Brasileiro
ainda acredita que fumar poucos cigarros não acarreta risco de desenvolver
câncer e não realiza exames preventivos
A
Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) e a Associação Médica
Brasileira (AMB) lançam um alerta nacional para um cenário preocupante no País:
o mau comportamento de muitos brasileiros em relação ao risco representado pelo
cigarro. Em celebração ao Dia Mundial Sem Tabaco, 31 de maio, as duas entidades
se uniram para promover o conhecimento e mudança de atitude do brasileiro com
respeito ao tabagismo, que possui relação com os tumores de pulmão, cavidade
oral, laringe, esôfago, estômago, bexiga, colo do útero e leucemias.
Apesar
das campanhas de conscientização para os danos causados pelo hábito terem
gerado avanços no nível de conhecimento e atitude dos brasileiros, ainda há
mitos e lacunas que continuam a habitar o imaginário popular. Um dos mais
perigosos se refere a um suposto limite seguro de cigarros que poderiam ser
consumidos sem acarretar risco de desenvolver câncer: 21% dos brasileiros
acreditam nisso, em maior ou menor grau, de acordo com dados da pesquisa
proprietária da SBOC “Os brasileiros e o câncer: entendimentos e atitudes”.
A
crença equivocada vai na contramão de outros dados positivos identificados pelo
levantamento. O cigarro é, por exemplo, o fator causador de câncer mais
lembrado pelos brasileiros, sendo citado por nove em cada dez (93%). Um
percentual similar da população (91%) também afirma que evitar o fumo é um
passo importante a ser tomado para não desenvolver qualquer forma de câncer.
“Não
há como negar que tivemos avanços significativos na conscientização da
população quanto aos riscos que o tabaco traz ao organismo. Segundo os dados da
pesquisa da SBOC, dos 30% que têm ou tiveram contato com cigarro, um pouco mais
da metade (16%) já deixou de fumar. Entretanto, como o mito do limite seguro
para o uso do tabaco mostra, há ainda muito espaço para melhoria. Dois dos
principais centros do país, por exemplo, possuem uma taxa elevada de fumantes: cerca
de um quarto dos habitantes de São Paulo (26%) e Rio de Janeiro (24%) mantém o
hábito”, afirma Sergio D. Simon, Presidente da SBOC.
Outro
sinal de alerta se refere à quantidade de cigarros que os brasileiros consomem
diariamente. Dos 30% que afirmaram já ter tido contato direto com o fumo –
sejam ex-fumantes ou fumantes –, mais da metade (54%) consome entre dez
cigarros e mais de dois maços por dia. Além disso, seis em cada dez brasileiros
que fumam ou já fumaram mantêm o hábito entre 10 e mais de 30 anos.
“O
tabagismo é a principal causa de mortes evitáveis no mundo e tem uma relação
especial com o câncer, sendo responsável por cerca 30% dos falecimentos
relacionados à doença. Os danos causados pelo tabaco são cumulativos, logo, o
contato prolongado com a substância é extremamente prejudicial à saúde – ainda
mais em quantidades significativas. Fumantes têm 20 vezes mais chances de
desenvolver a doença no pulmão, dez vezes mais na laringe e de duas a cinco
vezes mais no esôfago. O tema foi amplamente abordado em reunião de
fevereiro/2018 do Conselho Científico da AMB e retratado no último Jornal da
AMB (JAMB), para levar informações aos associados, disponibilizando em seu site
as apresentações realizadas no encontro”, ressalta Lincoln Lopes Ferreira,
Presidente da Associação Médica Brasileira (AMB).
Para
piorar a situação, os brasileiros que ainda fumam tendem a manter outros
comportamentos prejudiciais acima da média do restante da população. Segundo a
pesquisa proprietária da SBOC, um em cada três fumantes (32%) não realiza
qualquer exame preventivo (a média nacional é 24%) e 10% não se preocupam com
produtos ou situações que podem favorecer o surgimento de um câncer – dobro da
média nacional, que é 5%. Além disso, quem é fumante acredita muito menos na
cura da doença: 32% contra a média de 20% dos brasileiros como um todo.
“É
extremamente preocupante ver que os fumantes, uma parte da população que se
expõe muito ao risco de desenvolver câncer, se preocupam tão pouco em fazer
exames, o que aumenta muito as chances de um diagnóstico tardio. E o fato
desses brasileiros não acreditarem na cura da doença também liga o alerta
vermelho, por poder gerar um comportamento contrário aos tratamentos – que,
segundo suas crenças, não trariam resultado. É essencial que redobremos nossos
esforços de conscientização para que a população que ainda fuma entenda a
extensão dos riscos corridos toda vez que um cigarro é colocado na boca e
compreenda a importância dos exames preventivos para o diagnóstico precoce, que
melhora muito as chances de cura”, alerta Sergio D. Simon.
SOBRE A SBOC -
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ONCOLOGIA CLÍNICA
A
Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) é a entidade nacional que
representa mais de 1,5 mil especialistas em oncologia clínica distribuídos
pelos 26 Estados brasileiros e o Distrito Federal. Fundada em 1981, a SBOC tem
como objetivo fortalecer a prática médica da Oncologia Clínica no Brasil, de
modo a contribuir afirmativamente para a saúde da população brasileira. Desde
novembro de 2017, é presidida pelo médico oncologista Sérgio D. Simon, eleito
para o biênio 2017/2019.
SOBRE
A AMB – ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA
A Associação Médica Brasileira é uma
sociedade sem fins lucrativos, fundada em 26 de janeiro de 1951, cuja missão é
defender a dignidade profissional do médico e a assistência de qualidade à
saúde da população brasileira. A entidade, presidida atualmente por Lincoln
Lopes Ferreira, possui 27 Associações Médicas Estaduais às quais são ligadas
Associações Regionais. Compõem o seu Conselho Científico Sociedades de
Especialidade que representam as especialidades reconhecidas no Brasil.