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terça-feira, 19 de junho de 2018

Brasil X Costa Rica: pentacampeão do futebol perde de goleada em conservação do meio ambiente


O Brasil é um país continental, que possui diferentes condições ambientais - e isso proporciona uma biodiversidade incrível. Não é à toa que o nosso país é considerado o mais rico em diversidade de espécies do planeta. Portanto, assim como no futebol, o Brasil é mesmo uma grande potência. 

No campo de futebol, onde a bola é a vazão dos nossos sentimentos, o Brasil pode golear tranquilamente a Costa Rica nesta sexta-feira. Porém, no campo da biodiversidade e do uso sustentável de seus recursos naturais, a Costa Rica, que tem menos de 1% do tamanho do Brasil, não fica atrás, uma vez que é banhada pelos oceanos Atlântico (Mar do Caribe) e Pacífico. Este país da América Central é coberto por um tapete de Floresta Tropical e possui uma cadeia de montanhas principal cortando o país de norte a sul, todos considerados fatores cruciais para fazer este pequeno país tão grande em belezas naturais e conservação da biodiversidade.

Enquanto o Brasil tem pouco mais de 17% do território constituído por Unidades de Conservação (UCs), sendo que deste percentual, apenas 6% é de proteção integral (aquela categoria de manejo que pretensamente protege melhor os habitats inseridos numa determinada UC), a Costa Rica ganha de goleada do Brasil, uma vez que abriga mais de 27% de seu território dentro de UCs (de acordo com o Banco Mundial). Além disso, 98% das espécies de mamíferos que existem lá estão presentes nestas áreas protegidas da Costa Rica.

Outra goleada intensa que o Brasil sofre está relacionada ao turismo ecológico, que desprende quase 3,5 bilhões de dólares na Costa Rica, com uma média de 2,9 milhões de turistas estrangeiros anualmente, sendo que mais de um milhão são de norte-americanos. Aqui no Brasil, pouco mais de 6 milhões de turistas visitam o país, o que proporcionalmente, significa que era para termos algo em torno de meio bilhão de visitantes por ano, caso tivéssemos a mesma taxa de visitação que a Costa Rica possui por km2... Para termos uma vaga ideia do que isso significa, basta comparar com o país no mundo que mais recebe turistas, que é a França. Eles recebem menos de 100 milhões de turistas por ano!

Portanto, dá para perceber que o nosso 7x1 não foi somente contra a "forte" Alemanha na Copa de 2014, mas sim, é uma goleada histórica contra a "fraca” seleção da Costa Rica, que, no mundo real, dá um "banho" de desenvolvimento sustentável, cidadania e, particularmente, de conservação da biodiversidade.





Fabiano Melo - biólogo, doutor em Ecologia pela Universidade Federal de Minas Gerais, pós-doutor pela University of Wisconsin (EUA) e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza.


Junho Violeta alerta sobre a prevenção do ceratocone


Em estágios mais avançados, o único tratamento para a doença é o transplante de córnea


Com o tema “Esfregar e coçar os olhos prejudica a visão”, foi iniciada a campanha Violet June, ou Junho Violeta, na tradução para o português, no início deste mês. O objetivo é divulgar informações sobre os riscos do ceratocone. “Coçar muito os olhos, pré-disposição genética ou ter parentes com ceracotone são fatores de risco para a doença, que é uma distrofia corneana que gera ectasia, ou seja, é quando nossa córnea passa a ter um formato irregular e fica mais fina”, explica a oftalmologista da Clínica Canto, Ana Paula Canto.

O ceratocone é a distrofia mais comum da córnea e afeta uma em cada duas mil pessoas, segundo dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia. A doença costuma surgir entre os 13 a 18 anos e tende a se estabilizar aos 35. “Normalmente, o ceratocone ocorre nos dois olhos, de maneira assimétrica, quer dizer, é mais avançado em um dos olhos”, ressalta a oftalmologista.

Embora não tenha cura, a doença tem tratamento. Por isso, é importante o diagnóstico precoce para evitar a sua progressão. Em casos iniciais, o uso de óculos é suficiente para a melhora da visão. Mas, em situações mais avançadas, pode ser necessária uma lente de contato rígida ou anéis intraestromais. “Temos diversas opções de lentes de contato no mercado e elas costumam funcionar muito bem. Já os anéis intraestromais são colocados no meio da córnea e ajudam a regularizar o ceratocone e a melhorar a visão quando os óculos e as lentes não resolverem”, explica Geraldo Canto, oftalmologista da Clínica Canto.

Em alguns casos, também é realizado um procedimento denominado crosslink para evitar a progressão do ceratocone. “O método consiste na aplicação de um medicamento associado a raios ultravioletas em frequência específica, que colabora para que as fibras de colágeno da córnea se aproximem e fiquem mais fortes, diminuindo as chances de progressão da doença”, revela o oftalmologista. Já em estágios mais avançados, o paciente pode ser submetido ao transplante de córnea. “Quando nenhum outro procedimento conseguir ajudar na melhora da visão do paciente, pode ser indicada a realização do transplante.”


Sintomas do ceratocone

A deformidade na córnea causada pela ceratocone provoca um distúrbio na visão, fazendo com que ela fique mais embaçada e fora de foco. “É comum um dos primeiros sintomas ser alterações frequentes no grau dos óculos, normalmente dos graus de astigmatismo e miopia. Mas, muitos pacientes só vêm até o consultório quando percebem que os óculos não estão mais resolvendo e a doença já está mais avançada”, conta Ana Paula Canto.

Para evitar a doença, a recomendação é nunca coçar os olhos, principalmente se há casos de familiares com a doença. “Também é fundamental consultar um oftalmologista regularmente, pois somente ele poderá identificar a doença mesmo antes do paciente perceber os sintomas”, orienta a oftalmologista.






Clínica Canto



População LGBTI deve ter cuidados específicos durante atendimento médico


Abordagem precisa acolher diversidade e considerar as equidades de acordo com a orientação sexual do paciente, com o objetivo de não provocar constrangimento e tornar a consulta mais produtiva


Devido à falta de conhecimentos, muitos profissionais de saúde cometem equívocos no atendimento ao se depararem com pessoas LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, mulheres transexuais, homens trans e pessoas intersexo). Por se tratar de uma população vulnerável e invisibilizada mesmo dentro da área médica, os profissionais de saúde geralmente cometem equívocos já no cumprimento ao paciente. Porém com as orientações do Grupo de Trabalho de Gênero, Sexualidade, Diversidade e Direitos da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) é possível tornar a consulta mais efetiva e resolutiva, a fim de proporcionar melhor qualidade de vida e bem-estar às pessoas atendidas.

“Existem habilidades e atitudes que médicos de família e comunidade, assim como de outras especialidades, podem adotar em todos os atendimentos para oferecer um bom acolhimento a qualquer pessoa. Deve-se abordar a homossexualidade, a bissexualidade e a assexualidade como 'orientações afetivo-sexuais', pois o desejo e o afeto nas relações humanas existem independentemente da opção que cada um possa fazer por declarar ou não, às outras pessoas, os relacionamentos que tem ou que deseja ter.  Portanto é errado falar em 'opção sexual' ”, explica Ana Paula Andreotti Amorim, médica de família e comunidade, membro do Grupo de Trabalho da SBMFC.

Além disso, as pessoas transexuais devem sempre ser chamadas pelo nome com o qual se identificam. O uso do nome social é um direito dentro do Sistema Único de Saúde e das instituições públicas. Mesmo os serviços de saúde privados podem ser processados judicialmente caso não respeitem o nome social, pois apesar de não haver lei específica, há jurisprudência no tema.

Ana Paula ressalta que a população LGBTI sofre preconceitos específicos e em intensidades variadas. Algumas violências são frequentes mesmo dentro dos serviços de saúde, como negação de direitos, omissão de cuidados, estigmatizações e constrangimentos, além de diversas formas de violências verbais, morais, institucionais e até físicas. É muito comum profissionais de saúde deslegitimarem a identidade das pessoas LGBT, como por exemplo recomendar que uma pesoa reconsidere a forma como se reconhece.

“Outro tópico importante a ser lembrado é que as pessoas travestis e transexuais não mudam o seu gênero, mas elas podem sentir necessidade de realizar uma transição social para o gênero com o qual melhor se identificam. A formação em gênero e sexualidade dentro das universidades ainda é escassa e a maioria dos profissionais se forma sem saber como atender às necessidades de saúde da população LGBTI. Um passo importante de uma política pública seria tornar recomendável ou até obrigatório este conteúdo dentro dos cursos de saúde”, informa a médica de família e comunidade.



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