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segunda-feira, 17 de junho de 2019

Cinco dicas para melhorar os processos e fazer a inovação acontecer na indústria


A indústria atua como locomotiva do crescimento de um país. Seu papel é central quando falamos de desenvolvimento econômico e empregatício, além de ter importante função nas relações internacionais, graças às exportações. Como um todo, ela representa para o Brasil de hoje 22% de seu PIB (Produto Interno Bruto). São 49% das exportações realizadas e 32% dos tributos federais arrecadados. 

Para cada R$ 1,00 produzido na indústria, são gerados R$ 2,40 na economia como um todo. Nos demais setores, o valor gerado é menor: R$ 1,66 na agricultura e R$ 1,49 no comércio e serviços. Como afirma a CNI (Confederação Nacional da Indústria), 67% da pesquisa e desenvolvimento do setor privado vem da indústria e, por isso, ela pode ser considerada um dos berços de crescimento do país.

É na indústria que, muitas vezes, novas ideias e tecnologias atuarão primeiro, e é por isso que é preciso que esse seja um ambiente que estimule o desenvolvimento e crescimento de novas posturas. É preciso haver colaboração entre formação de profissionais para cargos ainda desconhecidos, e é necessário que haja maior parceria com o setor público. 

Porém, é imprescindível que os processos estejam extremamente afiados dentro da indústria. É preciso aproveitar ao máximo cada proposta de inovação. Maximizar produções, além de abrir espaço para a entrada de novas tecnologias que geram progresso. Tudo começa na melhoria do que já existe, nos processos e gestão que ganharão possibilidades infinitas quando alinhados com posturas que buscam inovar. Abaixo, algumas dicas de como proporcionar essas melhorias.


#1 Preste atenção nas pessoas: As pessoas, sejam clientes, colaboradores ou fornecedores, estão no centro das transformações. Mesmo que na indústria não se lide diretamente com clientes finais, são eles que estão mudando comportamentos e fazendo novas exigências, que posteriormente são repassadas à indústria. Portanto, é para elas que as empresas precisam olhar. É preciso ter canais para ouvir de forma profunda e empática, buscando antever as necessidades e desejos de quem está na outra ponta do processo. É preciso convidar o cliente, o fornecedor, o parceiro, para o processo de pesquisa e desenvolvimento. Grandes insights surgem a partir do momento que damos voz e vez a quem é a grande razão de existir da indústria.


#2 Vá além da qualidade: Qualidade não é mais um diferencial e sim uma obrigação. Num mundo de poucas barreiras, o concorrente mais novo e simples pode quebrar sua “fórmula secreta” e, do dia para a noite, ser igual, ou até melhor que você. É preciso se utilizar de uma melhoria constante, e essa só é possível quando se tem ferramentas de gestão que incentivam a inovação através de cada processo e colaborador. Os produtos e processos são frutos das mentes que os pensam, e quanto mais livres e direcionadas à inovação elas forem, melhores serão os produtos. A ideia é estar à frente no patamar industrial, não por ter a melhor tecnologia, mas as melhores cabeças pensantes.


#3 Invista na gestão da inovação: A maioria das indústrias acredita que inovar é adotar novas tecnologias. Novo maquinário, equipamentos mais avançados, softwares inteligentes. A famosa “indústria 4.0”. Porém, antes de sair comprando um monte de equipamentos novos, é necessário uma gestão focada em dar o “norte” para a empresa, uma verdadeira gestão da inovação. Muitas vezes, todos esses aparatos acabam sendo inutilizados ou subaproveitados por falta de capacitação humana para operá-los ou de direcionamento adequado. Não adianta ter várias tecnologias, mas não ter uma gestão que diga o que fazer com elas, onde elas são mais necessárias, e se são mesmo a melhor alternativa. A aplicação de uma gestão de inovação é indispensável. Assim, a empresa sabe onde investir seus recursos. Se isso for feito de qualquer jeito, só se angaria dívidas. É preciso se perguntar “o que eu ganho com a mudança de equipamentos?”. Não adianta trocar por trocar, para dizer que tem maquinário de ponta, ou que está na indústria 4.0. Toda gestão tem que ser pensada na saúde financeira da empresa. Às vezes, a troca nem é necessária ou há opções mais baratas. Esse investimento só vale se for realmente trazer mais dinheiro e melhorar a empresa. Se não, é custo e não investimento.


#4 É preciso errar: Fomos ensinados que o erro é ruim e deve ser punido. No entanto, grandes inovações surgem a partir de erros. O erro faz parte do processo de maturação de um produto. Precisamos aprender com eles em vez de jogá-los embaixo do tapete e/ou castigar o “culpado”. Quem é mais inovador fala em errar rápido para aprender e acertar mais rápido. Prega-se o erro de baixo risco, que estimula a experimentação, o teste e a aprendizagem. O mindset dos gestores antigos é o da perfeição na primeira tentativa. Isso dava pouco espaço para inovação. Hoje, entendemos que para inovar é preciso ser tolerante à experimentação e até ao erro. Dizemos que estamos em constante estado de beta, onde tudo pode ser alterado de forma ágil. Algumas alterações serão boas, outras nem tanto. Mas, está tudo bem. As ruins sempre deixarão lições importantes, desde que estejamos abertos a elas.


#5 Mente aberta para o futuro: Tudo que falamos é uma questão de mentalidade. Não adianta dirigir uma indústria, tentar levá-la para a frente, olhando apenas para o retrovisor. O gestor precisa ter os olhos voltados ao futuro, tentando antever cenários. Se livrar de crenças limitantes e conceitos pré-estabelecidos é o passo mais fundamental que um gestor deve dar no caminho da inovação. É preciso mudar o modelo de gestão de cima para baixo, num movimento top-down. Dessa forma, quando todos estiverem alinhados, na mesma página, a empresa será capaz de inovar e aproveitar o mar de oportunidades que o amanhã nos reserva. Ela estará, enfim, nos trilhos da inovação e com nova capacidade de ser a locomotiva de todo um país rumo ao crescimento econômico.






Alexandre Pierro - fundador da Palas, consultoria em gestão da qualidade e inovação, engenheiro mecânico pelo Instituto Mauá de Tecnologia e bacharel em física nuclear aplicada pela USP. Passou por empresas nacionais e multinacionais, sendo responsável por áreas de improvement, projetos e de gestão. É certificado na metodologia Six Sigma/ Black Belt, especialista e auditor líder em sistemas de gestão de normas ISO. É membro de grupos de estudos da ABNT, incluindo riscos, qualidade, ambiental e inovação. Atualmente, cursa MBA em inovação.

sábado, 15 de junho de 2019

BRASIL TRABALHOU E GREVISTAS “FURARAM” O TRABALHO


        O Brasil não parou. A presidente do PT sonhava com cidades fantasmas e praças tomadas por candentes manifestações “contra tudo isso que está aí”. E “Lula livre!”, claro. Que modo melhor de exibir força, do que parando o país? Para mostrar musculatura, uma greve geral é mais eficiente do que camiseta cavada.
        Quando uma paralisação é anunciada, o trabalhador que insiste em ir trabalhar é acusado de furar a greve. Pois a greve do PT e seus satélites foi um fracasso que inverteu a situação. O que se viu foram grevistas furando um dia normal de trabalho. Dado da realidade: o Brasil não parou.
        Foi uma lição de maturidade proporcionada aos imaturos, que não apenas desprezam as lições do passado e nada aprendem com o que acontece diante de seus olhos no momento presente, como ainda almejam uma volta ao passado. Querem cometer todos os erros uma vez mais.
        É a política, dirão alguns. A vida é assim, há governo e há oposição, dirão outros. Sim, é verdade.  Mas a ideia da greve geral, desde que a esquerda se organizou no país, acrescenta um ingrediente abusivo e totalitário com o intuito de impedir o acesso das pessoas aos locais de trabalho. Isso se obtém com a instrumentalização, o aparelhamento dos sindicatos que respondem pela mobilidade no meio urbano. Mobilidade de pessoas, mercadorias  e dinheiro.
        O que se viu no dia 14 foi que nem isso deu certo. A greve obteve uma adesão pífia e onde algum reflexo foi sentido, ele esteve longe de expressar adesão política. Foi mero produto do constrangimento. Deveria ser desnecessário dizer, mas, em todo caso, vá lá: quem não conseguiu chegar a seu posto de trabalho porque tal ou qual sindicato impediu a saída dos ônibus ou dos trens, ou porque alguns brutamontes se postaram diante da porta da agência ou da repartição, estava em oposição à greve geral. Provavelmente foi chamado fascista e seu olhar de reprovação deve ter sido interpretado como discurso de ódio.
        Num país que precisa trabalhar para, com esse trabalho, gerar poupança necessária à abertura de novos postos de trabalho, parar o Brasil é irresponsabilidade em grau máximo. Por incrível que pareça, há forças políticas que ainda acreditam em sua capacidade de vender ilusões a um mercado onde perderam o crédito. E para isso se valem de grupos sociais com muito amor à remuneração e aos direitos e pouco amor ao trabalho e aos deveres.



Percival Puggina - membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

NAS RUAS, COM FÉ, TODOS OS CORPOS DE CRISTO


 Ruas frias, quentes, religiosas, coloridas, para todos. Tem Marcha para Jesus, Parada do Orgulho Gay, procissões, e até torcidas uniformizadas. Têm fogueiras, quentão, danças caipiras. Quem põe mais gente na rua, se esse ano vai ser maior ou menor, quem vai, quem aparece, mobiliza daqui, dali, conta quantos juntos por metro quadrado. Essa semana vai ter muito povo nas ruas, rezando ou brincando, festejando ou protestando no mundo paralelo que corre junto à realidade, a parada dura. As pessoas estão com seus “corpus” nas ruas, e o espírito, santo.

 

O povo caminha nas ruas. De alguma forma, por mais diferentes que pareçam, o objetivo comum sempre é conseguir. Conseguir viver, conquistar, ser feliz, agradecer, nem que para isso também precise protestar, mostrar força, e até escandalizar um pouco para ver se as coisas andam mais rápido.

Feriado em alguns lugares, só ponto facultativo em outros, dia para começar a enforcar a sexta-feira. Na quinta-feira, dia de Corpus Christi vamos saber de muita gente nas ruas, seja percorrendo avenidas na evangélica Marcha para Jesus, seja nos belos, coloridos e artísticos tapetes de serragem que adornarão os caminhos dos católicos e seus templos.

Nos pés, na sola, dentro de seus sapatos, os evangélicos levam escritos os seus pedidos na longa caminhada onde entoam seus cânticos, seguindo seus líderes. É a tradicional Marcha para Jesus. Os shows são todos de clamor, gênero gospel, sempre aquela palavra dirigida à fé, louvores e glorificações em uma adoração sem imagens.

Em tantos outros locais, nas mãos, os católicos carregam as velas acesas que simbolizam suas promessas, suas dívidas, seus desejos. A reza tenta chegar aos ouvidos daquele que não é visto, mas sentido e homenageado com adoração. A procissão de Corpus Christi lembra a caminhada do povo de Deus, peregrino, em busca da Terra Prometida. Os fiéis admiram e passam sobre os tapetes feitos durante a noite para serem admirados, trilhados e espalhados durante o dia. Quem sabe possam ser vistos por Deus, lá do céu. Por isso tão extensos, tão belos, e tão efêmeros.

No domingo, a Avenida símbolo de São Paulo, a Avenida Paulista, tomada pela diversidade na Parada Gay, ou melhor LGBTQIA+, todas as formas e letras de amor que valham a pena. A música é eletrônica, barulhenta, vem da dezenas de trios elétricos que desfilam, embalam a diversidade, a liberdade sexual, as conquistas e avanços. A caminhada é feita com dança, feliz, como em uma festa de Baco, embalada. O capricho das roupas, as fantasias, as transformações também de certa forma louvam a vida, a possibilidade de transformação da sociedade, a cultura da alegria. O arco-íris, suas sete cores, as bandeiras que tremulam e também pedem proteção. A divina e a da sociedade.

Eles vêm de todos os lugares, fazem alarido, têm todas as idades, formas, classes sociais, cores de pele, alguns trazem suas famílias, criam personagens, se equilibram em imensos saltos plataforma, sacodem suas perucas, piscam com cílios postiços, seios postiços, traseiros postiços, e o que mais puder ser postiço para desfilarem garbosos, estrelas máximas nesse dia do ano. Os homens, como mulheres; muitas mulheres, como homens. Lá, se é o que se quiser ser. Inclusive religioso, católico, evangélico, umbandista, que todos levam suas representações.

O Brasil, que bom, decididamente, aprendeu o caminho das ruas. Esperamos agora que todos caminhem juntos também para empurrar o país para a frente, e à frente de seu tempo, para o futuro melhor que nos observa, solene, ao longe.

Andar com fé eu vou que a fé não costuma falhar.

 

 

Marli Gonçalves - jornalista

marligoncalvesjornalista


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