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segunda-feira, 4 de maio de 2020

Testes rápidos de COVID-19 começam nas farmácias, médica alerta para riscos de falso negativo


Produto adquirido nas farmácias precisa ser usado no tempo correto para dar resultado real sobre a contaminação
 
A pandemia de Covid-19 deixou o mundo em alerta. A rápida disseminação da doença fez com que seu diagnóstico se tornasse cada vez mais difícil pela falta de kits em laboratórios e hospitais, tamanha a procura por casos suspeitos.
Na tentativa de contabilizar de forma mais real o número de diagnósticos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) permitiu a comercialização de cerca de 20 marcas de testes em farmácias e drogarias a fim de reduzir a demanda por testagens hospitalares e laboratoriais. Mas, será que esses testes realmente funcionam?
A Dra. Maura Neves, médica otorrinolaringologista da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial - ABORL-CCF, explica que os testes não são iguais e é preciso respeitar o tempo de manifestação da doença para poder ter um resultado real.
Ela conta que há, basicamente, dois tipos de testes:
- PCR RT, que é o teste swab ou "do cotonete", no qual é realizada a coleta de secreção da nasofaringe (fundo do nariz) com a passagem de haste de algodão pelas narinas para a identificação do vírus no corpo. "Ele deve ser feito na primeira semana de sintomas, idealmente após o quarto dia do início dos sinais. Antes disso, há grande chance de vir negativo. O exame também pode ser feito, no máximo, até o décimo dia de início dos sintomas, mas quanto mais tempo passar após o quarto dia, maior a chance de ter falso negativo", conta a médica.
- Sorologia é o teste que identifica anticorpos no sangue. Dra. Maura explica que os anticorpos começam a ser produzidos e detectados no sangue após 10 dias do início dos sintomas. Dessa forma, este é um exame que não deve ser realizado no início da enfermidade ou o resultado será impreciso. "Há ainda anticorpos específicos que só vão aparecer a partir do 14º dia do início dos sintomas. Por isso é fundamental avaliar quando os sinais começaram e avisar o médico responsável sobre esse prazo para que ele possa indicar qual é o exame mais indicado para aquele paciente", diz.
O chamado teste rápido para anticorpos é parecido com o teste de farmácia de gravidez. Nele, é preciso colocar uma gota de sangue do paciente e esperar a leitura. São testes baratos e com resultado imediato, mas que nem sempre são confiáveis.
"Cada teste tem uma limitação, ou seja, uma janela para falsos positivos ou negativos. Por isso, o resultado deve ser avaliado pelo médico. Simplesmente comprar um teste na farmácia sem saber interpretar qual é o melhor para o seu caso e não saber interpretar o resultado pode ser uma boa estratégia para gastar dinheiro à toa e até para esmorecer os cuidados com a disseminação da doença, correndo o risco de transmiti-la a familiares por descuido ou desinformação", conclui a médica.







Dra. Maura Neves - Otorrinolaringologista
Clínica MEDPRIMUS
 

Instituto Mauricio de Sousa e Revista Autismo dão dicas de quarentena para autistas


Dicas diárias nas redes sociais serão ilustradas com o André, o personagem autista da Turma da Mônica


Numa iniciativa conjunta, o Instituto Mauricio de Sousa e a Revista Autismo estão postando nas redes sociais dicas para as crianças, especialmente para autistas, nesta quarentena. Serão mais de vinte dicas, publicadas todos os dias para orientar e dar ideias para as famílias que estão em isolamento social, por conta da pandemia do novo coronavírus.

Dicas como criar um ambiente propício, um cantinho mais silencioso reservado para as atividades, foram dadas pela Neuro Days, um centro de avaliações neuropsicológicas que faz atendimentos por valores sociais, de acordo com a situação socioeconômica e personalizada para cada família, com profissionais que atuam nas grandes universidades como a Unifesp e USP.

Fundadora da Neuro Days, a neuropsicóloga Deise Ruiz, entende que a ação é extremamente útil para as famílias neste momento de isolamento social. "Pequenas ideias e sugestões neste momento podem ser muito valiosas para todos", disse ela, que é mestranda em psiquiatria e psicologia médica, e elaborou as dicas junto com toda sua equipe.

As dicas diárias serão sempre ilustradas com o André, o personagem autista da Turma da Mônica, que tem histórias exclusivas publicadas a cada edição da Revista Autismo, desde o início do ano passado. "O André tem ajudado muito os autistas e familiares, não somente na conscientização da sociedade, mas também com a representatividade dos autistas nas histórias em quadrinhos, com uma inclusão natural nos roteiros", explicou o jornalista Francisco Paiva Junior, editor-chefe da Revista Autismo, que tem parceria com o Instituto Mauricio de Sousa, desde fevereiro de 2019. As edições, que são gratuitas, podem ser baixadas no site RevistaAutismo.com.br.





Sobre o Instituto Mauricio de Sousa (IMS)
Fundado em 1997, o IMS realiza projetos, campanhas e ações sociais focados na construção de conteúdos, que por meio de uma linguagem clara e lúdica, estimulam o desenvolvimento humano, a inclusão social, o incentivo à leitura, o respeito entre as diferenças, a formação de cidadãos conscientes e conhecedores de seus deveres e direitos.




Sobre a Revista Autismo
Publicação gratuita, impressa e digital, a Revista Autismo é a primeira revista periódica da América Latina sobre o assunto, além de ser a primeira, do mundo, em língua portuguesa.
 

Pesquisadores do Butantan combinam técnicas de biotecnologia para formular vacina contra COVID-19




Laboratório de desenvolvimento de vacinas quer acoplar antígeno do SARS-CoV-2 a membrana de bactéria para criar defesa contra o vírus imagem: Gerd Altmann/Pixabay


Pesquisadores do Instituto Butantan vão combinar técnicas inovadoras de biotecnologia para formular uma nova vacina contra COVID-19. O objetivo é induzir no organismo, de modo mais efetivo, diferentes tipos de resposta imune contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2).

A nova estratégia é inspirada em um mecanismo usado por certas bactérias para “despistar” nosso sistema imune: elas liberam pequenas esferas feitas com o material de suas membranas como iscas para desviar a defesa do organismo. Essas vesículas, denominadas membranas pelos pesquisadores, têm a propriedade de ativar intensamente o sistema imunológico e, por isso, atraem células e moléculas da defesa do organismo.

Os pesquisadores vão aproveitar esse artifício das vesículas de membrana e acoplar a elas proteínas de superfície do novo coronavírus. Criadas em laboratório, essas vesículas atrairiam a defesa imune contra as proteínas de superfície do SARS-CoV-2, induzindo uma memória a ser mobilizada no caso de uma eventual infecção. A formulação estimularia não só a produção de anticorpos, mas também de outras células ligadas ao sistema imune, como macrófagos e glóbulos brancos.

“Para essa abordagem, juntamos duas estratégias diferentes que já vínhamos utilizando no desenvolvimento de vacinas contra outras doenças. A nova técnica permite que as formulações contenham uma grande quantidade de um ou mais antígenos do vírus em uma plataforma fortemente adjuvante, induzindo uma resposta imune mais pronunciada”, diz Luciana Cezar Cerqueira Leite, pesquisadora do Laboratório de Desenvolvimento de Vacinas do Instituto Butantan.

O estudo, apoiado pela FAPESP, integra uma plataforma de pesquisa que envolve o desenvolvimento de vacinas para coqueluche, pneumonia, tuberculose e esquistossomose, com base em técnicas desenvolvidas para a BCG recombinante (usada para prevenir formas graves de tuberculose em crianças). Recentemente, foi criada uma nova linha no projeto voltada ao desenvolvimento de uma vacina para a COVID-19.

“No mundo todo, e aqui no Brasil também, estão sendo testadas diferentes técnicas. Muitas delas têm como base o que já estava sendo desenvolvido para outros vírus, como o que causou o surto de SARS em 2001. Esperamos que funcionem, mas o fato é que ninguém sabe se vão realmente proteger. Neste momento de pandemia, não é demais tentar estratégias diferentes. A nossa abordagem vai demorar mais para sair, mas, se aquelas que estão sendo testadas não funcionarem, já temos os planos B, C ou D”, diz a pesquisadora.

Muitas vacinas consistem em soluções com o patógeno morto ou atenuado. São as chamadas vacinas celulares que, ao serem injetadas no indivíduo, têm por objetivo desenvolver a resposta imune contra o microrganismo, como anticorpos específicos e outras células de defesa de modo seguro, sem sofrer as consequências da doença. Dessa forma o indivíduo fica imunizado, tendo uma “memória de combate” do próprio sistema imune contra um determinado patógeno.

“As vacinas celulares são formas simples, e com frequência eficazes, de se obter um imunizante, porém, essas abordagens nem sempre funcionam, principalmente para patógenos com grande variabilidade antigênica ou organismos mais complexos, com mecanismos de evasão do sistema imune mais sofisticados”, diz a pesquisadora.


Estratégias combinadas

O grupo do Butantan propõe a combinação de duas estratégias para o desenvolvimento de uma vacina acelular. De um lado, tem-se as proteínas recombinantes de antígenos de superfície do novo coronavírus, que têm o papel de deflagrar a produção de anticorpos específicos contra o SARS-CoV-2. De outro lado, utiliza-se vesículas de membrana externa (Outer membrane vesicles conhecidos como OMVs) como matriz suporte dos antígenos, para que a partícula mimetize o vírus.

“As vesículas de membrana externa podem modular a resposta imunológica, em geral, aumentando e melhorando a proteção. Muitas vacinas têm o hidróxido de alumínio como principal adjuvante. No nosso caso, usaremos as OMVs para uma apresentação do antígeno com forte poder adjuvante embutido, que garante uma resposta melhor”, diz.

Para isso, a vacina em desenvolvimento no Butantan usará uma plataforma inovadora de apresentação de antígenos chamada Multiple antigen presenting system (MAPS), desenvolvida por um colaborador da Universidade de Harvard (Estados Unidos) e usada em uma formulação experimental contra o pneumococo.

Basicamente, o complexo molecular é montado por um sistema de acoplamento semelhante ao usado para detecção na reação de ELISA (ensaio de imunoabsorção enzimática), muito usada em diagnósticos. Esse tipo de teste de laboratório é usado para detectar anticorpos contra um determinado patógeno e assim diagnosticar doenças. No processo desenvolvido em Harvard, um ou vários antígenos são ligados a polissacarídeos das cápsulas das bactérias, como se fossem peças de encaixar.

“É uma plataforma que permite a ligação não-covalente de proteínas de forma muito eficiente, permitindo saturar a superfície da OMV com as proteínas do vírus, tornando-as bastante imunogênicas”, disse Cerqueira Leite à Agência FAPESP.

A ideia de usar as OMVs partiu da observação de uma estratégia que determinadas bactérias gram-negativas adotam para escapar do sistema de defesa do hospedeiro. “Quando infectam organismos, as bactérias produzem essas vesículas a partir de sua própria membrana externa. O intuito é atrapalhar a resposta do sistema imunológico. Anticorpos e outras células relacionadas ao sistema imune ficam tentando matar as vesículas em vez de atacar as bactérias, que ficam livres para se multiplicar no organismo”, diz.

Na nova formulação, a presença dessas vesículas extracelulares tem a função de estimular a resposta imunológica. “Elas são muito imunogênicas. Estudos recentes mostram que têm grande capacidade de ativar células dendríticas e macrófagos”, diz.






 
Maria Fernanda Ziegler


Agência FAPESP
http://agencia.fapesp.br/pesquisadores-do-butantan-combinam-tecnicas-de-biotecnologia-para-formular-vacina-contra-covid-19/33082/


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