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quinta-feira, 21 de março de 2019

Farmacêuticos orientam sobre os riscos da automedicação nos casos de dengue, zika e chikungunya no vão livre do Masp, em São Paulo


População receberá informações sobre os possíveis sintomas e medicamentos que devem ser evitados em caso de suspeita das doenças. Ação acontece no sábado, 23/03


Quem passar pela região do Masp, na Avenida Paulista, no próximo sábado, 23/03, receberá informações sobre dengue, zika e chikungunya. A ação, promovida pelo Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo, faz parte da Campanha "Farmacêuticos contra a dengue, zika e chikungunya", conta com farmacêuticos voluntários e visa conscientizar a população sobre as doenças, assim como informar sobre os principais cuidados, formas de prevenção, além de alertar sobre os riscos da automedicação.

Como os sintomas das três enfermidades são semelhantes, a pessoa com suspeita dessas doenças deve evitar o uso de medicamentos como o ácido acetilsalicílico, ibuprofeno e outros anti-inflamatórios não esteroidais, pois eles podem causar hemorragia e até levar à morte. Os farmacêuticos vão abordar as pessoas, falar sobre as doenças e explicar porque esses medicamentos devem ser evitados. 

O uso correto de repelentes naturais e sintéticos também será abordado durante a ação.

Para o presidente do CRF-SP, Dr. Marcos Machado, é muito importante os farmacêuticos participarem de ações de prevenção dessas doenças. "O farmacêutico é o profissional de saúde mais acessível à população, já que está sempre disponível nas farmácias. É um profissional capacitado para identificar possíveis sinais e sintomas das doenças, orientar o paciente e o encaminhar para os serviços de saúde para receber o atendimento adequado e assim evitar possíveis complicações para a saúde do paciente". 


Mais de 3000 pessoas orientadas

A mesma ação aconteceu nos dois últimos sábados, nas cidades de Álvares Machado Araçatuba, Araraquara, Avaré, Barretos, Bauru, Campinas, Colina, Fernandópolis, Guarulhos, Mogi das Cruzes, Pitanga, São João da Boa Vista e São Paulo e alcançou mais de 3000 pessoas nas oito regiões.



Campanha "Farmacêuticos contra a dengue, zika e chikungunya"
Dia: 23 de março (sábado)
Horário: a partir 9h30
Local: Vão livre do Masp (Av. Paulista, 1578)


Aumenta o desenvolvimento de câncer na geração millennials


Fatores de riscos externos são predominantes no desenvolvimento de tumores em  adultos jovens e teste genético é decisivo na vigilância sobre a doença


               
Comparado com as gerações anteriores, a incidência de câncer cresceu no Brasil, estimando-se para este ano 600 mil diagnósticos.  Antes, as vítimas eram pessoas com mais de 50 anos, porém, com o aumento do risco de câncer por fatores ambientais e hábitos não saudáveis da nova geração, como comprova o estudo da American Cancer Society (ACS) e do National Cancer Institute, a geração millenials está sendo alvo da patologia com maior frequência.

O Dr. Fernando Kok, professor-associado do Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretor médico do laboratório Mendelics, explica que o câncer é uma doença desenvolvida a partir de alterações do material genético, que podem ser provocadas por fatores de risco hereditário e danos recebidos ao longo da vida.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) aumentou os casos de câncer relacionados ao modo de vida em jovens com 30 anos. Logo, tumores no pâncreas, rins, vesícula e intestino grosso, que normalmente apareciam no final da vida, como o câncer colorretal, segundo mais comum no mundo, tem maior índice de ocorrência precoce em 2019, segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer).

"Quando o câncer se desenvolve na faixa dos 20 ou 30 anos de idade, a possibilidade dele ser hereditário é bem maior. Porém, o aumento das práticas não saudáveis da nova geração e de fatores de riscos externos, como a epidemia da obesidade, complica a identificação da causa do problema. Por este motivo, o teste genético é chave na condução do tratamento", destaca o Dr. Kok.

Havendo histórico familiar, esta modalidade de exame é recomendada para identificar mutações que aumentam o risco de desenvolvimento de câncer. "Esse rastreamento prévio intensifica a vigilância sobre a doença, sendo decisivo para o diagnóstico precoce, melhorando assim as possibilidades de tratamento", completa o Dr. Kok.


Tenho a mutação genética, então vou ter câncer?

"Uma alteração genética em um dito oncogene está relacionada a um aumento na predisposição ao desenvolvimento de tumores, ou seja, a uma chance aumentada de desenvolver câncer em idade jovem comparado ao risco da população geral", esclarece o Dr. André Valim, médico formado pela Universidade de São Paulo (USP) e diretor de Negócios da Mendelics.

Todo tumor é resultado de um acúmulo de mutações em diferentes genes, que na maioria das vezes ocorre de maneira aleatória, por conjuntos de agressões externas que aumentam a frequência de mutações, como o tabagismo, por exemplo. Contudo, existe a possibilidade também dessas mutações serem hereditárias, onde a informação foi herdada dos pais.

"Estas mutações herdadas podem tornar as células mais vulneráveis a pequenas alterações em seu DNA. Desta forma, nem todas as pessoas que herdaram uma mutação genética desenvolverão câncer, porém o risco é aumentado", finaliza o Dr. André. 


Minicérebros humanos: a revolução da ciência no estudo do autismo


A criação de minicérebros humanos em laboratório a partir de células-tronco é um dos fenômenos mais interessantes da neurociência moderna. Essa nova ferramenta promete uma grande transformação no tratamento de doenças neurológicas e genéticas, gerando uma revolução na medicina.

Formados a partir de células-tronco pluripotentes, reprogramadas de células periféricas (sangue, polpa de dente, pele etc.) do próprio indivíduo, esses minicérebros (ou organoides cerebrais) são criados em biorreatores de laboratórios, seguindo uma complexa receita química. Cada passo é importante e, desta forma, é possível recapitular o desenvolvimento neural embrionário da pessoa, só que in vitro. Muito da técnica ainda é empírico, pois as células-tronco fazem a maior parte do processo sozinhas: se auto-organizam em estruturas cerebrais tridimensionais de forma espontânea, seguindo as instruções genéticas codificadas pelo genoma do indivíduo.

A similaridade anatômica dos organoides com o cérebro humano impressiona, mas ainda é uma versão miniatura, com cerca de meio centímetro. As estruturas são pequenas porque ainda não temos vascularização para manter os minicérebros crescendo por muito tempo. Hoje, conseguimos mantê-los em cultura por 1 a 2 anos. Depois disso, observamos que o centro das esferas se torna escuro, um sinal de que as células estão morrendo devido a falta de nutrientes que só chegam por difusão. No entanto, cientistas já estão criando estruturas de circulação artificiais usando bioimpressoras, semelhantes a veias e artérias, que irão irrigar o interior desses minicérebros e permitir seu crescimento.

Mas a escala menor também tem suas vantagens. Podemos criar, literalmente, milhares de minicérebros de uma única só vez e mantê-los em pequenas placas. Esses organoides podem ser usados para descobertas de novos medicamentos em plataformas miniaturizadas que permitam a comparação paralela simultaneamente. Esse tipo de escala é passível de automação, modelo preferido pelas indústrias farmacêuticas. Além do teste de drogas para eventuais doenças neurológicas, esse modelo também permite uma análise do impacto de drogas ambientais (toxinas, fertilizantes etc.) no desenvolvimento embrionário humano. Nosso laboratório na Universidade da Califórnia, por exemplo, já consegue dizer rapidamente se existem toxinas que afetariam o cérebro embrionário em determinada amostra ambiental, fornecendo um selo de qualidade que deverá ser obrigatório para todos os futuros produtos, artificiais ou não, em alguns anos. É claro que o modelo também tem limitações, afinal os minicérebros não funcionam em um sistema interconectado com outros tecidos (sistema imune, por exemplo), mas acredito que muitas delas serão resolvidas em um futuro próximo.

Apesar das promessas em torno dos minicérebros, tudo isso ainda é muito caro para ser aplicado de uma forma personalizada. Por outro lado, felizmente, a ciência dá saltos. No ano passado conseguimos reduzir o custo dessa tecnologia de forma considerável, possibilitando a criação de minicérebros de até 100 pessoas de uma só vez. O novo método permitirá estudar condições neurológicas geneticamente complexas, como o autismo idiopático.

E foi com esse modelo que também descobrimos que os neurônios de minicérebros derivados de indivíduos autistas estabelecem um número menor de conexões nervosas (contatos sinápticos) comparado ao grupo controle (minicérebros derivados de neurotípicos). Essa alteração sináptica, provavelmente, também está relacionada aos sintomas clínicos dos pacientes. O próximo passo agora é encontrar uma forma de corrigir os defeitos sinápticos nos minicérebros dos autistas, o que será feito em parceria com a TISMOO, que vai iniciar a operação do seu laboratório para modelagem celular funcional na Europa ainda este ano. É um excelente ponto de partida para futuros ensaios clínicos.

Como quase sempre, a ciência avança de forma não linear e, muitas vezes, nos pega de surpresa, sem deixar muitas chances para a reflexão sobre aspectos fundamentais dos dados gerados. Então, uma pergunta interessante e provocativa para a área científica no momento atual seria se esses minicérebros teriam a capacidade de pensar ou se teriam consciência da própria existência em uma placa de petri? A resposta é que, apesar de rudimentar, as estruturas cerebrais estão lá, principalmente regiões do córtex frontal, responsáveis por uma série de funções cognitivas altamente sofisticadas. Seriam essas redes nervosas o princípio da consciência humana? Se sim, quais seriam as implicações éticas dessa tecnologia? Deixando de lado as questões filosóficas e éticas, acredito que esse novo modelo, associado a informação genética individual, trará a medicina personalizada para mais perto dos autistas e outros portadores de transtornos neurológicos.





Dr. Alysson R. Muotri - Ph.D., professor da Faculdade de Medicina e diretor do Programa de Células-tronco da Universidade da Califórnia, e sócio-fundador da startup de biotecnologia TISMOO, primeiro laboratório do mundo exclusivamente dedicado à medicina personalizada com foco no Transtorno do Espectro do Autismo e outros transtornos neurológicos de origem genética.


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