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terça-feira, 26 de março de 2019

Molécula de bactéria marinha representa possível avanço no tratamento do melanoma


 Em parceria com a Universidade da Califórnia em San Diego, pesquisadoras do ICB-USP descobriram que a molécula seriniquinona, capaz de matar células tumorais de melanoma, pode também ser eficiente para tratamento de células quimio-resistentes.


Estudos realizados por pesquisadoras do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) constataram que a molécula seriniquinona, descoberta em 2014, pode ser eficiente para o tratamento de câncer de pele do tipo melanoma até mesmo em casos em que as células tumorais desenvolvem resistência. Segundo a professora Letícia Lotufo do Departamento de Farmacologia do ICB-USP, que ajudou a descobrir os efeitos da molécula na época, as pesquisas atuais indicam que a seriniquinona pode se tornar uma terapia importante para pacientes que desenvolvam resistência aos tratamentos convencionais.

O primeiro estudo sobre a seriniquinona foi publicado em 2014 na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) dos Estados Unidos. A descoberta da molécula foi liderada pelo professor William Fenical, da Universidade da Califórnia em San Diego, que trabalha até hoje em colaboração com o laboratório de Letícia Lotufo para buscar uma terapia eficiente a partir da molécula. “A seriniquinona é muito insolúvel, o que é um problema na hora de aplicá-la pois ela não se distribui no organismo. O desafio seguinte foi realizar transformações na molécula para melhorar as suas propriedades e assim poder testá-la em animais”, explica.

Atualmente, a equipe de Letícia Lotufo está trabalhando com um análogo dessa molécula, que tem características físico-químicas melhoradas e é muito mais solúvel do que a original. Essa “nova” molécula foi testada em células tumorais resistentes – células de melanoma com mutações na proteína B-Raf que desenvolveram resistência ao tratamento com inibidores seletivos para essa proteína. Isso ocorre em cerca de 50% a 60% dos casos e, de acordo com a pesquisadora, faz com que o tratamento deixe de funcionar. Nesses casos a doença pode voltar de forma ainda mais severa.

Com esses testes, as pesquisadoras descobriram que, mesmo em células tumorais resistentes, o efeito da seriniquinona não é perdido. Isso ocorre porque o seu mecanismo de ação não tem relação com a proteína B-Raf, e sim com a proteína dermicidina. “A dermidicina é responsável por promover a sobrevivência da célula tumoral, e a molécula seriniquinona inibe o seu funcionamento, provocando a morte celular”, esclarece a professora.

Fármacos de origem natural – O laboratório de Letícia Lotufo trabalha buscando novas possibilidades de fármacos anticâncer dentro da biodiversidade brasileira, analisando principalmente substâncias de origem marinha. A atuação consiste em coletar bactérias de diversos pontos do litoral brasileiro e isolar as substâncias presentes nessas bactérias, para testar o seu efeito em células tumorais. No caso da seriniquinona, o próximo passo é continuar analisando o seu efeito em células resistentes a partir de testes em peles de biópsia humana e em animais, para que se possa pensar no desenvolvimento de uma terapia complementar àquelas já existentes.

SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS


 ACOMETE 12% DAS MULHERES EM IDADE REPRODUTIVA


Distúrbio hormonal comum em idade reprodutiva, a síndrome dos ovários policísticos se caracteriza pela ausência de ovulação (não liberação do óvulo na época correta, desde a primeira menstruação), podendo o aumento do tamanho dos ovários provocar múltiplos cistos.

Segundo o ginecologista Alexandre Zabeu Rossi, o diagnóstico e o tratamento precoces desse quadro podem reduzir o risco de complicações de longo prazo, como diabetes do tipo 2 e  doenças cardíacas.

Os sintomas, por sua vez, vão desde a irregularidade na menstruação, com o alongamento do ciclo menstrual, aumento de hormônios masculinos (hiperandrogenismo), até a infertilidade causada pelo distúrbio.

Em alguns casos, o problema tem histórico familiar. Pode ser agravado pelo ganho de peso combinado ao aumento de resistência à insulina. O câncer de endométrio também registra maior incidência, diante dos distúrbios menstruais.

“O tratamento consiste na melhora do padrão menstrual, podendo ser usados anticoncepcionais, se não houver desejo reprodutivo, ou então indutores de ovulação, do contrário”, explica o doutor Rossi.

Em geral, a confirmação do diagnóstico é feita via exames laboratoriais, como dosagem de LH e FSH - hormônios produzidos na hipófise, que estimulam os ovários-, além do ultrassom, que pode revelar a presença de microcistos.

É igualmente comum que algumas pacientes apresentem aumento de hormônios masculinos, relacionados a esta síndrome, com elevada dosagem, por exemplo, de testosterona.
Para as mulheres com síndrome dos ovários policísticos que querem engravidar, Zabeu Rossi lembra a possibilidade de se induzir a ovulação com medicamentos específicos e, dessa forma, permitir uma gestação normal.

Já àquelas que têm distúrbio menstrual e só querem regular o fluxo, são ministrados medicamentos como a progesterona, que é um hormônio produzido na segunda fase do ciclo menstrual, além do anticoncepcional, que pode ter impacto positivo nesse tratamento.





Alexandre Zabeu Rossi  Especialista em Ginecologia e Obstetrícia; Mestre em Ginecologia pela Universidade  Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina (UNIFESP-EPM), Doutor em Ginecologia pela UNIFESP-EPM e Diretor da Clínica Rossi.

Educação terapêutica da dor e hidroterapia podem ajudar mulheres que sofrem de fibromialgia



Hipótese é levantada por pesquisa da UFSCar que está buscando voluntárias para avaliação e tratamento gratuitos
 

Um projeto de pesquisa desenvolvido na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) está avaliando os efeitos da educação terapêutica da dor associada à hidroterapia sobre a dor, depressão, ansiedade, qualidade de vida e de sono de mulheres que sofrem de fibromialgia. Para desenvolver o estudo, estão sendo convidadas mulheres que têm o problema diagnosticado para que participem de avaliações e tratamentos gratuitos durante 12 semanas.

A pesquisa configura-se como um projeto de auxílio regular da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), coordenado pela professora Mariana Avila, do Departamento de Fisioterapia (DFisio) da UFSCar, e conta com a participação da fisioterapeuta Luiza Duarte Alvares e dos graduandos em Fisioterapia Airton Pereira de Souza Júnior (da UFSCar) e Rafael Poltronieri (da Unicep). O trabalho é realizado pelo Laboratório de Pesquisa em Recursos Terapêuticos do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia (PPGFt) da Universidade.

A fibromialgia é uma doença não-inflamatória que atinge cerca de 5% da população mundial. É mais comum em pessoas entre 30 e 40 anos de idade, e atinge, proporcionalmente, mais as mulheres, que representam mais de 90% dos casos. A pesquisadora explica que o diagnóstico é baseado somente em critérios clínicos, devido à ausência de exames complementares que identifiquem a doença. A principal característica da fibromialgia é o quadro de dor crônica, muitas vezes, incapacitante, e a ele se somam diversos outros sintomas, como depressão, ansiedade, distúrbios do sono, da marcha e de equilíbrio, fadiga generalizada, fraqueza muscular, entre outros. "Esses problemas podem alterar de forma significativa a independência dos sujeitos, que sofrem com a queda da qualidade de vida, da funcionalidade diária e de produtividade", afirma a docente da UFSCar.

A pesquisadora explica que a educação em neurociência da dor, também chamada de educação terapêutica da dor, é uma abordagem educacional que foi desenvolvida para aliviar a dor e diminuir a incapacidade associada à dor lombar crônica. "Esses efeitos são obtidos pela redução da convicção do paciente de que a dor é um sinal preciso da extensão da lesão tecidual, e pelo aumento da convicção de que a dor é influenciada por crenças e pensamentos", descreve ela. A professora afirma que essa abordagem educacional é uma intervenção barata, de fácil aplicação e com resultados positivos em situações de dor crônica. Além disso, vários estudos têm mostrado que outras formas de tratamento também são efetivas no combate à dor e na melhora da qualidade de vida das pessoas com fibromialgia, como a hidroterapia, prática de exercícios dentro da água. "No entanto, não há na literatura estudos que mostrem os efeitos da associação da hidroterapia e da educação terapêutica da dor sobre a fibromialgia", destaca a docente, reforçando o caráter inédito da atual pesquisa.

O tratamento da doença é feito por meio de medicamentos, psicoterapia e fisioterapia. De acordo com Avila, se os resultados da pesquisa confirmarem a associação benéfica da educação terapêutica da dor à hidroterapia para tratar mulheres fibromiálgicas, essa abordagem diferenciada, e de baixo custo, pode ser facilmente implementada em centros de saúde e nas unidades de Atenção Básica à Saúde como forma adjuvante no tratamento da fibromialgia.
Para realizar o trabalho, o grupo está convidando mulheres, entre 18 e 70 anos de idade, que tenham diagnóstico médico de fibromialgia. As participantes não podem ter problemas cognitivos, diabetes e hipertensão não controladas, paralisias, parestesias (sensação anormal e desagradável sobre a pele, como queimação, dormência, coceira etc), osteoartrite avançada, doença infectocontagiosa que impeça o uso de piscina, ou fazer uso abusivo de álcool. As voluntárias não podem ter medo de piscina e nem alergia a produtos utilizados na manutenção da água.

As avaliações serão feitas na Unidade Saúde Escola (USE) da UFSCar e o tratamento acontecerá em uma academia de São Carlos. As mulheres serão divididas em dois grupos: um realizará apenas hidroterapia duas vezes por semana, durante 12 semanas, acompanhada por fisioterapeuta. O outro grupo realizará a hidroterapia e passará por sessões de educação terapêutica da dor. Todas também passarão por entrevistas em várias etapas ao longo das doze semanas de tratamento. As interessadas podem entrar em contato com os pesquisadores até o mês de julho de 2019 pelo WhasApp (12) 98193-8000 ou pelo e-mails
luiza3005@hotmail.com e pesquisa.dor.ufscar@gmail.com.

Projeto de Pesquisa aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFSCar (CAAE: 65119617.6.0000.5504).

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