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terça-feira, 17 de julho de 2018

Individualmente nos achamos bons; coletivamente, decepção. Por quê?


1. Individualmente todos nos achamos os melhores motoristas do mundo. Coletivamente somos uma carnificina no volante (mais de 40 mil mortes por ano, no trânsito). Individualmente não nos consideramos racistas. Coletivamente sabe-se que o racismo está impregnado profundamente na alma do brasileiro.

2. Individualmente estamos todos indignados com a corrupção (com o clube dos ladrões e aproveitadores da Nação que sempre nos governou). Coletivamente quase nunca protestamos contra os donos corruptos do poder. Quando isso ocorre, são protestos seletivos.

3. Há um fosso, na verdade, um hiato imenso entre nossos sentimentos e pensamentos individuais e aquilo que somos coletivamente. Cada um de nós, como sublinha Eduardo Giannetti (O paradoxo do brasileiro, em O elogia do vira-lata), crê sinceramente que somos mais do que tudo isso que está aí. Coletivamente somos exatamente tudo isso que está aí.

4. Até no futebol a distância entre o individual e o coletivo é impressionante. Individualmente a seleção brasileira sempre é tida como insuperável. Coletivamente, por falta de equilíbrio emocional ou outro motivo, o resultado tem sido um desastre (pelo menos nas últimas duas copas do mundo, com certeza).

5. A soma das partes fica sempre muito aquém do todo que efetivamente somos. Onde está o problema? A autoimagem que fazemos de nós mesmos nunca corresponde à realidade que vivenciamos. Isso se chama autoengano (E. Giannetti).

6. Cada parlamentar se considera autossuficiente. A soma deles é uma catástrofe para as contas públicas (vivem aprovando gastos públicos, irresponsavelmente, sempre em benefício dos seus patrocinadores). Pesquisa Datafolha revelou que 65% dos brasileiros se julgam felizes. Paradoxalmente, apenas 23% acham que o povo brasileiro é feliz.

7. De tropeço em tropeço coletivo (estamos mal na educação, na saúde, nos transportes, na inovação, na revolução tecnológica, nos esportes, na competitividade etc.) vamos liquidando a autoestima do brasileiro, que anda muito irado, revoltado. Esquecemos que a devastação da alma cria monstros. “Quando a moral decai, surgem aqueles a quem denominamos tiranos” (Nietzsche).

8. Perdemos a ideia do destino comum, do bem comum (ou seja, da República, que significa cuidar da coisa pública, da coisa comum). Nossas desavenças coletivas estão marcadas pelo ódio, que é fonte de desagregação, degeneração. Nem a experiência trágica do caos e do colapso (o caso do Rio de Janeiro é emblemático) está nos unindo. Os caminhoneiros, nesse contexto, são rara exceção.

9. Os larápios corruptos e aproveitadores (umas 450 empresas nacionais e multinacionais, além de cerca de 30 famílias) creem que seus atos isolados não chegam a destruir a Nação. Não computam o efeito coletivo ou cumulativo dos seus desmandos. Não querem perceber que a soma de muitos vícios privados gera inapelavelmente calamidades públicas colossais.

10. Os donos corruptos e aproveitadores do poder que, com suas bandidagens, estão levando o Brasil para o abismo, não percebem que seus péssimos exemplos se propagam na comunidade como erva daninha, criando a convicção geral (desavergonhada) de que todos devemos nos locupletar (ou nos moralizamos ou nos locupletamos todos!).

11. A 6ª República (1985 até o presente) vive sua agonia final. O Brasil está grávido. Algo será parido. Que o rebento não seja um novo monstrengo autoritário aliado ao clube dos ladrões e aproveitadores da Nação brasileira. 





LUIZ FLÁVIO GOMES - jurista. Criador do movimento Quero Um Brasil Ético. Estou no f/luizflaviogomesoficial


Perdemos a paixão pelo Brasil?

Foto de Christoph Reher
Para Tarsia Gonzalez, gestora e palestrante, essa é a principal pergunta que devemos nos fazem em um ano de eleições presidenciais.


Tarsia Gonzalez, gestora e palestrante, questiona: perdemos a paixão pelo Brasil? Segundo ela, essa é a principal pergunta que devemos nos fazem em um ano de eleições presidenciais: “nos unimos em um único coro pela Copa do Mundo, que acabamos não trazendo para casa. Agora, é a hora de nos unirmos novamente, em busca dos corações apaixonados que podem reerguer o nosso país”, afirma Tarsia. Com duas décadas de experiência em gestão de pessoas, à frente de uma das principais empresas de transporte de cargas do País e prestes a lançar seu primeiro livro apadrinhada por Augusto Cury, a palestrante quer instigar, em ano de eleição, a pensar sobre o tipo de liderança que o Brasil precisa: “precisamos voltar a amar o Brasil”.

Tarsia está viajado o país com sua palestra: “Onde estão os corações apaixonados pelo Brasil” e enfatiza: “um dos nossos maiores problemas, hoje, é que perdemos a paixão por ser brasileiros, estamos calejados por tantos escândalos de corrupção, e decepcionado com os possíveis líderes que podemos escolher em outubro”. Para ela, a única solução é olhar para o futuro e promover a gestão da emoção: “só quando começarmos a olhar para dentro e também para as novas gerações, reiniciando uma educação de líderes, é que poderemos ter alguma esperança de uma real mudança para o futuro”.

“Fazemos parte de uma família gigante e “brasileiro” é nosso sobrenome. Então, aqueles que escolhemos como líderes são como nossos pais. São exemplos que nos direcionam em nossas escolhas e caminhos, mas pais ausentes e preocupados apenas consigo mesmos formam famílias despreparadas, que não sabem para onde ir, não têm mais a confiança necessária para tomar decisões assertivas”, explica Tarsia, que complementa: “é assim que estamos nos sentindo, a tão pouco tempo das eleições”. 







Tarsia Gonzalez - A carreira de Tarsia Gonzalez na empresa Transpes, criada por seu pai, Tarsicio Gonzalez, deu a ela experiências em duas áreas extremamente especiais e congruentes: qualidade e gestão. Formada em psicologia e especializada em Alta Performance em Liderança pela Fundação Dom Cabral, Tarsia participou ativamente dos movimentos que levaram a Transpes a ser eleita, por três anos consecutivos, uma das Melhores Empresas para se Trabalhar pela revista Você S/A. Hoje, Tarsia viaja o Brasil ajudando a moldar novas lideranças e a reavivar a chama da paixão pelo Brasil em jovens corações.

PIB e certificações de qualidade: a chave para o crescimento do Brasil

O PIB - Produto Interno Bruto é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia. É esse índice que permite analisar o crescimento ou recessão de um país. Obviamente, há muitos fatores que interferem nesse número. Mas, uma descoberta curiosa foi feita num estudo realizado pela Universidade Federal do Paraná, que sugere que o aumento no PIB está intimamente ligado ao crescimento no número de certificações de qualidade. O objetivo foi analisar a relação entre a emissão das certificações ISO e o PIB no BRIC - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS) nos últimos 15 anos.

Os resultados foram surpreendentes. Quanto maior o PIB de um país, maior é o número de emissão das certificações ISO. Outra constatação interessante é que, conforme as certificações aumentam, o PIB continua aumentando, demonstrando que trata-se de um ganho permanente e não esporádico. O estudo aponta ainda para um possível aumento no número de certificações em nível global, como uma tendência de as empresas buscarem melhorias como forma de sobrevivência de mercado.

Embora essa pesquisa leve em consideração apenas a ISO 14001, do parâmetro ambiental, é possível adotar esse mesmo raciocínio para todas as certificações. Como é sabido, essas certificações oferecem, no mínimo, três grandes vantagens competitivas, independentemente de porte ou segmento da empresa. O primeiro e talvez o mais significativo seja a melhoria de processos. Sem uma gestão adequada, não existe padrão e nem controle. Se falta definição e clareza sobre as atribuições e responsabilidades, é grande o risco de falhas. Normalmente, isso leva a retrabalhos, o que encarece produtos e serviços de forma substancial. Dessa forma, a empresa se torna menos competitiva.

O segundo ganho é quase que uma consequência do primeiro. À medida que a empresa implementa melhores práticas, é possível perceber uma grande redução de desperdícios, os chamados savings. Se a empresa consegue fazer melhor com menos, certamente ela elimina o uso inapropriado de recursos humanos e financeiros, o que contribui para uma economia substancial em suas mais variadas áreas. Eliminar defeitos na produção, reduzir estoques, minimizar a ociosidade de colaboradores e maquinários é fundamental para aumentar a produtividade e combater gastos desnecessários. Enxuta, a empresa se torna mais saudável e sustentável.

O terceiro ganho costuma ser o mais alardeado. Normalmente, as empresas detentoras de certificações ISO costumam fazer uso massivo dessa conquista em suas ações de marketing e comunicação, buscando reforçar que a marca possui qualidade e responsabilidade. Contudo, além dessa vantagem, é comum as empresas - em especial das pequeno e médio porte - passarem a fornecer produtos e serviços a empresas maiores, que normalmente tem essa visão de certificação mais desenvolvida e tende a exigir o mesmo comportamento de seus fornecedores. Com o aumento do market share, as empresas começam a registrar também aumento na receita.

Um fato curioso nessa relação entre PIB e ISO é que podemos verificar uma correlação entre períodos de baixa nas certificações seguidos por períodos de crise econômica. O Brasil atingiu o pico de certificações em 2011 (mais de 28 mil empresas certificadas segundo o INMETRO), quando o país registrou também um PIB histórico, de 4%. Dali em diante, o número de certificações foi caindo significativamente, tendo atingindo seu mínimo em 2015 (menos de 20 mil empresas certificadas) e um PIB de -3,5%.

Vale salientar que essa correlação não se aprofunda em outros aspectos, como o momento econômico mundial, crises políticas ou mudanças na direção econômica do país. Mesmo assim, ela faz todo sentido se considerarmos que essas ferramentas de gestão visam melhorar o desempenho das empresas, melhorando os seus produtos/serviços, consequentemente minimizando seus desperdícios e tornando-as muito mais competitivas.

Com base nesses dados, fica evidente a necessidade das empresas investirem em certificações. Além de fazer com que elas atendam requisitos legais aplicáveis ao seu setor de atuação, irão impactar positivamente o PIB do país. E, ao contrário do que parece, a conquista das certificações ISO não são tão complexas quanto se imagina. No caso de empresas de pequeno e médio porte nem há a necessidade de um departamento interno de qualidade. Basta contar com a presença de um consultor, que irá orientar a empresa sobre as necessidades de adequações.

Uma vez que as normas estejam sendo cumpridas, as certificadoras fazem a auditoria final, com o intuito de certificar ou não a empresa. O procedimento todo não custa muito e se paga rapidamente devido ao ganho residual em melhoria de processos e redução de desperdícios. Sua empresa e o Brasil agradecem.








Alexandre Pierro - engenheiro mecânico, bacharel em física aplicada pela USP e fundador da PALAS, consultoria em gestão da qualidade.



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