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sexta-feira, 8 de maio de 2020

Trabalho home office pode gerar angústia e afetar a produtividade


Empresa de Ribeirão Preto oferece atendimento psicológico online para colaboradores. Iniciativa visa ajudar a equipe a organizar a rotina e cuidar do equilíbrio mental


A forma de trabalhar mudou durante o isolamento social. Muitas pessoas saíram do escritório e estão trabalhando em casa para evitar o contato físico e conter o contágio do Covid-19. O problema é que essa mudança veio de repente, pegou muita gente de surpresa, e as pessoas não tiveram tempo de se preparar nem física nem psicologicamente para essa nova realidade profissional.

A psicóloga Camila Bonagamba avalia que a pandemia é uma experiência muito nova para todos nós, algo que nunca vivemos antes e por isso não temos modelos de como agir nessa situação. “É tudo muito novo, estamos aprendendo a lidar com o isolamento social. Isso gera medo, incerteza do que vai acontecer, tristeza com as notícias que assistimos todos os dias, gera angústia e pode até desencadear um quadro depressivo ou ansioso.  Imagina um profissional ter que trabalhar com todos esses sentimentos. A maioria de nós estamos assustados e essas preocupações interferem no trabalho e na produtividade” explica a psicóloga.

A Etus Brasil, uma das maiores plataformas de marketing da América Latina, com sede em Ribeirão Preto, foi uma das primeiras empresas a aderir ao home office para 100% do time e preocupada em ajudar a equipe a passar por essa fase com mais equilíbrio e saúde, está disponibilizando atendimento psicológico online para todos os colaboradores. “Sabemos que o isolamento social está trazendo à tona muitas emoções novas que as pessoas não estão acostumadas a lidar. Ainda se soma a tudo isso uma nova rotina de trabalho com o home office, um novo ritmo, que exige diversas adaptações. Tudo isso são situações que podem gerar estresse e afetar o equilíbrio e até a saúde do nosso time, por isso optamos por oferecer esse atendimento com um profissional qualificado a ajudar a equipe nessa fase”, conta André Patrocínio, CEO da Etus.

O atendimento psicológico tem tido bastante adesão dos funcionários, que enxergam na iniciativa uma ótima oportunidade de cuidar do equilíbrio mental e da ansiedade. Lucas Vasconcelos, que é Head of Custumer Success na Etus, relata que não ter a estrutura que a empresa oferece em casa e a distância dos membros da equipe são para ele as principais dificuldades do home office. “Olhar olho no olho, sentir a expressão das pessoas, a energia do time, tudo isso faz muita falta. Nós não dependemos do esforço físico mas do raciocínio, criatividade, empatia e isso tudo está ligado ao emocional. O equilíbrio muitas vezes não depende só de você e você tem que organizar esse caos de alguma forma. Para quem precisa usar a cabeça para alcançar o resultado é fundamental esse acompanhamento. Um psicólogo consegue te dar uma visão que familiares, outras pessoas que estão perto de você nesse momento não conseguiriam”, explica Lucas.

De acordo com a psicóloga, a quarentena também afeta o emocional ao privar as pessoas de situações que eram muito agradáveis antes do isolamento como bater papo com os amigos na hora do café, ir para academia depois do trabalho, encerrar a semana com um happy hour. O distanciamento também força as pessoas a refletirem mais sobre suas vidas. “Antes o ritmo frenético não permitia que as pessoas parassem para pensar na vida e agora ela está em casa sozinha. Problemas antigos, dúvidas, anseios podem acabar vindo à tona. São muitos fatores que podem interferir na produtividade e no equilíbrio dos profissionais nesse momento”, explica Camila.

É importante ter alguém qualificado que possa acolher esses sentimentos, escutar, ajudar a reconhecer seus recursos nesse momento. Perceber quais são seus limites psicológicos e profissionais. “O psicólogo pode ajudar a organizar sua nova rotina e selecionar as atividades que são prioritárias. É importante ter um espaço para reflexão, para elaboração de angústias, identificação de recursos para enfrentar essa situação da melhor forma possível”, finaliza a psicóloga.



A MIXÓRDIA INSTITUCIONAL BRASILEIRA


Quanta falta faz ao Brasil uma boa reforma institucional! Em nosso país, o pau que bate nas consequências se ergue em defesa das causas. Supõe-se, creio, que as coisas se corrijam, ou que surja um grande corregedor que porá tudo no devido lugar. Não é assim que a banda toca. 

Desde que começaram as mobilizações de rua, só não participei daquelas que ocorreram quando eu não estava em Porto Alegre. Mas sempre tive a consciência de que se tratava de um excepcional momento político. Uma janela no paredão da história. A esperança nascida nas redes e nas ruas hoje se surpreende com a perspectiva de que nosso país - este pobre rico de nossos afetos cívicos - apenas sobreviva, e mal, a sucessivos e frustrados acordos, tão velhos quanto errados sobre temas da mais alta relevância.

Com efeito, no Brasil que emergiu do ano de 2018, parcela significativa da sociedade foi mobilizada pelo desejo de mudança e por uma justificada idealização da nova realidade nacional. Não preciso descrever o quanto tais perspectivas desgostavam as forças políticas e culturais que viam seu poder liquefazer-se, e sentiam o gélido medo de verem as teias de aranha avançarem sobre as gavetas do caixa. Não preciso descrever, tampouco, a vigorosa resistência dos interesses contrariados. Tanto vimos isso acontecer que continuamos indo às ruas.

Eis por que, nestes tempos de isolamento, me vem à mente a consolidada convicção de que tratei no último capítulo de meu livro "Pombas e gaviões" (2010) no qual respondo à pergunta - "O Brasil tem jeito?". Ali, numa antecipação de dez anos, está a descrição das dificuldades enfrentadas por este novo governo, cuja atualidade faz prova provada de que não nos basta mudar as pessoas; é preciso mudar as instituições. E isso não significa mudar apenas as pessoas que as integram, mas mudar as instituições elas mesmas. Senão, vejamos:

{C}·        Nossas más instituições recompuseram o velho centrão um mês após o início da nova legislatura, em fevereiro do ano passado. Trinta dias bastaram para o velho esquema se reestruturar.

{C}·        Nossas más instituições vêm fazendo com que o STF, numa clara usurpação, atue como poder moderador de uma República cuja constituição não menciona poder moderador! Sendo o presidente, ao mesmo tempo, chefe de Estado e de governo não pode ele ser poder moderador de si mesmo. E mais, se não comprar maioria parlamentar acaba sendo o mais fraco e instável dos poderes. 

{C}·        Nossas más instituições não dispõem de mecanismo de solução de conflitos entre os poderes e levam o povo a uma justificada ojeriza por seus membros. 

{C}·        Nossas más instituições não refletem sobre si mesmas e não se reciclam por serem as beneficiárias singulares dos desarranjos nacionais.

{C}·        Nossas más instituições criam insegurança jurídica e não se mudam - por isso, precisam ser mudadas. 

{C}·        Nossas más instituições não permitem dissolver o parlamento e induzem à conduta irresponsável e inconsequente. 

{C}·        Nossas más instituições não tem como reagir quando ministros do STF instituem uma governança paralela, impondo ao governo seu querer. Membros do Supremo frequentam a ribalta da comunicação social, imiscuindo-se publicamente em assuntos de governo. 

Mais uma vez em nossa história republicana, sob esse mesmo malsucedido figurino institucional - referência de insegurança jurídica, malgrado seu todo poderoso STF! - se vai restabelecendo a mixórdia e o Brasil ficando com cara de republiqueta bananeira.






Percival Puggina - membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


Energia solar poderá ser doada para hospitais durante pandemia, prevê ABSOLAR


 Projeto de Lei inédito prevê auxílio voluntário para unidades consumidoras de serviços essenciais no combate à Covid-19


O novo Projeto de Lei (PL) que prevê a doação dos créditos de energia elétrica da geração distribuída às instituições que atuam no combate ao novo coronavírus, protocolado ontem (07/05) pelos deputados federais Franco Cartafina e Lucas Redecker, pode aliviar os custos de hospitais e centros médicos durante a pandemia.

Segundo análise da vice-presidente de geração distribuída da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), Bárbara Rubim, para entrar em vigor, a medida requer ajuste regulatório pontual e não demandaria nenhuma adequação física ou técnica nos doadores, beneficiários ou mesmo nas distribuidoras de energia.

“Os usuários da geração distribuída de fonte solar fotovoltaica e demais fontes renováveis poderão doar voluntariamente seus créditos de energia para serviços públicos essenciais voltados à assistência social ou ao combate direto à Covid-19”, afirma.

O Projeto de Lei, com o apoio técnico da ABSOLAR, recomenda a regulamentação pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em até dez dias da publicação, com um ajuste pontual na Resolução Normativa 482, de 2012. A ideia foi sugerida pelo integrador Ricardo Rizzoto e estruturada e levada aos parlamentares pela associação.

O deputado federal Franco Cartafina (PP/MG) esclarece que o PL não se destina a regulamentar de forma ampla a geração distribuída. “Buscamos apenas estabelecer uma diretriz específica a ser utilizada no período da pandemia, beneficiando instituições públicas na linha de frente do combate à Covid-19”, detalha.

Para o deputado federal Lucas Redecker (PSDB/RS), o objetivo é contribuir com a redução dos impactos econômicos e sociais da pandemia, por meio de uma medida simples e solidária. “Ela permite aliviar os custos da pandemia em instituições que prestam um serviço essencial à nossa sociedade neste momento tão delicado”, aponta.

Segundo o presidente executivo da ABSOLAR, Rodrigo Sauaia, o Brasil possui 2,8 gigawatts de potência instalada na geração distribuída, com uma geração média de 408 GWh/mês. “Pelas estimativas da ABSOLAR, com a doação de apenas 1% desse total, pode-se proporcionar uma economia na conta de luz das instituições beneficiadas em torno de R$ 2,28 milhões ao mês. No caso de a adesão viabilizar a transferência de 5% da geração na forma de créditos de energia, a economia atingiria a marca de R$11,4 milhões por mês. O cálculo considerou a tarifa média de energia elétrica do Brasil, de R$ 0,56 por quilowatt hora”, pontua.


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