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Guia
elaborado por pesquisadores da UFSCar traz orientações para o bem estar
emocional dessa população
Os
idosos estão no grupo de pessoas que correm maior risco com a contaminação pelo
novo Coronavírus. O distanciamento social, cuidados redobrados com higienização
e uso de máscaras são recomendados por todas as autoridades sanitárias. Mas,
além disso, também é preciso cuidar do bem estar mental dessa população,
garantindo qualidade de vida emocional para enfrentar a pandemia.
De acordo com Claudia Valente, docente do Departamento de Terapia Ocupacional
(DTO) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), que desenvolve estudos na
área do envelhecimento, a pandemia de Covid-19 instaurou um novo cotidiano,
exigindo adaptações no dia a dia de todas as pessoas. As reações diante dessas
mudanças podem ser variadas e, segundo ela, precisam ser acolhidas e entendidas
sem muitas cobranças. "Algumas pessoas se sentem irritadas, outras tristes,
raivosas, outras negam a situação, outras fazem piada, têm pouco interesse em
tarefas diárias, e outras podem adotar uma postura mas ativa como forma de
controlar o meio ao seu redor", enumera a docente.
Valente explica que várias ações podem ajudar os idosos a vivenciarem o
distanciamento social momentâneo. Uma das estratégias é estimular o sujeito a
lembrar o que já fez em situações problemáticas vivenciadas no passado e
sugerir que repita o comportamento. "Ouvia música alta? Cantava?
Cozinhava? Rezava? Então faça isso. No momento que estamos vivendo, é bom
relembrar que já superamos outros obstáculos na vida e que estratégias
anteriores podem ser úteis agora", indica a professora. Outra dica é
entender que o distanciamento tem o sentido de proteção a si mesmo, da família,
da comunidade em geral. "Dar sentido à essa situação permite que seja mais
fácil lidar com ela", defende.
O apoio da família também é importante. Valente recomenda ouvir os idosos e não
adotar uma postura impositiva, com ordens e regras para pais e avós. Além de
explicar a necessidade do distanciamento social, é fundamental que a família
esteja disponível para ajudar, se organizando para fazer compras, pagar contas
e higienizar alimentos, por exemplo. Além disso, os familiares devem acompanhar
seus idosos por meio de ligações e chamadas de vídeo. "Nas primeiras
semanas pode ser que a pessoa negue a necessidade de ajuda, mas com o passar
dos dias, ter com quem conversar é importante. Mesmo que não haja problema
aparente, saber que se tem com quem contar é extramente reconfortante e tira o
indivíduo do sentimento de solidão", enfatiza a docente da UFSCar.
Para preencher o tempo, dicas de atividades são plantar mudas, cozinhar,
escrever cartas, mudar a decoração dos cômodos, organizar gavetas, jogar e
praticar exercícios físicos dentro de casa e também descansar. "Creio que
as famílias estão tendo o desafio e a oportunidade de resgatarem hábitos e
relações que estavam adormecidos", avalia Valente.
No entanto, a professora aponta que os familiares devem ficar atentos a alguns
sinais que podem indicar problemas mais graves nos idosos, como a depressão.
Esses sinais podem ser observados quando a pessoa não consegue realizar
atividades que fazia normalmente, não tem interesse em conversar ainda que pelo
telefone, dorme muito ou fica muito tempo dentro do quarto, faz queixa de dores
difusas, esquece informações com frequência, não sente prazer em se alimentar,
fala muito sobre morte etc. "Esses são sinais de que um quadro mais grave
está se instalando e é preciso ajuda profissional", destaca a
docente.
O guia "O que vou fazer hoje?" com atividades para o bem estar mental
dos idosos foi elaborado com a coordenação da professora Claudia Valente e está
disponível gratuitamente em www.informasus.ufscar.br.
Outros materiais com orientações e dicas para o enfrentamento à pandemia estão
disponíveis no mesmo site.