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quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

A tecnologia e a educação




Psicopedagoga e especialista em educação infantil fala sobre o uso da tecnologia na educação 



Estamos cada dia mais conectados. Tablets, computadores e smartphones fazem parte do dia a dia de adultos e crianças. Quando tratamos de vida escolar, torna-se necessária a integração das instituições de ensino e dos professores com esse meio. “A tecnologia quando usada de forma adequada é sim uma ferramenta de apoio ao docente em suas práticas pedagógicas”, comenta Ana Regina Caminha Braga, psicopedagoga e especialista em educação especial e em gestão escolar.


Segundo a profissional, é necessária a capacitação desses profissionais, para que eles possam conhecer essas ferramentas, e assim decidir a melhor maneira de utilização em sala com os alunos. Ana Regina lembra ainda, que tais ferramentas tecnológicas são apenas apoio, não devem ser colocadas em primeiro lugar. “Com o uso da tecnologia em sala o docente tem novas opções, novas ferramentas de apoio, que complementam sua jornada na transmissão do conhecimento, a tecnologia não deve se sobrepor a isso”, explica. 


Aqui no Brasil, algumas escolas já aderiram a essas novas ferramentas, para ajudar no processo educacional. Um exemplo disso são as chamadas “lousas digitais”, que dão novas opções ao professor como realizar jogos educativos, projetos e exercícios especiais com os alunos. “As lousas digitais, assim como as demais tecnologias educacionais, podem ser utilizadas em sala de aula para motivar o processo de ensino nas escolas e dar ainda mais vida a prática docente e ao processo de aprendizagem das crianças”, comenta. 


Para finalizar, Ana Regina lembra que alguns cuidados devem ser tomados pelas escolas e professores, evitando assim a possibilidade de lacunas no processo do conhecimento. “Aderir às novas tecnologias pode ser algo muito positivo, desde que elas sejam adaptadas a cada ambiente educativo”, completa.




Perda auditiva ou déficit de atenção?



A dificuldade de aprendizagem e de concentração da criança em idade escolar pode estar relacionada a causas diversas, a exemplo da perda auditiva e do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), que acomete cerca de 3 % a 5 % das crianças, mundialmente. Para evitar que o distúrbio seja confundido com a perda auditiva é indispensável que os pais ou responsáveis, ao perceberem um déficit de rendimento da criança na escola, procurem a ajuda do pediatra. O médico poderá avaliar as condições da criança e, caso suspeite da perda auditiva, encaminhá-la para um otorrinolaringologista. Este especialista, por sua vez, poderá solicitar um exame de audiometria para identificar se ela tem algum problema auditivo.

A audiometria é indispensável para fazer um diagnóstico diferencial entre a perda auditiva e a TDAH e deve ser realizada sempre que houver a percepção de que a criança em idade escolar não acompanha os colegas de classe no aprendizado ou apresenta dificuldade relacionada à fala ou alfabetização. Vale lembrar que o processo de alfabetização nada mais é do que o entendimento dos sons da fala e a formalização desses sons. Por isso, é importante saber se a criança tem a audição normal preservada, antes de admitir outro diagnóstico. 

As crianças precisam escutar para que possam desenvolver a linguagem. Bebês que não escutam podem ter dificuldades para esse aprendizado e, se a perda auditiva acontecer em idade escolar, uma das consequências possíveis é que a criança não consiga acompanhar e absorver os conteúdos apresentados pelos professores. Daí a confusão, muitas vezes, entre a perda auditiva e a TDAH. 

Para uma criança que escuta mal e não identifica os sons com clareza, o conteúdo ministrado em sala de aula pode ser desinteressante e confuso. Quando a criança não tem a discriminação acústica, a memória auditiva ou a consciência fonológica, ela pode não aprender, aprender errado ou dispersar-se.
A criança com perda auditiva também precisa se esforçar mais do que a criança ouvinte para entender, manter a concentração ou memorizar o que foi dito. Esse gasto de energia adicional pode fazer com que ela se canse mais rapidamente, um fator a mais que eleva o grau de dificuldade para aprender.

Desde a primeira infância, a criança dá sinais bem claros quando tem perda auditiva: uma criança maior que três meses ignora sons ou não vira a cabeça na direção de um som; um bebê com mais de um ano de idade não parece entender nem mesmo algumas palavras; crianças de até três anos podem ter atraso no desenvolvimento da fala. Em idade escolar, a dificuldade de aprendizado e de concentração nas aulas, a necessidade de assistir TV em volumes muito elevados ou até mesmo a dificuldade para entender conversas com os familiares são os sintomas mais recorrentes.

A descoberta precoce da deficiência auditiva é indispensável para que, no caso de intervenção, o início do tratamento seja imediato. Há uma questão que vai além do aprendizado: uma criança que não ouve bem tende a se isolar ou pode ser motivo de piada entre os colegas de classe. Isso pode interferir no comportamento infantil e na relação da criança com a escola.  Identificar o problema e buscar ajuda é essencial para que a criança com perda auditiva vivencie o processo de alfabetização de forma muito similar à criança sem problemas auditivos. Isso, claro, além de ser pré-requisito para um diagnóstico preciso, caso o problema da desatenção não esteja relacionado à audição.



Andréa Varalta Abrahão -  fonoaudióloga, é diretora da rede de reabilitação auditiva Direito de Ouvir



O Brincar como ferramenta para o desenvolvimento integral das crianças




A Primeira Infância é reconhecida como uma etapa crítica para o desenvolvimento humano, segundo as evidências e contribuições da Neurociência e de acordo com o Núcleo de Ciência pela Infância. Essa fase, que refere-se aos seis primeiros anos de vida, é responsável pela formação de 700 conexões neurais por segundo. Nos primeiros anos de vida, a arquitetura básica do cérebro é construída através de um processo contínuo, que se inicia antes do nascimento e continua até a maturidade.

As primeiras experiências afetam a qualidade dessa arquitetura, estabelecendo o alicerce, robusto ou frágil, para a aprendizagem, a saúde e comportamentos subsequentes. Nessa fase, as novas conexões neurais (chamadas sinapses) são formadas a cada segundo. Após esse período de rápida proliferação, essas conexões são reduzidas através de um processo de seleção, de forma que os circuitos cerebrais tornam-se mais eficientes.  

Os circuitos sensoriais, como os da visão e da audição básicas, são os primeiros a se desenvolver, seguidos pelas habilidades iniciais  de linguagem  e, posteriormente, pelas funções cognitivas superiores. As conexões proliferam e são selecionadas de forma predeterminada, e os circuitos cerebrais mais tardios e mais complexos são construídos sobre os circuitos anteriores, mais simples

E todo adulto que pretende contribuir para o desenvolvimento integral das crianças deve saber que o Brincar é uma ferramenta imprescindível para o alcance de melhores resultados. 

Brincar é a melhor maneira da criança  aprender sobre si mesma, sobre o mundo e sobre o outro. Por meio do brincar, a criança pode também  expressar seus sentimentos, medos, inseguranças e, os seus pensamentos. 

O brincar também ajuda a criança a desenvolver habilidades que são as bases de todo o aprendizado. É brincando que a criança estimula a fala, a leitura, a escrita entre outros. Leia livros infantis com e para as crianças com as quais tem contato.

Desde os primeiros meses de vida o brincar é importante para que a criança exercite o corpo e desenvolva a motricidade para engatinhar, andar e correr, além de estimular os seus cinco sentidos. A obesidade e sedentarismo infantil têm crescido cada vez mais no Brasil e podemos dizer que isso se dá, principalmente, à falta de brincadeiras ao ar livre e à realização de atividades físicas nessa fase do desenvolvimento. 

Ao brincar com o adulto, a criança gosta de imitá-lo, dessa forma ampliao seu repertório de experiências e aprendizados. É essencial também, que ela possa vivenciar momentos de um brincar livre, para que faça as próprias escolhas e descobertas. Brinque com seu filho, sobrinho, neto e outras crianças em parques. Vivências na natureza são ótimas para estimular os sentidos delas.

As crianças de até três anos gostam de brincar de esconde esconde, de explorar os objetos, de empilhar coisas e desmontar. Entre 4 a 6 anos, é a fase do faz de conta e as relações com seus pares são potencializadas através das brincadeiras.

No entanto é preciso criar espaços lúdicos seguros e adequados para esse brincar, que não se restrinja à escola, à casa da criança ou a parques infantis. Unidades básicas de saúde, hospitais, centros de assistência social e qualquer lugar frequentado pela criança. É preciso pensar no brincar como uma maneira de também favorecer o bem-estar dos pequenos. 

O ambiente dever ser estimulante com blocos de construção, por exemplo, que possibilita o exercício da criatividade e imaginação da criança. A brincadeira no chão é muito mais segura e possibilita o desenvolvimento motor principalmente nos primeiros anos de vida. 

Nos espaços lúdicos devemos contemplar uma diversidade de materiais como alumínio, tecidos variados, madeira, plásticos e elementos da natureza de forma a potencializar o desenvolvimento sensorial das crianças. Caixotes de madeira coloridos dão noção de estética à criança e despertam para a organização do espaço, apenas citando algumas opções de brinquedos e brincadeiras.
O brincar antes de tudo é um direito de todas as crianças que está definido no artigo 31 da Convenção dos Direitos da Criança, no Estatuto da Criança e do Adolescente e no Marco Legal da Primeira Infância. Portanto, estamos falando de direitos humanos e o brincar é, antes de tudo, um direito da criança! Portanto, brinque com as crianças todos os dias, durante todo o ano e por quantos anos for possível. Assim, teremos jovens e adultos cada vez mais fortes, inteligentes e conscientes de seu papel na sociedade.





Mariângela Carocci – especialista em Primeira Infância da Plan International Brasil  e Grente do projeto “Famílias que Cuidam”



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