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sábado, 26 de maio de 2018

Conflitos conjugais podem causar danos às crianças, diz estudo


As crianças são muito mais sensíveis do que se possa imaginar. Por isso, brigar na frente delas pode ser uma péssima ideia, mesmo que seja uma discussão sobre quem vai lavar a louça ou tirar o lixo. E se você tem esse hábito, preste atenção nisso: crianças que presenciam brigas ou conflitos dos pais podem se tornar ansiosas, hipervigilantes e mais propensas a distorcer os sentimentos de outras pessoas.

Essa foi a conclusão de um estudo que acaba de ser publicado no Journal of Social and Personal Relationships. A mensagem dos pesquisadores foi clara: mesmo os menores conflitos conjugais podem causar danos nas emoções dos filhos e esses prejuízos podem ser piores em crianças com traços de timidez.


Crianças longe dos conflitos
Como não é possível eliminar 100% dos conflitos na vida a dois, os casais que têm filhos precisam ter consciência de que é preciso proteger os filhos do que acontece na vida conjugal.

Para Marina Simas de Lima, terapeuta de casal, família e cofundadora do Instituto do Casal, é importante que a criança perceba que os pais se importam uns com os outros e que resolver os conflitos é algo que faz parte da dinâmica do casamento.

“Por outro lado, esse entendimento por parte da criança não é tão simples e depende da faixa etária. Até por volta dos sete anos, a criança terá dificuldade em entender uma briga dos pais. Além disso, ela pode acabar sentindo o estresse gerado pela situação e interiorizar a tensão, ficando confusa e insegura”, diz Marina.

A culpa é minha!
“Dependendo da criança e do momento de vida desta criança, ela pode imaginar que a culpa é dela ou ainda que ela desapontou os pais. Embora até os cincos anos isso seja mais comum, isso pode acontecer em qualquer fase da infância ou da adolescência. Assim, os pais devem ficar atentos e evitar brigas na frente dos filhos sempre”, explica Denise Miranda de Figueiredo, terapeuta de casal, família e cofundadora do Instituto do Casal.
 

Olha o exemplo!
 
As especialistas lembram ainda que há um outro problema associado às brigas conjugais na frente dos filhos: a imitação do comportamento. “As crianças podem imitar os comportamentos dos pais e adultos com os quais convivem. As relações que elas vão estabelecer com as pessoas que estão ao redor delas podem trazer mais ou menos segurança no ambiente familiar e nas relações que serão estabelecidas ao longo da vida” dizem Marina e Denise.

Ainda falando em exemplo, sabe-se que crianças que presenciam brigas dos pais com frequência podem apresentar uma dificuldade maior em desenvolver e em manter relacionamentos saudáveis, sejam de amizade ou amorosos.

“Por isso, os casais precisam ficar atentos e descobrir novas maneiras de colocar as diferenças dentro de um casamento, que não seja pela explosão, pela violência, pela desqualificação um do outro. Mas que seja pela negociação para mostrar aos filhos que é possível e saudável ter diferença de opiniões e que uma relação saudável é aquela em as diferenças são bem-vindas”, comenta Denise.


Como brigar sem envolver os filhos
 
Com a ajuda das terapeutas, elaboramos 5 dicas para manter a DR entre quatro paredes e bem longe das crianças. Confira:
 
  1. Tudo passa: A briga escapou e a criança presenciou a cena? Tudo bem. Sente-se e explique que adultos às vezes precisam resolver alguns problemas. Mas que tudo passa e logo vocês farão as pazes.
  2.  Não busque apoio na criança: Criança não toma partido, não deve ter que escolher entre o pai ou a mãe na briga. O ideal é que a criança nem fique sabendo que os pais brigaram, principalmente antes dos sete anos. Depois disso, ainda é bom evitar, mas o entendimento melhora e a criança desenvolve a capacidade de perceber que as brigas podem acontecer entre os pais. Ainda assim, evite ao máximo usar de violência física ou verbal se a briga a acontecer na frente da criança ou longe dela, claro.  
  3. Briga com hora e lugar marcados: Pode ser difícil planejar uma briga né? Afinal, muitas vezes os conflitos são imprevisíveis. Mas, se possível, organize-se para conversar ou para discutir os assuntos quando as crianças já foram dormir ou quando não estão em casa.
  4. A briga vai, o amor fica: Outro ponto fundamental é conversar com as crianças e mostrar que apesar da discussão, o amor está presente. E que é preciso um tempo para as coisas voltarem ao normal, mas irão voltar. Quando você explica o que está acontecendo, a criança pode se sentir mais segura.
  5. Treinando para negociar conflitos: O casal precisa treinar para negociar os conflitos, sem usar agressividade ou violência nas discussões. Isso pode se estender para ensinar a criança depois dos 10 anos a negociar também com os pais, sem brigar. Negociar dormir na casa dos amigos, negociar a compra de um brinquedo ou até defender uma opinião contrária. A criança pode aprender que ter opiniões diferentes sobre um assunto não significa algo ruim, mas que faz parte da vida.

“Essa pesquisa é importante e corrobora outros estudos que já mostraram os efeitos negativos das brigas parentais nas emoções das crianças. Assim, os pais podem procurar caminhos mais saudáveis para resolver os conflitos, levando em consideração o bem-estar da criança e o resgaste da harmonia na relação”, concluem as especialistas.


Geração em risco


Exigências familiares somadas a um mundo cada vez mais competitivo, consumista, em detrimento de uma valorização do ser, de seus conteúdos humanos e emocionais têm contribuído para que os jovens se tornem mais pressionados e ressentidos. Esses jovens se sentem derrotados, caso não alcancem o padrão estabelecido pela sociedade.

O sociólogo Zygmunt Bauman dizia que, na nossa época, o único produto perene é o lixo, pois os produtos já se tornam obsoletos, envelhecidos, no exato instante em que são fabricados. Necessitamos sempre do mais recente modelo de celular, do último automóvel lançado, das novas roupas que acabaram de chegar às vitrines. As crianças são doutrinadas pela babá eletrônica que fez doutorado em vendas na Universidade de Harvard, isto é, os comerciais de televisão.

É curioso lembrar que há muito tempo estabeleceu-se o período de 50 minutos para uma aula na escola, tempo máximo em que um indivíduo era capaz de se manter concentrado. Hoje, desenhos animados têm duração de cinco minutos, pois a capacidade de concentração caiu para essa faixa de tempo. Desenhos animados, comerciais, desenhos animados, comerciais. Estaria a arte de tocar piano, destinada a desparecer de nosso tempo? Quantos anos são necessários, quanta persistência requer para tocar um instrumento?

A repercussão das recentes notícias sobre casos de suicídios entre alunos de escolas de elite, em São Paulo, deixaram alertas pais, professores e instituições de ensino sobre um problema que tem aumentado no país. Em pesquisa do Ministério Público em 2017, o suicídio foi apontado como a quarta maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. Para reverter o quadro é preciso atuar preventivamente desde a infância. Uma possível saída é fortalecer a resiliência de nossos filhos em idades precoces, estando presente, dando afeto, estabelecendo limites, escutando suas angústias, estimulando o diálogo.

Hoje, presenciamos o mundo digital invadindo precocemente a vida das crianças. Se em um restaurante, por exemplo, a criança começa a chorar, os pais entregam imediatamente um celular nas mãos para que ela se distraia e, finalmente, o silêncio impera e podem fazer a refeição tranquilamente. Assim, nasce uma geração menos tolerante ao tédio, à frustração. Uma geração mais imediatista, com tendência a valorizar o menor esforço.

A adolescência em si já é uma crise, uma fase de transição entre alguém que não deixou de ser totalmente criança, mas que ainda não é um adulto. Um conflito entre a dependência dos pais e a autonomia. Na verdade, o cérebro do adolescente ainda não está pronto para a vida. O córtex pré-frontal, estrutura nobre do cérebro, amadurece por volta dos 21 anos e é o responsável pela capacidade de julgamento, previsão de riscos, controle dos impulsos. Por este motivo, é preciso que os pais "emprestem seus cérebros" aos filhos, por meio do diálogo, estabelecendo sempre um canal aberto de comunicação e de confiança. Quanto mais se treinar o diálogo desde os anos iniciais da educação (ao redor dos sete anos de idade), menos trabalhoso será orientar os filhos no futuro. Quanto mais investimento pais e escola fizerem no desenvolvimento emocional dessa criança que está crescendo, menos turbulenta será essa fase.

É importante dizer que há alguns fatores de riscos ao suicídio que podemos identificar e aos quais devemos ficar atentos: alteração de comportamento; perda de interesse; baixo rendimento escolar; isolamento social; baixa autoestima; bullying; uso de álcool, maconha e outras drogas; histórico de suicídio na família e pais com doença mental. É bom destacar aqui também dois mitos muito ouvidos em conversa quando alguém tenta ou tira a própria vida: "Quem deseja se suicidar não avisa". Não é verdade, pois muitos suicidas comunicam o desejo antes de cometer o ato e "Conversar sobre suicídio pode levar o adolescente ao ato". É muito importante, sim, conversar abertamente sobre o assunto, demonstrando interesse e preocupação com o jovem.

Fora do núcleo familiar, a escola é o local onde os jovens passam a maior parte de suas vidas, por isso é tão importante a parceria entre família e escola para apoiar o adolescente em seu desenvolvimento saudável, procurando identificar fatores de risco e, sobretudo, estimular o desenvolvimento de novos repertórios intelectuais e emocionais.

A maior parte dos adolescentes que tentam ou cometem suicídio apresentam associação com outras doenças mentais, por isso é necessária a avaliação psiquiátrica e psicológica. Família, escola e profissionais de saúde devem estar alinhados na promoção da saúde do adolescente, reduzindo os fatores de risco e fortalecendo os fatores de proteção ao suicídio.






Dr Ziyad Abdel Hadi - psiquiatra e diretor clínico da Clínica Maia – especializada em saúde mental – e dependência química, médico da Maia Jovens, unidade especializada em crianças e adolescentes.


Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é fator de risco para vício em tecnologia


O mundo mudou, definitivamente. Hoje, ele cabe na palma da mão, nos chamados smartphones. Entretanto, a mesma tecnologia que facilita a vida diária, também pode agravar sintomas de alguns transtornos psiquiátricos, como o TDAH e até mesmo criar dependência de seu uso.

Essa foi a conclusão de uma revisão de 38 artigos científicos feita pelo especialista internacional em TDAH, Dr. Atilla Ceranoglu, Diretor do Serviço de Psiquiatria do Hospital for Children, em Boston, nos Estados Unidos. O estudo também mostrou que ter TDAH é um fator de risco para usar a tecnologia de forma excessiva.

Os resultados foram apresentados no “Meeting of Minds X”, evento científico dedicado ao TDAH, que aconteceu na Espanha, no último mês de abril e discutiu as novidades sobre o transtorno. A neuropediatra, Dra. Andrea Weinmann participou do evento que contou com especialistas em TDAH de várias partes do mundo, incluindo do Brasil.


TDAH x Tecnologia
 
O estudo foi uma revisão da literatura e confirmou que as crianças com TDAH apresentam dificuldades para limitar e monitorar o uso das tecnologias. Quando comparadas a crianças sem o transtorno, elas tendem a passar mais tempo jogando, por exemplo.

“Essa falta de limites está relacionada às próprias características do TDAH, como dificuldade de gerenciar o tempo, dificuldade de se organizar, de priorizar as atividades, assim como dificuldade para regular a impulsividade. Outra revelação importante é que o uso excessivo da tecnologia também afeta o rendimento escolar, principalmente nas crianças que passam mais de uma hora por dia jogando”, comenta Dra. Andrea.

O tempo também foi avaliado. Os efeitos na saúde mental e nas funções cognitivas estão ligados à quantidade de horas de uso de jogos ou de outras tecnologias. As crianças que jogaram 96 minutos ou mais por dia foram as que apresentaram os piores desempenhos e agravamento dos sintomas do TDAH.  


Sono também é afetado
 
A privação do sono é um problema enfrentado por muitos pais, principalmente de crianças mais velhas e de adolescentes, sendo a tecnologia é uma das principais causas para o déficit do sono nesta população.

Segundo Dra. Andrea, crianças com TDAH que dormem mal ou dormem pouco poderão apresentar piora dos sintomas de atenção, com importantes déficits na memória e na capacidade de aprendizagem, o que afeta diretamente o desempenho escolar.  


Monitoramento pelos pais é fundamental
 
Outro fator que apareceu no estudo é o local de acesso à tecnologia. “As crianças que possuem vídeo games, televisão e acesso à internet no quarto são as que costumam ficar mais tempo usando a tecnologia, já que têm menos supervisão dos pais”, explica Dra. Andrea. Por isso, a dica é retirar todos os equipamentos do quarto e monitorar de perto o tempo que a criança gasta vendo TV, jogando vídeo game ou usando a internet.

Além da supervisão dos pais, os especialistas recomendam que crianças abaixo de dois anos não devem ser expostas a smartphones, celulares ou televisão. Acima desta idade, o uso deve ser limitado a uma hora por dia e supervisionado.

“A criança copia o comportamento da família. Portanto, todos devem se comprometer a reduzir o uso dos dispositivos, principalmente antes de dormir e nas horas das refeições. Como não é possível proibir totalmente, é preciso equilibrar o tempo gasto em celulares, internet e games", diz a médica.

O ideal, segundo Dra. Andrea, é procurar participar desse uso de alguma maneira, ver junto, jogar junto, etc. Isso vale para todas as crianças e adolescentes, mas é preciso lembrar que aquelas com TDAH devem ter ainda mais supervisão por parte dos pais, já que são mais suscetíveis aos efeitos negativos da tecnologia.


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