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quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Como lidar com o Transtorno de Personalidade Borderline?



No Brasil são mais de 3 milhões de casos, 75% são mulheres


Conviver com pessoas diagnosticadas com transtornos mentais é um desafio diário que requer paciência, compreensão e conhecimento. 

Oscilações de humor, brigas frequentes e episódios de impulsividade são comuns em ambientes familiares que lidam com distúrbios psicológicos e psicossociais. A situação pode ser ainda mais grave nos casos de Transtorno de Personalidade Borderline (TPB).

"O indivíduo borderline é muito intenso, rápido e extremista. A instabilidade emocional é um padrão desse transtorno. Seja nas relações interpessoais ou na autoimagem". Quem afirma é a psiquiatra, do Hospital Santa Mônica, Luana Harada. "O transtorno de personalidade traz sofrimento para a pessoa e para quem é próximo, com prejuízos nas diversas esferas da vida", completa.

A seguir, você aprenderá mais sobre os desafios do Transtorno de Personalidade Borderline, como identificá-lo e o que fazer para conviver com essa condição no ambiente familiar.


O que é o Transtorno Borderline - origem e sintomas

O termo "Transtorno de Personalidade Borderline" foi cunhado em 1938 pelo psicanalista norte-americano Adolf Stern. À época, a condição descrevia pacientes que se encontravam no limiar entre a psicose e a neurose. Daí a aplicação da palavra "borderline" ("limite" no inglês).

O Borderline também é comumente classificado como Transtorno de Personalidade Limítrofe.
A Associação Norte-Americana de Psiquiatria, define nove sintomas comuns ao distúrbio, descritos no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V).


1. Esforços desesperados de evitar o abandono real ou imaginário

Borderlines têm medo intenso do abandono. Muitas vezes, quando se veem na iminência de ficarem sozinhos, são levados a empatizar, até mesmo, com quem possuem pouca afinidade. Para Luana Harada, a sensação de estar prestes a ser abandonado torna essas pessoas ávidas por alguma ligação significativa. "Os vínculos podem surgir de forma rápida, intensa e com muita intimidade. Porém, são frágeis", explica a médica.


2.Padrão de relacionamentos instáveis, com extremos de admiração e ódio

Relacionamentos interpessoais de indivíduos borderlines são muito instáveis, com altos e baixos frequentes. As relações são marcadas por extremos de idealização e desvalorização, em uma verdadeira "montanha-russa" de sentimentos.


3. Dificuldade em relação à autoimagem

Indivíduos borderlines têm dificuldade em se enxergar e ver as próprias características, negativas ou positivas. Isso torna difícil a descrição para os outros, não só da autoimagem corporal, mas no que diz respeito às características de identidade.

"Por isso, o TPB também é chamado de transtorno de personalidade emocionalmente instável. A instabilidade está presente em vários contextos", explica a psiquiatra. Isso inclui mudanças súbitas em relação a imagem, aspirações profissionais, identidade sexual e valores.


4.Impulsividade elevada

A impulsividade pode ser percebida de diversas formas, tanto prazerosas quanto agressivas. A pessoa com transtorno borderline tende a fazer coisas sem pensar, levada  pela gratificação imediata. Comportamentos impulsivos podem incluir o consumo de drogas, álcool, sexo sem proteção e compulsão alimentar. Muitas vezes, os borderlines realizam atos impulsivos com o objetivo de gerar alívio ou relaxamento momentâneo.


5.Comportamento suicida recorrente, com ameaças e automutilação

Comportamentos autolesivos são comuns em diagnosticados com o Transtorno Borderline. Em momentos de instabilidade dos afetos, a dor física é usada como válvula de escape. Além disso, são pessoas com um risco aumentado de suicídio, manifestando ameaças e realizando tentativas em momentos de extrema angústia. Entre 8% a 10% dos indivíduos que possuem o TPB cometem suicídio.

A psiquiatra do Hospital Santa Mônica faz um alerta: "Não é porque essas pessoas falam de suicídio que elas não tentarão consumar o ato. Existe esse mito na sociedade. Estamos lidando com a vida. Se ela se vai, não teremos a chance de fazer diferente. O pensamento suicida nunca deve ser menosprezado e, quando se torna recorrente, é o principal motivo que os levam a pedir ajuda".


6. Mudanças de humor

Pessoas com TPB vivem no limite entre o amor e o ódio, a raiva e a tristeza. "Essa flutuação de humor também é comum a outros transtornos, como a bipolaridade e a esquizofrenia", explica Luana Harada. "A diferença está na duração do sintoma, que é mais irregular no borderline".    


7. Sentimento crônico de vazio

Borderlines têm um vazio interno que não sabem como sanar. Isso pode desencadear brigas familiares, conflitos conjugais recorrentes e provocar distúrbios no núcleo familiar.


8. Raiva intensa ou dificuldade de controlar a raiva

Essa característica está associada à instabilidade. O indivíduo pode acordar bem e, ao mínimo de frustração, se tornar extremamente raivoso. Muitas vezes, familiares e amigos não são capazes de entender qual é o motivo. Indivíduos borderline também podem pedir ajuda, por sentir culpa e vergonha após os acessos de raiva e agressividade.


9.Paranoia temporária relacionada ao estresse    

Alguns indivíduos em momentos de angústia extrema podem vivenciar sintomas psicóticos. Eles são breves e podem se manifestar na forma de alucinações auditivas ou vivências delirantes. Algumas vezes, esses surtos podem estar relacionados a distúrbios do sono (chamados de alucinações hipnagógicas) e ao momento de despertar ou dormir.


Como diagnosticar o Transtorno Borderline

Quase 80 anos se passaram desde que o termo Borderline foi criado e o diagnóstico correto do transtorno continua sendo um desafio para médicos e especialistas em saúde mental. Estudo realizado pela Universidade de Brown, nos Estados Unidos, revela que 40% dos pacientes identificados com o Transtorno de Personalidade Limítrofe haviam sido mal diagnosticados ou sub diagnosticados anteriormente.

"O diagnóstico não é tarefa simples", explica Luana Harada. "Existem outras condições com sintomas semelhantes de ansiedade, psicose e intensidade de humor, como a esquizofrenia, a bipolaridade e a depressão". A avaliação única e pontual pode confundir os sintomas do TPB com distúrbios mentais similares. O diagnóstico deve ser realizado, portanto, com uma análise do padrão de comportamento ao longo do tempo, levando em consideração o contexto geral em que os sintomas se apresentam.

É preciso entender a dinâmica de relação do indivíduo com o meio em que ele vive. Juntando todas as peças é possível realizar o diagnóstico correto.


Relação entre o Borderline e o uso de drogas

É comum ver a comorbidade do transtorno de personalidade limítrofe e a dependência química. Por serem mais impulsivos, esses indivíduos têm a tendência de buscar o prazer imediato que a droga proporciona.

O uso de drogas pode, de fato, agravar alguns aspectos de personalidade borderline. Entretanto, o mais comum é que a dependência química seja consequência de um conjunto de traços da personalidade limítrofe. A personalidade do indivíduo o leva ao uso de drogas e não o contrário. É essencial a conscientização nesse sentido, para que haja engajamento e tratamento corretos.


Como tratar o TPB

O primeiro desafio parte do autoconhecimento do indivíduo diagnosticado com o Transtorno de Personalidade Limítrofe. Ele percebe que precisa de ajuda e enxerga uma necessidade de mudança?

Se sim, a possibilidade de evolução é mais favorável. O desafio é manter a estabilidade do tratamento essencial para recuperação. O tratamento pode ocorrer por diversas vertentes: psicoterapia, medicação e hábito de vida saudável.


Entendendo a Psicoterapia

Apesar da importância de medicamentos, a psicoterapia é a maior aliada no tratamento ao TPB. A partir dela, o borderline tentará achar instrumentos no dia a dia para mudar ou moldar aspectos do temperamento que causem angústia.

Existem duas modalidades com maior número de resultados: a Terapia Psicodinâmica e a Terapia Comportamental Dialética. Ambas demandam engajamento do indivíduo, com benefícios a médio e longo prazo. A participação de familiares e amigos também é essencial no processo de tratamento.


Medicamentos indicados para o TPB

Em um segundo patamar, também pode se cogitar o uso de medicamentos. Principalmente para lidar com a agressividade e impulsividade. Remédios também são utilizados para tratamento da depressão, comumente associada ao borderline.


Alimentação e hábitos de vida saudável no tratamento ao Borderline

Além do tratamento psicoterápico e farmacológico, borderlines podem buscar alívio dos sintomas por meio de hábitos de vida saudável, como boa alimentação e prática de atividades físicas. Hobbies também são importantes, atividades que não são terapias, mas são terapêuticas.

Se você tem algum amigo ou familiar com Transtorno Borderline, ou foi diagnosticado com o TPB, a especialista do Hospital Santa Mônica dá um conselho: "Aproveite os momentos bons, a tranquilidade pode durar pouco. Muito equilíbrio. É importante estabelecer limites. Não aceite o papel de vítima e nem de culpado demais. Incentive seu familiar, amigo ou companheiro a procurar ajuda especializada e, se sentir que precisa, procure ajuda também. Quem cuida e convive com pessoas com borderline também pode adoecer”.





Problemas de visão dobram entre crianças



Falta de óculos e aumento da miopia são as principais 

causas.Aprenda checar como seu filho enxerga para garantir o aprendizado.


Dados epidemiológicos do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) mostram que nos últimos dez anos o número de crianças que precisa usar óculos de grau passou de 10%¨para 20%. De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier e membro do CBO, um mutirão realizado pelo hospital no ano passado mostra que a miopia, dificuldade de enxergar à distância é hoje o vício de refração mais frequente na infância. Só para ter ideia, dos 583 participantes que precisavam usar óculos, mais de 4 em cada 10, 44%, eram míopes. “Há dez anos, a hipermetropia, dificuldade de enxergar próximo, era o problema de visão mais encontrado nas crianças”, observa. Para ele o que tem impulsionado o crescimento da miopia é o esforço para enxergar de perto imposto pelo uso precoce da tecnologia. “O olho da criança está em desenvolvimento até os 8 anos e os músculos ciliares que movimentam nosso cristalino para frente e para trás se acomodam”, explica. É por isso, pondera, que diversos estudos internacionais incentivam as atividades ao ar livre para conter a miopia.


Falta de óculos pode cegar

Queiroz Neto afirma que vício refrativo não é doença. Por isso a miopia, hipermetropia e astigmatismo não têm cura.  Ainda assim precisam ser corrigidos. A falta de lentes corretivas, salienta, pode levar ao estrabismo ou olho torto, devido ao excesso de esforço para enxergar. Até 8 anos também pode causar ambliopia ou olho preguiçoso, porque o cérebro faz a criança usar só o olho melhor o  que leva à perda da visão no outro. 

Como se não bastasse, relatório da OMS (Organização Mundial da Saúde) baseado no Global Vision Databases, banco de dados que analisou a saúde visual de 188 países, revela que a falta de óculos responde por 53% da deficiência visual no mundo contra 25% da catarata não operada, maior causa de cegueira evitável entre adultos.

Queiroz Neto conta que o relatório também mostra que os vícios de refração respondem por 63% dos problemas de visão em crianças. Na opinião dele os óculos deveriam fazer patê do uniforme. Isso porque, a visão compromete o aprendizado e  57% das crianças com problemas visuais são desatentas e agitadas.


Identificando problemas na visão

As dicas do especialista para pais e professores de crianças com até 2 anos são observar se  tem falta de interesse pelo ambiente e pessoas, olhos vermelhos, secreção ou lacrimejamento constante, pupila muito grande, com reflexo, cor acinzentada ou opaca.

Nas crianças a partir de 3 anos os sinais de problemas na visão são:  tombamento da cabeça para um dos lados, dor frequente de cabeça ou no globo ocular , olhos desviados para o nariz ou para fora, esfregar os olhos após esforço visual e fechar um dos olhos em locais ensolarados. 

Em crianças alfabetizadas os problemas visuais fazem com que  aproximem ou afastam muito o rosto da TV, livros ou caderno.

Uma primeira avaliação pode ser feita em casa através de um teste de visão autoexplicativo, disponível no site www.penidoburnier.com.br

Este teste não substitui a consulta médica. Por isso, se a criança tiver dificuldade antes da linha 8 da tabela a recomendação é consultar um oftalmologista.





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