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segunda-feira, 16 de abril de 2018

Dê ouvidos à sua voz


 Cuidado e atenção em ações e hábitos do cotidiano podem fazer toda diferença


O que você mais lê na internet e revistas são dicas de como cuidar fisicamente do seu corpo e manter um estilo de vida saudável. Mas já leu algo sobre cuidados com a voz? Muitas vezes, a devida atenção que ela merece é relegada. Por isso, no Dia Mundial da Voz (16 de abril), o médico especialista em Otorrinolaringologia Domingos Tsuji e a fonoaudióloga Bruna Rainho Rocha, do Hospital Paulista, aproveitam para conscientizar o leitor sobre a importância dos cuidados com a voz e dão dicas de como aproveitar ao máximo seu potencial vocal.

Tudo que envolve sua fala revela quem você é, inclusive a sua voz. Através dela as pessoas reconhecem até seu estado físico e emocional. “Quem já não reconheceu se um amigo estava triste ou feliz por um simples ‘oi’ ao telefone?”, indaga Bruna. “Vozes mais finas podem transmitir delicadeza ou infantilidade, enquanto vozes mais graves estão relacionadas à autoridade, por exemplo.”, exemplifica a fonoaudióloga.

Há muitas formas de cuidar da voz. Uma delas é pela alimentação e ingestão de água. O líquido auxilia na hidratação da laringe e na lubrificação das cordas vocais, o que diminui os riscos de lesão ou sobrecarga nessas estruturas.

Já uma alimentação saudável ajuda a prevenir o refluxo, que é prejudicial à laringe e às cordas vocais. Um exemplo é a maçã, como explica o Prof. Dr. Domingos Tsuji: “a maçã é uma ótima aliada da voz pelo seu efeito adstringente sobre o trato vocal”. Já a fonoaudióloga do Hospital Paulista dá dicas de alimentos que devem ser evitados em determinadas ocasiões: “Se você tem uma apresentação ou palestra, por exemplo, evite achocolatados e derivados de leite, pois eles aumentam a produção de saliva e dificultam a emissão”.

Outros cuidados que devem ser adotados no dia a dia são evitar o consumo de bebidas alcoólicas e de cigarro. O álcool tem efeito analgésico, fazendo com que você cometa abusos vocais sem perceber. O tabagismo, por sua vez, é altamente prejudicial à saúde, sendo responsável, em grande parte, pelos cânceres que atingem órgãos fundamentais para a voz.

Além dos cuidados com a alimentação também é necessária atenção aos hábitos do cotidiano que, muitas vezes, passam despercebidos. Ações como gritar e não aquecer a voz antes do seu uso prolongado devem ser evitadas, como alerta a fonoaudióloga Bruna: “O impacto causado por um grito pode lesionar as cordas vocais, assim como a alta demanda vocal sem preparo. Gosto de pensar no uso da voz como um esporte: um jogador sempre se aquece antes de uma partida e se prepara com exercícios específicos. Devemos fazer o mesmo com a nossa voz”.

Apesar de todas as dicas, alguns deslizes podem ser cometidos, mas não se desespere e tenha atenção. “Fique atento à sua voz e, caso tenha alguma alteração que não melhore completamente em três semanas, procure um otorrinolaringologista para ver o que está ocorrendo. Quando detectado no início, até mesmo o câncer das pregas vocais pode ser facilmente trado”, finaliza Domingos Tsuji, especialista em otorrinolaringologia do Hospital Paulista.


Pacientes com câncer podem ter filhos biológicos?


Mais de 80% das mulheres diagnosticadas com câncer, em idade reprodutiva, se preocupam e buscam informações de como preservar sua fertilidade. Mas segundo estudos 30% não são informadas apropriadamente de como proceder. 

Atualmente, para essas pacientes o sonho da maternidade pode ser alcançado por meio da criopreservação de óvulos, que é a técnica mais estudada ou através da criopreservação de tecido do córtex ovariano, ainda considerada experimental, mas com bons resultados reportados.

O aconselhamento deve ser individualizado e de acordo com múltiplas variáveis como o risco de falência ovariana, a reserva ovariana, idade, prognóstico da paciente, tipo de medicamento ou tratamento a ser prescrito (tipo de quimioterápico) e tempo disponível sem prejudicar o tratamento proposto. A criopreservação deve ser realizada antes dos tratamentos de quimioterapia e radioterapia.

Uma vez calculado o risco da infertilidade temporária ou permanente, o procedimento deve ser indicado e acompanhado em conjunto pelo médico oncologista e o especialista em medicina reprodutiva. 

Dra Carla Iaconelli, referência em reprodução humana no Brasil, nos explica melhor sobre essa técnica e como funciona em cada pessoa:

“Existem dois métodos de congelamento de óvulos que são mais utilizados, o congelamento lento ou a vitrificação. O primeiro processo diminui aos poucos a temperatura do óvulo depois de incluir uma substância que impede o surgimento de cristais de gelo, esse procedimento é importante, pois os cristais podem romper os óvulos. O congelamento lento é ineficaz e foi abandonado da prática pela imensa perda de óvulos após o descongelamento. Na vitrificação o congelamento acontece de forma rápida, o óvulo é congelado de forma abrupta, indo a -196°C em alguns segundos evitando que sejam formados cristais, desta forma temos aproximadamente 90% de recuperação dos óvulos descongelados”, explica. 

De acordo com a especialista, o procedimento é realizado após estímulo ovariano por 11 ou 12 dias com hormônios iguais aos utilizados para fertilização in vitro (FIV), mas com protocolos específicos para essas pacientes; seguido de punção dos ovários sob anestesia. Os óvulos maduros são congelados e guardados até que a paciente encerre o tratamento contra o câncer.

 “Pode ser realizada a criopreservação de tecido ovariano, que também tem que ser feito antes da quimioterapia. Consiste em coletar fragmentos desse órgão por cirurgia,  para um transplante futuro. Essa técnica é ofertada quando a paciente é pré-pubere ou não há tempo suficiente para o estímulo ovariano. Atualmente, há relatados 75 casos de nascimentos por meio dessa técnica. Uma vantagem é que não é necessário fazer FIV para tentar engravidar, e se precisar realizar Fertilização in Vitro poderá fazer sem prejuízo dos transplantes”.

Um estudo recém-publicado pela revista Fertility and Sterility reportou taxa de sobrevida dos óvulos descongelados de 77,3%, com 32,6% de taxa de nascidos vivos após uso dos óvulos descongelados, que, segundo os autores foi menor que taxa de nascidos vivos usando o mesmo método para mulheres sem câncer que pretendiam apenas preservar a fertilidade, que foi de 50% (todas com menos de 36 anos na época do congelamento), sugerindo que apenas o fato de ter o diagnóstico de câncer já afetaria a qualidade dos óvulos antes mesmo da quimioterapia. Neste mesmo estudo, verificaram que a taxa de nascidos vivos após transplante de córtex de ovário foi de 18,2%, e metade destas conceberam de forma natural, sem precisar de FIV.  

“Há também a possibilidade de cirurgia para elevação dos ovários, no caso de pacientes que serão submetidas à radioterapia, com a meta de desviar os ovários dos raios quando o tratamento estiver previsto para a pelve da paciente. É importante que nós médicos informemos adequadamente sobre as possibilidades de preservação de fertilidade, mesmo em pré-púberes e mulheres com mais de 35 anos, mostrando os dados disponíveis até o momento e as técnicas para que elas possam decidir em curto espaço de tempo entre o diagnóstico do câncer e o início do tratamento qual seria a melhor opção para elas. Esse é mais um dos desafios que enfrentamos ao nos depararmos com esta doença”, finaliza a doutora. 


Dia da Tontura: as doenças do ouvido respondem por pelo menos 50% dos casos

No próximo domingo, 22 de abril, é o Dia da Tontura. Cerca de 50% dos casos da tontura estão relacionados a doenças de ouvido e outros 40% a doenças neurológicas. Enxaqueca, diabetes, doenças da tireoide, colesterol alto, infecções de ouvido ou do nervo do labirinto, osteoporose, TPM (tensão Pré-menstrual), climatério e AVC (acidente vascular cerebral) são as causas mais frequentes. Segundo estudo epidemiológico populacional com questionários de campo aplicados por meio de entrevistas em domicílio na cidade de São Paulo, estabeleceu-se que a prevalência de tontura é de 42% (Bittar RS, Oiticica J, Bottino MA, Ganança FF, Dimitrov R. Population epidemiological study on the prevalence of dizziness in the city of São Paulo. Braz J Otorhinolaryngol. 2013 Nov-Dec;79(6):688-98. doi: 10.5935/1808-8694.20130127).

A tontura de origem vestibular ocorre em 8,3% dos casos da população brasileira. O estudo é do Setor de Otoneurologia do Departamento de Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, que conta com a participação da Dra. Jeanne Oiticica como médica assistente.


Sintomas - Mais frequente em idosos, a tontura preocupa os especialistas, principalmente por elevar, significantemente, o risco de quedas, evento mais comum de mortes em pessoas nesta faixa etária.

De acordo com a médica otorrinolaringologista, Dra. Jeanne Oiticica, especialista em Otoneurologia (que trata zumbido, tontura e surdez), a tontura também é mais preocupante a depender dos sintomas associados. A presença de dificuldade na marcha, falta de coordenação e desequilíbrio, dificuldade para falar ou escutar, formigamento, dormência ou paralisia na face (em geral de um lado só), escurecimento da visão ou visão borrada pode indicar comprometimento do sistema nervoso central. No caso de dor de cabeça súbita acompanhada de náuseas, vômitos e vertigem o derrame ou acidente vascular cerebral (AVC) precisa necessariamente ser descartado.

“A tontura deve sempre ser investigada. Pode ser uma coisa simples e de fácil resolução. Entretanto, independentemente do motivo, quando mais cedo se procura ajuda maiores serão as chances de recuperação rápida, e menor será a probabilidade de sequelas, do problema se tornar crônico, persistente e duradouro”, alerta.

A médica explica também que, ao contrário do que muitos pacientes imaginam, a tontura nem sempre está relacionada à labirintite. “A labirintite era bem mais frequente no passado, pela elevada incidência e prevalência de infecção de ouvido, cujas toxinas muitas vezes progrediam e acometiam o labirinto. Hoje em dia, com a evolução em pesquisas científicas e o surgimento dos antibióticos de última geração, este quadro clínico é bem menos visto na prática clínica corriqueira. Portanto, o termo mais correto a ser usado na atual realidade é Labirintopatia”, esclarece.


Prevenção

Alguns hábitos do dia a dia podem contribuir para evitar o aparecimento da tontura, tais como: alimentação saudável, não fumar, evitar álcool, fazer atividade física regularmente, evitar privação do sono ou despertares por meio de uma boa higiene do sono (usar roupas confortáveis, ler, ouvir música, etc...antes de dormir, adotar travesseiro e colchão confortáveis), não usar drogas, ingerir bastante água, evitar vícios posturais, não usar medicamentos sem prescrição médica, não fazer jejum prolongado, evitar alimentos industrializados que contêm excesso de sal, açúcar, gorduras trans e carboidratos de rápida absorção, fazer check-up regularmente.




Dra. Jeanne Oiticica - Médica otorrinolaringologista concursada do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Orientadora do Programa de Pós-Graduação Senso-Stricto da Disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da USP.Chefe do Grupo de Pesquisa em Zumbido do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Professora Colaboradora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Chefe do Laboratório de Investigação Médica em Otorrinolaringologia (LIM-32) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Responsável pelo Ambulatório de Surdez Súbita do hospital das Clínicas – São Paulo.


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