O perfeccionista é um profissional com insistência
em estabelecer padrões altos em tudo o que faz. Em entrevistas de emprego, é
muito comum os candidatos se autodenominarem perfeccionistas, com a crença de
ser um defeito “menos pior” ou até uma qualidade.
Porém, essa característica não é tão inofensiva
quanto parece. Segundo a coach com certificação internacional em Positive
Psychology Coaching e fundadora da Academia de Coaching Integrativo, Rebeca
Toyama, o perfeccionista é mais propenso a sofrer com consequências como
doenças crônicas e insatisfação pessoal. “Muitos profissionais vêm a mim com
crises de ansiedade, irritabilidade com os colegas, exaustão e outros sintomas.
Após algumas sessões, percebo que o perfeccionismo passou do limite saudável.”,
relata a coach.
De acordo com um estudo sobre desempenho com 1,2
mil professores de psicologia, publicado no Canadian Journal of Behavioural
Science, aqueles que lutam pela perfeição e buscam atingir metas irrealistas
produzem menos trabalhos acadêmicos e são menos citados em teses.
O perfeccionismo pode desencadear doenças
psicológicas como depressão, Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), Síndrome do
Impostor (quando o profissional se sente inadequado, uma fraude) e,
principalmente, ansiedade. Essa última vem assombrando a atualidade, dados da
Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que 30% da população mundial e cerca
de 9,3% dos brasileiros apresentam os sintomas da patologia.
Apesar de atingir todas as idades, a faixa etária
que mais sofre com o transtorno (15%) são adultos com mais de 25 anos, a idade
que as responsabilidades como o trabalho e contas se tornam maiores.
Rebeca relata que esse perfeccionismo gera
insegurança, quando mesmo possuindo um trabalho impecável, por exemplo, o
profissional acredita que não está bom o suficiente e se auto sabota.
“Recentemente fui procurada por uma moça que estava
quase desistindo do seu sonho por não conseguir clientes e, segundo ela, todo
problema estava no fechamento. O que intrigava era que, no histórico profissional,
ela possuía experiência em instituições financeiras e até havia recebido
prêmios por sua performance em vendas. Então fiz a seguinte pergunta: Você
acredita que tem capacidade para entregar o serviço que está ofertando
atualmente? A questão não era competência, paixão ou propósito, e sim
autoconfiança.”, relata.
Por isso, Rebeca conta como perceber se o
perfeccionismo é uma característica que te impulsiona, ou algo que prejudica
seu desempenho pessoal e profissional:
Saudável:
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Não saudável:
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No mundo capitalista, que visa o lucro
acima de tudo, o profissional que possui objetivos perfeitos é ideal. “Não é
à toa que a sociedade atual busca cada vez mais o profissional
perfeccionista. Ele está sempre atento aos detalhes, possui uma qualidade e competência
acima da média e não costuma se incomodar em trabalhar algumas horas a mais
para alcançar esse resultado.”, explica Rebeca.
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Por outro lado, o perfeccionismo pode muito
facilmente cair para uma doença crônica, com a busca de uma perfeição que é
impossível de ser alcançada. “Somos frequentemente levados a acreditar que
trabalhar até a exaustão é louvável, que a diversão e até o descanso são
dispensáveis quando se quer alcançar um objetivo. Mas é aí que mora o perigo,
pois humanos não são perfeitos.”
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O profissional que possui essa
característica de forma saudável estipula objetivos, procura desafios e busca
aprendizado. Essa visão o impulsiona a sempre procurar aperfeiçoamento, no
trabalho, nos estudos e até na vida pessoal.
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O perfeccionista não saudável acaba se
isolando dos amigos e dos familiares, “o que o deixa ainda mais propenso a
adquirir ansiedade e até depressão”, alerta Rebeca. O medo da rejeição por
não ser “bom o bastante” pode prejudicar as relações pessoais, e, pior que
isso, o perfeccionista pode exigir o mesmo do parceiro.
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Não só para si mesmo, o perfeccionista
também é exigente com outros, tanto como líder de equipe, quanto colega de
trabalho e até subordinado. “Será o grupo mais rentável e com os resultados mais
impecáveis da empresa, além de serem mais propensos a serem organizados e
detalhistas.”
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Porém, no âmbito profissional, também
existe a possibilidade de atrasar entregas, por acreditar que nunca está bom
o suficiente, e a cobrança acaba se tornando inimiga da produtividade. O
perfeccionista também possui uma dificuldade de aceitar críticas. “Como líder
e colega de equipe, quem possui essa característica pode exigir metas
impossíveis, ser rígido e não conseguir cumprir os objetivos – inalcançáveis
– que estipula.”
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Rebeca Toyama - palestrante e formadora de líderes,
coaches e mentores. Fundadora da Academia de Coaching Integrativo,
sócia-coordenadora da Academia de Planejamento Financeiro da GFAI, coordenadora
do Programa de Mentoring associada a Planejar (Associação Brasileira de
Profissionais Financeiros) e fez parte da Comissão de Recursos Humanos do IBGC
(Instituto Brasileiro de Governança Corporativa). Colunista do Programa Desperta na Rádio
Transamérica e do blog Positive-se, colaboradora do livro Coaching Aceleração
de Resultados, Coaching para Executivos. Integra o corpo docente da
pós-graduação da ALUBRAT (Associação Luso-Brasileira de Transpessoal) e
Instituto Filantropia. Coach com certificação internacional em Positive Psychology
Coaching e nacional em Coaching Ontológico e Personal Coaching com o Jogo da
Transformação.