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quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Ajustes de expectativas nas tendências tecnológicas para o mercado jurídico

            Em agosto, aconteceu em Las Vegas a 40ª edição da ILTACON, que tive o orgulho de ter sido o primeiro brasileiro a participar como “speaker” (após 20 anos de participação como ouvinte) e onde foram discutidas as novas plataformas de colaboração para o mercado jurídico.

            O tema “Inteligência Artificial” ainda é a bola da vez, porém nesta edição da ILTACON, esse assunto foi discutido com muito mais serenidade, passado o frisson que ocorreu na edição anterior. Não que o tema tenha perdido importância, mas sim pelo fato das empresas terem percebido que a adoção desse conceito não é a panaceia para todos os problemas e muito menos uma solução única que resolva todos eles ao mesmo tempo.  Apesar da IBM ter apresentado, numa das sessões de abertura, as capacidades imensas do Watson, a verdade é que ainda estamos razoavelmente distantes das capacidades do HAL (para aqueles que se lembram do filme de Kubrick) ou do menino David (do filme AI).

            Como eu já havia escrito em artigos anteriores, a chamada Inteligência Artificial ou mais especificamente Inteligência Cognitiva nada mais é que o conjunto de desenvolvimentos tecnológicos que surgiram nos últimos tempos e que juntos ou separadamente têm ajudado o ser humano em algumas tarefas específicas que até há pouco tempo só era possível pelo cérebro humano.

            Podemos enumerar as seguintes novas tecnologias (algumas não tão novas, mas que estão sendo continuamente aperfeiçoadas): reconhecimento facial; reconhecimento de voz; reconhecimento da linguagem natural (Alexia, Siri e Google Voice Search), ainda embrionárias; transformação de linguagem verbal em texto e vice-versa; algoritmos estatísticos de simulação e predição (Regressões, Árvore de Decisão, VMS, NaiveBayes, KNN, Floresta Aleatória etc.) e mais especificamente para o mercado jurídico (que é o que nos interessa) os algoritmos de interpretação semântica de textos, que possibilitam a análise contextual e a extração do tema a que um determinado texto se refere.

            Da quantidade monstruosa de informação digital existente atualmente, cerca de 88% delas ainda estão inacessíveis à interpretação e ao tratamento digital (segundo levantamento da IBM) por se tratarem de informações chamadas desestruturadas, ou seja, textos, vídeos e sons.

            As profissões chamadas de humanas, ou não exatas, tais como Direito e Medicina, lidam com essas informações e tecnologia e o tratamento delas não consegue se desenvolver com a mesma velocidade que se se desenvolveu no tratamento das informações numéricas. 

            Os primeiros programas para tratamento dos chamados bancos de dados apareceram nos meados dos anos 60 e se desenvolveram enormemente desde então, se tornando inclusive mais amigáveis (antes apenas os DBA´s eram capazes de extrair informações dos bancos de dados, atualmente com auxílio de sistemas como “Tableau” ou “Qlik”, onde praticamente qualquer usuário consegue sem muito treinamento). Por outro lado, as ferramentas de busca por palavra só apareceram na década de 90 (Google bombou em 1998) e os primeiros “motores de busca” para o mercado jurídico apareceram há cerca de uma década e mesmo assim, sem nenhuma inteligência para perceber quando um usuário busca a palavra “carta”; ele pode também estar buscando “correspondência”, “memorando” ou “memo” etc. Para que esta pouca inteligência funcione é preciso que um programador e um advogado trabalhem em conjunto e criem bibliotecas de sinônimos específicos e cadastrem no sistema tornando-os, apesar de muito bons, trabalhosamente limitados.

            Por conta desse atraso ou incapacidade da tecnologia (não vem ao caso a diferença) em resolver essas dificuldades, as profissões não exatas ainda dependem muito da interpretação humana dos textos, falas, sons e vídeos deixando-as relativamente protegidas desse “ataque” tecnológico. Até o momento!

            A verdadeira grande revolução que já começou, ainda esboça seus primeiros passos, mas é inexorável é o que eu chamo de “a aproximação das palavras aos números”. A partir do momento que as novas tecnologias conseguirem tratar estatisticamente as palavras do mesmo modo como tratam os números, e/ou quando um computador for capaz de entender totalmente todas as nuances da linguagem humana e interpretá-la (a custos acessíveis a todos) tudo será diferente. Empresas como RAVN e KIRA (apenas exemplos) já desenvolvem produtos de análise contratual incorporando essas novas tecnologias e tornando mais ágil a vida do advogado. Ainda há um longo caminho a percorrer, mas com certeza o modo como algumas profissões são exercidas será radicalmente alterado.





José Paulo Graciotti - consultor e sócio da GRACIOTTI Assessoria Empresarial, engenheiro com especialização em Gestão do Conhecimento pela FGV, é  membro da ILTA– International Legal Technology Association e da ALA – Association of Legal Adminitrators. www.graciotti.com.br






Transtorno Alimentar se tornou normal



 Artigo da psicóloga Vanessa Tomasini alerta que a disseminação da vida fitness como sinônimo de saudável, e até mesmo de louvor, passa para muitas pessoas a ideia do que o certo é viver em restrição


Quando começamos a tocar no assunto de transtornos alimentares passamos a descobrir que ele estava já a nossa volta. Com a amiga, a colega de trabalho, a prima. E esses são os casos das pessoas que ou foram diagnosticadas ou que conseguiram olhar para si mesmas e enxergar seus atos. Porém, há muitas pessoas em pleno transtorno que não apenas passam sem alarme de si mesmo, e dos outros, porque normalizamos os excessos e as restrições. 

A disseminação da vida fitness como sinônimo de saudável, e até mesmo de louvor, passa para muitas pessoas a ideia do que o certo é viver em restrição. Resistir à tentação da gula e da preguiça é uma virtude inclusive moral. É a ideia de que precisamos ser fortes e impassíveis frente a todos os desafios, como um video game da vida, como se o controle da alimentação fosse, ao fim o controle frente ao impossível, o improvável e o absurdo da vida. 

Se viu aqui? Pois é. Sinto lhe dizer. O impossível da vida não é algo que se responde com o controle. Podemos tentar quando quisermos colocar todos os pingos nos i’s, fechar todas lacunas, mas sempre algo sobre. A vida sempre guarda surpresas e isso é bom! 

Frente ao impossível da vida tem também quem responda não com o controle, mas com o descontrole. É aquele amigo vida louca. Nunca comeu uma salada, dorme tarde todas as noites, não consegue sair sem beber, ou sem um cigarro, está com todos exames alterados, mas ri na cara do médico. Conhece alguém assim? Todos conhecemos. E vemos como normal. Mas tal descontrole, assim como o excesso do controle, revela uma angústia que precisa ser olhada para acha uma resolução melhor, mais feliz. 

O que ficou anormal, o que não passa perto de facebooks e instagrams da vida é o dia a dia de verdade, aquele que lida com pitadas de controles e descontroles. Essa é a vida, com todas suas surpresas e tudo que nos escapa.





Vanessa Tomasini - Psicologa clínica, apaixonada por comida de verdade. Idealizadora e Criadora do Projeto #VcTemFomeDeQue. Artigo originalmente publicado em https://vctemfomedeque.com/




Terminou a faculdade e não tem emprego?



 Confira as dicas de quatro professores da IBE-FGV que apontam a educação continuada como principal alternativa para garimpar uma oportunidade de trabalho


O empreendedor digital e professor de gestão de pessoas, liderança e inovação da IBE-FGV, Julio César Nogueira de Sá, avalia que sair da graduação sem ter emprego é um pecado.

Não é para esperar o curso terminar, caro aluno”. Ele adverte que o desenvolvimento profissional e acadêmico deve ser feito em conjunto. “Procure algo na sua área assim que iniciar o curso, ainda que seja um estágio sem remuneração, porque a experiência hoje é ouro”.

Nogueira de Sá lembra que as faculdades oferecem um embasamento macro. “Se não se especializar em uma escola de responsabilidade, o emprego vai passar longe”.

Para o diretor comercial do IBN (Instituto Brasileiro de Negócios) e professor de gestão em diversos cursos da escola de negócios, Leandro Garcia, o momento ainda é de incerteza e desconfiança. “Faça tudo o que precisa para ter um diferencial”, recomenda.

Segundo ele, os mais de 13,5 milhões de desempregados e as mais de 26 milhões de pessoas sem qualquer ocupação tornam a busca por um emprego cada vez mais difícil “e o critério dos empregadores é cada vez mais rigoroso”.

Por isso, Garcia aconselha o iniciante a buscar os programas de trainee em grandes empresas que ainda estão abrindo vagas.

Professora de gestão de pessoas da IBE-FGV e coach de carreira, Ligia Molina, explica que a montagem de um bom currículo é fundamental para começar.

“Relate neles todas as suas experiências ainda que sejam de serviços comunitários ou voluntários”, ilustra. A especialista também indica que o recém-formado mapeie todas as suas habilidades e “gaps” e, ainda, verifique onde pretende trabalhar. Ela destaca que conhecer o terreno onde vai pisar é necessário para o processo de desenvolvimento.

O também professor de gestão de pessoas e coach de carreira, Vagner Sandoval, ressalta que se você terminou a faculdade e não tem emprego, “logo também não tem experiência e isso fará falta na hora de ser chamado para uma entrevista”.

“Então, invista em conhecimento e diminua essa lacuna que existe entre a graduação e o emprego”.

Sandoval ainda sugere que o profissional faça uma avaliação do tipo “coaching assessment” e inclua no currículo o resultado. “Isso passa credibilidade ao recrutador”.

Os quatro professores recomendaram que os novos profissionais tivessem o domínio de um segundo idioma. “Essencial” foi a palavra que usaram para descrever a importância para a carreira.






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