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quinta-feira, 21 de março de 2019

Aumenta o desenvolvimento de câncer na geração millennials


Fatores de riscos externos são predominantes no desenvolvimento de tumores em  adultos jovens e teste genético é decisivo na vigilância sobre a doença


               
Comparado com as gerações anteriores, a incidência de câncer cresceu no Brasil, estimando-se para este ano 600 mil diagnósticos.  Antes, as vítimas eram pessoas com mais de 50 anos, porém, com o aumento do risco de câncer por fatores ambientais e hábitos não saudáveis da nova geração, como comprova o estudo da American Cancer Society (ACS) e do National Cancer Institute, a geração millenials está sendo alvo da patologia com maior frequência.

O Dr. Fernando Kok, professor-associado do Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretor médico do laboratório Mendelics, explica que o câncer é uma doença desenvolvida a partir de alterações do material genético, que podem ser provocadas por fatores de risco hereditário e danos recebidos ao longo da vida.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) aumentou os casos de câncer relacionados ao modo de vida em jovens com 30 anos. Logo, tumores no pâncreas, rins, vesícula e intestino grosso, que normalmente apareciam no final da vida, como o câncer colorretal, segundo mais comum no mundo, tem maior índice de ocorrência precoce em 2019, segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer).

"Quando o câncer se desenvolve na faixa dos 20 ou 30 anos de idade, a possibilidade dele ser hereditário é bem maior. Porém, o aumento das práticas não saudáveis da nova geração e de fatores de riscos externos, como a epidemia da obesidade, complica a identificação da causa do problema. Por este motivo, o teste genético é chave na condução do tratamento", destaca o Dr. Kok.

Havendo histórico familiar, esta modalidade de exame é recomendada para identificar mutações que aumentam o risco de desenvolvimento de câncer. "Esse rastreamento prévio intensifica a vigilância sobre a doença, sendo decisivo para o diagnóstico precoce, melhorando assim as possibilidades de tratamento", completa o Dr. Kok.


Tenho a mutação genética, então vou ter câncer?

"Uma alteração genética em um dito oncogene está relacionada a um aumento na predisposição ao desenvolvimento de tumores, ou seja, a uma chance aumentada de desenvolver câncer em idade jovem comparado ao risco da população geral", esclarece o Dr. André Valim, médico formado pela Universidade de São Paulo (USP) e diretor de Negócios da Mendelics.

Todo tumor é resultado de um acúmulo de mutações em diferentes genes, que na maioria das vezes ocorre de maneira aleatória, por conjuntos de agressões externas que aumentam a frequência de mutações, como o tabagismo, por exemplo. Contudo, existe a possibilidade também dessas mutações serem hereditárias, onde a informação foi herdada dos pais.

"Estas mutações herdadas podem tornar as células mais vulneráveis a pequenas alterações em seu DNA. Desta forma, nem todas as pessoas que herdaram uma mutação genética desenvolverão câncer, porém o risco é aumentado", finaliza o Dr. André. 


Minicérebros humanos: a revolução da ciência no estudo do autismo


A criação de minicérebros humanos em laboratório a partir de células-tronco é um dos fenômenos mais interessantes da neurociência moderna. Essa nova ferramenta promete uma grande transformação no tratamento de doenças neurológicas e genéticas, gerando uma revolução na medicina.

Formados a partir de células-tronco pluripotentes, reprogramadas de células periféricas (sangue, polpa de dente, pele etc.) do próprio indivíduo, esses minicérebros (ou organoides cerebrais) são criados em biorreatores de laboratórios, seguindo uma complexa receita química. Cada passo é importante e, desta forma, é possível recapitular o desenvolvimento neural embrionário da pessoa, só que in vitro. Muito da técnica ainda é empírico, pois as células-tronco fazem a maior parte do processo sozinhas: se auto-organizam em estruturas cerebrais tridimensionais de forma espontânea, seguindo as instruções genéticas codificadas pelo genoma do indivíduo.

A similaridade anatômica dos organoides com o cérebro humano impressiona, mas ainda é uma versão miniatura, com cerca de meio centímetro. As estruturas são pequenas porque ainda não temos vascularização para manter os minicérebros crescendo por muito tempo. Hoje, conseguimos mantê-los em cultura por 1 a 2 anos. Depois disso, observamos que o centro das esferas se torna escuro, um sinal de que as células estão morrendo devido a falta de nutrientes que só chegam por difusão. No entanto, cientistas já estão criando estruturas de circulação artificiais usando bioimpressoras, semelhantes a veias e artérias, que irão irrigar o interior desses minicérebros e permitir seu crescimento.

Mas a escala menor também tem suas vantagens. Podemos criar, literalmente, milhares de minicérebros de uma única só vez e mantê-los em pequenas placas. Esses organoides podem ser usados para descobertas de novos medicamentos em plataformas miniaturizadas que permitam a comparação paralela simultaneamente. Esse tipo de escala é passível de automação, modelo preferido pelas indústrias farmacêuticas. Além do teste de drogas para eventuais doenças neurológicas, esse modelo também permite uma análise do impacto de drogas ambientais (toxinas, fertilizantes etc.) no desenvolvimento embrionário humano. Nosso laboratório na Universidade da Califórnia, por exemplo, já consegue dizer rapidamente se existem toxinas que afetariam o cérebro embrionário em determinada amostra ambiental, fornecendo um selo de qualidade que deverá ser obrigatório para todos os futuros produtos, artificiais ou não, em alguns anos. É claro que o modelo também tem limitações, afinal os minicérebros não funcionam em um sistema interconectado com outros tecidos (sistema imune, por exemplo), mas acredito que muitas delas serão resolvidas em um futuro próximo.

Apesar das promessas em torno dos minicérebros, tudo isso ainda é muito caro para ser aplicado de uma forma personalizada. Por outro lado, felizmente, a ciência dá saltos. No ano passado conseguimos reduzir o custo dessa tecnologia de forma considerável, possibilitando a criação de minicérebros de até 100 pessoas de uma só vez. O novo método permitirá estudar condições neurológicas geneticamente complexas, como o autismo idiopático.

E foi com esse modelo que também descobrimos que os neurônios de minicérebros derivados de indivíduos autistas estabelecem um número menor de conexões nervosas (contatos sinápticos) comparado ao grupo controle (minicérebros derivados de neurotípicos). Essa alteração sináptica, provavelmente, também está relacionada aos sintomas clínicos dos pacientes. O próximo passo agora é encontrar uma forma de corrigir os defeitos sinápticos nos minicérebros dos autistas, o que será feito em parceria com a TISMOO, que vai iniciar a operação do seu laboratório para modelagem celular funcional na Europa ainda este ano. É um excelente ponto de partida para futuros ensaios clínicos.

Como quase sempre, a ciência avança de forma não linear e, muitas vezes, nos pega de surpresa, sem deixar muitas chances para a reflexão sobre aspectos fundamentais dos dados gerados. Então, uma pergunta interessante e provocativa para a área científica no momento atual seria se esses minicérebros teriam a capacidade de pensar ou se teriam consciência da própria existência em uma placa de petri? A resposta é que, apesar de rudimentar, as estruturas cerebrais estão lá, principalmente regiões do córtex frontal, responsáveis por uma série de funções cognitivas altamente sofisticadas. Seriam essas redes nervosas o princípio da consciência humana? Se sim, quais seriam as implicações éticas dessa tecnologia? Deixando de lado as questões filosóficas e éticas, acredito que esse novo modelo, associado a informação genética individual, trará a medicina personalizada para mais perto dos autistas e outros portadores de transtornos neurológicos.





Dr. Alysson R. Muotri - Ph.D., professor da Faculdade de Medicina e diretor do Programa de Células-tronco da Universidade da Califórnia, e sócio-fundador da startup de biotecnologia TISMOO, primeiro laboratório do mundo exclusivamente dedicado à medicina personalizada com foco no Transtorno do Espectro do Autismo e outros transtornos neurológicos de origem genética.


Ginecologista orienta sobre a prevenção do câncer do colo do útero

Campanha reforça a necessidade do exame de diagnóstico em mulheres entre 25 e 64 anos
 


O mês da mulher é marcado também pelo Dia Mundial da Prevenção do Câncer do Colo do Útero (26 de março) e a campanha ‘Março lilás' reforça a necessidade do exame de diagnóstico periódico por mulheres sexualmente ativas. De acordo com a ginecologista Juliana Pierobon, este tipo de tumor maligno é o terceiro de maior incidência na população feminina brasileira.


“O maior fator de risco para o surgimento do câncer de colo do útero é a infecção pelo vírus HPV (papilomavirus humano), que provoca uma lesão no colo do útero. Se essa lesão não for diagnosticada e tratada adequadamente, pode levar ao desenvolvimento do câncer. O vírus é transmitido durante a relação sexual. Por isso, é importante fazer o exame ginecológico de Papanicolau – conhecido como preventivo – anualmente. É a mais importante forma de prevenção”, alerta a ginecologista da Altacasa Clínica Médica, na capital paulista.


Além do HPV, outros fatores também contribuem para o desenvolvimento, na mulher, do câncer de colo do útero, como a quantidade de filhos, o uso de contraceptivos orais por muito tempo e até mesmo o tabagismo. “Vale ressaltar que, se diagnosticado em seus estágios iniciais e tratado oportunamente, o câncer de colo do útero tem grande possibilidade de cura. No mundo, a sobrevida em cinco anos está entre 50% e 70%”, comenta a médica.


De acordo com a dra. Juliana, o exame Papanicolaou é recomendado em mulheres com idade entre 25 e 64 anos, mesmo para aquelas que não apresentam sintomas; mas alerta que toda mulher que já tenha iniciado sua vida sexual, mesmo que mais cedo do que a faixa etária indicada, deve procurar um ginecologista e fazer o “preventivo”.


“Outra forma muito eficaz de prevenção é a vacina contra o vírus HPV para quem ainda não teve relações sexuais. Ela já está disponível no calendário vacinal da rede pública para meninas entre 9 e 14 anos; e para meninos de 11 a 13 anos. Além disso, meninas e jovens que têm o vírus HIV (Aids),  com idades entre 9 e 26 anos, também podem tomar a vacina gratuitamente. Ela protege contra 70% dos principais tipos de HPV relacionados com o câncer de colo uterino”, ressalta a especialista.


A ginecologista aconselha as mulheres a usarem as redes sociais para alertar às amigas sobre a doença. “Precisamos promover uma corrente do bem e alertar para a necessidade de prevenção contra a doença. Muitas mulheres estão morrendo simplesmente por não cuidarem de sua saúde como deveriam”, finaliza Juliana Pierobon.


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