Hospital de São
Bernardo registra crescimento de 30% no movimento nessa época do ano. Pediatra
dá dicas para identificar a hora certa de procurar a emergência
O outono se aproxima (dia 20 de março) e, junto
com ele, chega também um problema comum nessa época do ano: o vírus sincicial
respiratório (VSR), responsável pela bronquiolite, com maior prevalência em
crianças com menos de 2 anos de idade. A doença consiste em um processo
infeccioso nos pulmões, causando secreção e diminuindo a ação da musculatura
respiratória. Por isso, quanto menor a criança, maior o risco para a saúde,
podendo ser necessária a internação em Unidade de Terapia Intensiva. De acordo
com dados do Ministério da Saúde, o país registrou, em 2015, 314 mortes pela
infecção com VSR, vírus responsável por até 75% das bronquiolites e 40% das
pneumonias durante épocas sazonais.
Nos períodos mais frios, as suspeitas de
bronquiolite costumam influenciar diretamente a procura pelos prontos-socorros.
O Hospital e Maternidade Santa Helena, localizado no ABC Paulista, registra uma
média de 8 mil atendimentos por mês em sua emergência. Nessa época do ano, esse
movimento chega a aumentar até 30%. No entanto, a pediatra Ana Carla Peron
Zuccoli faz um alerta: a própria ida ao pronto-socorro pode facilitar a
circulação do vírus. Em decorrência dos riscos, os médicos pedem que as
mães só levem as crianças à emergência quando for necessário. Mas como saber se
é o caso de levá-las ou não? “A indicação clínica é levar a criança ao hospital
quando há febre por mais de 24 horas, desconforto respiratório acompanhado por
cansaço e em caso de mudanças repentinas no comportamento, quando o bebê está
mais quieto que o habitual (quadro conhecido como hipoatividade) ou
extremamente irritado, o que pode ser em decorrência da dificuldade para respirar”,
explica a médica.
Como o vírus VSR é transmitido pelo contato, a
especialista indica também evitar ambientes com aglomeração de pessoas, manter
a ventilação adequada e lavar as mãos com frequência ou usar álcool 70% antes
de cuidar de crianças, principalmente recém-nascidos. Ela explica também que,
embora seja comum confundir resfriado com bronquiolite, o resfriado é um quadro
mais brando, precedido por uma febre que não é persistente, e o estado geral da
criança costuma permanecer bom. “As mães, nesses casos, podem fazer hidratação
e usar remédios sintomáticos indicados pelo pediatra que já acompanha a
criança”, indica.
Já nos quadros de bronquiolite, o neném não
consegue expelir a secreção e possui muita dificuldade para respirar. Há
aparente piora do cansaço e a pele embaixo das unhas ou nas mucosas pode
apresentar colocação azul-arroxeada (sintoma conhecido como cianose). “Alguns
quadros demandam, inclusive, internação em Unidade de Terapia Intensiva, para
que as crianças possam receber suporte respiratório”, complementa a pediatra do
Hospital e Maternidade Santa Helena.