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sexta-feira, 8 de maio de 2020

A MIXÓRDIA INSTITUCIONAL BRASILEIRA


Quanta falta faz ao Brasil uma boa reforma institucional! Em nosso país, o pau que bate nas consequências se ergue em defesa das causas. Supõe-se, creio, que as coisas se corrijam, ou que surja um grande corregedor que porá tudo no devido lugar. Não é assim que a banda toca. 

Desde que começaram as mobilizações de rua, só não participei daquelas que ocorreram quando eu não estava em Porto Alegre. Mas sempre tive a consciência de que se tratava de um excepcional momento político. Uma janela no paredão da história. A esperança nascida nas redes e nas ruas hoje se surpreende com a perspectiva de que nosso país - este pobre rico de nossos afetos cívicos - apenas sobreviva, e mal, a sucessivos e frustrados acordos, tão velhos quanto errados sobre temas da mais alta relevância.

Com efeito, no Brasil que emergiu do ano de 2018, parcela significativa da sociedade foi mobilizada pelo desejo de mudança e por uma justificada idealização da nova realidade nacional. Não preciso descrever o quanto tais perspectivas desgostavam as forças políticas e culturais que viam seu poder liquefazer-se, e sentiam o gélido medo de verem as teias de aranha avançarem sobre as gavetas do caixa. Não preciso descrever, tampouco, a vigorosa resistência dos interesses contrariados. Tanto vimos isso acontecer que continuamos indo às ruas.

Eis por que, nestes tempos de isolamento, me vem à mente a consolidada convicção de que tratei no último capítulo de meu livro "Pombas e gaviões" (2010) no qual respondo à pergunta - "O Brasil tem jeito?". Ali, numa antecipação de dez anos, está a descrição das dificuldades enfrentadas por este novo governo, cuja atualidade faz prova provada de que não nos basta mudar as pessoas; é preciso mudar as instituições. E isso não significa mudar apenas as pessoas que as integram, mas mudar as instituições elas mesmas. Senão, vejamos:

{C}·        Nossas más instituições recompuseram o velho centrão um mês após o início da nova legislatura, em fevereiro do ano passado. Trinta dias bastaram para o velho esquema se reestruturar.

{C}·        Nossas más instituições vêm fazendo com que o STF, numa clara usurpação, atue como poder moderador de uma República cuja constituição não menciona poder moderador! Sendo o presidente, ao mesmo tempo, chefe de Estado e de governo não pode ele ser poder moderador de si mesmo. E mais, se não comprar maioria parlamentar acaba sendo o mais fraco e instável dos poderes. 

{C}·        Nossas más instituições não dispõem de mecanismo de solução de conflitos entre os poderes e levam o povo a uma justificada ojeriza por seus membros. 

{C}·        Nossas más instituições não refletem sobre si mesmas e não se reciclam por serem as beneficiárias singulares dos desarranjos nacionais.

{C}·        Nossas más instituições criam insegurança jurídica e não se mudam - por isso, precisam ser mudadas. 

{C}·        Nossas más instituições não permitem dissolver o parlamento e induzem à conduta irresponsável e inconsequente. 

{C}·        Nossas más instituições não tem como reagir quando ministros do STF instituem uma governança paralela, impondo ao governo seu querer. Membros do Supremo frequentam a ribalta da comunicação social, imiscuindo-se publicamente em assuntos de governo. 

Mais uma vez em nossa história republicana, sob esse mesmo malsucedido figurino institucional - referência de insegurança jurídica, malgrado seu todo poderoso STF! - se vai restabelecendo a mixórdia e o Brasil ficando com cara de republiqueta bananeira.






Percival Puggina - membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


Energia solar poderá ser doada para hospitais durante pandemia, prevê ABSOLAR


 Projeto de Lei inédito prevê auxílio voluntário para unidades consumidoras de serviços essenciais no combate à Covid-19


O novo Projeto de Lei (PL) que prevê a doação dos créditos de energia elétrica da geração distribuída às instituições que atuam no combate ao novo coronavírus, protocolado ontem (07/05) pelos deputados federais Franco Cartafina e Lucas Redecker, pode aliviar os custos de hospitais e centros médicos durante a pandemia.

Segundo análise da vice-presidente de geração distribuída da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), Bárbara Rubim, para entrar em vigor, a medida requer ajuste regulatório pontual e não demandaria nenhuma adequação física ou técnica nos doadores, beneficiários ou mesmo nas distribuidoras de energia.

“Os usuários da geração distribuída de fonte solar fotovoltaica e demais fontes renováveis poderão doar voluntariamente seus créditos de energia para serviços públicos essenciais voltados à assistência social ou ao combate direto à Covid-19”, afirma.

O Projeto de Lei, com o apoio técnico da ABSOLAR, recomenda a regulamentação pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em até dez dias da publicação, com um ajuste pontual na Resolução Normativa 482, de 2012. A ideia foi sugerida pelo integrador Ricardo Rizzoto e estruturada e levada aos parlamentares pela associação.

O deputado federal Franco Cartafina (PP/MG) esclarece que o PL não se destina a regulamentar de forma ampla a geração distribuída. “Buscamos apenas estabelecer uma diretriz específica a ser utilizada no período da pandemia, beneficiando instituições públicas na linha de frente do combate à Covid-19”, detalha.

Para o deputado federal Lucas Redecker (PSDB/RS), o objetivo é contribuir com a redução dos impactos econômicos e sociais da pandemia, por meio de uma medida simples e solidária. “Ela permite aliviar os custos da pandemia em instituições que prestam um serviço essencial à nossa sociedade neste momento tão delicado”, aponta.

Segundo o presidente executivo da ABSOLAR, Rodrigo Sauaia, o Brasil possui 2,8 gigawatts de potência instalada na geração distribuída, com uma geração média de 408 GWh/mês. “Pelas estimativas da ABSOLAR, com a doação de apenas 1% desse total, pode-se proporcionar uma economia na conta de luz das instituições beneficiadas em torno de R$ 2,28 milhões ao mês. No caso de a adesão viabilizar a transferência de 5% da geração na forma de créditos de energia, a economia atingiria a marca de R$11,4 milhões por mês. O cálculo considerou a tarifa média de energia elétrica do Brasil, de R$ 0,56 por quilowatt hora”, pontua.


Número de desempregados nos EUA fica abaixo do esperado, mas dados ainda causam preocupação


Na manhã desta quinta-feira (7), o departamento do trabalho norte-americano divulgou o número dos pedidos iniciais de seguro-desemprego referente à última semana do mês de abril. Como esperado, os dados permaneceram acima da média do período, registrando 3.169 milhões ante a projeção de três milhões. No comparativo anual, em 2019 foram registrados 230 mil pedidos do benefício no período.

Apesar de os números ultrapassarem os 30 milhões de desempregados, esta foi a primeira vez em que os pedidos iniciais ficaram abaixo da sequência de altas iniciada na última semana de março, quando a economia americana foi atingida pela pandemia. Na época, foram registrados 3.283 milhões de pedidos. Após o pico registrado na primeira semana de abril, os dados divulgados ontem completam seis semanas seguidas de queda do indicador.

O processo de demissão nos Estados Unidos foi rápido, possivelmente na intenção de preservar o caixa das pequenas e médias empresas ou até mesmo antecipar o fechamento dos negócios que já enfrentaram alguma restrição financeira. O modelo de contratação também é diferente e favorece ao trabalhador após a sua dispensa, diferente do modelo europeu que estimula a empresa e protege os trabalhadores por leis mais duras.

Outro indicador que colabora para o entendimento que a economia americana pode estar próxima de se estabilizar é a geração de novos postos de trabalho (payroll) divulgados na manhã desta sexta-feira (8) pela agência de estatística dos EUA. No mês de abril foram cortados 20,5 milhões postos de trabalho. O número, apesar de alarmante, está dentro do esperado para o período, ficando abaixo da projeção inicial de 22 milhões. Outro dado que segue o mesmo caminho é a taxa de desemprego, que disparou 14,7% no mês de abril, mas permaneceu abaixo da projeção dos 16% para o período.

Não são números a serem comemorados, mas são o suficiente para demonstrar algum arrefecimento da crise. No início desta manhã, o S&P 500, índice que representa as 500 maiores empresas norte-americanas, sustentava a alta de 1,01%, que vem sendo mantida – sinal de que os dados já estavam precificados pelo mercado.

É importante observar que o mesmo deve acontecer aqui no Brasil. Já é consenso que os dados do desemprego no País tendem a aumentar significativamente a partir de abril. Sendo assim, o momento precisa ser encarado com muita atenção pelas autoridades, que necessitam começar a tratar a crise com a seriedade que ela demanda.





Ernani Reis - analista da Capital Research


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