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quarta-feira, 20 de junho de 2018

Como as empresas podem contribuir com a economia inclusiva?

Certamente você já ouviu falar sobre a economia inclusiva, tema muito debatido e considerado “na moda”, mas pouco aplicado na prática no Brasil. O termo, também conhecido como economia sustentável, tem como finalidade atender às necessidades e os direitos dos seres humanos, criando oportunidades para a geração de renda, promovendo a distribuição equitativa da riqueza e, assim, permitir o acesso a bens e serviços públicos para garantir condições de vida digna para toda a população, reduzindo as desigualdades sociais e erradicando a pobreza.

De acordo com o Ranking de Desenvolvimento Inclusivo, divulgado pelo Fórum Econômico Mundial neste ano, o Brasil ocupa a 37ª posição no grupo dos países emergentes.  Os critérios avaliados pelo Ranking são o crescimento e desenvolvimento, a inclusão e administração sustentável dos recursos financeiros e naturais. Diante desse cenário, é possível concluir que estamos muito atrasados e precisamos evoluir.

Por compreender a importância da economia inclusiva, o tema foi debatido durante a reunião do Fórum Econômico Mundial deste ano, em Davos, na Suíça. A preocupação principal é sobre como tratar a repartição de renda. Especialistas afirmam que não há outra forma que não seja a economia compartilhada. Vale destacar, inclusive, que esse assunto não é apenas um problema do poder público, mas de todo mundo, inclusive das empresas.

O Papa Francisco enviou uma mensagem ao Fórum em Davos, enfatizando que “é fundamental salvaguardar a dignidade da pessoa humana”, sobretudo “oferecendo a todos reais oportunidades para um desenvolvimento humano integral, através de políticas econômicas que favoreçam a família”.  

Dentro do âmbito de negócios também é preciso melhorar a nossa cultura de competição de livre mercado. Ao cumprirem-se as leis, a livre concorrência ajudará a evitar a concentração exagerada de alguns mercados e garantirá as mesmas oportunidades a todos, evitando o estrangulamento de cadeias produtivas.

Além de analisar todas essas influências externas, as companhias não podem esquecer de olhar internamente: os seus processos são sustentáveis? É fundamental enxergar todos os elos da cadeia: desde os extrativistas em uma atividade primária, até o exercício da inovação no uso intensivo da tecnologia, de forma que todos sejam beneficiados, e, além disso, garantir a proteção dos recursos naturais, para evitar que a expansão dos seus negócios não signifique a devastação. 

Para concluir, tanto o poder público como as empresas devem exercer o seu papel, pois assim, vamos conseguir melhorar não somente a nossa colocação no ranking, mas também, garantir condições para um ambiente intolerante à corrupção e comprometido com a justiça social - o que certamente resultará na inclusão de todos.




Wellington Rodgério - diretor financeiro do Grupo Sabará, empresa especializada no desenvolvimento de tecnologias, soluções e matérias-primas de alta performance, voltadas aos mercados de tratamento de águas, cosméticos, nutrição e saúde animal e à indústria de alimentos e bebidas.



Planejamento urbano pode valorizar imóveis em mais de 50%


Além da valorização, obras planejadas contribuem para a sustentabilidade, saneamento e geração de empregos


O planejamento urbano, além de fomentar investimentos em infraestrutura em geral, como saneamento básico, equipamentos públicos, áreas verdes, paisagismo, comércio e serviços, contribui para uma melhor manutenção do local e valorização dos imóveis. Áreas com bairros planejados podem valorizar mais de 50% em relação à média da região nas quais estão inseridas. Trata-se, portanto, de investimento resiliente até mesmo às crises econômicas, que podem derrubar o preço de imóveis.

"O planejamento urbano contempla muitos fatores que agregam valor ao imóvel, como as normas de uso e ocupação do solo que irão regrar o desenvolvimento do empreendimento e as condições de manutenção e perpetuação das suas características urbanísticas, destaca Luiz Augusto Pereira de Almeida, diretor de Marketing da empresa de planejamento urbano Sobloco. "Questões como localização também têm peso, mas quando se agregam elementos de planejamento de longo prazo, são estabelecidos significativos diferenciais".

Isso fica evidente ao se comparar os preços por metro quadrado nos municípios paulistas de São Caetano do Sul, na Região Metropolitana; São Carlos, no Interior; e Bertioga, no Litoral Norte. Os valores constam do Guia de Imóveis 2018, da Revista Exame

De acordo com a publicação, alguns bairros na região central da cidade, tem o metro quadrado entre R$ 5 mil e R$ 6 mil; o Espaço Cerâmica, onde a Sobloco realiza projetos de planejamento urbano, o valor do metro quadrado gira em torno de R$ 6 mil a R$ 6,8 mil. Uma valorização de até 15%.

Ainda segundo o Guia de Imóveis, em São Carlos, a valorização dos bairros planejados pode ser de até 16%. Para se ter uma ideia, muitos bairros de classe média alta possuem metro quadro no valor de R$ 4,0 mil a R$ 4,8 mil. O metro quadrado do bairro Parque Faber Castell, planejado pela Sobloco, vale de R$ 4,8 mil a R$ 5,6 mil.

Em Bertioga, o diferencial é ainda mais acentuado. Enquanto alguns bairros possuem o metro quadro entre R$ 7 mil a R$ 11 mil; na Riviera de São Lourenço o preço é de R$ 11 mil a R$ 12 mil. Uma valorização de até 57%.

A valorização dos bairros planejados também se reflete diretamente na arrecadação dos municípios, contribuindo para a geração de renda e empregos. Para se ter uma ideia, a Riviera de São Lourenço emprega diretamente mais de 4,5 mil pessoas e é responsável por 50% da receita do IPTU em Bertioga.

"É importante destacar que quanto mais amplo for o planejamento urbano, maior é a conservação e valorização do local. Em Bertioga, por exemplo, alguns serviços na Riviera, são realizados pela Associação dos Amigos da Riviera, como a coleta, tratamento e distribuição de água; a coleta e tratamento de esgoto; coleta de lixo reciclável; manutenção das ruas, praças, avenidas e praia; ou mesmo, a certificação do sistema de gestão ambiental da Riviera pela norma internacional ISO 14.001", explica Luiz Augusto. "Por conta disso, existe essa variação no valor do metro quadro, que está diretamente ligada a questões de complexidade e extensão da infraestrutura e dos serviços urbanos oferecidos".


 

Eu inovo, tu inovas, ele fica sem solução... Quando a evolução tecnológica perde sua razão de ser


A situação é simples e, até certo ponto, corriqueira, infelizmente. Um dos maiores bancos do país resolve atualizar seus aplicativos para celulares, alterando as condições de acesso para certas operações. Descobre que um dos sistemas operacionais em vigência, que suporta mais de dez milhões de usuários, não comporta a mudança. Decisão tomada: Fazer a alteração, mesmo assim, deixando parte desses usuários (considerando que nem todos são clientes desse banco) sem opção para operações por meio de seus celulares.

Esses clientes são apenas e tão somente avisados da mudança, sem que lhes seja dada qualquer alternativa. Quando contatado, o banco alega que o problema é da empresa que fabrica o sistema operacional, e que a mudança na sistemática de utilização foi feita em razão do baixo nível de serviço das operadoras de celular. Eles não podem fazer nada a respeito. Simples, assim.

Como assim? Quer dizer, então, que o banco resolveu, simplesmente, livrar-se dos problemas que o envolviam, criando outro para os usuários? Isto não é pequeno, pois significa que os clientes afetados terão de mudar de celular, que funcionem com outro sistema operacional, que comporte as mudanças, não importa quanto tenham pago pelo que possuem no momento, apenas para terem a segurança de poder fazer suas movimentações financeiras quando em trânsito e em circunstâncias de mobilidade, que atualmente, não são raras. Em termos de valor de mercado, isto consiste em um grande valor para o cliente.

Não obstante, ao ser questionado, o banco alega que para a utilização de serviços que envolvam questões tecnológicas, o usuário (entenda-se, aqui, cliente) deve atender a requisitos mínimos. Está certo. Mas as regras foram mudadas no meio do jogo. Isto não foi pensado pelo banco em questão.  Afinal, quem é o cliente, nessa equação?

Sem dúvida o cliente é quem usa a tecnologia. Infelizmente, não dá para ter como certo que a percepção das propriedades de uma inovação por parte dos que a utilizam de fato será a mesma do que a daqueles que a criaram.

A maneira como o usuário percebe e adota uma inovação depende de qualidades percebidas. A nova tecnologia trará benefícios imediatos que a antiga não apresentava? Esta inovação exigirá aquisição de novos recursos para ser utilizada? É mais fácil de usar que a antiga? Seu uso é intuitivo e os resultados prometidos são fáceis de serem observados? Estes são questionamentos que talvez os gestores do banco em questão tenham se esquecido de fazer ao optarem pelas novas funcionalidades de seu aplicativo. E, justiça seja feita, a melhoria no aplicativo era relevante para o mercado.

Entretanto, assim como uma nova tecnologia demanda tempo para ser completamente adotada, os usuários necessitam de tempo para se sentirem adaptados e capacitados a utilizá-la, de forma que seu uso possa ser considerado consolidado.

Sob a égide de não se desatualizar e parar no tempo, muitas empresas se prendem às suas prospecções tecnológicas, que envolvem busca por novas tecnologias a serem incorporadas aos seus produtos e serviços, e se esquecem da experiência do usuário, que é aquele a quem tal inovação deve agregar valor de fato.

Assim, o uso da prospecção tecnológica, quando bem feito, funciona como importante ferramenta para o planejamento estratégico. É um elemento essencial dentro de uma gestão que promove a inovação como indutora de maior valor agregado aos clientes. Contudo, esta tentativa de predição de estados futuros não pode focar apenas o que será oferecido ao usuário, mas como e o quanto o seu uso trará de valor. E ter que comprar um novo celular, porque a plataforma do sistema operacional não comporta mudanças, certamente não é o caso.

A aceitação de uma nova tecnologia está diretamente relacionada à prontidão tecnológica que tem impacto na interação entre empresa e cliente. Pessoas que são otimistas em relação às novidades tecnológicas estão mais dispostas a adotarem uma nova tecnologia e possuem maior propensão a ficarem satisfeitas com seu uso.

Por outro lado, um desconforto em utilizar uma nova tecnologia está associado à insegurança, o que significa que uma pessoa desconfortável em usar uma inovação tecnológica tem maior tendência a se sentir insegura, assim como sua insegurança a leva a ser mais resistente a essa tecnologia.

Portanto, fica evidente que o valor percebido com o uso da nova solução será distinto entre os usuários, mesmo sendo todos clientes da mesma empresa, pois seus antecedentes para aceitação e uso de novas tecnologias também são distintos.

Levando-se em conta que o comportamento inovador de uma pessoa influenciará na aceitação e uso de uma nova tecnologia, torna-se inadmissível que uma empresa prospecte suas inovações tecnológicas apenas com estudos focados na própria tecnologia, deixando de lado o perfil e comportamento de seus clientes. Um erro que pode custar caro, tanto para a empresa que compromete seu relacionamento com os clientes, quanto para os usuários, que terão que arcar com a aquisição de novos recursos e adaptação para se manterem clientes da empresa.

Afinal, é mister, como empresa, ter-se sempre em mente quem é cliente de quem.



Lilian Aparecida Pasquini Miguel - doutora em Administração de Empresas, pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, pesquisadora do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica e professora do mestrado profissional em Administração do Desenvolvimento de Negócios do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Coordena a equipe de orientadores de trabalhos de conclusão do curso de graduação em administração, ciências contábeis e ciência econômicas, nas unidades de São Paulo, Alphaville e Campinas.

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