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quinta-feira, 26 de abril de 2018

Suicídio de jovens no Brasil ? Uma questão que deve ser tratada com cuidado!



A morte prematura de adolescentes abalou, pela terceira vez neste ano, a comunidade escolar da Grande São Paulo. Somente em abril, três casos de suicídio chocaram pais, professores e alunos de dois colégios renomados da rede privada de ensino da capital paulista. Além de provocarem comoção nas redes sociais, os casos levantam um tema que precisa ser discutido mais a fundo dentro e fora do ambiente escolar: o suicídio na adolescência.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a taxa de suicídio da população entre 15 e 29 anos aumentou quase 10% no Brasil, entre 2002 e 2014. O número equivale a 5,6 casos a cada 100 mil habitantes. Pesquisa inédita feita em 2017 pelo Ministério da Saúde revela que o suicídio é a quarta maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos.

Para entender mais a fundo o drama do suicídio entre jovens, conversamos com a Neuropsicóloga Adriana Fóz, Diretora Clínica da Unidade Integrativa do Hospital Santa Mônica. Veja o que ela tem a dizer sobre o suicídio na adolescência:


A primeira reação ao recebermos notícias de suicídio entre jovens é sempre o choque, mas esses casos vêm se tornando cada vez mais comuns. A que se deve esse aumento?

Em primeiro lugar, precisamos entender a prevalência desses casos no Brasil e no mundo. No Brasil, os casos de suicídio são mais comuns entre a população de baixa renda, muitas vezes devido à falta de dinheiro. O suicídio entre índios e idosos também é mais comum.

Então, temos sempre que ver as coisas com responsabilidade. Não trata-se de uma epidemia, o que chama a atenção é que estão aumentando, sim, os casos de suicídio na adolescência e na primeira fase adulta. Só que essa não é a maior prevalência entre suicídios no Brasil. Esse é um dado que precisa ser levado em conta. Esse é um dado que precisa ser levado em conta para que pais e escolas não entrem em ?pânico?.


Como identificar tendências suicidas entre adolescentes?

O primeiro passo é ver se o jovem está muito isolado. Não permitir que ele fique sempre trancado dentro do quarto. Ele pode ter a privacidade dele, mas de vez em quando os pais devem ter acesso a esse quarto (o quarto é dele, mas a casa é dos pais). Não é que ele vai abrir o diário desse jovem. Mas é entrar no quarto, conversar, ver com quem ele está falando, perceber suas reação. 

Conectar-se com seu filho(a).

O segundo passo é ver com quem esse jovem está andando, quais são seus interesses, se eles são mais ?escuros?, voltados para atividades muito tristes, violentas ou de isolamento, por exemplo. É importante não estigmatizar, tipo: aquele que só usa preto pode ser um candidato. Estar atento para os sinais,  para a relação com coisas depressivas: vestir apenas preto, não tomar sol, ficar sempre escondido em um capuz, apresentar-se constantemente irritadiço.
Também é importante se atentar para coisas que fogem ao comportamento comum. Não quer dizer que todos os sinais alertam para um problema. Mas tudo que foge ao comum chama atenção.

E não precisa necessariamente chamar atenção para aquele que vai anunciar a sua morte. Existem jovens que falam: ?eu vou me matar?, e nós da Ciência da Saúde nunca devemos menosprezá-los.  Mas também devemos ficar atentos àqueles que estão quietinhos. Àqueles que você fala ?nossa, que bonzinho?, ?ele faz tudo direitinho, não dá trabalho, fica quietinho na classe, não aborrece ninguém?. Esse jovem também precisa de atenção.

São alguns sinais que a gente vê que são diferentes. Isso não significa que eles podem levar ao suicídio, mas são indicativos que demandam atenção. E é esse o papel da escola e dos pais.

E se houver dúvida, depois de conferir com a escola, leve a um psiquiatra. Um profissional competente vai conversar, tirar algumas dúvidas. 

Independentemente desse jovem apresentar o quadro suicida ou não, é sempre bom ter informação e afeto. Mostrar que está sempre próximo para poder ouvir. Os jovens precisam ser ouvidos, com o coração e inteligência.


Que postura as escolas devem adotar diante de casos como esses?

As famílias, as escolas e a comunidade precisam se unir em prol de tratar esse assunto com responsabilidade e com competência. O que significa isso? Significa que é preciso haver mais espaço de discussão.

Esse assunto precisa ser abordado, mas em uma discussão sem medo. A maior preocupação que tenho agora não é nem com as escolas, porque elas vão buscar profissionais para fazerem rodas de conversa, para orientar seus funcionários e alunos.

A minha preocupação é com os pais. Porque eles não têm tanta informação, e hoje já ficam à mercê dos seus filhos. Já dizem ?amém? quando o filho fica 5 minutos com eles.

Eu tenho preocupação com esses pais que vão temer que seus filhos, por qualquer motivo, vivam uma situação como essa. São esses que a gente precisa dar muita informação e orientação.


Mas como os pais devem tratar do tema no ambiente familiar?

É importante que eles procurem informações relevantes e que eles não fiquem à mercê de fofocas. É preciso entender o que de fato está acontecendo. Cada jovem é um jovem, não dá para generalizar.  Mesmo esses dois casos, na mesma escola, não foram motivados pelos mesmos fatores. Então, é preciso cautela.

Pais devem entender que o jovem precisa ter mais espaço, e isso não significa necessariamente ser mimado. Estou falando de espaço de comunicação, de perguntas e respostas, de maior autonomia. E autonomia se constrói com limite, com responsabilidade.

É importante ainda que a família incentive que o filho tenha sempre um adulto de referência, que pode ser um tio, uma tia, um irmão mais velho que seja bacana, um professor. Isso é muito importante. Porque às vezes, por mais que eles sejam bons pais, é da natureza do adolescente manter-se mais distante dessa figura paterna.

E isso não quer dizer que o pai está errado, que ele é careta. Se é possível incentivar uma relação mais estreita com outra pessoa com quem esse jovem possa se abrir, fazer perguntas, essa é uma estratégia bem interessante.
O esporte e ter hobbies são muito importantes.


Que mudanças podem ser feitas no ambiente escolar para que casos assim não se repitam?

São duas coisas: os pais precisam ver se os filhos estão com o perfil adequado para aquela escola, se de repente ele não está sofrendo com a metodologia adotada pela instituição. E a escola também precisa rever se ela não está exigindo muito dos alunos em prol de indicadores de desempenho. É preciso se atentar para uma realidade em que de repente eles estão só estudando, mas não há uma área social, de lazer, cultura etc.

Por isso a importância das escolas se prepararem para vivencias, treinar, possibilitar a  aprendizagens socioemocionais. Isso não é uma coisa só pra enfeitar a Base Nacional Comum Curricular. Isso é realidade, é necessidade.

A gente não precisa esperar o jovem se tornar adolescente para treinarmos essas competências de ele se sentir importante, ter autogentileza, autocuidado. 

Porque o cuidado de si próprio vai distanciar esse jovem de um possível suicídio.

 E esse autocuidado vem junto da autoestima. E não é aquela autoestima em que o pai fala ?meu filho é maravilhoso, tudo dele é ótimo?. É aquela autoestima construída pelo jovem, que ele faz e conquista mediante as suas atitudes.


A pressão escolar pode interferir nesses quadros de suicídio? Que medidas devem ser tomadas nesse sentido?

Não é diminuir a exigência nos estudos. A escola pode ser exigente, mas eu acho que elas terão que rever o quanto estão exigindo dos seus jovens. Para que você vai querer que uma criança com cinco anos de idade aprenda, leia e escreva textos de filósofos? Não tem sentido. A criança de cinco anos precisa brincar com as letras, com as palavras, descobrir como ela pode filosofar. Então eu acho que isso é um grande ?chacoalhão? para que a gente repense quais são as exigências que são competentes também.

É importante que a gente fique mais próximo do que o jovem está podendo conquistar. É por isso que você exigir demais de um jovem não é bom. E exigir de menos também não é, porque assim você não tem conquista, motivação.
Se você não tem conquista positiva, se uma escola exige muito mais daquele jovem do que ele tem condição, não enxergando esse lado emocional, pode causar sofrimento. E se a família não está tão atenta às estratégias,e a escola também não, corre-se mais risco.

Com a reestruturação da Base Nacional Comum Curricular, as escolas estão vendo a necessidade dessa abordagem socioemocional. Os maiores estudiosos do assunto mostram que, hoje, a escola tem que dar menos conta do conteúdo em si, e mais de como o conteúdo chega ao jovem. Então o papel da escola está mudando muito também. E por isso sobra espaço para que eles trabalhem o socioemocional com os alunos, e isso é fundamental.

Como elementos como o bullying podem interferir nesse quadro?

Uma criança que está sempre se sentindo tolhida, menosprezada, por mais que isso não vá desenvolver uma depressão, é um sofrimento que não tem sentido. Frustração faz parte, sofrimento não. E os pais precisam estar atentos a esses sinais, eles precisam se informar da vida dos seus filhos. Mais uma vez, aqui, a comunicação e a transparência também são essenciais.




Fonte: Adriana Fóz - neuropsicóloga e Diretora Clínica da Unidade Integrativa Santa Mônica


Em 2018, o SUS completa 30 anos. Temos o que comemorar?


Criado pela Constituição “Cidadã” de 1988, a qual assegurou acesso universal ao sistema de saúde para todos os cidadãos brasileiros, imputando ao Estado o dever de promover ações que visem mitigar os riscos de doenças, bem como garantir a sua promoção, preservação e recuperação, o SUS completa esse ano suas três décadas, com grandes conquistas, mas muito a ser feito para alcançar os propósitos humanitários da Constituinte estabelecida no final da década de 80.

Teoricamente, é o maior sistema do mundo de acesso universal ao tratamento gratuito da saúde, com assistência a mais de 160 milhões de brasileiros - visto que apenas pouco mais de 40 milhões (ou 20%) se valem do sistema suplementar ou particular. O Brasil é, na verdade, o único país com mais de 100 milhões de habitantes que propicia essa assistência universal e gratuita à totalidade da população. Ao todo, em 2016, foram realizadas mais de 11,3 milhões de internações (contra 7,9 milhões do sistema privado) no País. O SUS dispõe de 336 mil leitos, enquanto o sistema privado se vale de 158 mil. O SUS realiza cerca de 2,1 milhões de partos por ano, contra 800 mil da iniciativa privada.

A expectativa de vida do brasileiro cresceu nesse período de 69,7 para 73,1 anos. A mortalidade infantil diminuiu de 53,7 para 21,17 mortos para cada mil nascidos vivos. O número de usuários atendidos pelo sistema foi ampliado dos 30 milhões iniciais para mais de 160 milhões atualmente.

Não obstante, encerramos o ano de 2017, com 904 mil pessoas na fila, aguardando por uma cirurgia. Desses, 83% estão na fila há mais de dois anos e 1,4% há mais de dez anos aguardando por algum procedimento.

Contudo, de todos os países que adotaram um sistema universal de saúde, o Brasil é o que menos investe. O Reino Unido investe 16,57% de suas riquezas em saúde pública, sendo que 83,41% de todos os investimentos no setor são públicos. O Canadá investe 18,77% de seu PIB, bancando 70,9% de todos os gastos no setor. A Suécia banca 84,03% dos gastos totais em saúde, com um investimento correspondente a 19,03% do seu PIB. A França investe 15,69% do PIB, bancando 78,21% dos gastos com a saúde da população. No Brasil, essa relação é vergonhosa. O Estado brasileiro investe apenas 6,7% do PIB em saúde, bancando apenas 44,25% dos gastos em saúde pública.

No orçamento de 2018, a União reservou R$ 119,2 bilhões para a saúde, o que representa um investimento de míseros R$ 573,90 por ano por habitante, ou seja, R$ 1,57 por dia. Comparativamente, o Reino Unido gasta 3.600,00 libras por habitante anualmente. A Austrália, por exemplo, investe US$ 4,5 mil dólares. Até a nossa pobre vizinha, a Argentina, investe US$ 995 anualmente para cada habitante.

Não bastasse um investimento muito aquém do mínimo necessário, o Brasil ainda investe mal. Cerca de 35% do total dos investimentos são desperdiçados nos drenos da corrupção, do superfaturamento, do desperdício e do uso inadequado dos insumos e medicamentos.

Como se vê, não há muito que ser comemorado nessas três décadas. Precisamos, sim, rever os investimentos para garantir real acesso universal à saúde a todos os indivíduos brasileiros.




Raul Canal - Advogado, presidente da Anadem (Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética), da Asbraf (Associação Brasileira de Franqueados), da AAAPV (Agência de Autorregulamentação das Associações de Proteção Veicular e Patrimonial), do Supremo Conselho Internacional Acadêmico da ALACH (Academia Latino-Americana de Ciências Humanas) e autor das obras "O pensamento jurisprudencial brasileiro no terceiro milênio sobre erro médico" e "Erro médico e judicialização da medicina".


Uso indevido de colírios para conjuntivite pode causar doenças sérias


Além de piorar a infecção, automedicação pode gerar risco de desenvolver glaucoma, arritmias cardíacas, hipertensão, catarata e hiperglicemia


No outono, é normal que a temperatura vá diminuindo. Em paralelo, há uma tendência de queda da umidade do ar e maior concentração de pessoas em ambientes fechados. Estes fenômenos, juntos, contribuem para a propagação de diversas doenças oculares, entre elas a conjuntivite – inflamação da conjuntiva, membrana que reveste a parte externa do globo ocular.

De acordo com a Dra. Mayra Leite, oftalmologista do H.Olhos – Hospital de Olhos, em caso de suspeita da doença é fundamental procurar um oftalmologista, que fará o diagnóstico correto e indicará o procedimento apropriado. A falta de tratamento ou o uso inadequado de medicamentos pode ter consequências sérias.

“Na conjuntivite, é muito comum os casos de automedicação com colírios, o que é muito arriscado, já que alguns podem retardar o tratamento e até causar consequências maléficas à saúde ocular”, adverte a médica. “A utilização incorreta pode prolongar o processo infeccioso e ainda resultar em glaucoma, dilatação pupilar, vermelhidão dos olhos, arritmias cardíacas, hipertensão, catarata e hiperglicemia.”

Somente nos três primeiros meses de 2018, a patologia registrou mais de 17 mil casos atendidos pelo H.Olhos. Segundo a especialista, há dois tipos mais frequentes da doença. Uma delas é a conjuntivite alérgica, causada por alérgenos (substâncias que provocam alergias), como poeira, poluição, pelos de animais, entre outros. Ao entrarem em contato com os olhos desencadeiam uma cascata de reações imunológicas que levam aos sintomas inflamatórios.

Já as virais vêm do contato com objetos pessoais contaminados, como maquiagens, toalhas, fronhas e lenços, e superfícies infectadas de uso comum, como maçanetas e corrimãos.


Colírios também são remédios

A orientação médica para o uso de remédios é essencial, e com os colírios não é diferente.

A Dra. Mayra Leite explica que os colírios frequentemente utilizados na conjuntivite viral são as lágrimas artificiais, de preferência sem conservantes, de quatro a oito vezes ao dia. Em caso de coceira intensa, também podem ser administrados anti-histamínicos. É esperado que os sintomas desapareçam entre sete e dez dias.

Em algumas pessoas podem surgir complicações, como as pseudomembranas, que devem ser removidas, e os infiltrados epiteliais. Para ambos, é indicado o uso de corticoides tópicos de duas a quatro vezes ao dia.

“No geral, o tratamento é realizado com colírios para alívio dos sintomas, apenas para tirar o desconforto dos pacientes. Mas em casos mais sérios outros medicamentos devem ser utilizados, por isso o diagnóstico profissional é imprescindível”, esclarece.

Para as conjuntivites alérgicas, é necessário evitar contato com o alérgeno (poeira, pólen, pelos de animais, fumaça, poluição etc.) e usar medicamento específico prescrito por um especialista, que vai depender de cada caso.

Para todas as situações, são recomendadas medidas para o alívio dos sintomas, como compressas frias e colírios lubrificantes. O uso de lentes de contato deve ser suspenso.


Prevenção, sempre!

Geralmente, o melhor remédio é a prevenção. No caso da conjuntivite, há algumas dicas para se proteger.
 
  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabão;
  • Evitar contato com os olhos sem higienizar as mãos;
  • Evitar uso de maquiagem de outras pessoas nos olhos;
  • Nunca usar lentes de contato de outras pessoas;
  • Nunca usar colírios utilizados anteriormente por pessoa com conjuntivite;
  • Não levar crianças com conjuntivite para o berçário ou à escola até que o quadro tenha se resolvido;
  • Utilizar apenas produtos descartáveis para limpeza dos olhos acometidos pela doença;
  • Lavar regularmente lençóis, fronhas e toalhas.



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