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quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Quatro ensinamentos que podemos passar para os filhos com a crise politica



Tolerância e resiliência são características fundamentais na formação de crianças e adolescentes


Educar uma criança não é uma tarefa fácil, e na busca por fazer o melhor trabalho possível, os responsáveis podem acabar perdendo a direção quando inseridos em um cenário de crise. Com a situação política no Brasil, em que a mídia constantemente apresenta casos de corrupção, problemas econômicos e de violência, fica a pergunta para os pais: “O que podemos ensinar para nossos filhos?”. Em momentos assim, manter a família unida torna-se um grande desafio, mas, segundo o Rabino Samy Pinto, mestre e doutor em Letras e Filosofia pela USP e com especialização em educação em Israel, a situação deve ser encarada como uma oportunidade de repassar aos filhos ensinamentos importantes.

Samy ressalta que os responsáveis devem entender que não atuam como pais apenas na situação de provedores financeiros, mas responsáveis por educar e, além disso, dar bons exemplos nesses momentos de crise de ordem ética e moral. Assim, o Rabino pontuou quatro valores que podem ajudar a guiar o caminho de pais que se encontram confusos sobre como aproveitar a crise política para influenciar seus filhos de maneira positiva.

  • TOLERÂNCIA
A tolerância é um princípio fundamental para uma boa convivência e, ao mesmo tempo, é algo que se encontra cada vez mais distante das relações políticas nacionais, marcadas por discursos de desrespeito e ódio. De acordo com o rabino Samy, esse é um ensinamento que deve começar com exemplos no dia a dia. “Reconhecer o valor no próximo é um fator que caracteriza um grande homem, de acordo com a sabedoria judaica. Os pais devem ensinar os seus filhos a procurar o mérito no outro e respeitá-lo. Ensinar que a qualidade de cada um pode completar o coletivo e que uma nação é a soma das qualidades individuais de seus cidadãos”, explica o rabino.

  • DIÁLOGO
O diálogo aparece como um caminho fundamental na construção social e individual de crianças e adolescentes, pois gera relações de respeito e confiança através do ato de reconhecer a si mesmo no interlocutor e trocar experiências. “Vivemos em uma época na qual não deixamos o outro falar. Interrompemos e atrapalhamos a fala do próximo. Os sábios judeus explicam que Deus criou o homem com dois ouvidos e uma boca para ouvir em dobro. Grande parte dos conflitos familiares, sociais e políticos são fruto da ausência dessa preciosa habilidade de saber ouvir”, comenta o rabino.

  • FORMAÇÃO CIDADÃ
Um dos maiores gargalos em relação às políticas públicas no Brasil está na educação, principalmente, no que diz respeito aos direitos e deveres civis e ao funcionamento da política. “É papel dos pais formar a criança e o adolescente como um futuro cidadão. Passar os valores e ensinar os filhos a ouvir e dialogar com as atuais lideranças, começando em casa com os pais, expandindo para os professores até chegar aos políticos, é fundamental para preparar um bom futuro para o indivíduo e a família. O objetivo da educação deve ser gerar autonomia para que seja possível criar jovens informados e prontos para lidar com diferentes momentos políticos”, comenta Samy.

  • RESILIÊNCIA
Nada melhor do que repassar o valor da resiliência para crianças que se encontram no meio do furacão político que acontece no Brasil. Ser resiliente é ter a capacidade de se adaptar às mudanças e recobrar-se facilmente de situações adversas. “As adversidades e barreiras são algo presente na vida de todos. Muitos personagens da literatura judaica se encontraram em situações de grande adversidade. Um exemplo é José no Egito, que mesmo sendo vendido por seus irmãos e aprisionado, se adaptou a cada situação até alcançar grande importância em grave crise política e econômico da região, e assim salvando muitos de sua nação”, exemplifica Samy.

De acordo com ele, partindo do diálogo e de exemplos diários, pais e mães têm a tarefa de criar filhos que saibam enxergar qualquer situação ruim como uma oportunidade de ser alguém melhor e de gerar impactos positivos. “São dicas simples, mas que podem ajudar os responsáveis a formarem jovens conscientes, sábios e tolerantes, características fundamentais para conviver bem em sociedade”, finaliza.





Rabino Samy Pinto - formado em Ciências Econômicas, se especializou em educação em Israel, na Universidade Bar-llan, mas foi no Brasil que concluiu seu mestrado e doutorado em Letras e Filosofia, pela Universidade de São Paulo (USP). O Rav. Samy Pinto ainda é diplomado Rabino pelo Rabinato chefe de Israel, em Jerusalém, e hoje é o responsável pela sinagoga Ohel Yaacov, situada no Jardins também conhecida como sinagoga da Abolição.




A especulação da justiça e a crise do ideal de justiça



Opinião 

No Brasil, temos acompanhado um perigoso e assustador cenário criado no qual atores do judiciário são ovacionados como heróis da justiça quando, em verdade, apenas cumprem o seu papel. O bom exemplo deve ser sempre bem reconhecido e valorizado, mas este jamais deve ser confundido com o dever funcional desempenhado pelo judiciário, sob pena de comprometimento da imparcialidade e pré-julgamento pela sociedade. A verdade de uma parte, nunca é absoluta, e comporta interpretações diversas. E cada interpretação é construída com base em postulados jurídicos que lhe guarnecem. Por isso, deve-se a importância da hermenêutica jurídica e do amplo contraditório e defesa. Em um processo judicial, busca-se a justiça e promoção da paz.

Contudo, o que temos acompanhado pela mídia é o uso do que é exibido em juízo, sem, muitas vezes, ser oportunizado o conhecimento pela outra parte e, devidamente, analisado como o deveria ser, simplesmente, jogado a conhecimento público. E, não é só, mas incitado por atores do judiciário que maximizam e permitem a construção ou desconstrução de imagens, reputações e lideranças.

E se, com o amadurecimento processual, ficar provado o contrario ao que foi divulgado? Desculpas ou retratações públicas, infelizmente, não apagam o vexame e não são capazes de restaurar o pré-julgamento, a hostilização pública. E a transparência? Transparência e informação é a chave indissociável da democracia, mas esta consiste em tornar acessível e público tal qual existe e sem juízos de valores. A partir do momento em que divulga-se uma tese, uma prova ou notícia sem esta ter sido amadurecida processualmente, permitimos o pré-julgamento baseado em indícios que ganham o peso de um martelo de verdadeiras condenações.

Devemos ter acuidade, porque o pré-julgamento, o sensacionalismo e a espetacularização da justiça é um perigo latente ao nosso Estado Democrático de Direito e, sem dúvidas, a nossa Carta Constitucional.




Dra. Giselle Farinhas - Advogada 





O Brasileiro ainda é patriota?



No dia 18 de setembro comemora-se o dia dos símbolos nacionais. Com base nesta data, realizei a seguinte pergunta a várias pessoas que mantenho convivência no dia a dia: "Você poderia me dizer quais são os símbolos nacionais? ", o único que soube responder foi um amigo que possui a mesma idade que a minha, e frequentou a escola na mesma época, ou seja, ainda sob o comando da ditadura militar.

Os demais, pessoas com 30 anos de idade ou menos, com bom nível de escolaridade, não sabiam dizer.

"Em teu seio formoso retratas. Este céu de puríssimo azul, A verdura sem par destas matas, E o esplendor do Cruzeiro do Sul" A que se refere este verso? Poucos souberam dizer que se trata de um dos versos do hino a bandeira, um dos nossos símbolos nacionais.

Nossos símbolos nacionais foram regulamentados pela Lei 5.700 de 01/09/1971, ou seja, 46 anos atrás.

Ocorre que as escolas após a década de 80 deixaram de ter em seus currículos matérias que eram essenciais aos brasileiros, uma delas Educação Moral e Cívica, Estudo de Problemas Brasileiros, Organização Social e Política Brasileira e outras matérias que buscavam reforçar o patriotismo e o moralismo.

Certo que estas matérias eram originárias da ditadura militar e eram obrigatórias, há de se falar que os estudantes daquela época possuíam um melhor ensino, uma melhor base, eram obrigados a saberem interpretar textos, resolverem problemas matemáticos, terem boas noções de ciências, física, química, biologia, música, artes manuais, história e geografia, ou seja, saiam do ensino secundário com uma excelente base, prontos para cursarem o terceiro grau e assim prestarem vestibular para o curso superior.

Havia enorme dificuldade para a população em geral cursar uma faculdade, primeiro por existirem poucas faculdades e segundo, uma enorme concorrência. Porém, havia um outro enorme obstáculo, aquele que não conseguia estudar em uma faculdade pública, na maioria das vezes, não possuía condições financeiras para estudar em particulares.

Mesmo uma faculdade pública exigia que a família tivesse condições de manter este aluno sem trabalhar, e as dificuldades da época prejudicavam em muito àqueles que desejavam fazer um curso superior.

Um dos objetivos do ensinamento da educação cívica, por parte dos militares, era afastar jovens e adolescentes do socialismo, democracia e do comunismo, em especial, criou jovens submissos ao regime militar, porém, criou também jovens com um nível cultural melhor.

Hoje em dia, os jovens de 30 anos ou menos, não possuíram em seus currículos escolares uma matéria que lhes ensinasse a ética e moral, os valores patrióticos, e um conhecimento de nossa história com mais detalhes. Não conhecem os símbolos nacionais, ou seja, quais são: A Bandeira Nacional, As Armas, O Selo e o Hino Nacional, nossos quatro símbolos que devemos ter orgulho.
Muitas vezes me pergunto: "será que hoje estamos passando por tanta crise política, moral e de princípios, porque nossos jovens não aprenderam nas escolas a importância do patriotismo? "

Lembro-me muito bem, ainda nos anos 90, quando visitei os Estados Unidos e nos parques temáticos da Disney, assistia aos shows em que os americanos transpiravam patriotismo. Lembro-me nas casas de pessoas que foram para a guerra do golfo, um laço enorme amarelo, dizendo em outras palavras, que estavam orgulhosos de terem um familiar defendendo a nação americana.

No Brasil de hoje, assistimos todos os dias escândalos e mais escândalos, roubos e mais roubos, desmandos e mais desmandos. Tudo isto vem colaborando, ao longo dos anos de acontecimentos, desanimo, descrença, entre outros. A população foi as ruas, defendeu o impeachment, mas acalmou.

Aquele espírito patriótico enfraqueceu. Assistimos aos telejornais, todos os dias, por menos que veiculem, malas com milhões de reais, ladrões dos cofres públicos serem libertados e outro nem preso estão.

Todas essas lembranças me remetem a 11 de setembro de 2001, quando os Estados Unidos foram atacados dentro de seu coração pelos terroristas causando milhares de mortes. Após este trágico fato ocorrido, inúmeras medidas foram adotadas e uma enorme guerra começou contra o terrorismo. New York, sendo o centro financeiro do mundo, chamou para si a responsabilidade de controlar a movimentação de recursos que por lá transitam, dificuldades foram criadas para se ingressar no país, soldados foram a guerra defender a sua nação.

No Brasil, com o crescimento do tráfico de drogas, armas, roubos aos cofres públicos, não encontramos qualquer medida mais rígida, com a alegação de que nossa constituição favorece a uma casta da sociedade. Aquele coitado que furta uma lata de leite para alimentar seu filho é castigado de forma ímpar, mas aqueles que saqueiam nossas estatais, estão incólume.

Nosso povo não sabe responder quais os símbolos nacionais, como podem ser patriotas a ponto de exigir a prisão de tantos malfeitores?

Ainda somos patriotas? Há patriotismo em nossos corações? Há civismo?

Estas perguntas devem ser respondidas por cada um de vocês.






Paulo Eduardo Akiyama - formado em economia e em direito 1984. É palestrante, autor de artigos, sócio do escritório Akiyama Advogados Associados, atua com ênfase no direito empresarial e direito de família. Para mais informações acesse http://www.akiyamaadvogadosemsaopaulo.com.br/




 

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