Especialidade médica ainda pouco conhecida pela população traz ferramentas para
diagnóstico de precisão
Imagine um composto desenvolvido
para circular pela corrente sanguínea e se fixar apenas em um tipo específico
de molécula, encontrada na superfície de metástases microscópicas de um tipo de
tumor, permitindo que, com a ajuda de um aparelho de tomografia
computadorizada, os médicos possam rastrear punhados minúsculos de câncer que
passariam invisíveis por qualquer outra forma de diagnóstico por imagem. Agora
imagine que esse composto ainda traga em sua arquitetura uma porção de átomos
radioativos, agindo como um míssil teleguiado que leva uma dose pequena de
radiação para destruir apenas as células malignas.
É com essa premissa digna de um livro de ficção científica que funciona a
Medicina Nuclear, uma especialidade médica (assim como a cardiologia ou a
pediatria) que utiliza substâncias radioativas como ferramenta para realizar
diagnósticos e tratamentos extremamente precisos. Embora não seja recente, o
termo Medicina Nuclear (MN), ainda desperta certo receio na população, uma vez
que remete aos acidentes ou mesmo bombas nucleares. Segundo Gustavo Gomes,
diretor clínico do Grupo Núcleos, pioneiro em oferecer diagnósticos e
tratamentos em Medicina Nuclear no Distrito Federal, a semelhança fica apenas
no conceito.
“A dose de radiação aplicada por esse ramo da medicina é ínfima e segura, sendo
indicada para utilização inclusive em pacientes pediátricos ou idosos. Esses
compostos, chamados de radiofármacos, possuem uma meia vida muito curta, o que
significa que em pouco tempo deixam de emitir radiação, além de serem
facilmente metabolizados e eliminados pela urina dos pacientes”, explica.
Além da Oncologia, a Medicina Nuclear tem ferramentas para diversas outras
especialidade, como Endocrinologia, Mastologia, Urologia e Cardiologia, entre
outras.
Para ajudar a desfazer alguns dos mitos envolvendo a Medicina Nuclear, o Grupo
Núcleos respondeu sete perguntas sobre a especialidade:
- Há algum risco para os pacientes em contato com a radioatividade da MN?
Não há nenhum risco. Todas as quantidades de radiação que são utilizadas, tanto
para diagnósticos quanto para terapias, são muito pequenas e fazem uso de
substâncias que são eliminadas pelo corpo com rapidez (meia-vida muito curta).
- Chernobyl e Fukushima, onde aconteceram os acidentes nucleares mais
famosos, têm alguma coisa a ver com a radioatividade da MN?
De modo algum. Os acidentes são caracterizados pela enorme quantidade de
radiação descontrolada, podendo sim por em risco o organismo. A MN faz uso de
quantidades mínimas e controladas isentando as chances de danos aos pacientes.
Além disso, é realizada a aferição da radiação presente nos pacientes para
evitar qualquer tipo de problema: a dosimetria.
- A radioatividade pode permanecer em quem passa por tratamento com
radiofármacos?
Não. A recomendação é que não se utilize os radiofármacos com frequência, além
disso, a radioatividade dos medicamentos é baixa. De modo geral, esse tipo de
tratamento é feito em dose única ou com poucas doses, diferentemente de
medicamentos habituais em que é feito uso contínuo.
- Como é a decisão para uso da medicina nuclear como terapêutica ou
diagnóstico?
Para tomar essa decisão, os médicos levam em consideração os procedimentos
minimamente invasivos, ou seja, as ações capazes de preservar a saúde do
paciente e evitar intervenções desnecessárias.
- É possível fazer a combinação de radiofármacos com outros medicamentos?
Sim. Os radiofármacos, dependendo da situação, são utilizados em muitas
circunstâncias em tratamentos com outros medicamentos. Essa combinação é
chamada de terapia alvo, quando as substâncias e quantidades são calculadas
individualmente para o paciente e sua situação.
- O que a MN tem de diferente para realizar os diagnósticos?
A medicina tem o que podemos chamar de diagnóstico funcional. Ou seja, ela faz
uso de uma tecnologia que permite a visualização de tecidos e órgãos em pleno
funcionamento. Essa tecnologia permite avaliar doenças nos ossos, o diagnóstico
de tumores nos principais órgãos do corpo, além das complexas análises do coração,
cérebro, tireoide, rins, fígado e pulmões.
- Como um paciente pode alcançar o tratamento por medicina nuclear nas
esferas públicas e privadas?
O primeiro caminho para se chegar ao tratamento em clínicas de medicina nuclear
é buscar por médicos de especialidades clínicas no sistema de saúde. Os
especialistas clínicos são os responsáveis por encaminharem pacientes para os
médicos nucleares para que exames e tratamentos sejam realizados.