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quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Dia Nacional de Controle do Colesterol é lembrado em 8 de agosto para alertar a população sobre o risco de doenças cardiovasculares





Cardiologista do Hospital Santa Paula tira dúvidas e dá dicas de como prevenir e tratar o colesterol alto, o principal responsável por problemas como infarto e derrame 

No próximo sábado (8 de agosto), é comemorado o Dia Nacional de Controle do Colesterol. A data foi instituída em 2003 pelo Governo Federal como uma forma de conscientizar a população sobre a necessidade de ações preventivas para minimizar o risco de doenças cardiovasculares.
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde, 57,4 milhões de brasileiros têm pelo menos uma doença crônica não transmissível, entre elas alta taxa de colesterol, que está associada a fatores de risco como tabagismo, consumo abusivo de álcool, excesso de peso, má alimentação e sedentarismo. A pesquisa foi realizada entre agosto de 2013 e fevereiro de 2014 e tem como objetivo servir de base para as políticas públicas do Ministério da Saúde nos próximos anos.
O estudo identificou que 18,4 milhões de brasileiros com mais de 18 anos apresentam colesterol alto, o que representa 12,5% da população adulta. Esse fator de risco também está mais associado à população mais velha. Ou seja, 25,9% das pessoas com mais de 60 anos apresentam altas taxas de colesterol, enquanto apenas 2,8% dos jovens com idade entre 18 e 29 anos dizem ter esse problema de saúde.

Entenda o problema
O colesterol é um tipo de gordura produzida pelo corpo humano, mas que também está presente em alguns alimentos de origem animal. Ele desempenha funções essenciais no organismo como a produção de hormônios e vitamina D.
Existem dois tipos de colesterol: o LDL é considerado “colesterol ruim” porque facilita a entrada do colesterol nas células, fazendo com que o excesso seja acumulado nas artérias sob a forma de placas de gordura, causando o “entupimento”. Já o HDL é conhecido popularmente como “colesterol bom”, que retira o colesterol das células e facilita a sua eliminação do organismo.
“O excesso de colesterol LDL no organismo é o principal responsável pelo surgimento de doenças cardiovasculares. Em excesso, ele se deposita nas paredes dos vasos sanguíneos e facilita o acúmulo de outras substâncias, como o cálcio, por exemplo, levando a formação de placas de gordura. A aterosclerose é uma doença caracterizada pela presença de placas que endurecem o vaso e estreitam a passagem do sangue no corpo, aumentando o risco de infarto ou derrame”, explica o diretor médico e cardiologista do Hospital Santa Paula, Otavio Gebara.
A obesidade é um dos fatores de risco para o excesso de LDL, mas pessoas magras também podem ter o colesterol alto. “A mudança do estilo de vida é o primeiro passo para evitar o problema. Má alimentação, tabagismo, obesidade e sedentarismo são fatores de risco que, aliados a uma possível propensão genética, aumentam o risco”, afirma Gebara.

Alerta
Segundo o especialista, os problemas cardiovasculares causados pelo colesterol começam a ser construídos na primeira infância, até os cinco anos de idade. “O processo de depósito de gorduras nas artérias começa bem cedo. Existe uma interação entre os fatores genéticos e ambientais, mas também depende do estilo de vida, se a criança se alimenta de forma adequada ou não”, explica Gebara.

            Uma pesquisa realizada em 2012 pela Sociedade Brasileira de Cardiologia mostrou que 20% das crianças e adolescentes brasileiros têm colesterol alto. “Isso pode antecipar em até dez anos eventos cardiovasculares, como por exemplo, o infarto”, enfatiza o médico.

Prevenção

            Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, os níveis ideais de colesterol no sangue são de 70mg/dL, não ultrapassando 100mg/dL. De 160 a 189 já é considerado alto e acima de 190 muito alto.

            O primeiro passo para manter os níveis de colesterol sob controle é fazer uma mudança no estilo de vida.  De acordo com Gebara, uma alimentação equilibrada e saudável, junto à prática da atividade física pode, além de ajudar a controlar o peso, pode manter o colesterol dentro dos níveis recomendados. “Existem medicamentos para controlar o colesterol, mas só é eficaz com uma mudança no estilo de vida”, afirma.

            Como o excesso de colesterol LDL não apresenta sintomas, é recomendado fazer exames com frequência, principalmente se a pessoa ingere muita gordura saturada, está acima do peso, é sedentário ou se tem histórico familiar de problemas cardiovasculares.

Cardiologista Otavio Gebara lista dez maneiras de manter o colesterol sob controle:

1 – Pratique exercícios físicos

2 – Mantenha a mente equilibrada. Combata o estresse com técnicas de respiração, meditação ou com atividades que lhe dê prazer

3 - Coma mais frutas e vegetais

4 - Dê preferência a carnes brancas, grelhadas ou assadas

5 - Prefira derivados de leite com baixo teor de gordura como leite desnatado, iogurte desnatado e sorvetes light

6 - Fazer uma dieta com baixos níveis de gordura e colesterol: seja rigoroso no controle da alimentação
7 – Livre dos vícios como cigarro e bebida alcoólica
8 - Limite a ingestão de gorduras saturadas, como gordura de derivados de leite
9 - Evite frituras
10 - Faça exames regularmente
 

Dr. Otavio Gebara - graduado em medicina pela USP com especialização no Institute for Prevention of Cardiovascular Diseases na Harvard Medical School em Boston. Possui doutorado em cardiologia pela USP e é livre-docente em cardiologia na mesma universidade.

Hospital Santa Paula
Av. Santo Amaro, 2468 – Vila Olímpia - (11) 3040-8000
www.santapaula.com.br

O Pequeno Rapaz e o Homem Gordo





Em agosto de 1939, uma carta assinada pelo físico Albert Einstein alertava ao presidente americano Franklin Roosevelt sobre a possibilidade de a Alemanha nazista desenvolver um artefato a partir da fissão nuclear. Einstein considerava "seu dever" sugerir ao presidente norte-americano uma maior atenção às pesquisas sobre urânio e, principalmente, mais (muito mais) investimentos. Em outubro, o presidente respondeu a carta e afirmou que iniciaria imediatamente os estudos de viabilidade para atender ao pedido e ao alerta do grande físico alemão, exilado desde os anos 30 nos EUA.

Entre 1942 e 1945, mais de 25 bilhões de dólares (em valores atuais) foram gastos para construir três bombas atômicas, mobilizando um complexo de universidades, centros de pesquisa e áreas militares, além de centenas de especialistas, como o italiano Enrico Fermi e o judeu americano J. Robert Oppenheimer. Curiosamente, a participação direta de Einstein no projeto foi vetada pelo FBI, por causa de suas ideias simpatizantes ao anarquismo e ao socialismo. Apesar disso, graças aos intelectuais americanos e europeus - e o gigantesco esforço logístico, financeiro e de engenharia dos EUA - unidos em torno da defesa do mundo livre, a possibilidade de a Alemanha dispor de um artefato nuclear seria contida pelas armas desenvolvidas por eles.

O que os intelectuais envolvidos no chamado Projeto Manhattan não esperavam - ou imaginavam - é que, afinal, a Alemanha não desenvolveu a bomba e o governo americano resolveu lançar as suas sobre Hiroshima e Nagasaki, três meses depois de a Alemanha ter assinado a rendição na Europa. Hitler, o líder do nefasto regime que vitimou seis milhões de judeus, havia se matado no dia 30 de abril. O perigo, para o qual a bomba devia sua razão de ser pelos cientistas e intelectuais do calibre de Albert Einstein, não existia mais.

Porém, a bomba existia. A primeira foi detonada no deserto do Novo México, em julho de 1945. Uma explosão equivalente a vinte mil toneladas de dinamite. Sucesso! As outras duas, artefatos de cerca de três metros e mais de quatro toneladas cada uma - uma de urânio, outra de plutônio - embarcaram em um B-29 e foram jogadas no dia 6 e 9 de agosto, matando cerca de 120 mil japoneses. No dia 14, o Japão se rendia. Acabava a guerra no Pacífico.

Até hoje, 70 anos depois, uma pergunta ainda incomoda: e se Einstein não tivesse escrito aquela carta? E se a ideia de que era preciso os EUA investirem em armamentos nucleares não tivessem sido aventada? O que teria acontecido? Como afirmam os defensores da medida tomada pelo governo Truman - que assumiu em 12 de abril, por causa da morte do presidente Roosevelt -, se os EUA não lançassem a bomba, as vítimas da guerra com o Japão seriam ainda em maior número. Será?

Como sabemos, as bombas de 1945 deram início a uma corrida nuclear que consumiu trilhões de dólares, recursos que poderiam ter resolvido de forma permanente questões prementes da humanidade, como a fome na África, ou a moradia e a educação em amplas regiões do planeta. Mas, em vez disso, o que há é a ameaça diária que paira sobre nossas cabeças. Milhares de ogivas nucleares estão espalhadas pelo mundo, capazes de exterminar a vida na Terra muitas vezes. No leste europeu, com a desagregação da União Soviética, ninguém sabe exatamente o nível de controle e cuidado com os depósitos nucleares. Outros países produziram a bomba. Alguns têm e dizem não ter. Alguns ainda alimentam a intenção. Ninguém está a salvo.

No texto "Fé e Saber", o pensador alemão Jurgen Habermas afirma que a ciência precisa ter a humildade de pensar sua ação e os efeitos sociais (e morais) de suas pesquisas. Hoje - a isso se refere o pensador alemão - o grande "fantasma" da Ciência é a engenharia genética. Os seus apoiadores lembram dos avanços na medicina. Habermas discute as implicações éticas de controlar a "criação" de espécies.

Que o exemplo das bombas atômicas, chamadas de Little Boy e Fat Man, possa ser a lembrança presente para os "avanços" da Ciência e recordem, principalmente para os intelectuais, que suas ações têm sim consequências e que estas consequências podem ser nefastas, sombrias. A neutralidade é um mito e a "Ciência pela Ciência", uma falácia que beira à má-fé. Há sempre limites humanitários, éticos, morais às ações dos cientistas. Que o diga a empresa alemã IG Farben, criadora do pesticida inodoro Zyklon B, usado nas câmaras de gás, vitimando milhões de judeus nos campos de concentração de toda a Europa. É certo que foi criado para matar insetos. Mas foi produzido em larga escala para matar gente.

Hannah Arendt, filósofa alemã radicada nos EUA (assim como Einstein) referindo-se ao nazista Adolf Eichmann, o executor do complexo trabalho de levar milhões de judeus para os campos de concentração, comparou-o a um funcionário incapaz de pensar por si mesmo e que via a excelência como a tradução da obediência. Obedecer sem questionar: "Eichmann era um homem que não parava para refletir. Ele não tinha perplexidades e nem perguntas, apenas atuava, obedecia. Seu desejo [era] de agir corretamente, de ser um funcionário eficiente, de ser aceito e reconhecido dentro da hierarquia" (in: SOUKI, Nádia. Hannah Arendt e a banalidade do mal. In: Extensão. Belo Horizonte. V.8. nº26, p.53

E se os cientistas dessa época tivessem se recusado? E se os de hoje não aceitassem nunca usar a Ciência para a criação de armas ou qualquer outro artefato que possa ser usado para ferir, matar? E se negassem, ao menor sinal de uso inapropriado, emprestar sua inteligência para produzir ou dar continuidade a qualquer coisa que coloque em risco outras pessoas?

Nos 70 anos do "pequeno rapaz" e do "homem gordo" e da memória da sombra de poeira nuclear que se transformaram cento e vinte mil pessoas, por que não apostar nessa utopia?



 Daniel Medeiros - professor de História no Curso Positivo.


Em agosto de 1939, uma carta assinada pelo físico Albert Einstein alertava ao presidente americano Franklin Roosevelt sobre a possibilidade de a Alemanha nazista desenvolver um artefato a partir da fissão nuclear. Einstein considerava "seu dever" sugerir ao presidente norte-americano uma maior atenção às pesquisas sobre urânio e, principalmente, mais (muito mais) investimentos. Em outubro, o presidente respondeu a carta e afirmou que iniciaria imediatamente os estudos de viabilidade para atender ao pedido e ao alerta do grande físico alemão, exilado desde os anos 30 nos EUA.

Entre 1942 e 1945, mais de 25 bilhões de dólares (em valores atuais) foram gastos para construir três bombas atômicas, mobilizando um complexo de universidades, centros de pesquisa e áreas militares, além de centenas de especialistas, como o italiano Enrico Fermi e o judeu americano J. Robert Oppenheimer. Curiosamente, a participação direta de Einstein no projeto foi vetada pelo FBI, por causa de suas ideias simpatizantes ao anarquismo e ao socialismo. Apesar disso, graças aos intelectuais americanos e europeus - e o gigantesco esforço logístico, financeiro e de engenharia dos EUA - unidos em torno da defesa do mundo livre, a possibilidade de a Alemanha dispor de um artefato nuclear seria contida pelas armas desenvolvidas por eles.

O que os intelectuais envolvidos no chamado Projeto Manhattan não esperavam - ou imaginavam - é que, afinal, a Alemanha não desenvolveu a bomba e o governo americano resolveu lançar as suas sobre Hiroshima e Nagasaki, três meses depois de a Alemanha ter assinado a rendição na Europa. Hitler, o líder do nefasto regime que vitimou seis milhões de judeus, havia se matado no dia 30 de abril. O perigo, para o qual a bomba devia sua razão de ser pelos cientistas e intelectuais do calibre de Albert Einstein, não existia mais.

Porém, a bomba existia. A primeira foi detonada no deserto do Novo México, em julho de 1945. Uma explosão equivalente a vinte mil toneladas de dinamite. Sucesso! As outras duas, artefatos de cerca de três metros e mais de quatro toneladas cada uma - uma de urânio, outra de plutônio - embarcaram em um B-29 e foram jogadas no dia 6 e 9 de agosto, matando cerca de 120 mil japoneses. No dia 14, o Japão se rendia. Acabava a guerra no Pacífico.

Até hoje, 70 anos depois, uma pergunta ainda incomoda: e se Einstein não tivesse escrito aquela carta? E se a ideia de que era preciso os EUA investirem em armamentos nucleares não tivessem sido aventada? O que teria acontecido? Como afirmam os defensores da medida tomada pelo governo Truman - que assumiu em 12 de abril, por causa da morte do presidente Roosevelt -, se os EUA não lançassem a bomba, as vítimas da guerra com o Japão seriam ainda em maior número. Será?

Como sabemos, as bombas de 1945 deram início a uma corrida nuclear que consumiu trilhões de dólares, recursos que poderiam ter resolvido de forma permanente questões prementes da humanidade, como a fome na África, ou a moradia e a educação em amplas regiões do planeta. Mas, em vez disso, o que há é a ameaça diária que paira sobre nossas cabeças. Milhares de ogivas nucleares estão espalhadas pelo mundo, capazes de exterminar a vida na Terra muitas vezes. No leste europeu, com a desagregação da União Soviética, ninguém sabe exatamente o nível de controle e cuidado com os depósitos nucleares. Outros países produziram a bomba. Alguns têm e dizem não ter. Alguns ainda alimentam a intenção. Ninguém está a salvo.

No texto "Fé e Saber", o pensador alemão Jurgen Habermas afirma que a ciência precisa ter a humildade de pensar sua ação e os efeitos sociais (e morais) de suas pesquisas. Hoje - a isso se refere o pensador alemão - o grande "fantasma" da Ciência é a engenharia genética. Os seus apoiadores lembram dos avanços na medicina. Habermas discute as implicações éticas de controlar a "criação" de espécies.

Que o exemplo das bombas atômicas, chamadas de Little Boy e Fat Man, possa ser a lembrança presente para os "avanços" da Ciência e recordem, principalmente para os intelectuais, que suas ações têm sim consequências e que estas consequências podem ser nefastas, sombrias. A neutralidade é um mito e a "Ciência pela Ciência", uma falácia que beira à má-fé. Há sempre limites humanitários, éticos, morais às ações dos cientistas. Que o diga a empresa alemã IG Farben, criadora do pesticida inodoro Zyklon B, usado nas câmaras de gás, vitimando milhões de judeus nos campos de concentração de toda a Europa. É certo que foi criado para matar insetos. Mas foi produzido em larga escala para matar gente.

Hannah Arendt, filósofa alemã radicada nos EUA (assim como Einstein) referindo-se ao nazista Adolf Eichmann, o executor do complexo trabalho de levar milhões de judeus para os campos de concentração, comparou-o a um funcionário incapaz de pensar por si mesmo e que via a excelência como a tradução da obediência. Obedecer sem questionar: "Eichmann era um homem que não parava para refletir. Ele não tinha perplexidades e nem perguntas, apenas atuava, obedecia. Seu desejo [era] de agir corretamente, de ser um funcionário eficiente, de ser aceito e reconhecido dentro da hierarquia" (in: SOUKI, Nádia. Hannah Arendt e a banalidade do mal. In: Extensão. Belo Horizonte. V.8. nº26, p.53

E se os cientistas dessa época tivessem se recusado? E se os de hoje não aceitassem nunca usar a Ciência para a criação de armas ou qualquer outro artefato que possa ser usado para ferir, matar? E se negassem, ao menor sinal de uso inapropriado, emprestar sua inteligência para produzir ou dar continuidade a qualquer coisa que coloque em risco outras pessoas?

Nos 70 anos do "pequeno rapaz" e do "homem gordo" e da memória da sombra de poeira nuclear que se transformaram cento e vinte mil pessoas, por que não apostar nessa utopia?



 Daniel Medeiros - professor de História no Curso Positivo.

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