de comida ou aliviar uma
tristeza. O que se sabe é que a bebida serve como um compensador, ou seja,
uma espécie de "anestesia" para os momentos que não conseguem lidar
com a tristeza ou
ansiedade.
Há
um estudo recente publicado pela Elsevier que investigou os comportamentos
alimentares inadequados – tais como "pular" refeições – e sua relação
com o aparecimento da drunkorexia em uma amostra de aproximadamente 1000
adolescentes. Os resultados mostraram que o jejum e a busca pela sensação de
embriaguez decorrentes do uso excessivo de álcool foram preditores
significativos para o aparecimento da drunkorexia na amostra de homens e
mulheres. De acordo com o estudo, as mulheres buscam a bebida para sentir-se
mais seguras e os homens para o controle das suas emoções. A pesquisa sugere
que a alimentação de forma desordenada contribui de forma semelhante para o
aparecimento da drunkorexia em pessoas do sexo masculino e feminino.
De
acordo com o CISA, as pessoas com transtornos alimentares bebem para amenizar a
dor e angústia que sentem por restringirem a sua alimentação enquanto outros
acreditam que a bebida não engorda ou que ajuda a controlar a fome. Essa
sensação de que o álcool diminui a fome é porque é liberada uma substância no
cérebro chamada leptina relacionada à sensação de saciedade.
Complicações
Físicas
Pois
é... como não é novidade para ninguém, quanto mais vazio o estômago, mais o
álcool age de maneira agressiva no corpo.
As
bebidas alcoólicas fornecem poucos nutrientes e o seu consumo excessivo por
essas pessoas com transtornos alimentares podem levá-las à casos de desnutrição
pelo baixo consumo de alimentos. Como decorrência de uma má alimentação, o
organismo fica suscetível à uma série de doenças. Com o estômago vazio, o
álcool é absorvido mais rapidamente, podendo ocasionar gastrites e úlceras.
Pelo
fato de os transtornos alimentares afetar mais as mulheres, é importante
ressaltar que elas são mais vulneráveis aos efeitos do álcool do que os homens.
Uma mesma quantidade de álcool geralmente afeta a mulher mais rapidamente do
que o homem, mesmo levando em conta as diferenças no peso corporal, por
apresentar características fisiológicas diferentes. Além disso, a mulher tem
menos água e mais gordura corporal comparado aos homens – tornando-se mais
concentrado – e o álcool permanece mais tempo no corpo da mulher por apresentar
menores índices de enzimas relacionados ao metabolismo do álcool.
Tratamento
Assim
como qualquer distúrbio alimentar, é importante que a pessoa seja acompanhada
por uma equipe multidisciplinar. É preciso pensar na autoestima desse paciente
e sempre com o apoio da família.
O
mais importante é: não existe o corpo perfeito! Com essa obsessão para
encontrar o melhor corpo e o melhor afeto, faz com que deixemos de aproveitar e
curtir momentos lindos da nossa vida. A partir do momento que pararmos de
pensar nisso, a vida fluirá de maneira natural. Seja honesto consigo mesmo!
Denise Monteiro - psicóloga
clínica e organizacional. Começou sua carreira atendendo casos de transtornos
alimentares no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP. Denise
é psicóloga da Vittude,
plataforma que conecta psicólogos e pacientes em três cliques.
Fontes: