A fim de prevenir
doenças como o Alzheimer, é importante usar próteses auditivas logo nos
primeiros sinais de dificuldades para ouvir
Se você não sabe que a demência pode
ser prevenida ou adiada, você não está sozinho. É uma condição que a maioria
das pessoas associa com a idade avançada, quando, na verdade, não é
necessariamente uma consequência natural do envelhecimento. Acabar com esse
equívoco é de extrema importância, pois quase dez milhões de novos casos de
demência são registrados no mundo, a cada ano, de acordo com a Organização
Mundial da Saúde (OMS); e a tendência é de um aumento exponencial.
Quem está na meia idade e já tem dificuldades
de ouvir, mas ainda acha cedo para usar aparelhos auditivos, atenção! Relatório
recente da respeitada Comissão Lancet, da Universidade de Oslo (Noruega), Dementia
Prevention, Intervention and Care, lista 12 fatores de risco que
respondem por até 40% dos casos de demência. E a perda de audição não tratada é
considerada a principal causa do mal. O relatório recomenda o uso de aparelhos
auditivos como ação eficaz, sinalizando que usar próteses auditivas tão logo se
perceba a dificuldade de ouvir, na meia idade, minimiza o risco de demência no
futuro. E quanto mais cedo for iniciado o tratamento, melhor.
A demência é um termo usado para
descrever sintomas de declínio progressivo na área cerebral, como perda de
memória, raciocínio e capacidade intelectual, bem como alterações emocionais.
De acordo com a OMS, a doença de Alzheimer, que é progressiva e degenerativa, é
a forma mais comum de demência, representando cerca de 70% dos casos. O perigo
é que não só a demência, como a própria perda auditiva, estão comumente
associadas ao envelhecimento e, como a dificuldade de ouvir acontece
gradualmente, não é imediatamente óbvia para quem ainda está na meia idade.
Muitos podem não perceber - ou simplesmente fingir que não percebem - que não
conseguem mais ouvir bem o canto dos pássaros ou seus próprios passos, ou podem
se acostumar a conviver com sua capacidade auditiva reduzida, por muitos e
muitos anos.
O atraso no tratamento da perda
auditiva pode ter efeitos adversos graves na saúde e estilo de vida. Depressão
e pouco contato social são comuns nestes casos, sendo que ambos também estão
incluídos no relatório da Comissão Lancet como "riscos modificáveis para
demência".
Como os aparelhos auditivos ajudam a
prevenir a demência?
A audição está interligada a tudo o que
fazemos todos os dias. A diminuição da capacidade de ouvir produz um efeito, às
vezes invisível, em nossas vidas. Os aparelhos auditivos permitem o resgate da
audição e, quanto mais eficientes forem, oferecendo uma audição bem próxima à
natural, menos o ritmo da vida e a saúde congnitiva serão afetados.
"Com uma boa audição, podemos
continuar a desfrutar dos ambientes sociais e, em vez de as conversas se
tornarem difíceis, cansativas e estressantes - o que tende a aumentar o
isolamento, solidão e depressão - os aparelhos auditivos garantem a interação
com amigos, parentes e colegas de trabalho; um estímulo social positivo que é
essencial para a saúde do cérebro", afirma a fonoaudióloga Marcella Vidal,
da Telex Soluções Auditivas.
Os aparelhos auditivos também ajudam a
prevenir o efeito direto da perda auditiva em nosso cérebro. Se a pessoa
consegue ouvir de forma quase natural, seu cérebro não fará compensações,
confiando mais em informações de outros sentidos. É o que acontece, por
exemplo, na reação natural de quem não ouve bem com a tentativa de "ler os
lábios" do interlocutor para entender as conversas, o que reorienta os
recursos cerebrais e, eventualmente, muda a maneira como o cérebro se comporta.
É importante ressaltar que a atividade
de compensação do cérebro reduz a capacidade cognitiva. Por isso é mais difícil
lembrar o que é ouvido ou refletir - e responder às informações recebidas -
conforme necessário para estar socialmente engajado na vida em sociedade. O uso
de aparelhos auditivos eficazes libera a energia cognitiva necessária para
outras funções importantes, como a recuperação da memória; diminui a carga
cansativa do cérebro e até retarda o encolhimento do cérebro com a idade.
Thomas Behrens, audiologista-chefe da
Oticon, líder mundial no setor de próteses auditivas, lembra que quanto melhor
o indivíduo ouve, mais fácil é para ele participar plenamente da vida, o que
ajuda a manter o cérebro em forma e saudável. "Levamos a saúde do cérebro
muito a sério. É por isso que já há muitos anos a Oticon vem realizando
pesquisas pioneiras sobre como a perda auditiva afeta o cérebro e desenvolvendo
tecnologias para aparelhos auditivos que reduzem o esforço do cérebro para dar
sentido ao som. Nossa filosofia 'BrainHearing ™' permite que os usuários de
nossos aparelhos tenham mais prazer e confiança para participar de compromissos
sociais", pontua.
Como acontece em muitas doenças, a
intervenção precoce é também a chave para atrasar ou interromper a progressão
da demência. Ao cuidar de sua audição hoje, você está preservando a
funcionalidade e a capacidade do seu cérebro por mais tempo. Nunca é tarde para
fazer a diferença.
Atualmente, mais de 50 milhões de
pessoas em todo o mundo vivem com demência e a estimativa da OMS é de que 152
milhões de indivíduos serão afetados até 2050.