A ansiedade é um dos principais responsáveis pela compulsão alimentar.
O Dr. Sidney Chioro trabalha com um método de emagrecimento em que a pessoa
muda a relação com a comida
A ansiedade é uma das maiores causas do impulso de comer, que é o
principal motivo do aumento de peso corporal. Emoção, comida, engordar não deveriam
ter nada a ver, porém, quando a primeira é direcionada para o local equivocado
acabam se completando. Para entender a relação entre o apetite e as emoções é
importante saber sobre o funcionamento do cérebro.
“A ansiedade se forma no sistema límbico, que está no centro do cérebro
e deveria se encaminhar para a parte superior. Quando ela, de forma errônea,
desce, atinge o hipotálamo, que está logo abaixo e é onde se forma a fome.
Desta maneira, gera o impulso de comer, que é o desejo de comer sem fome
verdadeira, que, quando forte, chama-se compulsão alimentar”, explica o Dr.
Sidney Chioro, professor da USP, neurologista e psiquiatra com enfoque em
emagrecimento.
O crescimento da obesidade no Brasil foi confirmado por meio dos dados
fornecidos pelo Ministério da Saúde em 2017. O levantamento aponta que o
predomínio da doença passou de 11,8%, em 2006, para 18,9%, em 2016, um
crescimento de 60%. “Para emagrecer de verdade e não ficar vivendo de
privações, é preciso que esta ligação límbica hipotalâmica seja desfeita. Para
que as emoções não façam engordar, seria preciso que elas não fossem projetadas
na comida: ‘não tenho o que fazer, vou comer. Estou triste, para me animar vou
comer um chocolate’. Se a pessoa se propuser a não comer por emoções, mas apenas
pela fome verdadeira e conseguir executá-lo, ela vai emagrecer”, afirma Chioro,
que se dedica há mais de 40 anos a esse método de emagrecimento diferente do
habitual, pois não trabalha com restrições alimentares.
Se não conseguir e as emoções continuarem a sair pela comida, será
necessário desfazer a ponte límbico hipotalâmica. “Para libertar a pessoa do
impulso de comer são utilizadas técnicas especializadas, como projeções
programadas com algoritmos que enfraquecem os trajetos errados no cérebro e são
excelentes para superar a compulsão alimentar e ter muito mais facilidade não
só para emagrecer, como para permanecer com o corpo magro”, garante o
especialista, que acredita que a corrida pode ajudar a controlar essa compulsão
por gerar uma forma saudável de saída das tensões. “A corrida auxilia no
autocontrole e pode ativar o hormônio do prazer e satisfação, a serotonina, que
é um dos mecanismos também ativados na alimentação para aliviar as questões
emocionais”, afirma.
Com bastante experiência no assunto, o Dr. Sidney tem uma explicação
para o fato de as pessoas comerem mais quando estão ansiosas. “Em geral, na
infância, qualquer problema que a criança tem a família procura acalmá-la dando
o que ela gosta de comer e o cérebro dela adquire este modelo de comportamento
diante das dificuldades. Esse é um hábito muito comum e a pessoa não come só
quando está ansiosa, mas também quando está triste, com tédio, com raiva e nas
mais diferentes emoções. É praticamente um modelo de comportamento de nossa
época e, por isso, as pessoas estão engordando tanto”, destaca.
O especialista é contra dietas restritivas na busca pelo emagrecimento.
Segundo ele, a longo prazo as pessoas que adotam esta prática acabam voltando
ao peso inicial. “Quando o paciente alcança o peso desejado, acaba voltando a
ingerir vários dos alimentos que antes eram proibidos. Quando há proibições, o
cérebro reage aumentando progressivamente o desejo do proibido até a pessoa não
resistir e comê-lo, aí o faz de uma maneira compulsiva, exagerada, como uma
"operação vingança". Em vez de proibir, a pessoa deve aprender a
utilizar cada alimento”, assegura Chioro.
Algumas estratégias podem ser utilizadas no começo do processo de
emagrecimento. “A pessoa com impulso de comer coloca bastante comida no prato e
come mais. Logo, o prato grande favorece ao aumento de peso. Já o prato menor
ajuda a emagrecer. Por exemplo, comer no prato de sobremesa facilita a diminuir
o peso. Muitas pessoas no início do emagrecimento fazem isso e com bons
resultados. Porém, não vai conseguir fazer isso a vida inteira, nem em todos os
lugares, então ao lado deste recurso é fundamental eliminar o impulso de
comer”, ressalta o médico.
Personagens comprovam a eficácia do
método - Sérgio
Bartolo Manso tem 49 anos e é empresário. Ele sempre gostou de esportes e fez
judô dos 11 aos 19 anos, conseguindo manter seu corpo em boa forma. Aos 23
anos, época em que cursava Educação Física, sofreu uma lesão e precisou passar
por cirurgia. Um ano depois, transformou o estabelecimento comercial de seu pai
em uma padaria e deixou a prática de esportes em segundo plano. Com a fartura
de tantos produtos como pães, massas e doces em seu cotidiano, Sérgio começou a
consumir estes e outros alimentos de forma desenfreada. Diante da facilidade no
acesso a tanta comida, ele passou a ter dificuldades para controlar seus
impulsos, engordando bastante.
Nos últimos sete anos, Sérgio retomou a prática esportiva, realizando
treinos de tênis de mesa três vezes por semana. Ele tem o desejo de participar
de competições e sentiu a necessidade de perder peso para melhorar seu
desempenho. Foi quando sua esposa o aconselhou a buscar ajuda com o Dr. Sidney
Chioro, pois tinha a referência de dois de seus alunos de natação que
emagreceram realizando o tratamento. O empresário começou o tratamento no
início de julho de 2017, quando tinha 88kg. Em pouco mais de 40 dias, ele
perdeu nove quilos. Sérgio está bastante satisfeito com o método Sidney Chioro,
pois aprendeu a comer o suficiente para ficar saciado, respeitando mais seu
corpo, e atribui o sucesso de seu emagrecimento ao fato de não ter de abrir mão
de seus alimentos prediletos nesta forma de perder peso.
O método também está sendo eficiente para Mariane Pesch D’Avila, que tem
52 anos e é professora de inglês. Mariane enfrenta dificuldades para controle
do peso desde criança, já que sempre consumiu muitos alimentos processados,
carboidratos, doces e bastante refrigerante, ganhando muitos quilos durante a
adolescência. Dos 10 aos 25 anos, seguiu várias dietas sob acompanhamento de
endocrinologistas e nutricionistas, mas nunca teve sucesso em suas tentativas.
Dos 25 aos 50, ela não fez nenhuma dieta e seu peso oscilou entre 130kg e
150kg. A partir dos 50, sentiu a necessidade de emagrecer pelo receio de
doenças decorrentes do sobrepeso e pelo histórico de casos de câncer em sua
família.
Ela é
contra a cirurgia bariátrica, pois acredita que este procedimento trata a
consequência e não a causa. A professora conheceu o Dr. Sidney Chioro por
indicação de uma amiga, em setembro de 2015. Foi a primeira vez em que confiou
na eficácia de um método de emagrecimento. Ela acredita que o fato de comer
mais que o suficiente para se sentir saciada está ligado a questões emocionais
e o método Sidney Chioro tem contribuído muito para que ela entenda melhor a
sua relação com os alimentos e mantenha o equilíbrio de seu corpo. Quando
resolveu iniciar o processo, Mariane estava com 138kg e, atualmente, está com
103kg.
Dr. Sidney Chioro - Neurologista,
psiquiatra, professor livre docente de psiquiatria pela USP. Formação com professores da Universidade de Paris. Há mais de 40 anos se
dedica à retirada do impulso de comer.