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segunda-feira, 17 de junho de 2019

Conservadorismo e medo de perder dinheiro levam brasileiro a preferir poupança, apontam CNDL/SPC Brasil


Apenas 21% fizeram reserva financeira em abril. Entre poupadores habituais, 40% tiveram de sacar parte dos recursos guardados, principalmente para fechar contas do mês


Poucos são os brasileiros que chegam ao fim do mês com dinheiro sobrando e, diante de um quadro de instabilidade econômica, mesmo quem consegue fazer uma reserva vem recorrendo a aplicações de menor risco, deixando a boa estratégia de lado. É o que revela o Indicador de Reserva Financeira, apurado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Em abril, a velha e conhecida poupança seguiu na liderança (65%) entre as modalidades de investimento. Manter o dinheiro em casa foi a opção de 25% dos poupadores, enquanto 20% deixaram os recursos parados na conta corrente. Apenas 8% escolheram a previdência privada e 7% os títulos do tesouro direto.

De acordo com o levantamento, as principais justificativas para esse comportamento estão ligadas ao perfil conservador do brasileiro: 28% preferiram guardar o dinheiro em um lugar onde possam sacar com facilidade, outros 28% afirmaram não ter sobras suficientes para investir em aplicações mais arrojadas, enquanto 20% disseram estar acostumados com as modalidades tradicionais. Já 17% afirmaram ter medo de perder dinheiro.

Na avaliação do presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, há um grande desconhecimento sobre as opções que o investidor tem à disposição, componente que contribui para um perfil demasiadamente moderado na hora de escolher o tipo de investimento. “É preciso que alguns paradigmas sejam abandonados, como a crença de deixar todos os recursos apenas em aplicações com as quais o brasileiro já está acostumado. Se a intenção é manter o dinheiro aplicado por muito tempo, a diferença de rendimento entre a tradicional poupança e outras modalidades pode ser relevante. Por isso, é essencial conhecer as regras e o funcionamento de outras aplicações para tomar as melhores decisões”, destaca.


Apenas 21% dos guardaram dinheiro em abril; média foi de R$ 374. Parte significativa dos poupadores resgatou reserva para imprevistos

O indicador também mostra que o brasileiro continua com dificuldades em poupar. Apenas 21% fizeram algum tipo de reserva financeira em abril, em contraponto à maioria (69%) que não conseguiu guardar dinheiro. Em média, os que investiram destinaram um valor de R$ 374.

Proteger-se contra imprevistos é o principal objetivo daqueles que possuem o hábito de poupar. Seis em cada dez (60%) reservam um percentual de seus rendimentos para situações inesperadas que podem fugir do controle em razão de estarem desempregadas ou para despesas com saúde. Também observa-se uma preocupação em garantir um futuro melhor para os familiares (36%) e com o preparo para aposentadoria (14%).

Outro dado mostra que entre os poupadores habituais, 40% tiveram de sacar parte de seus recursos guardados. Um dos principais destinos dessa quantia foi para cobrir despesas com imprevistos (10%). Há ainda 13% que tiveram de usar esse dinheiro para pagar contas do mês e 10% que saldaram dívidas atrasadas com o recurso. “Deixar dinheiro guardado para o caso de imprevistos é uma estratégia inteligente. Assim, em momentos de aperto, evita-se recorrer a empréstimos ou algum outro tipo de crédito, que pode cobrar juros elevados e dificultar ainda mais a situação financeira”, analisa o educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli.


Dicas de investimento para fazer o dinheiro render mais

- “Quero sacar com facilidade” (a conhecida liquidez): buscar uma aplicação que possa socorrer o consumidor na hora de imprevistos é importante. A poupança cumpre esse papel, mas tem o inconveniente de render pouco e, não raro, abaixo da inflação. Outras opções são os CDBs e os fundos de investimentos com liquidez diária, além do Tesouro Selic;

- “Meu dinheiro é pouco”: a partir de R$ 30 por mês é possível aplicar no Tesouro Direto Selic. Com vencimento em março de 2025, por exemplo, o investidor poderá resgatar R$ 2.613,10. Sempre que possível, recomenda-se aumentar os aportes mensais para que a reserva cresça mais rapidamente;

- “Tenho medo de perder dinheiro”: em investimentos em renda variável (ações, por exemplo) o risco existe, mas há outras opções em que esse risco é muito baixo ou, quase nulo. Modalidades como CDB e a poupança são resguardadas pelo Fundo Garantidor de Crédito em até R$250 mil (FGC);

- “É mais seguro guardar em casa”: com o dinheiro mantido em casa, há a possibilidade de que a reserva seja roubada, além das perdas com a inflação.


Metodologia

O indicador abrange 12 capitais das cinco regiões brasileiras: São Paulo; Rio de Janeiro; Belo Horizonte; Porto Alegre; Curitiba; Recife; Salvador; Fortaleza; Brasília; Goiânia; Manaus; e Belém. Juntas, essas cidades somam aproximadamente 80% da população residente nas capitais. A amostra, de 800 casos, foi composta por pessoas com idade superior ou igual a 18 anos, de ambos os sexos e de todas as classes sociais. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais a uma margem de confiança de 95%.

www.spcbrasil.org.br/

 

Cibercriminosos usam calendário no celular para distribuir phishing


Os especialistas da Kaspersky detectaram um golpe sofisticado realizado por meio de notificações fraudulentas não solicitadas no Google Agenda, que enganam os usuários para que forneçam informações pessoais. Essa técnica usa um serviço gratuito de calendário que adiciona convites e eventos automaticamente às agendas dos usuários. Os ataques ocorreram durante todo o mês de maio.

Os golpes de spam e phishing que exploram vetores de ataque não convencionais podem ser lucrativos para os criminosos, pois são capazes de pegar usuários experientes que não seriam enganados por uma ameaça comum. Isso acontece especialmente quando são usados serviços legítimos e confiáveis, como os recursos padrão de calendários por e-mail, explorados pelos "phishings de calendário".


 
Constatou-se que as várias notificações não solicitadas nos calendários que foram detectadas ao longo do mês de maio são resultado de uma onda de spams sofisticados enviados por golpistas. Os e-mails exploravam um recurso padrão comum para quem usa o Gmail no celular: a adição e notificação automáticas de convites do calendário. A fraude começa com o envio de um convite de calendário não solicitado contendo um link para uma página falsa. Uma notificação pop-up aparece na tela inicial do smartphone e o usuário é incentivado a clicar no link.

Na maioria dos casos observados, o usuário foi redirecionado para um site onde havia um questionário simples e um prêmio em dinheiro. Para recebê-lo, a vítima precisa fazer um pagamento “de correção”, fornecendo informações pessoais e do cartão de crédito, como nome, número de telefone e endereço. Esses dados vão diretamente para os golpistas, que os utilizam para roubar dinheiro ou sua identidade.

O “golpe do calendário” é um esquema muito eficiente, pois as pessoas já se acostumaram mais ou menos a receber spam por e-mail ou em mensagens instantâneas e não confiam mais neles. Porém, isso talvez não aconteça quando se trata do aplicativo Agenda, cuja principal finalidade é organizar informações e não as transferir. Até o momento, o texto das amostras que observamos apresenta uma oferta claramente estranha, mas, na realidade, todos os esquemas tornam-se mais elaborados e eficientes com o passar do tempo. A boa notícia é que não é necessária nenhuma precaução sofisticada para evitar esse golpe. É possível desativar facilmente o recurso nas configurações do calendário”, explica Maria Vergelis, pesquisadora de segurança da Kaspersky. 

Para evitar ser vítima de spam malicioso, os pesquisadores da Kaspersky recomendam que os usuários:

•    Desativem a adição automática de convites ao calendário. Para fazer isso, abra o Google Agenda, clique no ícone de engrenagem “Configurações” e depois em “Configurações de eventos”. Na opção ‘Adicionar convites automaticamente’, clique no menu suspenso e selecione ‘Não, mostrar somente os convites a que respondi’. Abaixo dela, na seção Opções de visualização, confira se ‘Mostrar eventos recusados’ NÃO está marcado, a menos que você queira visualizá-los;

•    Se não tiver certeza de que o site para onde foram redirecionados é real e seguro, nunca insiram informações pessoais;

•    Conte ainda com uma solução contra ciberameaças que pode bloquear o acesso ao site malicioso e proteger contra outros golpes, como o
Kaspersky Total Security.

Para mais detalhes sobre o golpe, acesse o relatório completo em
Kaspersky Daily





Kaspersky
www.kaspersky.com.br

 

Quanto vale uma delação?


É inegável que o instituto da delação premiada ganhou relevância no Brasil, especialmente em tempos de Lava Jato, até porque, a partir de delações premiadas, políticos e empresários do alto escalão foram para a cadeia. Mas pergunta-se: a delação, que precisa ser voluntária, pode ser estimulada ou financiada?

Essa indagação surge devido ao chamado “Programa de Incentivo à Colaboração”, no qual ex-funcionários de empresas envolvidas em casos de corrupção, recebem propostas de elevadas indenizações, para que formalizem acordos de colaboração premiada.

Neste programa, o ex-funcionário que colaborar, receberá certa quantia mensal, por vários anos, como recompensa por sua colaboração, e, surgindo “assuntos confidenciais” que devam ser revelados, se obriga a informar previamente a empresa, para que esta possa tomar as “medidas de proteção e reparação adequadas”.

Justificou-se a inciativa deste programa de incentivo, porque apenas antigos administradores detinham as informações completas de interesse das autoridades, e, caso decidissem não cooperar com as investigações, o resultado poderia ser a “quebra” da empresa, pela possível condenação por improbidade, além de elevadas multas de até 80% de seu patrimônio.

Na verdade, o “Programa de Incentivo à Colaboração”, estimula financeiramente a realização de acordos de cooperação pelos antigos administradores, possibilitando a celebração de acordo de leniência da empresa com as autoridades públicas, assegurando a continuidade dos seus negócios.

Existem argumentos contrários a essa iniciativa, que advertem que o delator estaria recebendo uma dupla premiação, pois, além do benefício da redução da pena no acordo com o MP, também receberia certa quantia, ou que, ao premiar pessoas que cometeram crimes, a empresa estaria premiando o próprio crime, uma vez que, os acordos de delação existem para ressarcir os lesados e não os autores de crimes. Argumentam alguns que, por estar sendo indenizado, o delator poderia não informar tudo que tem conhecimento, para não desagradar a empresa que lhe paga.

Apelidou-se essa iniciativa de “delação financiada”, que não é ilegal, pois não possui nenhum tipo de previsão legal proibindo-a. Todavia, há quem sustente que, esta delação, com pagamento de indenização, comprometeria o requisito da voluntariedade do colaborador (conforme previsto no caput do art. 4º da Lei 12.850/13), acarretando sua eventual anulação.

Por outro lado, o argumento favorável a esta prática, tem viés social, pois, estimulando-se os acordos de delação e de leniência, os crimes seriam punidos, preservando-se as empresas, e nelas, os empregos que gera e a arrecadação tributária que propicia.

Portanto, embora seja uma realidade, a questão ainda suscita muitas dúvidas entre os juristas, especialmente pelo fato da utilização do instituto da delação premiada ser tão recente em nosso ordenamento jurídico, fazendo surgir questões complexas e controversas, como neste caso da “delação financiada”, exigindo dos operadores do Direito seu constante aperfeiçoamento, sempre observando-se as garantias individuais dos cidadãos e a busca da Justiça.



 

FLÁVIO FILIZZOLA D’URSO - Advogado Criminalista, Mestrando em Direito Penal na USP, pós-graduado em Direito Penal e Processo Penal pela Universidade de Coimbra (Portugal), com Especialização pela Universidade de Castilla-La Mancha (Espanha) e foi Conselheiro Estadual da OAB/SP (gestão 2016-2018).


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