Dormir pouco ou mal com frequência pode trazer uma série
de problemas à saúde em longo prazo, causando transtornos cognitivos
(atividades relacionadas à memória, aprendizado, linguagem, cálculos) e
alterações do humor, como nervosismo e irritabilidade. "Entre os
principais sintomas da má qualidade de sono estão à sonolência diurna ou a
facilidade para ficar sonolento durante pausas da atividade principal ou quando
está submetido a situações mais tediosas, como aulas ou palestras" pontua
Dr. Edson Issamu, neurologista na Rede de Hospitais São Camilo de SP.
A quantidade ideal de sono REM (conhecido como o período
de sono profundo e reparador) é relativa a diversos fatores e necessidade de
cada pessoa, pois é preciso considerar o desgaste que ela sofreu durante o
período de vigília, e o hábito de sono, que é moldado desde seus
primeiros momentos de vida "Existem indivíduos que precisam de muitas
horas de sono e de dias seguidos para se recuperar, em contraposição a outras
que em poucas horas de sono já conseguem adquirir a reparação necessária
para retornar às suas atividades normais" analisa Issamu.
No entanto, o cochilo de 20 a 40 minutos costuma ser uma
prática benéfica às pessoas em geral. Estudos mostram que alguns minutos de
interrupção na atividade, possibilitando até um breve período de sono, melhora
a produtividade e mantem a pessoa mais equilibrada por mais tempo revela o
neurologista "Em alguns países da Europa isto já é praticado,
curiosamente, a tal sesta espanhola não seria apenas um aspecto folclórico
local, mas sim uma importante ferramenta fisiológica para melhorar e equilibrar
a atividade humana".
Notívagos
Pessoas que apresentam melhor desempenho produtivo à noite
e de madrugada podem apresentar transtornos cognitivos e emocionais mais
severos em longo prazo, pois a atividade noturna é uma situação forçada,
não fisiológica.
Por outro lado, existem pessoas que se adaptam
perfeitamente à vida e trabalho noturno sem desenvolver nenhuma perturbação
neurológica ou clínica. Tendo um desempenho produtivo maior, já que o número de
interferências externas que produzem distrações é bem menor, conseguem focar
mais, melhorando o seu desempenho. "Para não haver mais desequilíbrio, a
pessoa deve procurar dormir durante o dia o mesmo número de horas que iria
dormir se dormisse à noite" aconselha Dr Edson.
Em casos de má qualidade de sono é indicado procurar
neurologistas clínicos, pneumologistas e otorrinolaringologistas,
especializados em questões do sono.
Confira quais hábitos geram problemas no sono:
- Excesso de atividade cerebral nas horas que
antecedem seu horário habitual de sono, como continuar trabalhando mesmo em
casa.
- Assistir no período noturno,
presencialmente ou pela televisão, atividades que liberam muita adrenalina, como
os jogos de futebol do seu time favorito.
- Realização de atividade física neste
horário.
- Ingestão de bebidas alcoólicas ou que
contenham estimulantes como a cafeína.
- Ingestão de alimentos ricos em
tecidos gordurosos e temperados, de difícil digestão.
- Dormir em ambientes com algum tipo de
iluminação.
- Levar para a cama telefone celulares,
tablets e laptops nos momentos que antecedem o sono. Atualmente é um
grande fator de desequilíbrio para que se consiga um sono rápido e agradável.
- Dormir em ambientes com ruídos, como
televisão ou rádio, mesmo que seja com música lenta e contemplativa.
- Desenvolver conversas ou contatos com
alto teor explosivo, como desavenças familiares ou financeiras com seus
parceiros comerciais no período próximo ao sono.
- Uso de medicações inadequadas, como os
benzodiazepínicos que não são indutores do sono e sim ansiolíticos, mas que
carregam como efeito adverso a própria eficácia e diminuição do sono REM.