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sexta-feira, 29 de novembro de 2019

O que esperar da área de Relações Governamentais em 2020?


No Brasil, quase 100 mil pessoas atuam na área de Relações Governamentais. Esses profissionais ajudam a influenciar o poder público a tomar decisões e, por isso, costumam ser contratados por grandes empresas, principalmente no setor privado, como multinacionais, escritórios de consultoria ou advocacia, além de órgãos públicos, associações de classe e sindicatos. A ideia é justamente proteger os interesses do negócio.

A área não exige uma formação pré-definida, mas os lobistas, como são conhecidos, costumam ser formados em Direito, Ciências Políticas ou Relações Internacionais. Por ser um cargo de grande responsabilidade e exposição, as empresas costumam buscar no mercado executivos sêniores para ocupar essas posições. O salário costuma variar de R$ 5 mil a R$ 20 mil, mas pode até superar os R$ 40 mil, dependendo do cargo e da instituição, segundo a pesquisa O Perfil do Profissional de Relações Governamentais, realizado pela RealGov, organização que estuda o setor.

Além disso, quem trabalha com Relações Governamentais precisa ter qualidades que não estão no currículo, como boa comunicação, capacidade de gerar engajamento e conhecimento técnico para agir como interlocutor com a iniciativa privada, sociedade civil, agências reguladoras e governo. Por ser uma área de atuação bastante interdisciplinar, o lobista precisa conseguir interagir com atores externos, como o governo, e internos, estabelecendo elos e inspirando confiança por onde passa.

A demanda desses profissionais, que não são muitos no mercado, é crescente, visto que as empresas sentem necessidade de resguardar seus interesses em um Estado bastante regulatório, como é o brasileiro. Um exemplo disso é que na VITTORE Partners, consultoria de recrutamento especializado nas áreas Jurídica, Tributária, Anticorrupção e Assuntos Corporativos, eles foram os mais buscados em 2019.

Tudo indica que o próximo ano não será diferente. O projeto de Lei 1.202, de 2007, de autoria do petista Carlos Zaratini, de São Paulo, que prevê a regulamentação do lobby no Brasil, deve voltar à pauta da Câmara dos Deputados em 2020, já que esse ano o assunto acabou perdendo espaço para as reformas econômicas.

Apesar do crescimento pela demanda desses profissionais, infelizmente, muitas empresas costumam esperar para procurar por esses profissionais apenas quando surge a necessidade, ou seja, quando existe uma possível ameaça ao negócio. Mas, fato é que eles são extremamente necessários durante o tempo todo, embora representem um custo relativamente alto para as companhias.

Para aqueles que buscam ingressar na área e ainda não têm um currículo sênior, a dica é procurar vagas em consultorias, que costumam aceitar bem esse perfil. Se você estiver em uma empresa, é comum surgir oportunidades para quem já tem alguns anos de casa, justamente pelo profundo conhecimento do negócio.

Por fim, o profissional de Relações Governamentais deve ter em mente o preconceito e a desinformação que o senso comum tem sobre a área e deve agir com ética, zelando pelas boas práticas para que esse descrédito seja superado. Para isso, demonstrar capacidade de liderança e autonomia, além de zelar pela imagem e reputação pessoais e da companhia, é essencial para o sucesso desse tipo de profissional.





Tauan Mendonça - advogado e pós-graduado em gestão de negócios pela Fundação Dom Cabral. É headhunter e sócio da VITTORE Partners, consultoria de recrutamento especializada nos mercados Jurídico, Tributário, Compliance e Relações Governamentais.


Algoritmo criado por brasileiros é premiado em desafio internacional de inteligência artificial


Equipe FIDI-Iara-Ness conquistou a melhor colocação entre os times brasileiros


O projeto de detecção de hemorragia intracraniana em tomografias de crânio, desenvolvido pelo time Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem (FIDI), Iara Health e NESS Health, foi medalha de prata no RSNA Intracranial Hemorrhage Detection and Classification Challenge, da Sociedade Norte-Americana de Radiologia (RSNA, em inglês), a maior de radiologia do mundo. Este ano, o desafio lançado foi a criação de um algoritmo para detectar hemorragia intracraniana aguda e seus subtipos.

A equipe, formada pelos médicos radiologistas Dr. Igor Santos e Dr. Osvaldo Landi Junior, engenheiro Álesson Scapinello Selhorst, e cientistas de dados Daniel Souza e Bernardo Henz, conquistou a melhor colocação entre os times brasileiros da competição, que contou com 1.345 equipes participantes de todo o mundo.

Para o desafio, a equipe FIDI-Iara-Ness trabalhou intensamente por dois meses para desenvolver um algoritmo de inteligência artificial para análise de imagens de tomografia computadorizada de crânio para detecção de sangramento intracraniano.

“Os desafios de machine learning, hoje, são umas das principais formas de avanço do conhecimento para resolução de problemas de visão computacional. O desafio anual da RSNA fomenta a utilização desse novo tipo de tecnologia, garantindo, ainda, dados de altíssima qualidade para sua realização”, diz Dr. Igor Santos, médico radiologista e chefe de inovação da FIDI.

A competição foi aberta a indivíduos, empresas e grupos interessados em desenvolver uma ferramenta capaz de diagnosticar rapidamente a hemorragia intracraniana aguda. Para isso, um rico banco de imagens e dados foi providenciado pela RSNA, em colaboração com os membros da Sociedade Americana de Neurorradiologia (ASNR, em inglês) e a plataforma MD.ai.

“Para a FIDI, é um imenso reconhecimento estar entre as empresas que veem as novas tecnologias como uma forma de realizar a prática médica de maneira mais eficiente, segura e de maior qualidade para os nossos pacientes”, conta.




Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem (FIDI)


CIDADANIA NÃO SE TERCEIRIZA!


        Se a efetiva democratização da sociedade brasileira for figurada, analogicamente, com uma travessia feita a nado, poderíamos dizer que no Brasil, muitos cidadãos parecem vocacionados a morrer na praia.  Após haverem chegado ao presente estágio, olham para trás, olham para frente, e deixam cair os braços em inexplicável e profundo desânimo. Eu os vejo em bom número expressando abatimento nas redes sociais. Prestam inestimável serviço aos inimigos que ajudaram a derrotar. Jogam-lhes involuntariamente boias e cordas de resgate. 

        Entendamos os fatos. Foi o povo na rua e nas redes sociais, em espontâneas manifestações verde-amarelas, que fez andar o processo de impeachment de Dilma Rousseff forçando o deputado Eduardo Cunha a dar início ao rito constitucional. Foi o povo na rua e nas redes sociais que, em gigantescas mobilizações, forneceu suporte político aos fundamentos jurídicos do impeachment. O processo de acusação de um Presidente da República tem características jurídicas e políticas. Com aquele Congresso, cujos partidos estavam majoritariamente comprometidos com a corrupção do governo, o impeachment não teria acontecido se o povo não desse um forte empurrão na "livre vontade" dos congressistas. 

        Foi o povo que saiu às ruas em apoio à Lava Jato e ao juiz Sérgio Moro que preservou a atividade da força-tarefa quando os primeiros movimentos para debilitá-la começaram a se esboçar no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal. Foi o povo que levou às ruas as pautas conservadoras marcantes da eleição de 2018 e promoveu a maior renovação já ocorrida em pleitos para o Congresso Nacional. Foi o povo na rua e nas redes sociais que, se não conseguiu pôr juízo nas cabeças de seis ministros do STF, arrancou resposta da Câmara e do Senado onde começam a tramitar projetos para corrigir o absurdo cometido pelos habitantes daquela suntuosa bolha. 

        Diante disso, como é possível entender os tantos que, incapazes de discernir além da cerca da primeira dificuldade, se dedicam a desanimar os animados e a desesperançar os esperançosos?  Como podem afirmar, contra todas as evidências, que as mobilizações "não funcionam"? Como podem priorizar o Faustão e a Globo, desde o sofá da sala, e não ir às ruas pelo bem do próprio país, que é o seu próprio bem? Como podem terceirizar sua cidadania, transferindo-a para a total inviabilidade política, jurídica e democrática dos quartéis que a tanto, com absoluta razão, enfaticamente, se recusam? Não aprenderam ainda que, se não comprar uma sólida base no Congresso, o presidente da República é o mais desapoderado dos poderes de Estado? E que precisa do apoio explícito dos cidadãos para preservar a integridade do governo?

        O coro de milhões de vozes em todo o país é nossa mais nítida experiência democrática nestes tempos de travessia. Diferentemente da "democracia direta", comum em experiências esquerdistas, manipulada pelos seus aparelhos e organizações "não burguesas", a democracia direta praticada pela reunião espontânea de milhões de cidadãos, é a nossa mais bem sucedida experiência de soberania popular. Eu a ouço como expressão inédita e indômita de amor ao Brasil, de história acontecendo qual clarinada, límpida, atravessando os céus da Pátria comum.





Percival Puggina - membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

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