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sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

O ensino superior com fórmula ultrapassada



Durante muitas décadas, o sucesso profissional no Brasil esteve ligado diretamente ao diploma. Um histórico que teve início no século 19, quando as famílias ricas mandavam seus filhos estudar na Europa. De lá, voltavam médicos, engenheiros e advogados. Desde então, mais do que o status social, um curso superior sempre foi considerado uma ferramenta fundamental para uma vida melhor em um país subdesenvolvido. Isso realmente fazia sentido, pois o sonhado diploma abria as portas do mercado de trabalho possibilitando salários melhores, promoções frequentes e, principalmente, estabilidade profissional.

Mas, em pleno ano de 2017, o que tem evoluído nos cursos superiores? Considerando que a maioria das profissões que conhecemos irá desaparecer em menos de uma década, que nesse mesmo tempo mais da metade dos postos de trabalho existentes hoje serão exercidos por máquinas e que todo o conhecimento acadêmico do mundo está online e acessível na palma da mão, como as faculdades estão formando seus alunos?

As universidades, engessadas em modelos tradicionais, serão capazes de se reinventar para formar uma mão de obra ainda inexistente? Nos Estados Unidos e em países europeus e asiáticos, grandes empresas internacionais estão priorizando cada vez mais aqueles com capacidade de encontrar soluções e de se reinventar, que tenham responsabilidade social, talento, criatividade e vontade de empreender, deixando em segundo plano a formação superior.

Desde o início dos anos 1990 a competitividade exige dos profissionais um aprendizado continuado. Somos provocados a mudar de área de atuação para seguir as melhores oportunidades do mercado. Por esse motivo, não é coerente cursar uma nova faculdade sempre que o mercado tomar novos rumos. Há, inclusive, o risco da nova profissão deixar de existir antes da conclusão do curso.

As escolas de formação rápida e prática, com os cursos mais inovadores e que incentivam o aluno a ir além do que já foi feito, escrito, ou descoberto, formam os profissionais capacitados a se adaptarem às mudanças e às instabilidades de um mercado de trabalho em constante transformação. A liberdade didática e conceitual dessas instituições permite que elas se moldem às principais necessidades e tendências, direcionando cursos para atender as mais variadas demandas. Essa dinâmica chegou ao Brasil nas últimas décadas e vai ganhando espaço. A hiperespecialização, que exige conhecimentos aprofundados em áreas bem específicas, tem movido o segmento e exigido muita agilidade.

Você já parou para pensar, por exemplo, quanto tempo uma universidade tradicional demoraria para adaptar o seu programa e adicionar temas do momento, como os tão falados drones?  Até o final de 2017 serão comercializados mais de três milhões de drones em todo o mundo, e várias profissões serão impactadas por eles. É um instrumento transformador em logística, mapeamento e topografia, agricultura, meio ambiente, construção civil, mineração, publicidade, eventos e jornalismo. Esse é só um exemplo de uma nova habilidade profissional que não era nem imaginada há poucos anos.

Com a inteligência artificial, que será responsável por uma fase de grandes transformações, as instituições de ensino superior vão precisar atingir um novo patamar e quebrar paradigmas seculares. Os avanços científicos estarão sendo desenvolvidos nos grandes laboratórios e em empresas como Google, Microsoft, Apple, Amazon e Facebook. As áreas que necessitarem de precisão ou de repetição não terão mercado de trabalho em escala. O mercado de trabalho será para pessoas com talentos diferenciados. Exatidão, rotina e previsibilidade serão qualidades para as máquinas. O mercado mais promissor será o da economia criatividade e das várias modalidades de hospitalidade. 

Os alunos das instituições de ensino superior e aqueles que se preparam para ingressar nelas, dificilmente terão suas expectativas atendidas. Tudo está mudando rapidamente, mas as faculdades caminham com uma lentidão preocupante. É fundamental percebermos que existem formas muito mais eficientes e dinâmicas para o desenvolvimento de habilidades profissionais. Nos próximos anos, cada ser humano construirá seu caminho profissional extremamente personalizado, passando pelo ensino formal, informal e vivenciando experiências realmente transformadoras. 







Carlos Rodolfo Sandrini - arquiteto e urbanista. No início da década de 1990, fundou o Centro Europeu (www.centroeuropeu.com.br), primeira escola de economia criativa do Brasil.




Rebaixamento da nota brasileira justifica-se, mas não prejudicará investimento estrangeiro



Professor Reginaldo Gonçalves, coordenador do Curso de Contabilidade da Faculdade Santa Marcelina (FASM), salienta que rebaixamento da nota brasileira pela agência internacional de risco Standard&Poor's é justificado, mas pondera que o fato não prejudicará investimentos estrangeiros, pois é crescente o interesse de empresas pelo mercado nacional


Depois de uma breve euforia pela inflação anual de 2017 abaixo do centro na meta, ou seja 2,95%, e justificando a retomada da economia, em nada foi surpresa para o mercado, já que o comprometimento do BACEN é inflação entre 2,5% e 6,5% ao ano, observa o professor, explicando: “O que houve, na realidade, foi uma pressão por falta de consumo significativa que fez com que os preços fossem pressionados para baixo, somente não valendo para os administrados, que continuam em alta ascendente”.

Para Reginaldo Gonçalves, a retomada tímida do crescimento foi muito aquém da necessidade de recuperação, embora nos últimos meses houvesse pequena melhora, motivada, porém, pela demanda reprimida e o consumo do período natalino e de final de ano. Entretanto, pouca reação se viu com relação aos mais de 12 milhões de desempregados, muitos dos quais enfrentando o subemprego para sobreviver.

“Infelizmente, o governo continua gastando mal o dinheiro que arrecada. A máquina administrativa continua inchada e a pressão por aprovação de projetos como a Reforma da Previdência está exigindo uma manobra financeira envolvendo uma ciranda de recursos e mudanças jamais previstas, mesmo porque o endividamento não está congelado. Pelo contrário, o déficit primário está fazendo com que a dívida aumente cada vez mais”, ressalta o professor.

Para o docente da FASM, a redução da nota não vai fazer com que haja melhoria e não exige qualquer ação de desespero por parte do governo. “É de conhecimento de todos que a nota para cima ou para baixo não vai trazer mais ou menos emprego. O mundo tem dinheiro para investir e procura países emergentes para colocar seus recursos, e o Brasil não perdeu essa característica. Pelo contrário, cada vez mais empresas estrangeiras têm interesses em negócios no País e buscam alternativas para aproveitar esse cenário. A única coisa que a nota baixa trás é que o País deixa de ter o nível de investimento e passa a ter maior vulnerabilidade quanto ao risco de inadimplência”.

A possibilidade de calote por parte do Brasil, entretanto, é uma possibilidade muito distante, analisa Reginaldo Gonçalves, ressalvando: “Mas, se o governo continuar com essa jogada política de escambo para aprovação de projetos e o desemprego seguir alto, dificilmente teremos a retomada da confiança, embora a economia já esteja desmembrada do fator político, que é de conhecimento de todos. Cabe ao governo, no mínimo, ter prudência com os recursos e gastar somente o que arrecada”.







Reginaldo Gonçalves - professor e coordenador do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina (FASM).


 

A semana política em Brasília: empossar ou não Cristiane Brasil? Eis a questão



Como é comum nos meses de janeiro, os dias na política seguem mornos em Brasília. Supremo e Congresso de recesso. E o Palácio do Planalto tentando articular a reforma da Previdência sem deputados na cidade. Diante desse marasmo, o que movimentou mesmo a semana do Executivo foi o imbróglio envolvendo Cristiane Brasil, a deputada federal indicada para ser ministra do Trabalho, mas que não consegue ser empossada por carregar nas costas ao menos dois processos trabalhistas. Cristiane começou a semana nomeada e a terminou embargada.

A Advocacia Geral da União, órgão que atua como uma espécie de departamento jurídico do governo, indica que vai tentar junto ao Supremo Tribunal Federal dar posse a parlamentar, já que uma decisão do juiz da 4ª Vara Federal de Niterói travou a nomeação com uma liminar. Enquanto isso, a pasta segue sem um titular, já que o ex-ministro Ronaldo Nogueira pediu demissão no final do ano para se dedicar às eleições de outubro.

Cristiane é filha de Roberto Jefferson, deputado pivô do mensalão cassado em 2005. Jefferson foi expulso da Câmara, mas não saiu da vida política. Colocou a filha para seguir o seu "legado", enfrentou um câncer, nunca deixou o comando do PTB nacional, partido do qual faz parte, e se manteve no Rio de Janeiro. 

Agora, 13 anos depois da cassação, se prepara para ser candidato a deputado federal por São Paulo. Quer fazer o partido crescer no maior colégio eleitoral do país.

Jefferson é um homem intenso, de emoções. Desafiou o então todo poderoso ministro José Dirceu, do PT, a deixar o governo durante a CPI do Mensalão. Já apareceu com o olho roxo, justificado como um armário que caíra em cima dele no apartamento funcional que ainda ocupava em Brasília. E na semana passada, chorou. De emoção. Ao anunciar a jornalistas, que sua filha seria uma ministra de Estado, ele não se conteve. E viu na indicação uma espécie de renascimento da fênix em cinzas. “(Suspiro/emoção)... É o resgate sabe, é um resgate (de imagem, da família e de tudo que aconteceu no mensalão). Já passou, já passou”, disse, sem conter as lágrimas. 

Lideranças do PTB comandado por Jefferson declararam durante a semana que a indicação do nome de Cristiane pelo partido se mantém. Alheia ao fato de uma ministra do trabalho ter sido ré e condenada a pagar R$ 60 mil a um empregado por dívidas trabalhistas. A legenda fechou questão na Câmara a favor da reforma da Previdência. Fechar questão é tipo o parlamentar ser obrigado a votar como indicado, senão sofre sanções que podem até chegar à expulsão do partido.

Com a decisão do PTB, o presidente Michel Temer garantiu votos em um placar que ainda parece apertado e incerto. Resta saber se bancará o possível desgaste dessa nomeação e manterá até o fim a tentativa de empossar a ministra que ainda não foi.





Hédio Júnior
Fonte: Agência do Rádio Mais 



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