Pesquisar no Blog

segunda-feira, 6 de abril de 2020

Doença de Parkinson: e quando as mãos não tremem?


 Dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson, celebrado no próximo dia 11, busca quebrar tabus


O músico Ozzy Osbourne, ex-vocalista da banda britânica Black Sabbath, recentemente cancelou uma viagem que faria para o tratamento da doença de Parkinson. Este mesmo distúrbio, que é relembrado no próximo dia 11, se manifesta de diferentes maneiras nos pacientes - o que dificulta o entendimento e suporte de familiares e amigos, além de um diagnóstico seguro. O músico, por exemplo, não apresenta os tremores popularmente conhecidos e muito característicos.

Por isso, o Dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson traz o alerta a respeito das dificuldades enfrentadas tanto no cotidiano como durante o tratamento do indivíduo afetado.

"Trata-se de uma doença plural, que se apresenta de modos diversos. Os tremores e a rigidez muscular, duas particularidades do Parkinson que são mais comumente relatadas, também estão presentes em outras patologias que ocasionam movimentos involuntários. Da mesma forma, outros sintomas também significantes se fazem presentes nela. Por isso, há muitos fatores para se basear e isso já representa um obstáculo", conta Dr. Claudio Corrêa, neurocirurgião funcional, mestre e doutor pela UNIFESP.

Desta maneira, apesar de ser a segunda doença neurodegenerativa mais frequente no mundo, ficando atrás apenas do Alzheimer, suas principais características ainda são desconhecidas por muitas pessoas. Entre elas estão:

- Lentidão de movimentos

- Dificuldade para caminhar

- Desequilíbrio

- Instabilidade postural

- Rigidez muscular

- Dores musculares

- Perda progressiva das expressões faciais

- Alterações na fala/deglutição

- Problemas em movimentos finos, como escrita

- Quadros depressivos

- Tremores dos membros em repouso


Diagnóstico

Para compreender a doença de Parkinson, inicialmente é feita uma análise do histórico do paciente e uma avaliação neurológica que observa pelo menos três de quatro sinais: lentidão e redução dos movimentos, rigidez nos membros, tremores e problemas de postura.
Exames de imagem, como a ressonância magnética e a tomografia computadorizada, raramente são solicitados, pois tipicamente não apresentam alterações.


Tratamento

O tratamento evolui de acordo com o quadro apresentado. Em todos os casos, porém, recomenda-se um acompanhamento multidisciplinar. Isso significa que diferentes áreas de atuação, como a psicologia, fisioterapia e fonoaudiologia, podem somar na reabilitação - tanto física como mental - do indivíduo. O objetivo é não só conter a progressão dos sintomas, mas devolver a capacidade funcional e a autonomia.

Algumas pessoas, porém, recebem a recomendação de passar por procedimentos cirúrgicos. O mais eficiente hoje é a neuroestimulação cerebral profunda, do inglês Deep Brain Stimulation, feita com o implante de eletrodos nas regiões do cérebro afetadas pela doença de Parkinson.

O propósito do procedimento é modular estímulos em pontos cerebrais específicos, o que consegue normalizar ou reduzir bastante os tremores dos membros e a rigidez que limita a movimentação do paciente. A técnica é minimamente invasiva e pode ser conferido em detalhes no podcast “Neuro em Dia”, gravado pelo especialista. Confira aqui: https://open.spotify.com/show/7ajIi3pjLcveDpfkEySbjr




Dr. Claudio Corrêa - Com mais de 30 anos de atuação profissional, possui mestrado e doutorado em neurocirurgia pela Escola Paulista de Medicina/UNIFESP. Especializou-se no tratamento da dor aliado a neurocirurgia funcional – do qual se tornou referência no Brasil e no exterior. É também o idealizador e coordenador do Centro de Dor e Neurocirurgia Funcional do Hospital 9 de Julho, serviço que reúne especialistas de diversas especialidades para o tratamento multidisciplinar e integrado aos seus pacientes.


Autotransfusão é a forma mais segura para quem precisa de sangue durante cirurgia

Explicação autotransfusão

 Segundo Walter Gomes, professor titular de cirurgia cardiovascular da UNIFESP e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, falta de sangue nos bancos de sangue e receio de infecção pelo coronavírus e outras doenças infectocontagiosas devem dar maior visibilidade à técnica



Em meio à crise do coronavírus, os estoques de bancos de sangue estão reduzidos e cirurgias eletivas, aquelas sem muita urgência, estão sendo postergadas. No entanto, algumas cirurgias emergenciais que necessitam transfusões de sangue, caso de traumas, alguns transplantes, cirurgias cardiovasculares e cirurgias para pacientes em tratamentos oncológicos não podem ser adiadas. Felizmente, isso não é motivo para pânico. Uma dastécnicas de autotransfusão, também conhecida como recuperação de sangue intraoperatório, permite que o próprio sangue “perdido” pelo paciente durante a cirurgia seja processado e retransfundido, evitando-se assim, as transfusões de sangue de doadores e as suas possíveis complicações e reações adversas.

"Nas cirurgias onde os pacientes têm risco de perda sanguínea prevista, a utilização do equipamento de autotransfusão é o mais indicado", afirma o cirurgião Walter Gomes, professor titular de cirurgia cardiovascular da Escola Paulista de Medicina da UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo, e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular SBCCV. "Não estou falando que a técnica deva ser utilizada apenas em casos de possível falta de sangue nos bancos de sangue ou devido ao pânico que a infecção por sangue contaminado por coronavírus ou outras doenças infectocontagiosas poderiam gerar", ele afirma. "Aautotransfusão deve ser utilizada sempre, pois o próprio sangue perdido pelo paciente durante a cirurgia é processado e reinfundido no paciente, evitando qualquer infecção que possa não ter sido detectada nos testes e triagem dos doadores de sangue. Além disso, a relação custo-benefício é muito melhor, mesmo sem contar que a utilização de sangue doado pode, eventualmente, causar várias complicações, como problemas pulmonares e renais, e a recuperação do paciente com a autotransfusão é melhor e mais rápida. É uma pena que muitos planos de saúde não percebam o potencial benefício ao pacientee não cubram a utilização da técnica, e acabam tendo muito mais custos no final", ele completa.

Para o Dr. Sérgio Domingos Vieira, vice presidente médico do grupo GSH, que atende inúmeros hospitais em todo o Brasil, o paciente deve discutir essa técnica com a equipe cirúrgica e optar pelas instituições que a utilizam. "Não existe transfusão com sangue doado com risco zero, mesmo com todas as triagens sorológicas feitas nos bancos de sangue. “A maioria dos pacientes desconhecem as vantagens da autotransfusão, e muitos nem sabem que a técnica foi utilizada na sua própria cirurgia", ele afirma. Segundo ele, em época de dúvidas em relação à triagem do sangue em relação à presença do coronavírus e ao próprio desabastecimento dos bancos de sangue, a utilização da autotransfusão é ideal. "Na nossa rede utilizamos há bastante tempo a autotransfusão, e atualmente estamos utilizando o equipamento mais moderno que existe hoje em dia, o sistema Xtra, bastante intuitivo e fácil de usar, e que ainda tem a vantagem de ter as instruções em português", ele afirma.

Solange Pais Messias trabalha como representante de autotransfusão na região de Campinas e teve de ser submetida à uma cirurgia cardíaca em julho de 2018. Para a realização de sua cirurgia ela escolheu a equipe do cirurgião cardíaco Dr. Orlando Petrucci Junior, pois  sabia que esse médico utiliza autotransfusão em praticamente todos os seus pacientes.  A cirurgia da Solange teve duração de cerca de 5h e foram recuperados 695mL de seu sangue, o equivalente a quase 3 bolsas de sangue. “O uso do meu próprio sangue me deu muito mais segurança em realizar a cirurgia e minha recuperação foi muito rápida. Minha preocupação se restringiu à cirurgia em si, e não a complicações que poderia ter tido relativas a utilização de sangue doado. Hoje não sinto mais nada, a cirurgia foi um sucesso!” 
Autotransfusão máquina


Vantagens da autotransfusão

1. Segurança: a autotransfusão é segura e eficiente, pois reduz o risco de infecções, já que muitas vezes nem todas as infecções do sangue doado são detectadas; ela evitaproblemas de compatibilidade sanguínea, já que o sangue utilizado é do próprio paciente.

2. Disponibilidade: imediata disponibilidade do próprio sangue, já que em poucos minutos o sangue recuperado é processado e retornado ao paciente, mesmo para pacientes sensibilizados (presença de anticorpos) ou com tipos raros de sangue.

3. Bom custo-benefício: reduz a demanda por sangue doado e suas sorologias para doenças transmissíveis de alto custo, e consequentemente a utilização da autotransfusão tem custoinferior ao da transfusão com sangue estocado de bancos de sangue.


Como é feita a autotransfusão durante uma cirurgia?

A Recuperação Intra-operatória de sangue é feita por meio de um equipamento automatizado de autotransfusão específico para este fim. O sangue é aspirado do campo cirúrgico e enviado para a máquina onde são recuperados e concentrados os glóbulos vermelhos (componente mais importante de sangue: células responsáveis por levar oxigênio aos tecidos). O sangue recuperado é então automaticamente lavado para eliminar fragmentos de células rompidas, substâncias nocivas presentes no plasma, fármacos e o anticoagulante que precisa ser utilizado para utilização do equipamento. Após a lavagem, o sangue está pronto para ser reinfundido no paciente. 


Ciclo do Processamento do Sangue

Aspiração: o sangue é aspirado do campo cirúrgico, simultaneamente misturado à solução de anticoagulante e estocado temporariamente no reservatório.

Preenchimento / Prime: o sangue é bombeado do reservatório para o bowl (recipiente de centrifugação). Os componentes do sangue são separados, as hemácias são concentradas e o sobrenadante é descartado. 

Lavagem / Wash: lavagem das hemácias com soro fisiológico. Eliminação de fatores de coagulação ativados, hemoglobina livre no plasma, contaminantes, debris etc.

Esvaziamento / Empty: envio do concentrado de hemácias lavadas do bowl para a bolsa de reinfusão.
Reinfusão : o sangue que foi encaminhado a essa bolsa é transfundida na sala cirúrgica, repondo assim, a massa eritrocitária do paciente.


 

Posts mais acessados