Como
manter a saúde cerebral durante a pandemia, especialmente no caso de idosos e
pacientes com doenças neurológicas
Mudar um hábito não é
fácil. É preciso muito esforço, determinação e, acima de tudo, uma motivação
forte. É o caso da população brasileira: para evitar a proliferação do novo
coronavírus, as pessoas se viram obrigadas a reorganizarem suas vidas em prol
do isolamento social. Nesse processo, uma das principais dificuldades é
adaptar-se e manter o cérebro ativo durante todo o confinamento.
“A quarentena é muito
importante. A orientação é a de ficar em casa, recluso, evitando o contato
social direto e reduzindo o risco de transmissão”, ressalta o dr. Rubens
Gagliardi, presidente da Associação Paulista de Neurologia (APAN). Para manter
as funções cerebrais em pleno funcionamento, a indicação do neurologista é
realizar atividades físicas e intelectuais.
Andar pela casa, fazer
alongamentos, realizar levantamentos de peso (com pacotes de arroz ou feijão,
por exemplo), além de ler, estudar e se atualizar são as principais recomendações.
“É muito importante não parar. Temos que manter o cérebro ativo, senão
‘enferruja’”, explica o especialista.
Estudar um assunto do
interesse do indivíduo ajuda a exercitar a memória, a concentração e o foco. Se
a pessoa gosta de números, estudar matemática pode ser estimulante. Já se ela
se interessa por literatura ou artes, o interessante é ler sobre esse tema.
Aprender uma nova língua, seja ela qual for, também tem impactos muito
positivos para o intelecto humano. “Nesses casos, a internet é uma aliada. Uma
ferramenta que, quando bem utilizada, propicia uma boa maneira de manter o
cérebro ativo”, pontua dr. Rubens.
Pacientes
com doenças neurológicas: o que fazer?
Alzheimer, Parkinson,
AVC e outras complicações neurológicas podem causar limitações motoras,
sequelas, a necessidade de cuidadores e até mesmo, deixar o paciente de cama.
Nessas situações, os riscos durante a quarentena são maiores, mas os cuidados
são os mesmos. “A atenção deve ser redobrada, mas a base é exatamente a mesma”,
diz o neurologista.
A preocupação maior é
com a imunidade: manter uma alimentação saudável e correta, dormir bem e estar
descansado, manter atividades físicas, intelectuais e sociais (mesmo que a
distância) ajudam no fortalecimento da defesa do organismo e no combate à
doença.
Convívio
com os idosos durante o isolamento
Já os idosos, aqueles
acima de 60 anos, estão no grupo de risco do contágio. Eles são mais propensos
a contrair a doença e desenvolver sintomas mais graves, portanto, necessitam
seguir a quarentena à risca. “É um grupo que deve fazer zoneamento restrito, bem
como evitar contato com pessoas com suspeita de infecção”, destaca dr. Rubens.
Porém, mesmo isolados,
devem motivar-se a não parar e manter uma rotina diária de atividades físicas e
intelectuais, assim como o resto da população. Os familiares, ainda que a
distância, devem apoiar, incentivar e prestigiar essas atividades. Consultar
médicos sobre os exercícios mais indicados para os idosos além de motivar o
estudo e a leitura são fundamentais no cuidado com a terceira idade.
Para aqueles que moram sozinhos, há ainda a preocupação psíquica, já que
o isolamento poderá afetá-los de diferentes maneiras. A sensibilidade dos
netos, filhos e sobrinhos em manter a comunicação social por telefone ou até
mesmo pela internet é imprescindível para o convívio e a demonstração de afeto
para com essa geração.