Fatores de riscos externos são predominantes no
desenvolvimento de tumores em adultos jovens e teste genético é decisivo
na vigilância sobre a doença
Comparado
com as gerações
anteriores, a incidência de câncer cresceu no Brasil, estimando-se para este ano 600 mil
diagnósticos. Antes, as vítimas eram pessoas com mais de 50 anos,
porém, com o aumento do risco de câncer por fatores ambientais e hábitos
não saudáveis da nova geração, como comprova o estudo da American Cancer Society (ACS)
e do National Cancer Institute, a geração millenials está sendo alvo da
patologia com maior frequência.
O
Dr. Fernando Kok, professor-associado do Departamento de Neurologia da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretor médico do
laboratório Mendelics, explica que o câncer é uma doença desenvolvida a partir
de alterações do material genético, que podem ser provocadas por fatores de
risco hereditário e danos recebidos ao longo da vida.
De
acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) aumentou os casos de câncer
relacionados ao modo de vida em jovens com 30 anos. Logo, tumores no pâncreas,
rins, vesícula e intestino grosso, que normalmente apareciam no final da vida,
como o câncer colorretal, segundo mais comum no mundo, tem maior índice de
ocorrência precoce em 2019, segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer).
"Quando
o câncer se desenvolve na faixa dos 20 ou 30 anos de idade, a possibilidade
dele ser hereditário é bem maior. Porém, o aumento das práticas não saudáveis
da nova geração e de fatores de riscos externos, como a epidemia da obesidade,
complica a identificação da causa do problema. Por este motivo, o teste
genético é chave na condução do tratamento", destaca o Dr. Kok.
Havendo
histórico familiar, esta modalidade de exame é recomendada para identificar
mutações que aumentam o risco de desenvolvimento de câncer. "Esse
rastreamento prévio intensifica a vigilância sobre a doença, sendo decisivo
para o diagnóstico precoce, melhorando assim as possibilidades de
tratamento", completa o Dr. Kok.
Tenho a mutação genética, então vou ter
câncer?
"Uma
alteração genética em um dito oncogene está relacionada a um aumento na
predisposição ao desenvolvimento de tumores, ou seja, a uma chance aumentada de
desenvolver câncer em idade jovem comparado ao risco da população geral",
esclarece o Dr. André Valim, médico formado pela Universidade de São Paulo
(USP) e diretor de Negócios da Mendelics.
Todo
tumor é resultado de um acúmulo de mutações em diferentes genes, que na maioria
das vezes ocorre de maneira aleatória, por conjuntos de agressões externas que
aumentam a frequência de mutações, como o tabagismo, por exemplo. Contudo,
existe a possibilidade também dessas mutações serem hereditárias, onde a
informação foi herdada dos pais.
"Estas
mutações herdadas podem tornar as células mais vulneráveis a pequenas
alterações em seu DNA. Desta forma, nem todas as pessoas que herdaram uma
mutação genética desenvolverão câncer, porém o risco é aumentado",
finaliza o Dr. André.