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quarta-feira, 24 de maio de 2023

Saques a instalações de saúde prejudicam atuação de MSF no Sudão

Desrespeito ao direito internacional humanitário em meio à guerra obstrui trabalho da organização


Em meio à guerra que atinge o Sudão, instalações de Médicos Sem Fronteiras (MSF) têm sido reiteradamente desrespeitadas. Profissionais e pacientes enfrentam repetidamente o trauma provocado por grupos armados que têm invadido e saqueado locais de atuação da organização, roubando medicamentos, suprimentos e veículos.

MSF condena o assédio inaceitável à sua equipe, os saques e a ocupação de suas instalações médicas e de locais apoiados pela organização no Sudão. Esse enorme desrespeito aos princípios humanitários e ao direito internacional humanitário tem limitado a capacidade de fornecer cuidados de saúde às pessoas em um momento em que esse serviço é muito necessário. 

A organização, que administra projetos de saúde em dez estados do Sudão, vem tentando ampliar suas atividades médicas desde que intensos conflitos eclodiram entre os militares sudaneses e os rivais das Forças de Apoio Rápido, em 15 de abril. Esses esforços têm sido continuamente dificultados pela violência, por agressivas incursões armadas, saques e ocupações das instalações de MSF por grupos armados, assim como por desafios administrativos e logísticos.

MSF pede a todas as partes em conflito que garantam a segurança da equipe médica e das instalações de saúde. E que permitam a passagem segura de ambulâncias, das pessoas que buscam cuidados médicos e que facilitem o acesso e o movimento rápido e desimpedido de trabalhadores humanitários, organizações e suprimentos. Embora um cessar-fogo nacional tenha sido anunciado entre as partes em conflito no dia 20 de maio, as tréguas no país nem sempre foram respeitados no passado.  

“Estamos vivendo uma violação dos princípios humanitários. E o espaço para os profissionais humanitários trabalharem está sendo reduzido em uma escala raramente vista antes”, diz Jean-Nicolas Armstrong Dangelser, coordenador de emergência de MSF no Sudão.  

“Após o saque de um de nossos depósitos médicos em Cartum, os refrigeradores foram desconectados e os medicamentos removidos. Toda a cadeia de frio foi arruinada, por isso os medicamentos estão estragados e não podem ser usados para tratar ninguém”, acrescenta Dangelser. “Estamos abalados e perplexos com esses ataques deploráveis. As pessoas estão em uma situação terrível e a necessidade de cuidados de saúde é crítica, mas esses ataques tornam muito mais difícil a ajuda dos profissionais de saúde. Não faz sentido."  

Desde o início dos conflitos, houve vários incidentes que afetaram as instalações de MSF no Sudão, entre eles: 

  • Entre 16 e 20 de maio, um armazém de MSF em Cartum foi saqueado e ocupado. Suprimentos médicos, combustível e veículos foram roubados. Os medicamentos foram estragados.
  • Entre 17 e 23 de maio, o escritório de MSF em Zalingei, em Darfur Central, foi saqueado, assim como o Hospital Universitário de Zalingei. Um gerador foi destruído e o combustível que MSF havia doado foi roubado.  
  • Em 19 de maio, três carros de MSF foram levados depois que homens armados entraram em um escritório de MSF em Cartum.
  • Em 18 de maio, uma casa de hóspedes de MSF em Nyala, em Darfur do Sul, foi saqueada. MSF já havia sido forçada a suspender suas atividades médicas em Darfur do Sul depois que seu complexo e armazém foram violentamente saqueados em Nyala, em 16 de abril, com dois veículos roubados. O armazém de MSF continua ocupado por combatentes armados.  
  • Em 11 de maio, um escritório de MSF em Cartum foi saqueado e dois veículos foram roubados.
  • Em 4 de maio, um escritório de MSF em El Geneina foi saqueado.  
  • Em 26 de abril, o Hospital Universitário El Geneina, onde MSF administrava os setores pediátrico e de nutrição, também foi saqueado, com partes do hospital danificadas ou destruídas. O hospital permanece fechado após o ataque.  

Esses ataques não se limitam a MSF e fazem parte de uma tendência mais ampla de ambas as partes em conflito, de desconsiderarem vidas civis, infraestrutura e instalações de saúde. Desde o início do conflito até 22 de maio, a OMS documentou[1] 38 ataques à saúde. Hospitais e profissionais de saúde estão protegidos pelo direito internacional humanitário, mas há relatos de ocupação de hospitais por grupos armados que podem enfraquecer essa proteção, colocando pacientes, profissionais e estruturas em risco.  

Isso ocorre em um momento em que o conflito está tendo um impacto terrível sobre as pessoas no Sudão. As populações em Cartum, Darfur e outros lugares onde os combates são mais intensos continuam a sofrer terrivelmente em meio à violência em curso, com feridos à bala, violência sexual, facadas e explosões. Combates, ataques aéreos e outras violências perto de instalações de saúde podem deixar pacientes e profissionais com muito medo de serem atingidos.

Em todo o país, há escassez de alimentos e água potável, o que força as pessoas a se deslocarem na tentativa de atender suas necessidades básicas. O acesso a apoio humanitário e cuidados de saúde é vital, mas o sistema de saúde sudanês já está lutando com a falta de suprimentos essenciais.

Os desafios administrativos e logísticos também estão impedindo as atividades médicas de MSF. Transferir suprimentos de uma parte do Sudão para outra pode ser extremamente difícil. Da mesma forma, embora MSF tenha conseguido trazer equipes de emergência para o Sudão durante as primeiras semanas do conflito, desde então tem sido desafiador obter permissão para viajar para locais onde funcionam os projetos ou garantir vistos para profissionais adicionais. 

No Sudão, MSF administra projetos de saúde nos estados de Al-Jazeera, El-Gedaref, Kassala, Cartum, Mar Vermelho, Nilo Azul, Darfur Central, Ocidental, do Norte e do Sul. Isso inclui o tratamento de pessoas feridas pelos conflitos em Cartum e em Darfur do Norte, o fornecimento de serviços de saúde, água e saneamento para refugiados e pessoas deslocadas nos estados de Al-Gedaref e Al Jazirah e doações de suprimentos médicos e outros materiais para instalações de saúde no país. Como uma organização médica neutra, independente e imparcial, MSF oferece cuidados de saúde às pessoas apenas com base em suas necessidades, tratando aqueles que mais precisam, independentemente de estarem de um lado ou de outro do conflito.  


[1] Informação da Organização Mundial de Saúde. Leia em inglês: https://extranet.who.int/ssa/Index.aspx

 

Auroras boreais devem ser vistas fora da zona auroral nos próximos dias

Marco Brotto
Especialista chama atenção, ainda, para a possibilidade de uma poderosa - e perigosa - tempestade solar geomagnética

 

"Nos próximos dois meses, locais que não viram a aurora boreal nos últimos séculos terão essa oportunidade”. A previsão é de Marco Brotto, especialista brasileiro que há mais de dez anos se dedica à caçada de auroras boreais nos países do Ártico.

Segundo ele, o fenômeno já está acontecendo e deve aparecer nos próximos meses em cidades onde não costuma ser visualizado, como nos arredores de Amsterdã, Londres, Berlim, Praga e Nova Iorque. “As chances são enormes, especialmente se ocorrer uma x-class, como são chamadas as mais potentes e mais energéticas erupções solares”, detalha Brotto.

As x-class - também conhecidas como Evento Carrington - são capazes de interferir nas mais variadas atividades eletromagnéticas do planeta Terra e interromper transmissões das estações de rádio em todo o mundo. “A última vez que o ser humano testemunhou esse fenômeno foi em 1859, quando 1 bilhão de toneladas de massa solar foi lançada ao espaço, na direção da Terra, produzindo auroras boreais até em locais próximos da Linha do Equador, como Cuba”.

Especialista chama atenção para a possibilidade de uma
 poderosa tempestade solar geomagnética

NASA/GSFC/SOHO/ESA

Em janeiro deste ano Marco Brotto já havia alertado que os próximos seis meses seriam cruciais para determinar a visualização de auroras boreais na Terra. “Ainda não sabemos qual será o pico do atual ciclo solar, que se intensificou muito antes do esperado e continua aumentando”, detalha ele.

Visualização das auroras

Consideradas um dos fenômenos naturais mais bonitos que existem, as auroras boreais são resultado do comportamento do sol na atmosfera da Terra. Quando partículas emitidas pelas tempestades solares tocam os polos do planeta, elas reagem com os gases atmosféricos e colorem o céu com uma incrível dança de luzes multicoloridas que atraem turistas do mundo inteiro à região do Círculo Polar Ártico.

Ou seja, quanto mais agitado está o sol, mais tempestades solares acontecem e melhor é a visualização das auroras em mais regiões, especialmente nas áreas fora países do Ártico. Por isso, especialistas como Brotto se mantêm atentos ao ciclo solar, pois sabem que o sol vive um aumento e queda da sua atividade a cada 11 anos ou 12 anos, com pico de manchas solares voltadas à Terra na metade desse tempo - e são as manchas solares que indicam as tempestades.

“Temos uma grande probabilidade de explosão solar nos próximos dias. Há, nesse momento, uma formação muito rara de buraco coronal somado a manchas solares muito ativas. Um novo Evento Carrington pode ocorrer a qualquer momento, gerando queda de satélites e perdas de sinal em aparelhos de GPS", alerta.

Consideradas um dos fenômenos naturais mais bonitos
que existem, as auroras boreais são resultado do comportamento
 do sol na atmosfera da Terra

Marco Brotto

Pesquisadores do Lloyd's of London, na Inglaterra, e da Agência de Pesquisa Atmosférica e Ambiental dos Estados Unidos estimam que se um Evento de Carrington impactar a Terra causaria, nesse momento, danos estimados em 0,6 a 2,6 trilhões de dólares, apenas aos Estados Unidos. "Esse é o perigo de uma tempestade solar desse porte”, alerta Brotto.

Em janeiro de 2023, a quantidade de manchas solares do ciclo solar atual já era maior do que o pico do ciclo. “E ainda não sabemos quando será o pico e sua intensidade, tendo em vista que a atividade segue crescendo e os próximos seis meses voltam a ser cruciais”, explica Brotto, que há mais de dez anos estuda as auroras boreais e já realizou mais de cem expedições para visualizá-las, com 100% de sucesso.

Recentemente, o chefe de pesquisa espacial do Centro Espacial Norueguês, Pål Brekke, tornou pública a avaliação de que a máxima solar do atual ciclo deve acontecer em 2024. E quanto mais manchas solares são visualizadas no sol, mais auroras são visualizadas na Terra. “A temporada de 2023 está sendo incrível, inclusive na visualização de auroras mais raras, como as de cor rosa, azul e avermelhadas. Já pude observar mais de 30 delas a olho nu entre setembro de 2022 a abril de 2023”, conta Brotto.

Ele explica, entretanto, que mesmo na mínima solar, quando a atividade é mais baixa, é possível visualizar auroras na Terra. "O plasma que produz as auroras não vem apenas das manchas solares. Ele está sempre chegando à atmosfera terreste e, portanto, visualização das auroras seguem acontecendo nas regiões polares, mesmo nas baixas solares. A dica mais importante para o viajante que tenha interesse em vê-las é procurar expedições guiadas por profissionais legalizados e muito bem informados sobre as condições de segurança, climáticas, atmosféricas e solares”, finaliza Brotto.


6 diferenças entre a Geração Alfa e a Geração Z: o que isso significa para os profissionais de marketing

 Guilherme Dias por aqui trazendo mais uma análise para ajudá-los a navegar pelo mundo do marketing digital.


Como um profissional com mais de 15 anos de experiência em Copywriting, Tráfego Pago e Estratégias Digitais, sei como é importante estar atento às tendências e mudanças de comportamentos.

É por isso que hoje vou compartilhar com vocês seis diferenças fundamentais entre a Geração Alfa e a Geração Z e o que isso significa para nós, profissionais de marketing.

 

1. A Geração Alfa é nativa digital desde o nascimento 

Enquanto a Geração Z cresceu com a tecnologia e a internet já em desenvolvimento, a Geração Alfa nasceu totalmente imersa no mundo digital. Isso significa que, para eles, interagir com dispositivos e aplicativos é algo completamente natural e intuitivo.

 

O que isso significa para os profissionais de marketing? 

Precisamos criar estratégias e campanhas que sejam verdadeiramente integradas ao universo digital, oferecendo experiências autênticas e envolventes para essa nova geração de consumidores. Isso inclui explorar novos formatos, como realidade aumentada e virtual, e investir em plataformas e canais que façam sentido para esse público. 

Eu vejo aqui em casa com Alice e Antônio. Ela tem 9 anos e ele 6. Desde pequenos tiveram acesso (não ilimitado) a smartphone e minha grande constatação observando o comportamento dos dois é: eles se entediam fácil. 

Se em 3 segundos o vídeo não chamou a atenção, eles passam para o próximo sem pensar. Devemos levar isso em consideração em nossa gestão de conteúdo para essa turminha.

 

2. A Geração Alfa valoriza a diversidade e a inclusão 

A Geração Alfa cresce em um mundo cada vez mais diversificado, e isso se reflete em suas atitudes e valores. Eles são mais propensos a abraçar a diversidade e a inclusão, tanto em sua vida pessoal quanto em suas interações online.

 

O que isso significa para os profissionais de marketing? 

Nossas campanhas e comunicações devem refletir a diversidade e a inclusão, garantindo que todos os públicos se sintam representados e respeitados. Isso pode incluir a seleção de imagens e a linguagem utilizada, bem como a criação de conteúdo específico para grupos demográficos diversos.

 

3. A Geração Alfa prioriza a sustentabilidade e o impacto ambiental 

A preocupação com o meio ambiente e a sustentabilidade são temas que ganham cada vez mais importância para a Geração Alfa. Eles estão mais conscientes dos problemas globais e desejam apoiar empresas e marcas que compartilham de seus valores ecológicos.

 

O que isso significa para os profissionais de marketing? 

É fundamental que as marcas demonstrem seu compromisso com a sustentabilidade e a responsabilidade ambiental em suas práticas e comunicações. Isso pode envolver destacar iniciativas verdes, utilizar materiais recicláveis e promover ações de responsabilidade social.

 

4. A Geração Alfa é mais focada em saúde e bem-estar 

A Geração Alfa está crescendo em um mundo onde a conscientização sobre a saúde e o bem-estar é mais prevalente do que nunca. Eles estão mais interessados em alimentos saudáveis, exercícios físicos e práticas de autocuidado, o que também afeta suas escolhas de compra e preferências de marca.

 

O que isso significa para os profissionais de marketing? 

É crucial que as marcas incorporem mensagens de saúde e bem-estar em suas campanhas e comunicações. Isso pode incluir promoção de produtos com ingredientes naturais, comunicação dos benefícios à saúde e parcerias com influenciadores e especialistas no campo do bem-estar.

 

5. A Geração Alfa é mais conectada globalmente 

Graças à internet e às redes sociais, a Geração Alfa tem acesso a uma ampla gama de culturas, tradições e influências de todo o mundo. Eles estão mais propensos a serem influenciados por tendências globais e a se interessarem por marcas e produtos de diferentes países.

 

O que isso significa para os profissionais de marketing? 

As marcas devem adotar uma abordagem mais global em suas estratégias de marketing, considerando não apenas o mercado local, mas também oportunidades internacionais. Isso pode incluir a criação de campanhas multilíngue, colaborações com influenciadores internacionais e a exploração de novos mercados e públicos.

 

6. A Geração Alfa valoriza a autenticidade e a transparência 

Esta geração de consumidores está mais atenta à autenticidade e à transparência das marcas com as quais interagem. Eles esperam que as empresas sejam honestas e transparentes em suas comunicações, práticas e valores.

 

O que isso significa para os profissionais de marketing? 

Para conquistar e manter a confiança da Geração Alfa, as marcas devem ser autênticas e transparentes em todas as suas interações com os consumidores. Isso pode incluir compartilhar informações sobre a origem dos produtos, ser honesto sobre os desafios enfrentados e manter uma comunicação aberta com os clientes. 

Ao entender e abraçar essas características únicas da Geração Alfa, os profissionais de marketing podem criar campanhas mais eficazes e relevantes, que ressoem com esse público e gerem resultados duradouros. 

Esteja sempre atento às mudanças no comportamento e nas expectativas do consumidor e adapte suas estratégias de marketing de acordo. Como sempre digo, o sucesso no marketing digital está na capacidade de evoluir e inovar constantemente.

 

Guilherme Dias - publicitário especialista em Marketing Digital e Networking Profissional. É fundador da Bons de Briga Digital School e da Agência Bons de Briga Marketing de Performance, e Diretor de Marketing da ACIPG (Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa).
https://www.instagram.com/guilherme.diasg/
https://www.linkedin.com/in/guilhermedias-g/


Planos de saúde: Índice Geral de Reclamações da ANS só cresce

Desde quando começou a ser medido, em 2018, número foi de 15,5 para 43,3


A Lei 14.454/22, que ficou conhecida como Lei do Rol, completa oito meses de vigência neste mês de maio. O texto foi uma resposta do Congresso Nacional à decisão do Superior Tribunal de Justiça de que o rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) era taxativo, isto é, deveria cobrir apenas os procedimentos e eventos de saúde contidos em lista determinada pela agência reguladora. Com a aprovação da lei, o rol voltou a ser exemplificativo, servindo de base para a cobertura de assistência médica e odontológica no país, estando os planos obrigados a cobrir procedimentos não listados, mas com comprovação científica e indicação médica. Na prática, no entanto, o cenário de disputas permanece o mesmo.

Levantamento feito pelo escritório Silva Nunes Advogados, especialista em Direito Médico, revela o que a percepção dos clientes de planos de saúde já sabia: as reclamações só aumentam. Os dados são do Índice Geral de Reclamações (IGR) da ANS, criado em 2018 para, segundo o próprio regulador, servir de “termômetro” de satisfação dos serviços prestados pelas operadoras de planos de saúde aos seus clientes. O valor do índice indica o número de reclamações no período para cada grupo de cem mil beneficiários.

Em 2018, primeiro ano de medição, o índice geral do setor médico-hospitalar era de 15,5. E foi subindo: 21,5 em 2019; 24,1 em 2020; 30,2 em 2021; 37 em 2022 e 43,3 em 2023 (considerando para este ano os meses janeiro, fevereiro e março).

A maioria absoluta das reclamações refere-se, claro, a coberturas. E embora a própria ANS tenha criado e disponibiliza-se o IGR de forma pública, ela mesma tem se esquivado da responsabilidade de fiscalizar o cumprimento da Lei do Rol, de 2022, afirmando que o texto não atribui a ela a função de regulamentar os critérios estabelecidos para coberturas fora do rol.

Na visão da advogada Mérces da Silva Nunes, sócia do Silva Nunes e especialista em Direito Médico, a agência tem sim competência para tal. “Embora a ANS faça tal alegação, há fortes evidências de que ela tem competência para regulamentar os critérios estabelecidos para coberturas fora do rol, pois o artigo 4º, III, da Lei 9.961/2000 dispõe que compete à ANS elaborar o rol e suas excepcionalidades”.

Ainda sobre o levantamento, é possível apontar os Estados campeões no índice de reclamações, com números bem acima da média (dados de 2023, referentes aos meses de janeiro, fevereiro e março). São eles: Roraima (229,5), Amapá (138,1), Acre (92,6), Bahia (77,8) e Sergipe (73,8). Rio de Janeiro ocupa o 8º lugar no IGR 2022, com 61,1 e São Paulo o 10º lugar, com 51,6.

Entre as operadoras de planos de saúde com maiores índices, o top 10 de março de 2023, últimos dados disponibilizados pela ANS, traz: 

1.

Unimed Rio – 164,9

2.

São Cristóvão – 147,5

3.

Notre Dame Intermédica – 120,2

4.

Alvorecer – 117,4

5.

Unimed São Gonçalo – 106,6

6.

Vision Med – 100

7.

Bradesco Saúde – 93

8.

Sul América – 92,2

9.

Humana Assis. Médica – 73,6

10.

Prevent Senior – 63

 

Mérces Nunes destaca que o caminho, para o consumidor, continua sendo o da via judicial. “Na hipótese de negativa na cobertura de medicamento, tratamento ou procedimento pelo convênio médico ou plano de saúde e estando comprovado que os requisitos da Lei 14.454/22 foram atendidos, o consumidor deve ingressar na Justiça para pleitear a cobertura do procedimento/tratamento indevidamente negada pela operadora de plano de saúde”.


Decisões favoráveis

Segundo outro levantamento realizado pelo escritório Silva Nunes Advogados, durante os meses de março e abril de 2023, o Tribunal de Justiça de SP contabilizou 310 decisões relacionadas ao rol dos planos de saúde, sendo 294 favoráveis aos usuários e apenas 16 a favor dos planos de saúde. Em todas as decisões a favor dos usuários, os magistrados consideraram o rol exemplificativo, citando a lei 14.454/22 como referência, além do Código de Defesa do Consumidor. São casos diversos, como fornecimento do medicamento canabidiol para o tratamento de doenças, a cobertura do tratamento ABA para pessoas portadoras do espectro autista, medicamentos oncológicos, exames genéticos e tratamentos de assistência domiciliar (home care), entre outros.

Nas poucas decisões favoráveis aos planos, os magistrados concluem, em regram que não houve comprovação técnica, por órgão competente, para as recomendações médicas descritas.


Comprovação científica

Na Lei 14.454/21. não há definição objetiva de órgãos ou de qualidade de estudos e pesquisas para serem referência na cobertura de tratamentos e/ou medicamentos. Para Mérces, bastaria a indicação de agências de renome. “A falta de indicação expressa no texto normativo, de agências de renome internacional, não deve inviabilizar a cobertura dos tratamentos prescritos pelos profissionais da saúde, tendo em vista a possiblidade de se adotar, no caso concreto, uma das 4 principais agências internacionais de ATS, reconhecidas pela ANS nos processos de atualização do Rol, quais sejam: NICE (Reino Unido), CADTH (Canadá), PBA (Austrália) e SMC (Escócia). Todas são referências nos processos de incorporação de tecnologias em saúde efetivados pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde)”.


Tema no STF

A abrangência do rol e o que ele deve ou não cobrir ainda pode ter reviravoltas. Isso porque há uma ação movida pela União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (Unidas), em que se pede que os ministros julguem a constitucionalidade da lei 14.454/22. A Unidas alega que a lei fere o caráter complementar da assistência à saúde exercida pela iniciativa privada, porque a possibilidade de cobertura de tratamentos médicos não previstos no rol da ANS, na prática, significa exigir das operadoras de saúde suplementar mais do que a obrigação imposta ao Sistema Único de Saúde.

Mérces Nunes lembra que em 29 de fevereiro, o Procurador-Geral da República opinou pela constitucionalidade da lei, defendendo que a decisão das operadoras no desenvolvimento da atividade empresarial pressupõe a responsabilidade de arcar integralmente com as obrigações assumidas, considerando o caráter público da atividade e os princípios e valores da ordem econômica. “Assim como o PGR, eu entendo que a previsão de cobertura excepcional não impacta o poder regulatório da ANS, visto que a agência ainda segue com a atribuição de definir e atualizar o rol de procedimentos. No entanto, avalio que, no contexto atual, a decisão do STF ainda é uma incógnita, assim como eventual modulação dos efeitos do julgamento”, finaliza a especialista.

 

5 sinais de que é hora de modernizar a arquitetura da TI


Para acompanhar as tendências do mercado, evitar prejuízos ao negócio e atender à constante mudança da demanda dos clientes por bens e serviços mais inovadores, com atendimento personalizado e entregas rápidas, um dos principais desafios da área de TI (Tecnologia da Informação) é ter a capacidade de executar planos que tragam melhores resultados e sejam capazes de gerar mais valor para as empresas.

 

No entanto, ainda é comum no Brasil que a área conte com equipes sobrecarregadas, pressionadas a implementar a transformação digital dentro de estruturas tecnológicas desorganizadas e obsoletas, e que não possuem, por vezes, documentações da área, como mapas e inventários dos diferentes níveis, sem uma arquitetura de sistemas inteligente.

 

Por conta dessa crescente procura por modernização, o relatório complementar da Pesquisa Global de CIO de 2023, realizado pela Dynatrace com 1.300 CIOs (Chief Information Officers) e gerentes seniores de DevOps (sigla em inglês para desenvolvimento e operações) em grandes organizações dos Estados Unidos, América Latina, Europa, Oriente Médio e região Ásia-Pacífico, apontou as dificuldades das equipes em acelerar o ritmo das inovações e, ao mesmo tempo, manterem altos padrões de qualidade e segurança dos serviços.

 

Segundo a pesquisa, 90% das organizações dizem que a Transformação Digital acelerou nos últimos 12 meses; 78% das organizações implementam atualizações de software a cada 12 horas ou menos, e 54% dizem que o fazem pelo menos uma vez a cada duas horas. No entanto, 55% das organizações são forçadas a fazerem concessões entre qualidade, segurança e experiência dos usuários para atender à necessidade de uma rápida transformação, enquanto as equipes de DevOps gastam quase um terço (31%) de seu tempo em tarefas manuais que envolvem a detecção de problemas e vulnerabilidades de qualidade de código, afetando o tempo dedicado à inovação.

 

Neste sentido, identificar quais os sinais para modernizar a arquitetura da TI evita colocar em risco toda a existência do negócio. Listo aqui estes 5 sinais de alerta:

 

1. Lentidão na execução dos processos 

Problemas técnicos como lentidão de equipamentos e software, falhas nos sistemas, e dispositivos que não funcionam como o esperado, afetam a produtividade da equipe, causando atrasos na execução dos processos e na entrega dos projetos. Nesse caso, é necessário realizar testes, levando adiante uma modernização ou até uma reengenharia completa da arquitetura da TI, visando melhorar o desempenho e eficiência da operação.

 

2. Pulverização ao executar as atividades

Implementações inadequadas, com o uso de sistemas que não estão totalmente alinhados ao objetivo do negócio, geram diversos problemas de performance e segurança para a empresa. Cabe à governança da TI investigar se os investimentos fazem sentido e realizar substituições. 

 

3. Falta de cibersegurança e o vazamento de informações

Sistemas antigos são mais vulneráveis a malware e violações. Além disso, a utilização inadequada de dispositivos, que permite o acesso indevido a aplicativos e recursos corporativos, como e-mails, servidores e banco de dados, sem nenhum tipo de controle ou restrição, expõe os dados da empresa a vários riscos. Para evitar o vazamento de informações e o fácil acesso às informações sensíveis por pessoas que não as deveriam acessar, a modernização da arquitetura da TI se faz necessária, atualizando sistemas, possibilitando a criação de uma política de acesso e monitoramento, definindo perfis de usuários e o nível de permissão de cada um. 

 

4. Falta de controle dos ativos tecnológicos 

Práticas antigas, com organizações que optam por um ambiente on premise, com data centers, servidores e sistemas alocados dentro da própria empresa, devem ter suas operações revistas. Mapear as estruturas e eliminar ativos obsoletos é um primeiro passo para implementar o controle dos ativos e a modernização da TI.

 

5. Falta de governança na tomada de decisões

Responsável por planejar, implementar, controlar e monitorar operações, a falta de governança na TI pode gerar inúmeros prejuízos para a companhia, como o que ocorre com a exposição de dados sigilosos, por exemplo. Faz-se necessário traçar o diagnóstico da TI e modernizar a arquitetura da área, adotando as soluções que possam dirimir todos os riscos.


Walter Ezequiel Troncoso - Sócio-fundador da Inove Solutions, startup especializada em transformação digital e cibersegurança por meio de soluções de alta tecnologia, Walter é Engenheiro de sistemas de informação, com formação pela Universidad Tecnológica Nacional (UTN), e Arquiteto em soluções SAP. Com sólida experiência na construção de infraestruturas de grande escala e tecnologias emergentes em mercados da América Latina, Estados Unidos, Alemanha, França e Austrália, Walter aplica as melhores práticas em TI, gestão de equipes e de projetos. Antes de fundar a Inove, ocupou cargos de liderança no TMF Group, Cast Group, Wipro Limited, Petrobras, Farmoquímica e SAP. https://www.linkedin.com/in/waltertroncoso/.


Inove Solutions
www.inovesolutions.com


Especialista em finanças pessoais elenca cinco passos para sair do vermelho

Evitar dívidas é uma unanimidade entre os especialistas em finanças, mas a maioria dos brasileiros ainda não consegue aplicar esta recomendação em suas vidas

 

Para muitos, a conquista de bens de consumo e dos mais diversos sonhos está atrelada a empréstimos, financiamentos e dívidas. No entanto, nem sempre (ou quase nunca) os imprevistos financeiros vêm acompanhados de uma renda extra. De acordo com os dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), 80% da população no Brasil possui alguma dívida. Além disso, em tempos de incertezas econômicas, está cada vez mais difícil ter fôlego financeiro. Pensando naqueles que gastam mais do que recebem, o especialista em finanças pessoais, João Victorino, preparou um guia para sair do sufoco. 

De acordo com o especialista, o primeiro passo é mapear as dívidas. "Para quem gasta mais do que recebe, é necessário identificar as despesas e, a partir daí, controlar o que se gasta com a renda recebida. Quando perdemos o controle dos gastos, isso pode desencadear muitas complicações na vida financeira", pontua João. Ele indica a importância de contar com ferramentas como planilhas gratuitas de controle de despesas, adequadas para apoiar no processo. Em cinco etapas, João traz o passo a passo rumo à liberdade financeira. 

  1. Mapear as dívidas: quais são as suas despesas? O valor que é devido aos credores. A quantidade de compromissos assumidos, como: boletos, prestações, carnês, empréstimos, por exemplo. Destes, identificar quais deles têm a maior taxa de juros; e, quando necessário, priorize o pagamento da que tenha a maior cobrança de juro; 
  2. Defina uma estratégia: o especialista recomenda avaliar cada situação e a melhor abordagem. "O mercado oferece empresas especializadas em negociação de dívidas, vale a pena pesquisar a que melhor se encaixa a sua necessidade". Um exemplo é o aplicativo quite já.
  3. Calcule as suas despesas essenciais, necessárias e supérfluas: separar o que é ou não essencial nem sempre é uma tarefa fácil. Por isso, classifique os gastos por categorias: essenciais, necessárias e supérfluas, dessa forma a organização e o monitoramento dos gastos mensais se tornará mais fácil.
  4. Entender os seus rendimentos: agora que já mapeou e classificou os gastos, o próximo passo é calcular o quanto recebe por mês, exemplo: salário, renda extra, pensão, aposentadoria, benefícios do governo, entre outros. Com as suas despesas essenciais e as suas fontes de receita devidamente registradas e calculadas, agora você será capaz de descobrir o seu saldo ao final do mês, isto é, quanto sobra ou quanto falta.
  5. Comece a pagar: com as informações financeiras, será possível analisar de maneira mais eficiente a melhor abordagem para começar a sair das dívidas. Após o mapeamento das contas, se o saldo for positivo, é recomendável utilizar o valor para pagar as contas. Caso seja negativo, reduzir despesas não essenciais, buscar novas fontes de renda ou renegociar o valor da dívida em parcelas que caibam no orçamento e, é claro, não gerar novas dívidas pode ser o caminho mais adequado. 

Os interessados em aprender mais sobre finanças pessoais podem acessar o guia gratuito Minha jornada: trilhas da liberdade, trata-se de uma ferramenta que se adapta de acordo com o momento financeiro de cada pessoa, com conteúdos específicos para ajudar na tarefa de achar as alternativas. O guia é estruturado em três frentes: a primeira “Tô no vermelho”, indicada aos que gastam mais do recebem; a segunda “Equilibrando as contas”, recomendada para quem possui gastos e rendimentos no mesmo valor e, por fim, a terceira “Já tenho um oxigênio sobrando”, para começar a poupar de forma regular. 

 

Sobre Minha jornada: trilhas da liberdade  

O projeto Minha jornada: trilhas da liberdade é uma iniciativa do canal A Hora do Dinheiro, trata-se de uma ferramenta que se adapta de acordo com o momento financeiro de cada pessoa. O programa é estruturado em três frentes: a primeira “Tô no vermelho”, indicado aos que gastam mais do recebem; a segunda “Equilibrando as contas”, recomendado para quem possui gastos e rendimentos no mesmo valor; e por fim, a terceira “Já tenho um oxigênio sobrando”, para começar a poupar de forma regular. 

 

João Victorino - administrador de empresas e especialista em finanças pessoais, formado em Administração de Empresas, tem MBA pela FIA-USP e Especialização em Marketing pela São Paulo Business School. Após vivenciar os percalços e a frustração de falir e se endividar, a experiência lhe trouxe aprendizados fundamentais em lidar com o dinheiro. Hoje, com uma carreira bem-sucedida, João é líder em diversidade e inclusão na Visa, atuando em prol de pessoas com deficiência. O especialista busca contribuir para que pessoas melhorem suas finanças e prosperem em seus projetos ou carreiras. Para isso, idealizou e lidera o canal A Hora do Dinheiro com conteúdo gratuito e uma linguagem simples, objetiva e inclusiva.


9 em cada 10 estudantes, professores e familiares concordam que o governo estadual deveria investir mais em educação

Dado é da pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva e do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP)

 

 

Turmas com excesso de alunos, falta de motivação e de segurança e aprovação automática são algumas das principais dificuldades apontadas pela comunidade escolar, sendo que as periferias possuem um cenário ainda mais delicado. É o que aponta a pesquisa inédita “Ouvindo a comunidade escolar: Desafios e demandas da educação Pública de São Paulo”, realizada pelo Instituto Locomotiva a pedido do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP). Os dados ainda mostram que 9 em cada 10 estudantes, professores e familiares concordam que o governo estadual deveria investir mais em educação.

 

O estudo revela que estudantes (66%) e professores (79%) consideram que suas turmas estão mais lotadas que o máximo ideal, sendo que estudantes (99%), seus familiares (98%) e professores (95%) afirmam que uma escola bem cuidada e bem equipada é fundamental para uma educação de qualidade. 

 

Para a presidenta da APEOESP e deputada estadual, Professora Bebel, está claro que a educação básica pública não vai melhorar sem mais investimento. “Nossa realidade não é comparável com países que estão em grau mais elevado de desenvolvimento educacional, que têm condições adequadas de ensino-aprendizagem, projeto político-pedagógico que corresponde às necessidades dos estudantes e da sociedade e valorização dos profissionais da educação”, afirma Bebel. “Os resultados da pesquisa demonstram que no estado de São Paulo existem tais gargalos, que precisam ser equacionados para que a nossa educação progrida”, completa a presidenta da APEOESP.

 

Quando questionados sobre a valorização dos professores a comunidade escolar também reconhece a falta de valorização dos docentes e apoia a mudança dessa realidade. Estudantes (73%), professores (89%) e familiares (75%) concordam que professores do estado de São Paulo são menos valorizados pelo governo do que deveriam. E estudantes (74%), professores (92%) e familiares (76%) afirmam que docentes do estado de São Paulo ganham menos do que deveriam.

 

"A comunidade escolar relata vivenciar no seu cotidiano dificuldades como superlotação de salas, violência e falta de motivação para o aprendizado. São fatores que se interconectam e prejudicam diretamente a educação pública. Garantir uma escola segura, bem equipada e com profissionais valorizados deveria ser o básico para evoluirmos no sentido de uma educação de qualidade”, explica Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.


 

Pós-pandemia


O cenário pós-pandemia também é abordado na pesquisa já que a comunidade escolar reconhece que os desafios deixados pela pandemia para a educação permanecem. 9 em cada 10 alunos, professores e familiares concordam que o ensino à distância durante a pandemia do coronavírus provocou grandes perdas de aprendizado. O mesmo número de estudantes, professores e familiares concorda que os alunos retornaram para as aulas presenciais com mais dificuldade de concentração e menor participação nas aulas. Em todos os perfis da comunidade escolar a maioria enxerga um aumento de importância do papel da escola no pós-pandemia - estudantes (62%), professores (76%) e familiares (70%).

 

O campo foi realizado com 1.100 professores da rede estadual, 1.250 estudantes com idade a partir de 14 anos, 1.250 familiares dos estudantes em todas as regiões do estado. A pesquisa foi realizada entre 30 de janeiro a 21 de fevereiro de 2023.



O Brasil não pode ter duas medicinas: uma para os ricos e outra com poucos recursos

Em entrevista exclusiva, Antônio José Gonçalves, 2° vice-presidente da Associação Paulista de Medicina, analisa os percalços e perspectivas da saúde no estado, destacando ainda a importância da qualificação dos médicos 



Os desafios do Brasil para qualificar a saúde são incontáveis, exigindo respostas eficientes e eficazes, pontua o vice-presidente da Associação Paulista de Medicina (APM) , Antônio José Gonçalves. Nessa entrevista, ele analisa o sistema do ponto de vista macro, além de revelar iniciativas a serem implementadas na APM para atender às demandas de médicos e pacientes. Fala também de planos estratégicos para o futuro breve, entre os quais a capacitação em telemedicina.

O trabalho desenvolvido em anos recentes, a propósito, visa a uma Associação Paulista de Medicina cada vez mais robusta, destaca Antônio José Gonçalves. Ele enfatiza ainda que a APM utiliza um relevante diferencial - sua capilaridade pelo Estado - para zelar pelo bem-estar dos paulistas.

São 14 distritais compostas por mais de 70 regionais, núcleos ativos, inúmeros Departamentos e Comitês Científicos atuando de forma coesa para a promoção da saúde aos cidadãos, para o desenvolvimento cientítico continuado aos associados e por valorização dos médicos e da boa Medicina.

Em sua visão, quais os principais desafios da Saúde no Estado de São Paulo e como a APM pode ajudar os médicos na busca pela melhoria do acesso da população aos tratamentos?

O primeiro desafio que enfrentamos é o de não ter duas medicinas no país e no estado. Hoje há a medicina pública, a do SUS, que tem um orçamento de 220 bilhões de reais para 170, 180 milhões de pessoas; e há a saúde suplementar, com mais ou menos o mesmo orçamento, talvez um pouco menos, mas por volta de 200 bilhões de reais para atender a 35 ou 40 milhões de pessoas. Isso gera uma diferença muito grande na assistência. Quem tem acesso à saúde privada consegue ser atendido com relativa rapidez (o que vem piorando nos últimos anos), mas o quadro é mais grave para quem acessa apenas o SUS. As filas são intermináveis, apesar de todos os esforços.

O segundo desafio diz respeito à população de rua, ao abuso de drogas, um problema seríssimo. De alguma maneira, precisamos elaborar um projeto junto com o governo para minimizar o problema.

Um interessante aspecto no qual a APM pode ajudar a qualificar as políticas publicas é oferecendo sua infra-estrutura ao Estado para facilitar o acesso da população, além de treinar médicos em programas das doenças mais comuns em parceria com o Governo. Temos muito a oferecer.

Sabemos que a atenção básica é fundamental para o bom funcionamento do SUS. Que projetos ou programas a APM desenvolve para qualificação dos médicos que atuam nessa frente?

Temos uma série de projetos para qualificar o médico na atenção básica. Nos anos recém-passados, a despeito da pandemia, conseguimos criar um instituto de ensino superior da APM. Isso nos proporciona uma sólida infraestrutura para organizar os cursos de capacitação que quisermos.

Também fazemos webinares semanais dos mais diferentes assuntos, incluindo a atenção basica. Um médico generalista bem formado é fundamental na atenção básica.

Há uma importante parceria firmada com a Secretaria de Saúde, e a pedido dela estamos analisando o problema da hipertensão arterial e do diabetes. São desafios relevantes.

O Governo fornece todos os medicamentos para tratar essas duas doenças, e a ideia é integrar os mais diferentes rincões do estado às 75 regionais da APM, às regiões de assistência à saúde da Secretaria e às faculdades de medicina.

Queremos estabelecer uma parceria do Governo Estadual com a Associação e a Academia de Medicina. Temos uma estrutura fantástica, que deve ser usada ajudar a fazer saúde. A APM deve se envolver mais com esse novo projeto.



Quais são os principais pilares da gestão de hoje da APM?

Os pilares da gestão são descritos no artigo segundo do nosso estatuto: uma série de atividades que vão desde promover a saúde, o desenvolvimento científico e técnico da medicina, até prestar serviços aos associados. Para que a APM seja uma entidade forte, consiga se sustentar e manter a suas 70 regionais, precisamos fazer uma ótima gestão administrativa e financeira, é claro; mas nossa prioridade é defender a boa medicina, qualificar o médico e melhorar a assistência à população.



Como a APM atua para estimular a boa medicina e a qualificação da assistência em saúde?

Aqui falamos de uma das funções mais importantes da APM porque são a expressão dos nossos pilares de propósitos – a defesa do bom exercicio profissional e da boa saùde à população.

A boa medicina e a boa saúde da população, aliás, passam por reciclagem, cursos e pela valorização profissional. Para isso existe a nossa Defesa Profissional, que é extremamente ativa. Há também os serviços advocatícios que cobrem questões de erro médico, desde a denúncia até a finalização do processo, sem custo algum para o associado.

Não tenho dúvidas: a APM é o que é porque presta um excelente serviço, se preocupa com a saúde das pessoas e com a formação dos médicos.

Que serviços são oferecidos pela APM aos associados e quais outras iniciativas devem ser implementadas na atual gestão?

A APM fornece uma série de serviços aos associados, um clube de benefícios, com ofertas de hotéis, restaurantes, descontos em lojas e serviços, em concessionarias de automóveis etc.

Há quatro anos construímos com recursos próprios um prédio residencial de114 flats para serem alugados e que facilita o deslocamento dos médicos que querem se atualizar em São Paulo. Os preços são bem inferiores aos do mercado, com uma ótima estrutura e localização central. Já temos 85% de ocupação.

Isso, além de melhorar nossa receita, também nos ajuda em termos de infraestrutura para eventos. A propósito, eventos que são feitos na APM contam com um moderníssimo auditório de 200 lugares, aproximadamente; com a possibilidade de uso de outro auditório, com mais 120 lugares. Estão à disposição das sociedades de especialidades mediante taxas competitivas ao nível de mercado. Nesta gestão deveremos implementar uma parceria maior ainda com as sociedades de especialidades.



Quais os principais eventos organizados pela Associação?

O Departamento de Eventos da APM cuida de tudo. Fazemos webinars semanais sobre temas relevantes, discutindo programas de residência médica, escolas médicas, assuntos técnicos e assuntos ligados a doenças mais comuns. Organizamos um evento pujante, o Global Summit, que se encaminha para o seu quarto ano; é um dos mais conceituados em tecnologia médica e em saúde da América Latina. O Summit mostra-se cada vez mais alvissareiro, estamos sempre em busca de parceiros. Também estamos fazendo reuniões com as sociedades de especialidades, procurando trazê-las para a APM, para que façam uso da nossa infraestrutura de eventos e possamos avançar em conjunto.

A telemedicina é uma realidade que se mostra cada vez mais eficaz no atendimento da população. Como a APM tem trabalhado as ferramentas digitais e outras tecnologias junto aos associados no sentido de contribuir para melhorar a qualificação da atenção à saúde no País?

Junto com a Associação Médica Brasileira, atuamos no Parlamento para aprovar a telemedicina. Temos desenvolvido ferramentas digitais e tecnologias para os associados, a fim de melhorar a atenção em saúde. Existe a capacitação em telemedicina geral, na qual o médico se familiariza com as ferramentas e entra em contato com a Lei Geral de Proteção de Dados, a famosa LGPD, para não haja infrações e a consulta se desenrole de maneira adequada – lembrando que o atendimento presencial deve ser requisitado quando for necessário. O valor da consulta à distância deve ser o mesmo da presencial, uma vez que envolve, da mesma forma, a responsabilidade médica.

Estamos otimizando também a telemedicina em especialidades como endocrinologia, dermatologia e outras. E a ideia é que possamos utilizá-la como suporte para os médicos que estão mais distantes e têm dúvidas que podem ser esclarecidas.

Além disso, o curso de capacitação deve ser melhorado no decorrer deste ano e no ano seguinte, pois gostaríamos de ter exemplos práticos. A população poderia fazer consultas na APM com nossos preceptores, e os médicos que passarem pelo curso veriam como prestar o atendimento por telemedicina de maneira ética e segura, compreendendo os limites da atividade.



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