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sexta-feira, 8 de maio de 2020

Viajando com a imaginação: atividades para crianças em casa

Para famílias com crianças em casa, sugestões de atividades divertidas para fazer com os pequenos são sempre bem-vindas, de livros para colorir a receitas e até mesmo aventuras vikings improvisadas na sala. Destinos turísticos estão se organizando para criar atividades e dar dicas para as pessoas experimentarem com toda a família enquanto ainda não podem viajar. Confira algumas sugestões abaixo:

LIVRO DE ATIVIDADES

Crédito: Hotel Metropole MC_V.Maselli

O hotel Metropole Monte-Carlo, do Principado de Mônaco, preparou um livro de atividades divertidas e educativas. Os pais podem baixar o material e imprimir em casa. Há desenhos para pintar, labirinto, exercícios matemáticos e jogo dos pontinhos, para manter as crianças entretidas e aprendendo de forma lúdica. O livro é ilustrado com os simpáticos mascotes do hotel: Yoshi e Yumi. Para acessar e fazer o download do livro, acesse este link.


CAFÉ DA MANHÃ EM FAMÍLIA

Crédito: Four Seasons

Que tal preparar um café da manhã em família no fim de semana, com a ajuda das crianças? Os hotéis Four Seasons Seychelles, localizados nas ilhas Mahé e Desroches do arquipélago, produziram vários vídeos com receitas deliciosas e simples de fazer. A primeira é a chamada “café da manhã em um copo”, uma receita de suco de abacaxi, laranja e coco, para uma primeira refeição do dia cheia de energia. Confira a receita neste link. Para acompanhar, que tal fazer com as crianças um saboroso e nutritivo pão de banana? Acesse o vídeo da receita neste link.


AVENTURA VIKING


Para divertir as crianças durante a quarentena que tal viver um dia como vikings noruegueses? A aventura pode começar com a preparação da vestimenta tradicional, que pode incluir um elmo e uma espada de papelão, uma túnica de lençol e o que mais a imaginação conseguir criar. Vale também fazer uma sessão de histórias sobre os deuses vikings como Thor e Odin, e sobre a importância da história e cultura deste povo nórdico. Depois disso, uma ótima ideia é fazer alguns desenhos de barcos vikings, dos deuses e outros pontos marcantes que foram aprendidos durante as histórias. Para finalizar, nada melhor do que uma refeição tradicionalmente viking que pode incluir um peixe como salmão ou bacalhau, batatas, pão caseiro e frutas vermelhas com mel para a sobremesa. Quem tiver um quintal pode até acender uma fogueira para assar os peixes e batatas de maneira bastante primitiva.


PASSEIO VIRTUAL POR PETRA
 

A icônica e milenar cidade de Petra, na Jordânia, é repleta de tesouros que impressionam crianças, adolescentes e adultos de todas as idades. Que tal levar os pequenos para um passeio virtual neste local que foi eleito uma das sete maravilhas do mundo moderno? O Google Maps criou uma jornada especial online para descobrir Petra e seus mistérios, com vários fatos divertidos. É ideal para a família toda aprender de maneira divertida e lúdica. Para acessar o tour virtual, acesse este link.




Global Vision Access -GVA



Isolamento social durante a pandemia aumenta o número de casos de insônia


Professora da Psicologia da PUC-Campinas dá algumas dicas para amenizar o problema
Neste período de isolamento social, por conta da pandemia do coronavírus, muitas pessoas estão tendo problemas de insônia. O medo da doença e as incertezas causadas pelos impactos econômicos da pandemia são os principais motivos dos distúrbios do sono deste período, mas outros fatores também intensificam o problema.
A professora Luciana Gurgel Guida Siqueira, da Faculdade de Psicologia da PUC-Campinas, fala das causas da insônia e dá algumas dicas para minimizar o problema e voltar a ter um período de sono satisfatório.
Ela ressalta que o momento que estamos vivendo é único em muitos sentidos. A última pandemia, a da gripe espanhola, aconteceu há muitos anos (em 1918) e em uma época diferente. A novidade da experiência, associada à própria natureza da vivência com a presença real do risco de doença, de hospitalização ou morte, de necessidade de isolamento social e de afastamento das atividades laborais, sociais, esportivas de lazer etc., pode favorecer o aparecimento de sentimentos de insegurança, incerteza e receio do que pode acontecer no presente e no futuro.
Além disso, a dificuldade de organizar e planejar as ações da vida cotidiana a médio ou longo prazo, a mudança na rotina de forma abrupta e não planejada, as expectativas criadas sobre a vida pós-pandemia podem gerar ou exacerbar sentimentos de ansiedade, angústia, medo, ou mesmo desespero e desesperança, o que pode impactar várias esferas da vida mental, incluindo a qualidade do sono.
“Vale ressaltar que, para diagnóstico de distúrbio do sono, os profissionais da saúde consideram fatores específicos, como sintomas de insônia (dificuldade para iniciar o sono, acordar no meio da noite ou muito antes do horário habitual), com prejuízos em várias esferas da vida (social, profissional, escolar, acadêmica, comportamental etc.) por pelo menos três dias na semana nos últimos três meses”, explica a professora.
Mas, com a pandemia, a qualidade do sono pode ser afetada de forma significativa, mesmo em pessoas sem o histórico do problema. Se isso acontecer, é possível observar como consequência: dificuldade nos estudos e no trabalho, diminuição da produtividade, tendência a cometer erros, irritabilidade, fadiga, sonolência diurna, falta de energia e funcionamento abaixo do potencial (declínio cognitivo). Além disso, pesquisas sugerem uma relação com maior emotividade (tendência a responder de forma mais emocional aos eventos da vida) e rebaixamento do humor.
Para superar essas dificuldades, a professora ressalta a importância da rotina, da alimentação e de atividades físicas. Exercícios físicos são importantes, mas devem ser evitados em horários próximos ao de dormir. O cuidado com a alimentação inclui a escolha de alimentos, de preferência, mais leves, como à base de verduras. Alguns legumes e carboidratos podem ajudar na qualidade do sono.
“Como psicóloga, ressalto a necessidade de estabelecer uma rotina. Talvez, este último fator esteja impactando muitas pessoas, pois como para a maioria houve uma mudança significativa na rotina, que envolve horário de acordar, dormir, trabalhar, estudar, lazer etc., esta organização da vida cotidiana pode ter sido comprometida, dificultando, por falta de experiência com a situação da pandemia ou outra similar, o desenvolvimento de estratégias adaptativas que possam ser efetivas”, afirma.
É importante considerar também que, além de fatores ambientais, a insônia pode estar associada a outros problemas físicos ou psicológicos que precisam ser investigados. É comum a insônia ser um sinal secundário presente em transtornos de ansiedade, distúrbios do humor, burnout e estresse.
Confira, a seguir, as 10 sugestões dadas pela professora que podem ajudar a criar o que ela chama de “higiene de sono”:
1 – Estabelecimento de uma rotina. Embora muitas vezes criticada pelas pessoas, a rotina é importante, pois oferece um sentimento de segurança, de que as “coisas estão como deveriam estar”, importante para nossa sensação de constância e organização mental. Embora em casa, em isolamento social, adotar horários regulares de sono e despertar, evitar dormir durante o dia, manter horários relativamente regulares para trabalhar, estudar, se alimentar e outros hábitos que pretende adotar no dia a dia em época de pandemia ajudam no estabelecimento da rotina.
2 – Cuidado com a alimentação e com a ingestão de bebidas, principalmente os estimulantes, como a cafeína, presente no café, em alguns chás, em bebidas energéticas e em refrigerantes. Atenção também à ingestão de bebidas alcoólicas: a crença popular de que o álcool, por ser sedativo, ajuda a relaxar e dormir é bastante criticada pelos pesquisadores, pois afeta os estágios e ciclos do sono e pode provocar agitação. Em caso de insônia, é melhor evitar o consumo de bebidas alcoólicas horas antes de dormir. O mesmo vale para a nicotina.
3 – Fazer atividade física na parte da manhã ou no final da tarde, ainda que em casa. Evitar atividade física próximo do horário de dormir, pois pode causar agitação.
4 – Diminuir a exposição à luz próximo à hora de dormir, evitando as lâmpadas fortes, telas de computadores, tablets, celulares e outros dispositivos eletrônicos. A luz pode afetar a produção da melatonina, um hormônio relacionado ao ritmo circadiano produzido pela glândula pineal que reduz a atividade do corpo, comprometendo o relaxamento e o sono. Estímulos sonoros também devem ser evitados, mediante controle ambiental (fechamento de janelas, portas, afastamento físico do celular, TV e outros) ou mediante medidas de proteção, como uso de tampões no ouvido.
5 – Evitar ficar na cama para atividades não associadas ao dormir, como estudar ou trabalhar. É importante que o ato de dormir esteja relacionado a um ambiente e local específico. Melhorar o ambiente físico pode impactar a qualidade do sono.
6 – Evitar o uso de computadores, tablets e celulares de duas a três horas antes de dormir para evitar a estimulação comportamental e cognitiva excessiva causada por esses dispositivos.
7 – Adoção de algum tipo de ritual prazeroso próximo à hora de dormir pode contribuir para ter sono, pois atos ritualísticos afetam a consciência e podem favorecer o aparecimento de ondas cerebrais mais lentas. Por exemplo, tomar um banho morno, arrumar a cama tornando-a aconchegante, bordar, ler um livro, escutar música calma, tomar chá de camomila ou outro sem cafeína, passar creme no corpo, entre outros. Enfim, o importante aqui é criar uma sequência de atos significativos para a própria pessoa, que possam ser repetidos lentamente, dia a dia, como uma preparação para o ato de dormir. Deve ocorrer próximo à hora de dormir.
8 – Práticas contemplativas, como a meditação, podem auxiliar, pois afetam a regulação emocional, o que favorece a consciência das emoções e a tolerância ao estresse, possibilitando um maior equilíbrio e sensação de bem-estar.
9 – Ter paciência quando o sono ficar prejudicado em um momento de vida mais instável ou tenso, como pode acontecer atualmente. Muitas pessoas “brigam” com o sono e tentam controlar de forma rigorosa a hora e o como dormir, o que dificulta o processo, principalmente quando o sono está ausente. O melhor é se envolver em alguma atividade com pouca luz, como ler ou ver um programa tedioso de TV até sentir sono. O mesmo vale se acordar no meio da noite.
10 – Por fim, é relevante procurar ajuda de um profissional, caso o sintoma não melhore com medidas comportamentais vinculadas à higiene do sono, para investigar a possibilidade de adotar outras opções de tratamento, como psicoterapia, medicações fitoterápicas, alopáticas ou homeopáticas. 

A Pandemia e o Amor


Para quem divide a casa com um parceiro ou parceira, em um primeiro momento, o confinamento pode ser visto como uma ótima oportunidade de exercício narcísico, aquela hora na qual se interrompe as demandas do mundo e planeja um investimento apenas em si. Daí você dá uma folheada nos Ensaios de Montaigne e depara-se com este texto: “Devemos nos desvencilhar de todos os vínculos que nos prendem aos outros; tratemos de conquistar de nós mesmos a força de viver realmente sozinhos e de viver dessa maneira confortavelmente”. E então, legitimado pelo mestre, aproveitando a circunstância tão particular e propícia, você vaticina: vou cuidar um pouco de mim. Outra coisa possível pra fazer no confinamento é dedicar-se ao seu par. Afinal, agora você tem todo o tempo do mundo e não há mais a desculpa de que você está estressado pelo trabalho e pelo trânsito e pelos compromissos sociais, ou coisa que o valha. Se estiver apaixonado, a hora é essa.

Agora, um pouco de reflexão – porque, afinal de contas, há tempo para isso também. A paixão é o exato oposto do narcisismo. Quando se está apaixonado, você só vê a pessoa amada, só quer servi-la, esquecendo de si mesmo. É o Jack em relação à Rose, do filme Titanic. Aquela tábua, afinal de contas, dava pros dois se acomodarem, mas, ora, assim, o amor dele não seria tão pronunciado, tão publicizado. Não há espaço para o eu na relação apaixonada. Por isso, o narcisismo funciona como um limite à paixão. Uma redescoberta do Eu, uma voz de fundo lembrando que você também existe, que também merece ter seus desejos atendidos, considerados. Funciona como um recobrar os sentidos, um despertar desse domínio externo, dessa força avassaladora que deixa-nos passivos e embotados.

Durante o confinamento, essas forças opostas podem acabar se confrontando e a mola mestra de ambas é a fantasia. No narcisismo, a fantasia do “eu" apaga o perímetro e transforma os outros em fantasmas ameaçadores ou inimigos a serem combatidos. Na paixão, ao contrário, o outro aparece como o pote no fim do arco íris, sem mediações. Nada pode ou deve impedir seu acesso a esse tesouro. Mas daí passam duas semanas, quatro semanas, e você já não se suporta mais. Todos os seus projetos já foram procrastinados - até porque nem eram tão urgentes assim - e seus apelos por espaço e por prioridade já afastou os outros membros da casa que agora ignoram sua presença alegremente, respirando aliviados por não mais lhe dar ouvidos. E seu destempero vira desespero. Você quer corrigir esse erro, desentortar a vara que vergou toda para o seu lado. Não há peixes no lago no qual Narciso se espelha. É tudo estéril.

Também a paixão não sobrevive à proximidade e ao cotidiano de tantas semanas iguais. Não há fantasia que resista ao feitiço do tempo, de dias e dias com a mesma rotina, as repetições do café, almoço, janta, faxina, internet, Netflix, jogo de cartas, conversas cada vez mais com conteúdo de menos. A realidade é áspera, angulosa, esburacada. A paixão se desvanece nas sestas de três horas e nas insônias de noites inteiras. E qual a saída para o convívio no confinamento?

Ah, sem dúvida, o Amor.

O Amor é mestre na arte da contabilidade afetiva, daquelas que conseguem sempre garantir uma restituição, por menor que seja. O  Amor ensina que “Nós" não é plural de “Eu”. É outra coisa, um espaço construído a quatro mãos com projeto cujo fim depende do que acontece no percurso, sem antecipações de uma parte ou outra. O Amor é um sentimento que surge com uma fatura colada nele: cobra um preço que é sempre pago com temor e com susto, pois amar é conhecer o outro do outro. Não é ter afinidade, que é enxergar no outro aquilo que eu gosto em mim; não é ser a outra metade da sua laranja, a tampa da sua panela, como se amar tivesse a ver com completar-se, sem necessariamente completar o outro. Amar é compartilhar a parte estranha do outro, aquele alguém que existe além de mim ou para mim. 

Por isso amar é o maior desafio dos tempos de confinamento. Não é entrega, não é cobrança. É descoberta e aprendizado. E o que essas pessoas que se amam, tão diferentes, mas tão próximas, desejam? É a construção da intimidade, que é o espaço no qual não há um “eu fiz pra você" ou um "você fez pra mim”, mas que se parece com uma praça de encontros fortuitos, com árvores centenárias e bancos de madeira gastos onde os dois entrelaçam as mãos e ficam olhando o movimento das pessoas. Até que se levantam e um diz "já volto, tenho algo a fazer"; e o outro responde: "está bem, vou sentar na sala e ler um livro". E um vai fazer o que tem a fazer sem que tenha de ser questionado e outro vai ler seu livro sabendo que não será importunado, exceto por um fato muito importante. 

A intimidade é o grau de liberdade na qual não é preciso justificar a presença do outro na sua vida, e vice versa. Na paixão, você quer consumir o outro. No Amor, o desejo é de preservar o outro. Na paixão, a fantasia é o que aproxima e o que afasta um casal. No Amor, o compartilhamento da realidade irredutível de cada um é o desafio, o contrato assinado voluntariamente, no qual não se subtrai quem eu sou ou quem ela é, mas assume a aventura de compor novas experiências comuns. Como dizia o mesmo Montaigne, em outra passagem de seu primoroso livro, referindo-se à razão da amizade profunda que nutria por seu amigo Ettiene, sem a necessidade de adjetivos perfunctórios: "porque era ele; porque era eu".





Daniel Medeiros - doutor em Educação Histórica e professor no Curso Positivo.


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