Novo
serviço de pagamento e transferência bancária está disponível desde
segunda-feira (16/11)
Ontem (16/11), o mercado Financeiro brasileiro
entrou em um novo momento com o lançamento do Pix, um sistema de
pagamento instantâneo criado pelo Banco Central. Ele está disponível para todas
as pessoas e empresas que possuem conta corrente, conta poupança ou uma conta
de pagamento pré-paga em uma das 762 instituições aprovadas pelo BC.
A instituição afirma que, além de aumentar a
velocidade em que pagamentos ou transferências são feitos e recebidos, o Pix
tem o potencial de alavancar a competitividade e a eficiência do mercado;
baixar o custo, aumentar a segurança e aprimorar a experiência dos clientes;
incentivar a eletronização do mercado de pagamentos de varejo; promover a
inclusão financeira; e preencher uma série de lacunas existentes na cesta de
instrumentos de pagamentos disponíveis à população.
Desde o dia 5 de outubro a população brasileira
pôde fazer o cadastro das chaves Pix. Agora, ela aguarda pelo lançamento. No
entanto ainda há muitas dúvidas sobre o tema. O financista Gilvan
Bueno, CEO e fundador da Financier Educação - holding de educação
financeira com presença online e física -, esclarece as principais.
Qual é a finalidade do Pix?
Ele é um meio de pagamento semelhante ao
boleto, TED, DOC, transferências entre contas de um mesmo banco ou de
instituições diferentes, de cartões de débito, crédito ou pré-pago.
Preciso ter uma conta bancária para ter o Pix?
Sim. Ele só estará disponível para quem já tem
algum tipo de registro em instituição financeira, ou seja, o cliente precisa
ter conta em banco ou carteira digital.
Qual é a principal vantagem do Pix para as outras formas de
pagamento?
O Pix permite que qualquer tipo de
transferência e de pagamento seja realizada em qualquer dia - incluindo fins de
semana e feriados - e a qualquer horário por um smartphone. A transferência
pelo Pix é gratuito para pessoas físicas e microempreendedores individuais e
demora no máximo dez segundos, garantindo que o beneficiário receba a quantia
imediatamente.
Além disso, os usuários poderão fazer
transações a partir de R﹩0,01 e, no geral, também não há limite máximo, mas as
instituições poderão definir um valor máximo baseado em critérios de segurança.
O sistema do Pix é seguro?
O modelo usado é muito sofisticado e seguro,
pois usa chaves criptografadas.
Para que serve a chave Pix?
Essa chave pode ser o CPF, CNPJ, e-mail, número
de celular ou chave aleatória do usuário. Ela substitui os dados bancários
quando uma pessoa ou comerciante precisa cobrar um valor de terceiros. Através
dela o dinheiro é depositado diretamente em uma conta que você já tem em algum
banco.
Basta uma chave e você já estará apto a receber
dinheiro por Pix. Quando você for se cadastrar, a maioria das informações já
estará previamente preenchida pelo banco. Mas você precisa confirmar que deseja
fazer o cadastro e autorizar a instituição a conectar sua chave Pix à conta.
Que cuidados as pessoas devem tomar?
O maior problema, na minha opinião, está
relacionado à ansiedade e desconhecimento da operação pelos usuários. Os
primeiros golpes que utilizam o Pix referem-se a uma técnica chamada phishing.
Os fraudadores enviam mensagens falsas, se passando por instituições
financeiras, para roubar os dados dos usuários.
Essas mensagens costumam conter links de sites
falsos, que solicitam o registro das chaves no Pix, e podem chegar por e-mail,
SMS ou redes sociais. Os usuários precisam ficar atentos e não fornecer os
dados para fontes suspeitas.
Como o novo modelo vai se refletir na vida das pessoas?
O novo sistema poderá garantir inclusão
bancária e cidadania econômica para 45 milhões de brasileiras e brasileiros que
não possuem um relacionamento formal com um banco, estimular o empreendedorismo
e combater a sonegação fiscal. Também podemos esperar o aumento do número de
pagamentos digitais e a aceleração da digitalização modelos de negócios.
Por que os bancos têm interesse que os clientes se cadastrem
no Pix, uma vez que eles lucram com os serviços de transferência?
O incentivo ao pagamento eletrônico e
transferência de dinheiro sem cobrança de taxas deve reduzir o uso de dinheiro
físico pelas instituições financeiras. Atualmente elas gastam cerca de R﹩ 10 bilhões com
transporte e guarda de numerário por ano, sem contar despesas com segurança. É
um ganho significativo.
A população brasileira está preparada para este novo sistema de pagamento?
Durante a pandemia da Covid-19, a Caixa
Econômica Federal conseguiu 120 milhões de contas digitais para o depósito do
auxílio emergencial. Ao menos 33 milhões delas surgiram de pessoas que não
tinham relacionamento bancário.
O Brasil precisa da inclusão financeira para
melhorar a distribuição de renda e reduzir a desigualdades sociais. E quanto
mais participantes capacitados, melhor para aumentar escalabilidade dos
produtos e serviços dos empreendedores.
Gilvan Bueno Costa - CEO e fundador da
Financier Educação, holding de educação financeira com presença online e
física, com unidade na Tijuca, Rio de Janeiro. Pelo trabalho que vem
desempenhando, foi destaque da edição Agosto/2020 da Forbes na reportagem
"Inovadores Negros". O empresário e professor garantiu vasta experiência profissional ao passar
pelos bancos Itaú, BTG Pactual, Maré e pela empresa Geração Futuro, além de
atuar como agente autônomo de investimentos.